sábado, 28 de fevereiro de 2009

Força Policial - * de *****

Muitas vezes já utilizei este espaço dedicado à pré-crítica para esculhambar os títulos nacionais conferidos às produções estrangeiras, contudo, não me lembro de ter feito o mesmo com o título original de uma determinada obra. Faço-o então agora com este “Pride & Glory” (gargalhadas). Em primeiro lugar, creio que nem preciso comentar a falta de criatividade, não? Em segundo lugar, o que dizer deste ‘titulozinho’ medíocre, ‘marqueteiro’ e megalomaníaco? Sim, pois dá a entender que a produção trata-se de um épico de guerra, não? E o que o orgulho e a glória tem em comum com a corrupção policial? Ah sim, claro, o filme insinua que um oficial da polícia nova-iorquina deveria sentir orgulho e glória de seu serviço. Mas oras, o correto não é que todos nós deveríamos sentir orgulho e glória de nossas profissões? Analisando por este prisma, então todo o filme que aborde uma profissão, seja ela qual for, deveria se chamar “Orgulho & Glória”, não? Mas o título não é ao todo ruim, ao menos ele ilustra bem certas qualidades da obra que nomeia: um filme imaturo e megalomaníaco.

Ficha Técnica:
Título Original: Pride & Glory.
Gênero: Policial.
Ano de Lançamento: 2008.
Site Oficial: http://www.prideandglorymovie.com/
Nacionalidade: Estados Unidos / Alemanha.
Tempo de Duração: 130 minutos.
Direção: Gavin O'Connor.
Roteiro: Joe Carnahan e Gavin O'Connor, baseado em estória de Gavin O'Connor, Robert Hopes e Greg O'Connor.
Elenco: Edward Norton (Ray Tierney), Colin Farrell (Jimmy Eagan), Jon Voight (Francis Tearney, Sr.), Noah Emmerich (Francis Tearney, Jr.), Jennifer Ehle (Abby Tierney), John Ortiz (Sandy), Frank Grillo (Eddie Carbone), Shea Whigham (Kenny Dugan), Lake Bell (Megan Egan), Carmen Ejogo (Tasha), Manny Perez (Coco Dominguez), Wayne Duvall (Bill Avery), Ramon Rodriguez (Angel Tezo), Rick Gonzalez (Eladio Casado), Maximiliano Hernández (Carlos Bragon), Leslie Denniston (Maureen Tierney), Hannah Riggins (Caitlin Tierney), Carmen LoPorto (Francis Tierney), Lucy Grace Ellis (Bailey Tierney), Ryan Simpkins (Shannon Egan), Ty Simpkins (Matthew Egan), Flaco Navaja (Tookie Brackett), Raquel Jordan (Lisette Madera), José Ramón Rosario (Prefeito Arthur Caffey), Christopher Michael Holley (Detetive Miller), Jessica Pimentel (Angelique Domenguez).

Sinopse: Após quatro policiais serem assassinados, Francis Tierney (Jon Voight), chefe dos detetives da polícia de Nova York, pede para que o filho Ray (Edward Norton) volte a trabalhar em seu departamento e o ajude com as investigações. O rapaz reluta a princípio, mas aceita o pedido do pai e passa a investigar o caso ao lado do irmão Francis Tearney, Jr. (Noah Emmerich) e do cunhado Jimmy Eagan (Colin Farrell).

Pride & Glory - Trailer:


Crítica:

“Força Policial” (e, no final das contas, o título nacional do filme se mostra quase tão estúpido quanto o título original) está sendo “vendido” a nós, brasileiros, como o “Tropa de Elite” estadunidense. Falácia! Não acredite em um segundo sequer da campanha publicitária deste lixo imundo! Se “Tropa de Elite” conseguia nos transmitir perfeitamente aquilo que estava sendo exibido nas telas, adotando para tal uma estrutura semi-documental levemente parecida com um filme produzido durante o neo-realismo italiano, “Força Policial” tenta (e esta foi uma das tentativas mais frustrantes da história da sétima Arte, diga-se) o fazer plagiando quase todos os filmes do gênero produzidos recentemente.

E sei que já virou clichê falar de clichês em uma crítica cinematográfica, mas aqui não há como fugirmos disso, uma vez que o filme copia vários elementos de outros filmes policiais. Temos espaço para o policial extremamente competente que trabalha em um departamento cujas atividades encontram-se bem aquém de suas aptidões investigativas. Há também um drama familiar envolvendo este mesmo policial, que viu-se obrigado a se separar da mulher que ama por causa do trabalho (e francamente, ele deveria ser eternamente grato ao trabalho por faze-lo abandonar um “trabuco” da categoria de sua ex-esposa. Bom, ao menos eu, se estivesse no lugar dele, seria. Ou melhor, se realmente estivesse no lugar dele, nem ao menos me envolveria com um “canhão” daqueles), a família inteira que trabalha na polícia (pai, filhos e, acredite, até o genro), o protagonista que mora em um barco ancorado no cais local, o pai que pede ao filho que volte a trabalhar lado a lado com ele, a trama se desenrolando durante o período natalino, os narcotraficantes oriundos de países latino-americanos (e nem preciso comentar o teor preconceituoso disso, não é?), dentre muitos (mas muitos mesmo, vocês irão ficar até atordoados com a enxurrada de clichês contida no roteiro de “Força Policial”) outros chavões.

O modo como o roteiro aborda os seus personagens soa exacerbadamente superficial. O protagonista então dispensa comentários, até mesmo porque eles já foram feitos no parágrafo supra. Mas e quanto aos demais personagens? Um mais fútil que o outro. Temos o pai de família que faz de seu serviço algo glorioso e tenta o passar para os filhos, que decidem seguir a carreira profissional do progenitor, temos também o genro que é chefe de uma família perfeitamente moldada no “american way-of-life” e se envolve com a corrupção a fim de dar uma vida melhor aos filhos e à esposa, o irmão do protagonista que é um homem correto e honesto, mas que não delata os companheiros por uma questão de coleguismo e... podemos parar por aí? Ah não, acredito ser conveniente falarmos também sobre os narcotraficantes latino-americanos. O quê? Já citei-os acima? Sim, mas não me lembro de ter comentado que os mesmos seguem o estereotipo do criminoso cruel que resolve tudo “na bala”. Pior ainda é notarmos que os fora-da-lei são sempre estúpidos, a ponto de deixar uma pista ou uma testemunha a todo o momento em que cometem uma infração.

E falando na idiotice dos bandidos de “Força Policial”, creio que todo o membro da policia adoraria que os criminosos realmente fossem assim, não? Pois é, seria o trabalho mais fácil do mundo, ao menos é o que o filme deixa a entender conforme mostra as investigações sendo executadas. Veja o momento em que o personagem de Edward Norton (e o que ele está fazendo neste filme, uma vez que nunca atuou em uma obra tão exposta ao ridículo como esta?) entrevista um garoto latino-americano (e, sinceramente, não sei qual é a vantagem de seu personagem saber falar espanhol se, após um minuto de interrogação, o protagonista pergunta: “Sabe falar inglês?”, e passa a comunicar-se com os entrevistados apenas no idioma oficialmente falado na Terra do Tio Sam), por exemplo. Ray vai à testemunha certa, na hora certa, e consegue as informações certas. Pois é, falar que o roteiro é extremamente artificial neste ponto torna-se dispensável, não é mesmo? Principalmente se levarmos em conta que o próprio “script” se denuncia quando o protagonista comenta: “___ Foi apenas sorte!”.

Bem, pode até ter sido um golpe de sorte, de fato, e isso não teria problema algum caso o longa tivesse parado por aí mesmo. Mas não é o que acontece, o roteiro insiste em criar mais cenas artificiais como esta, tornando-se muito comum vermos bandidos exageradamente descuidados a ponto de deixarem celulares próximos ao local do crime e testemunhas que veem tudo o que aconteceu e contam para a polícia logo em seguida (a propósito, só em um filme imbecil como este conseguimos ver testemunhas tão fáceis de se interrogar e dispostas a contar tudo o que sabem, mesmo que isto lhes custe a vida). E francamente, juro (e juro mesmo, não estou exagerando) que pensei que em um determinado momento do filme os bandidos fossem cometer um crime e logo em seguida pendurar, em uma parede próxima ao local do incidente, luminosos com os seguintes dizeres: “Me chamo Fulano da Silva, tenho 1,80m de altura, sou negro e matei este homem porque vendi a ele mais de dez mil dólares em cocaína e o desgraçado não me pagou a quantia. Caso queiram me localizar basta procurar-me na Rua dos Pinheiros, número 1234, apartamento 27, ao lado do boteco do Zé do Pires e de frente para a Funerária Lá Vai Mais Um. Estarei com uma camiseta regata vermelha com o emblema do Flamengo e com uma caixa de cereais na mão direita. Com a mão esquerda acenarei para vocês pela janela. Quaisquer dúvidas é só ligar para o telefone número 1234-5678 e darei informações mais minuciosas. P.S.: Não se esqueçam do mandado judicial para poderem arrombar a minha porta e levar-me à delegacia. Atenciosamente, Fulano da Silva.” (sei que fui pouco original na escolha do endereço e número de telefone, mas acabei sendo involuntariamente inspirado pela falta de criatividade do filme que acabei de assistir).

“___ Mas e a trama em si, consegue mostrar o esquema de corrupção dos policiais nova-iorquinos?” ___ Me pergunta o leitor. Mostrar mostra, mas do modo mais convencional o possível. E não apenas de um modo convencional, como também de uma forma nada convincente, principalmente por vermos os policiais corruptos estabelecendo poucos contatos com os bandidos. A propósito, é triste vermos o quão dispensável “Força Policial” é se o compararmos com muitos outros filmes do gênero que desempenharam o mesmo papel que ele pretendia desempenhar, só que de uma maneira bem mais realista, como é o caso de “O Corruptor”, “Os Reis da Rua”, “Dia de Treinamento”, “Cop Land” e, é mais do que óbvio, “Tropa de Elite” (aliás, notem o modo como o mesmo é fortemente plagiado neste “Força Policial”. As cenas do filme gringo em que mostram um policial assaltando o dono de um mercado são descaradamente copiadas da cena em que o capitão Fábio (encarnado com maestria por Milhem Cortaz) assalta uma choperia).

Mas nem tudo pode ser encarado com repulsa nesta porcaria dirigida por Gavin O’Connor. O próprio diretor realiza um trabalho regular atrás das câmeras e o modo como movimenta as mesmas revela-se interessante durante algumas cenas do longa. O elenco também encontra-se bastante afiado e realiza um trabalho bastante competente, sobretudo Noah Emmerich que se mostra bastante seguro como Francis Tearney, Jr. Norton também realiza um trabalho convincente, mas muito aquém do esperado, e o mesmo eu digo de Colin Farrell e Jon Voight.

Bem, poderia execrar o filme ainda mais, poderia comentar os péssimos diálogos embutidos no mesmo, a trilha-sonora visivelmente maniqueísta, o terceiro ato ridículo (que conta com uma briga de bar, no estilo mano-a-mano, entre os dois personagens principais da trama), mas vou parando por aqui. “Força Policial” é um filme que possui um elenco competente e uma direção razoável, e só. No mais, somos quase afogados por uma enxurrada de clichês e cenas extremamente artificiais empregadas pelo roteiro. O maior pecado do longa, entretanto, é o modo gritantemente (isso para não dizer ‘berrantemente’) falho como decide abordar a corrupção policial, algo que o deixa bem aquém de várias outras produções do gênero. Um lixo descartável, apenas isso.

Avaliação Final: 2,0 na escala de 10,0.

Sessão Nostalgia - parte 4: Janela Indiscreta (1954)

2006.Dezembro de 2006,dias antes do natal de um ano que havia sido tumultuado,ano ao mesmo tempo importante,comecei a ter acesso as grades obras dos gênios do cinema."Janela Indiscreta" não foi o meu primeiro Hitchcock,já assistira "Um Corpo que Cai";"Festim Diabólico" e "A Tortura do Silêncio" antes,hoje com 14 filmes do mestre em minha cabeça (e acho que demorei menos tempo assistindo metade deles do que aprendendo a escrever seu sobrenome) posso dizer sem medo: faço coro com James Stewart e considero "Janela Indiscreta" o meu favorito do mestre,e digo mais,o filme que mais abrange os aspectos de direção dele,inovação na parte técnica,modo impecáel de contar estória,romance,comédia...Hitchcock!

A Paramount acordava assustada ao ver um quase cortiço montado em seus estudios para filmar a mais nova obra do diretor mais popular da década de 50.A adapatação de um conto policial ganharia vida nas mãos de Hitchcock,ele não desperdiçou nos detalhes,a direção de arte tem uma riqueza incomparável no cinema,as janelas mostram casas,as casas mostram vidas e as vidas não tem importanica alguma,são bonequinhos de cera brincando em um cenário bem construido e servindo de diversão e passatempo para o fotografo Jeff,que com a perna quebrada não vê modo melhor de se divertir...ou de virar uma obsessão

Alternando a visita da enfermeira pela manhã e da namorada pela noite,Jeff leva sua vidinha particular tornando pública a mediocridade dos vizinhos,quão interessante as pessoas podem ir em sua privacidade... dançam,fazem musicas,choram,sonham,fazem sexo,matam,dorme...para: matam? Sim ou não? Nesse mistério "Janela Indiscreta" se agarra como estória principal e tira o seu melhor

Hitchcock,acostumado a inovar a cada direção de filme,faz de sua obra prima uma verdadeira aula de cinema,ele dizia que com o cinema falado,muitos diretores esquecem das imagens e as fazem virar diálogos.Ele não esquece.Filme tudo com uma riqueza e detalhes e respeita a limitação de seu protagonista,o que causa imenso desconforto ao público,pois nesse grande modo de fazer suspense,não somos onipresentes,sabemos e descobrimos tudo o que Jeff descobre e esse jeito de primeira pessoa que o cineasta filma se torna essenciala toda a trama,e em especial ao marcante desfecho...somos Jeff!

E quão fantástica pode ser a vida dos vizinhos,assassinato é o ponto alto do roteiro,mas não é apenas ali que ele se apoia,estórias paralelas umas as outras são desenvolvidas brilhantemente (sempre em primeira pessoa é claro) e até dentro do apartemento a câmera da um jeito de se movimentar com lentidão,passando o tédio do protagonista. O roteiro e a direção se respeitam em seu ritimo lento,um sem atropelar o outro com uma edição digna que nos coloca em xeque a cada momento,inclusive a reviravoltas durante toda a trama

Construindo uma das parcerias mais ricas do cinema,'Janela Indiscreta' é o segundo de quatro filmes de Hitch-Stewart (e se Hitchcock subiu a deus nesse filme,também virei fã de Stewart,ainda mais que Janela e "A Felicidae não se Compra" foram alugados juntos),seria injusto desmerecer James Stewart e só dar meritos a Alfred nesse filme,a cara de entediado a de surpresa são obras do ator que fez do antipatico Jeff um personagem com humor tolerável de passar duas horas.Junto a ele a grande paixão de 10 em 10 cinéfilos,ela,a linda e talentosa Grace Kelly,no conto a personagem dela não existe,no filme ela é muito mais que uma ilustração,é peronagem essencial aos acontecimentos e que revela e desenvolve traços peculiares do protagonista.Grace é linda e no filme Hitchcock explora ao máximo sua beleza,ela é doce e esperta,e a responsável pela segunda maior cena do filme,onde de vez ela se infiltra no apartamento vizinho e pasa a virar um dos bonequinhos espionados,também é de Grace a melhor frase de "Janela Indiscreta",quando a mesma diz que não acredita que estão chateados porque um assassinato não foi cometido,e a bela atriz só não é dona da melhor cena do filme,pois essa pertence exclusivamente ao diretor.

Fala marcante a da Grace...diálogos marcantes,afiados e cheios de humor não faltam nesse maravilhoso filme de 1954.Stewart-Kelly e uma terceira personagem interpretada por Thelma Ritter (deA Malvada) embalam o filme,fazendo do que seria um simples suspense,uma das mais complexas obras cinematográficas.

Com um legado incrível com dezenas de filmes,"Janela Indiscreta" permance vivo como trabalho influente do diretor,e não apenas isso,sobreviveu e se colocou como gigante em um ano que oferecia também "Sindicato de Ladrões" e "Os Sete Samurais".Um filme que deve ser guardado em um baú de ouro,uma jóia não só na sétima arte,mas também nas artes em geral.

sexta-feira, 27 de fevereiro de 2009

Sessão Nostalgia - parte 3: Lawrence da Arábia (1962)

O ano era 2007,precisamente março de 2007.Nada de mais,ainda existia muitos clássicos do cinema norte americano e inglês que eu não havia visto,ainda não conhecia bem o cinema brasileiro,nem o oriental e nem o europeu. No entanto "Lawrence da Arábia" era mais que uma obrigação não cumprida,era a vontade sedenta de assistir um épico,gênero a qual sou fã. Lembro bem que naquele mesmo mês a professora de Literatura marcou um trabalho sobre poetas romanticos. Meu grupo saiu com Alvares de Azevedo e montamos um roteiro para a filmagem de "Noite na Taverna". Era sexta,uma nove da noite quando ligo para uma amiga revoltado,eu estava vendo "Lawrence da Arábia" e falava com ela que nunca poderiamos filmar,afinal com que recursos fariamos um filme que fosse visualmente tão belo quanto Lawrence?Bem,ela apenas respondeu que com certeza ninguém na classe havia assistido "Lawrence da Arábia" para comparar!

É estranho como certas coisas insistem em pendurar na nossa cabeça por anos e outras desaparecem em apenas dias. Me lembro bem dessa conversa por telefone,dela toda e não só do trecho postado aqui,porém me lembrava pouco da estória (ou história) desse grande clássico. Sabia apenas que ele era um dos meus favoritos,como sabia?Ora,sentindo. Hoje,tendo passado dois anos vejo de novamente com olhar mais atento e afirmo que não acho "Lawrence da Arábia' uma obra tão genial quanto achava outrora. Acho melhor!

David Lean se ratifica como gênio,anteriormente lançando dois clássicos "Oliver Twist" e "A Ponte do Rio Kwai","Lawrence da Arábia" se mostra o melhor filme dele,o filme que arrebatou todos os prêmios que concorreu e hoje a obra-prima do diretor,e não para pouca coisa. Lean constroi um retrato detalhado da vida do enigmático T.E. Lawrence e coloca em uma riqueza incrível como ele uniu tribos arabes afim de combater os turcos,e não esquecendo do cenário político e militar da época. Lean filma como ninguém,explora os recursos visuais que tinha. Lendas dizem que eles acordavam de de madrugada apenas para pegar o nascer do Sol no deserto,ele explora tudo que tem tão a fundo,que encerrados as pouco mais de três horas e meia de filme,o pensamento que temos é único: Nada mais poderia ser encaixado ali dentro

O Sol nascendo e as viagens pelo deserto,assim como as explosões do trem,Lawrence sendo açoitado ou o fabuloso desfecho no carro cria um leque de cenas que marcam o filme por completo,lá não existe A CENA marcante,e sim uma continuidade onde a próxima cena é melhor que a anterior e assim vai,deixando o filme fixado na memório por completo,e então vai naquela: ou você lembra de tudo ou deleta o filme todo da cabeça.Engana-se quem pensa que apenas de cenas é feito "Lawrence da Arábia",o filme conta com diálogos magnifícos,frases marcantes de um homem culto que constantemente entra em conflitos com pessoas de culturas diferentes, diálogos e respostas que vão além de coisas simples e que não estão ali apenas para dar um que notório ao filme,estão ali pois precisam esta,e elas revelam muito da situação ou do carater de cada personagem,e entre elas a mais magnífica "Um Homem pode ser o que quiser". Será mesmo?Sim ou não,Lawrence consegue viver assim

Poucos atores são tão injustiçados pelo Oscar quanto Peter O´Toole,ele aplica um tom inglês fantástico em seu personagem,cara séria e sem emoção,frieza ao se expressar,voz nunca sai do tom normal,cria Lawrence como um heróis as avessas (dizem que um dos maiores erros da carreira de Marlon Brando foi ter recusado esse papel) aquele herói de idéias e atitudes,mas que não demonstra heroismo,e se por um lado é herói,pelo outro o protagonista mostra-se arrogante,pretencioso,ora se comparando a personagens biblicos,ora se intulando como milagreiro de um povo,pelo menos em se tratando do protagonista o filme conseguiu equilibrar em uma imparcialidade rara no cinema.Alec Guinness e Anthony Quinn se destacam entre os coadjuvantes

Com uma fotografia absurdamente boa,talvez a melhor que o cinema já viu,acompanhando as viagens pelo deserto com uma das trilhas sonoras mais inesquecíveis, "Lawrence da Arábia" se firma como obra-prima intocada pelo tempo,um filme que mostra o prazer em fazer o impossível virar o possível,um relato histórico em proporções extraordinárias,um conto de um homem que nem Homero escreveria melhor,referência estética e técnica,figurinos nunca vistos antes e especialmente a ousadia de um cineasta que fez de seu filme um dos mais complexos e influentes que o cinema já viu.


Ah,quanto o trabalho do Alvares,apresentamo bons cartazes,eu fiz um resumo detalhado de Noite na Taverna para a turma e a garota fez analises ótimas de A Lira dos Vinte Anos,fechamos o trabalho,porém o vídeo não chegou a serconcluido,na verdade gravamos 10-15 minutos de imagens,foi ótimo.Hoje Alvares de Azevedo é um dos meus poetas favoritos!

Sessão Nostalgia - parte 2 : "A Primeira Noite de um Homem" (1967)

O ano era 2006,ou o final de 2006.Lembra daquela lista que a AFI fez em 1997 elegendo os cem melhores filmes norte americanos?Bem,"A Primeira Noite de um Homem" estava em sétimo lugar,e sem assistir o filme,Ricardo falava mal dele,não apenas mal,mas muito mal,ridicularizava,era inaceitável uma comediazinha romantica ocupar tal posição (oh época que se seguia as listas hein?).

Dizem que filmes bons em TV aberta passa apenas de madrugada,e em dezembro de 2006 passava na Globo,eu preferi virar para o canto e dormir,mesmo estando e férias.Em janeiro de 2007 acabei alugando o filme,apenas para quase completar de ver o TOP 10 da AFI (ainda faltava Lawrence da Arábia).Bem,digo aqui que nunca em minha vida eu estive tão enganado a respeito de um filme como estive em "A Primeira Noite de um Homem"

Em 1967 o filme de Nichols provava de uma vez por todas que comédia romântica não é sinônimo de filmes banais e que assusntos como adultério,envolvimento com pessoas mais jovens e busca pela liberdade poderia ser colocado com um humor afiado e não crítico,e ainda fazendo rir...bem antes de Meg Ryan banalizar as comédias românticas com suas porcarias,Nichols faz um oposto de seu filme anterior "Quem tem Medo de Virginia Woolf?" e cria um ambiente leve,porém Nichols também faz igual ao seu filme anterior e arranca ótimas atuações do elencoBenjamin é um persongame singular,talvez o mérito não tenha sido de Dustin Hoffman,em inicio de carreira,que se saira mal nos testes,mas mesmo assim fez o filme,ou talvez tenha sido...mas o persongem tem uma tragetória magnífica durante todo o filme.Indo do garoto sufucado pelos pais e a sociedade,proucupado e ansioso por um futuro incerto,passando pelo jovem que aprendeu a viver de verdade,com a ajuda da inesquecível Senhora Robinson (e suas maravilhosas pernas),ele muda o penteado de cabelo,aprende a fumar,começa uma vida só a diversão,confronta os pais e muda sua rotina e chegando ao louco apaixonado que finalmente acha um objetivo na vida...objetivo com nome e sobrenome: Elaine Robinson.Ao contrário do que se pensaria,Ben é sim um personagem complexo,o desenvolvimento dele acontece de maneira tão sutil que aos menos atento passaria despercebido

"A Primeira Noite de um Homem" conta com algo impressionante,diria uma das 20 melhores direções que o cinema já viu em sua história. Mike Nichols se apresenta como gênio em criar sua estória,ele aplica sua experiência com o teatro adquirida pelos anos de carreira e sua experiência com o cinema adquirida em seu primeiro filme,"Quem tem Medo de Virginia Woolf?" e cria algo original,revolucionário e novo. Os movimentos de câmera são fantásticos,Nichols a posiciona nos lugares mais inusitados e diferentes,pega os ângulos mais inacreditáveis de seus personagens e faz movimentos muito interessantes,e o melhor,nenhum posicionamento de câmera está lá apenas por estar,todos tem sua finalidade diferente,a exemplo de quando Ben vê Senhora Robinson nua no quarto,ele vira a cara,o rosto dela não é mostrado,então em rápidos movimentos mostra partes do corpo dela,como se Ben olhasse se rapidamente se lembrasse do proibido,outra posição é quando Ben está na roupa de mergulho e se percebe ali toda a limitação do persongem,ele não houve e não vi muito mais do que aquilo,apenas obdece (e depois dessa cena ele decide proucurar Senhora Robinson),cena fantástico se da quando Ben vê que perdeu Elaine e a câmera começa a se afastar da Senhora Robinson.Nichols foi magnífico,e engana-se quem acha que ele foi apenas um diretor técnico,o principal responsável por impedir que os personagens caiam em caricaturas foi ele,e quando o roteiro,mesmo com todos os diálogos afiados,ameaça desandar e a personagem mais incrível do filme é esquecida,é Nichols quem segura toda a sua obra prima

Chegamos a personagem mais incrível do filme,seria clichê começar a resenha falando dela,o ícone máximo e uma das melhores coisas que "A Primeira Noite de um Homem" deixou para o cinema,me refiro a uma das maiores personagens,a inesquecível Senhora Robinson.Anne Bancroft e Mike Nichols junto construiram uma das melhores vilãs que o cinema já viu,e diria sem exagero que os pontos mais altos do filme é quando a sensual mulher está presente.É Senhora Robinson sim,ela não tem um primeiro nome e nem faz questão de revelar,a mulher casada que seduz Ben de maneiras incríveis
"Senhora Robinson,está tentando me seduzir?''
"Não tinha pensado nisso"

Os melhores diálogos estão com ela e ela responsável pelas duas mudanças que acontece na vida do nosso protagonista,é ela que mostra um mundo mais sexo e drogas,ela o seduz em cenas hilárias e diálogos inesqueciveis,como na primeira vez de Ben
"- Você não está esquecendo de nada?"
"-Eu queria falar que estou gostando de tudo isso e..."
"-Ben,eu me referia ao número do quarto"
Ben entra no quarto e o arruma de maneira discreta.Ela entra e acende a luz,e quando ele a beija,ela solta uma baforada de fumaça...cenas assim constroem o humor de "A Primeira Noite de um Homem" e fazem da Senhora Robinson um ícone do cinema.A mulher que fuma um cigarro atras do outro: liberdade!!!E se Benjamim tem a segunda mudança em sua vida,onde decide levar a sério o relacionamento com a filha da Senhora Robinson,ela se mostra "bem desagradável" e é muda novamente a vida dele. Ela é na verdade a estrela do filme

Tão protagonista quanto a Senhora Robinson são as músicas cativantes que tocam ao longo do filme,dando um toque especial para o mesmo."A Primeira Noite de um Homem" não marcou apenas o cinema,mas como também minha vida,é fabuloso,engraçado,foge do simplório e criou verdadeiros ícones e referências,um filme obrigatório

Sessão Nostalgia parte 1 - Diários de Motocicleta (2004)

Já estava pensando em fazer isso há algum tempo,mas a falta de coragem não deixava,nesta quinta feira tomei coragem: uma sessão nostalgia!Pegaria quatro filmes que faz tempos que não vejo,que vi apenas uma vez e que gostaria de ver novamente.A briga foi feia na locadoura,foi difícil escolher os quatro filmes,mas eles sairam:
- A Primeira Noite de um Homem
- Diários de Motocicleta
- Lawrence da Arábia
- Janela Indiscreta

Sessão Nostalgia parte 1 - Diários de Motocicleta (2004)

Falar que lá em 2005,Ricardo querendo iniciar uma vida cinéfila,grande admirador de Che Guevara (da pessoa Che Guevara e não do mito ou dos ideais Che Guevara),um filme como esse não seria um grande desafio de assistir.Esperava muito.Ganhei mais,ganhei um dos filmes que mais me marcou como pessoa,e ganhei dois idolos a mais: Walter Salles e Gael Garcia Bernal

O primeiro prova porque é melhor no que faz,faz do filme uma mistura de denúncia com biografia,aventura e comédia,balança a câmera,chama a atenção: PORRA,VOCÊ FAZ PARTE DISSO. Mostra pouco a pouco a viagem de dois amigos rumo ao desconhecido,a imaturidade e como aos poucos vão vendo e sentindo a verdadeira América Latina subdesenvolvida."... talvez...Mudou em mim",a evolução dos personagens são claras ao passar do filme,os dólares que os fizeram não comer foram doados a um casal comunista,os agricultores sem terras foram parados e ouvidos,o ápice é na bela cena onde Ernesto Guevara atravessa o rio.Aquilo é fazer cinema

O sengundo mostra porque é o melhor em sua geração,Gael foi um dos poucos que cresceu e se tornou um gigante sem pedir ajuda à Hollywood,em "Diários de Motocicleta" tem atuação bem feita,traços do jovem Ernesto que viria a se tornar um dos maires mitos do século XX estão presente,o jeito de falar "che',a idealização de apenas uma américa,o desprezo por hierarquias impostas,mas ao mesmo tempo Gael não perde a mão ao mostrar um homem jovem de 23 anos que não deixa de ser um homem jovem de 23 anos

A Parte Física da América Latina é mostrada lindamente,rios,flotestas o nosso continente abençoado pela mãe natureza.Monumentos históricos ganham proporções gigantes...junto dessa beleza natural,mas ao mesmo tempo quase fazendo um paralelo com ela vem a parte humana,os ricos são pobres,os pobres mais pobres ainda e os doentes apenas miseráveis.Nesse quadro deprimente vem algo que nos coloca em xeque: Alguma coisa mudou?Em 2005 minha professore de Geografia insistia em dizer que sim,muita coisa mudou para melhor,porém eu insisto em dizer que os problemas apenas modernizaram e qualquer um que resolvesse fazer a mesma viagem veria o mesmo que os olhos de Ernesto viram.Em meio a tudo surgi um coadjuvante que se destaca em toda a história,e não falo de Granado,amigo de 30 anos e mentalidade de 15 do jovem che,falo de La Poderosa,a motocicleta que da título ao filme e que se destaca,colocando aspecto de aventura em um gigante so século XX

"Diários de Motocicleta' foi justamente premiado com o Oscar de Canção Original,"El Otro Lado del Rio" encanta de forma pura nosos ouvidos e emociona,como todo o filme emociona.Walter Salles criou uma obra prima,um filme que enche nossos olhos e toca fundo em nosso coração,não se espante se ele também permanecer em sua cabeça por anos e anos.

quinta-feira, 26 de fevereiro de 2009

Um Ato de Liberdade - *** de *****

Estou contente! Não a ponto de soltar rojões ou sair correndo nu pelas ruas (o que seria um atentado ao bom gosto de minha parte), mas estou muito contente! Enfim, encerrei o ciclo que deveria ter encerrado no dia 22 de fevereiro de 2009, antes da cerimônia do Oscar dar o seu início. Assisti a todas as produções mais “mainstreans” que participaram do Oscar 2009. Ainda não assisti aos indicados a Melhor Filme Estrangeiro, Melhor Documentário e muito mais, mas pretendo fazê-lo antes deste semestre se encerrar. Mas, vamos ao texto do filme que completou o ciclo por mim iniciado?


Crítica:

Responda rápido: o que pode ser pior do que ser um judeu e viver em 1941, em plena Segunda Guerra Mundial? Ser judeu e polonês (já que a Polônia fora um dos principais alvos da Alemanha Nazista) ao mesmo tempo, não? Pois é, e assim eram os poloneses de Nailiboki. Tendo isso em vista, é mais do que óbvio que os habitantes desta região do globo terrestre encontravam-se mais perdidos do que cego em tiroteio, não? Sim, principalmente quando os nazistas passaram a atacar diversas cidadelas daquela região. Os poucos sobreviventes decidem então se unir e se esconder dos alemães nas florestas locais. Mas quem disse que o perigo deixaria de existir? É aí que surge o lendário Tuvia Bielski, um ex-militar que, ao lado dos irmãos Zus e Asael, une os esparsos bandos judeus foragidos, formando um grupo só. Bielski começa a armar o clã na medida do possível e passa a organizar as defesas, para o caso de uma “blitzkrieg” nazista.

Primeiramente, a sinopse do filme por si só já se revela interessante o bastante para merecer uma conferida. Em segundo lugar, quantas vezes você já ouviu falar de Tuvia Bielski? Pois é, e esta é uma das missões mais importantes da sétima Arte, levar cultura aos expectadores, no caso, aqueles que, como eu, nunca haviam ouvido falar nos irmãos Bielski e terão a oportunidade de conhecer algo sobre eles no filme em questão. Em último lugar, e não menos importante: quantas vezes você já ouviu falar em um líder militar que tornou-se herói não por organizar ataques, mas sim por fugir dos mesmos? Isso mesmo, fugir dos ataques. Sendo assim, se o leitor estava procurando um único motivo que seja para ir ao cinema conferir “Um Ato de Liberdade” (que estréia aqui no Brasil amanhã, 27/02/2009), estou dando três motivos, e olhe que acabei de iniciar este texto.

Aí o leitor conclui: “___ Puxa vida! Mas um filme com tantas qualidades, assim como você mesmo está apontando, só pode ser uma obra-prima, não?”. De jeito nenhum, “Um Ato de Liberdade” está muito longe, mas muito longe mesmo, de poder ser alcunhado de uma obra-prima. E quem seria o grande responsável por isso? O diretor Edward Zwick. Não que a culpa seja inteiramente dele, mas convenhamos, Zwick nunca foi e, pelo visto, nunca será um grande cineasta. Contudo, não podemos reclamar que os seus filmes não contam com uma dose mínima de carga emocional necessária para que nos cativemos com a trama (o que inclui até mesmo os recentes e apenas bons “O Último Samurai” e “Diamantes de Sangue”), não é mesmo? Minha resposta certamente seria sim caso não fosse este seu último filme: “Um Ato de Liberdade”.

Imagine você, caro leitor, tendo de se refugiar em uma floresta escura e com receio de morrer congelado com o alvorecer do inverno. Imaginou? Pois é, horrível não? Sim, mas Zwick jamais confere a sensibilidade necessária para tal. A única coisa que vemos aqui é um grupo de judeus foragidos que terão de enfrentar certos riscos, mais cedo ou mais tarde. E não podemos negar que Zwick, de fato, mostra os judeus passando fome, ou frio, ou contraindo graves doenças, como a tifo por exemplo, mas é como eu sempre digo: “o bom filme apenas mostra algo ao espectador, ao passo em que o grande filme transmite a esse o que está sendo mostrado, e de um modo que o faça sentir na pele”. “Um Ato de Liberdade”, infelizmente, encaixa-se na primeira opção.

Vemos os judeus fugindo de medo dos nazistas, os vemos lutando contra eles (quando necessário), os vemos passando fome, os vemos passando frio, os vemos contraindo doenças, mas Zwick jamais confere a sensibilidade dramática necessária para que o filme realmente nos cative. Ele não consegue fazer, por exemplo, o que Peter Weir faz no excepcional “Mestre dos Mares – O Lado Mais Distante do Mundo” quando mostra (e também consegue transmitir a todos nós, diga-se) a tripulação do HMS Surprise passando fome, ou (citando um outro filme produzido no mesmo ano), o que Peter Jackson faz no ainda mais excepcional “O Senhor dos Anéis – O Retorno do Rei” quando nos faz sentir na pele o drama de Frodo e Sam enquanto ambos sobem a Montanha da Perdição, em Gorgoroth, capital de Mordor.

Faltam cenas sensíveis como estas para podermos alcunhar “Um Ato de Liberdade” de obra-prima ou épico cinematográfico, que seja. Mas mesmo analisando-o como uma obra cinematográfica qualquer, o filme conta com as suas falhas. Além da direção de Zwick ser apagada demais e criar ângulos realmente satisfatórios em raros casos, o roteiro também falha na exploração de seu protagonista. Quando Tuvia entra em cena não sabemos nada acerca de seu passado e conforme a trama vai se desenrolando continuamos na mesmíssima situação. A única coisa que ficamos sabendo é que ele possuía um comércio com a sua ex-esposa antes de embarcar na vida de guerrilheiro.

Agora eu pergunto: por que cargas d’água o roteiro oculta que ele já foi membro do exército polonês? Sem dúvida é uma informação que, caso tivesse vindo até nós no início do longa, conseguiria conferir uma carga dramática muito mais consistente a este. E o que dizer então da covarde decisão que a produção toma para evitar polêmicas? Refiro-me aos boatos de que os “Partisans”, liderados por Tuvia, teriam molestado sexualmente mulheres e crianças durante a sua campanha. Por que o filme nem sequer “arranha” esta questão?

Mas nem por isso pensem que a obra encara os guerrilheiros apenas como pessoas sem desvios de caráter. Tuvia, principalmente, tem seus momentos de crueldade no filme, como na cena em que atira em um oficial nazista (e nos dois filhos dele também) que havia matado os seus pais e agora se encontra sem quaisquer chances de defesa. Ou então a cena em que, ao ver um outro oficial nazista, também sem as mínimas condições de autodefesa, sendo linchado pelo seu grupo, não faz absolutamente nada para cessar a tortura imposta ao alemão.

“Um Ato de Liberdade”, no fim das contas, se mostra um filme interessante pelas atuações de seu elenco (sobretudo Daniel Craig que está ótimo) e pela sua premissa em si, que acaba, infelizmente, sendo desenvolvida com pouquíssima sensibilidade pelo diretor e pelo roteirista Clayton Frohman. A estória, por si só, já se mostra bastante interessante por nunca ter sido contada no Cinema antes (e caso já tenha sido contada, por favor me avisem), bem como o seu protagonista, que não é desenvolvido da maneira que merecia, mas ainda assim nos desperta muita curiosidade.

Ah, e quanto à trilha-sonora, que concorreu ao Oscar mas perdeu, é realmente fantástica e confere ao filme um pouco da sensibilidade que a direção de Zwick e o roteiro de Frohman (que também é assinado por Zwick) não se mostraram capazes de conferir. Um grande trabalho de James Newton Howard.

Avaliação Final: 6,0 na escala de 10,0.

Ciclo Completo!

Pronto, encerrei a ciclo que estava tentando completar antes mesmo da cerimônia do Oscar, mas não consegui. Quando os Prêmios da Academia foram entregues durante a noite de 22 de fevereiro de 2009, ficou faltando apenas dois filmes para que eu completasse o circuito "mainstream" do Oscar (ou seja, os filmes estadunidenses que estão nas categorias que chamam mais atenção dos próprios estadunidenses, ou você acha que eles dão à mínima para o Cinema Estrangeiro ou para prêmios como Melhor Documentário e afins?), são eles: "A Duquesa" (cuja crítica já encontra-se disponível) e este "Um Ato de Liberdade".
O filme roteirizado por Clayton Frohman conta com uma sinopse extremamente interessante e consegue nos prender do intróito ao cabo da projeção, mas senti muitos aspectos da direção de Edward Zwick "emprestados" a este filme. Assim como no interessante (e apenas interessante e nada mais) "O Último Samurai", Zwick toma por base um povo pequeno e desconhecido (bem menores e desconhecidos que os próprios samurais) que passa a ser perseguido por um exército gigantesco que lhes quer morto. A partir de então o protagonista passa a guiá-los e torna-se a última esperança dos mesmos.
Pois é, Zwick transfere um de seus filmes mais recentes, e bem sucedidos na bilheteria, do extremo leste asiático para o extremo leste europeu. O resultado? Bom, e só.
Pena ter encerrado o meu ciclo, entitulado de os "mainstreans" do Oscar, com um filme apenas bom, esperava mais, muito mais.

quarta-feira, 25 de fevereiro de 2009

A Duquesa - ** de *****

“A Duquesa” foi um dos poucos filmes que concorreram ao Oscar neste ano que eu não pude assistir antes da cerimônia. Desta forma, tinha que faze-lo assim que me sobrasse algum tempo, principalmente levando em conta que o filme estreou nos circuitos nacionais a muito tempo e, na ocasião, vi-me incapaz de conferi-lo. Faço-o agora então, na hora errada, mas enfim, antes tarde do que nunca, não?


Crítica:

Quando comentei sobre “Elizabeth – A Era de Ouro”, por volta de fevereiro do ano passado, deixei bem claro que o filme em questão emergia em um oceano de frivolidades, pois dava muito mais ênfase ao triângulo amoroso abordado do que às questões políticas com as quais a protagonista estava envolvida na época. E tendo em vista que tais questões estavam ligadas ao período mais glorioso da história da Grã-Bretanha, ou seja, a vitória naval sobre a Espanha durante o conturbado período das inquisições ibéricas, tal deslize do roteiro não poderia ser perdoado sob hipótese alguma.

Pouco tempo depois (menos de um ano) de “Elizabeth – A Era de Ouro” sair dos circuitos nacionais, chega este “A Duquesa” com uma proposta não muito diferente: retratar um triângulo amoroso, que mais para frente viria a ser um quadrado amoroso, envolvendo membros importantíssimos da corte britânica e deixar as questões políticas de lado. Contudo, “A Duquesa” tem uma clara vantagem sobre “Elizabeth...”, no filme protagonizado por Keira Knightley, a ocultação dos fatos políticos se revela infinitamente mais conveniente do que no filme protagonizado por Cate Blanchet.

Tomando como pano de fundo a Inglaterra do final da sétima década do século XVIII, o filme nos apresenta à duquesa Georgiana Carvish (Keira Knightley), casada com William Carvish (Ralph Fiennes), Duque de Devonshire (região pantanosa ao sul da Inglaterra, para quem já leu o excepcional “O Cão dos Baskervilles” de Sir Arthur Conan Doyle, é exatamente a região onde se passa a estória mais famosa protagonizada por Sherlock Holmes). O Duque, como era costume na época, desejava um descendente do sexo masculino para deixar de herdeiro. A esposa, no entanto, só conseguia lhe “dar” filhos do sexo feminino, o que causa certo ódio por parte do marido.

Lendo o parágrafo acima, dá-se a entender que o longa irá cair naquela velha estória de sempre, não? É exatamente isso o que acontece. Eles se casam, ela promete um filho, não consegue um garoto, o Duque, que já não demonstrava grande amor pela moça, passa a despreza-la cada vez mais, arruma inúmeras amantes para lhe satisfazer, e ela, pobrezinha, sente-se isolada, sem o amor do marido, no palácio em que mora e passa a se interessar por um amigo de infância.

O roteiro aparenta ser previsível e sem criatividade, não? Pois é, é justamente isso que o é, e mais, não se preocupa nem um pouco em explorar os seus personagens ou, ao menos, criar uma forte carga dramática sobre eles. Por exemplo, Georgiana era viciada em jogos de azar, mas o filme raramente explora o seu problema de um modo aprofundado. Tudo aqui é mostrado superficialmente, através de uma ou outra cena em que a moça aparece jogando cartas. E os sentimentos verdadeiros dela por Charles Gray (Dominic Cooper)? De fato são verdadeiro sim, mas percebemos isso de tanto que ouvimos a moça falar, pois o roteiro não se preocupa nem um pouco em criar situações que nos façam ter certeza disso. O flerte entre Georgiana e Charles é mostrado de um modo sucinto demais no início da projeção. Eles são mostrados apenas como amigos, que trocam um ou outro olhar entre si, e quando o romance de ambos esquenta definitivamente, não convence. A sensação que temos é a de que a Duquesa não ama o rapaz, de fato, apenas o usa para escapar do rude marido, que trai a moça com aquela que já fora sua melhor amiga, Bess Foster.

E falando em Bess Foster, que atuação apagada a de Hayley Atwell, não? Sua expressão é sempre a mesma, ela jamais convence, nem quando fala do marido que a maltratava, nem quando reencontra os filhos que já não via há anos, nem em momento algum. O resto do elenco se mostra satisfatório, mas apenas isso, nada mais. Salvo por Keira Knightley e Ralph Fiennes, cujas discussões de seus respectivos personagens revelam-se o ponto alto do filme, uma vez que passa a exigir de ambos atores atuações firmes e consistentes e ambos correspondem magnificamente bem ao exigido (Knightley, aliás, está perdoada do péssimo trabalho que realizou no bom “Desejo & Reparação”).

Mas ao iniciar este texto, lembro-me de que falava que a ocultação política do filme não era, ao todo, inconveniente, não? Pois é, a Inglaterra passava por uma considerável mudança política, onde o partido de oposição, que era infinitamente mais libertário que o partido de situação, estava para assumir o poder da ilha mais importante do mundo e a Duquesa Georgiana teve a sua participação nisso, e é claro que o roteiro falha em não abordar tal fato com mais precisão, contudo, além do papel de Carvish não ter sido tão diretamente importante para o trunfo dos opositores, este acontecimento histórico não teve, nem em sonhos, o mesmo peso que teve a vitória naval da Inglaterra sobre a Espanha. Logo, o roteiro jamais se mostra totalmente falho quando opta por dar mais ênfase à vida pessoal da Duquesa.

Aliás, a vida pessoal dela, por si só, já se mostra dramaticamente forte o bastante para merecer uma adaptação para as telonas. A questão é: como fazer isso de um modo satisfatório? E aí voltamos a todos os pontos falhos que citei acima, o longa deveria ter desenvolvido melhor os personagens, ter criado uma relação publico/protagonista muito maior a ponto de nos cativarmos com ela, sobretudo com os seus sentimentos por Gray e, principalmente, ter sido menos previsível. Francamente, em menos de vinte minutos de filme sabemos perfeitamente que a Duquesa não conseguirá dar um filho do sexo masculino ao seu marido, o mesmo dará ainda menos amor à esposa, arrumará algumas amantes, passará a flertar com a sua melhor amiga, se tornará amante da mesma, e por aí vai, até “nascer”, de fato, o previsível caso de amor entre Georgiana e Gray.

Ao menos o filme não é previsível em seu final, quando percebemos a tristeza que passa a fazer parte da vida da jovem nobre. Afinal de contas, ela terá toda a riqueza material que desejar, mas jamais encontrará o verdadeiro amor, e o que é pior, ela nada vez de errado para merecer tal “punição”, apenas não se viu capaz de “presentear” o marido com um filho do sexo masculino no momento em que ele deseja isto. O roteiro prima também por não fugir muito da estória real, que lhe serviu de base. Por outro lado, creio que uma ou outra liberdade histórica adotada para dramatizar a trama (que, sejamos francos, não é tão dramatizada quanto deveria) não seria uma má idéia.

Mas o filme não é ruim ao extremo, muito pelo contrário. Além das já citadas ótimas atuações de Fiennes e Knightley, o filme conta com uma beleza visual fantástica, que parece tentar suprir todo o vazio emocional que o longa nos confere. A fotografia realça bem os ambientes externos da produção, a direção de arte, por sua vez, cria ambientes internos suntuosos e dignos de se encher os olhos (ainda assim achei a vitória de “... Benjamin Button” justa nesta categoria) e os figurinos são simplesmente um espetáculo, algo que o filme realmente tem de melhor, e parece saber aproveitar a cada momento que pretende recriar a época que está sendo retratada nas telonas.

“A Duquesa” é, enfim, um longa dotado de uma beleza visual incrível, mas de um vazio dramático indesculpável (exceto pelo triste final do filme).

Avaliação Final: 5,0 na escala de 10,0.

terça-feira, 24 de fevereiro de 2009

Framboesa de Ouro 2009 - Comentários Sobre a "Premiação" (Gargalhadas)

Conforme prometido, farei um breve comentário sobre os “vencedores” do Framboesa de Ouro 2009, mas já adianto que infelizmente, ou melhor, felizmente, não assisti à grande maioria destas porcarias que encontram-se abaixo. Vamos lá? Sim, mas antes, vejam uma foto do (nada) “cobiçado” prêmio:

Pior Filme:

O Guru do Amor

Super-Heróis - A Liga da Injustiça e Espartalhões

Fim dos Tempos

The Hottie and the Nottie

Em Nome do Rei

Dentre os indicados assisti apenas a “Super-Heróis – A Liga da Injustiça” e “Fim dos Tempos”. O segundo, um filme apenas razoável. Creio que o ódio despejado em cima do mesmo deve-se à decepção que ele causou nas pessoas por se tratar de um filme de M. Night Shyamalan, consagrado diretor de “O Sexto Sentido”, cuja carreira vem desabando por água abaixo nos últimos anos. “Super-Heróis...” tive o desprazer de assistir e defini-lo definitivamente como o pior filme produzido em 2009, dentre os quais assisti. Não perdi meu tempo com “O Guru de Amor”, mas se ele conseguiu a façanha de ser pior que o filme de Jason Friedberg e Aaron Seltzer, Marco Schnabel, Mike Myers (meu ódio mortal por ele surgiu logo de cara em “Quanto Mais Idiota Melhor” e aumentou ainda mais com o ridículo “Austin Powers”) e Graham Grody merecem, na melhor das hipóteses, ser condenados à forca (e não estou exagerando, muito menos falando jocosamente).

Pior Ator:

Mike Myers, O Guru do Amor

Larry the Cable Guy, Witless Protection

Eddie Murphy, O Grande Dave

Al Pacino, 88 Minutos e As Duas Faces da Lei

Mark Wahlberg, Fim dos Tempos e Max Payne

Creio que Al Pacino tenha sido indicado apenas pelas decepções que vem causando na crítica e nos fãs (eu, inclusive, sou um deles). Particularmente, gostei bastante de seu trabalho em “As Duas Faces da Lei” (e o fato de o filme ser medíocre nada tem a ver com ele) e não conferi a sua atuação em “88 Minutos”. Mark Wahlberg achei que se saiu incrivelmente bem em “Fim dos Tempos”, mas sua atuação no ridículo “Max Payne” (e onde estava esta m... fora do Framboesa de Ouro de Pior Filme?) não é apenas digna de ser indicada aqui, como também digna de faturar o prêmio. Os demais atores não vi, e nem quero, mas fico particularmente feliz por Mike Myers ter sido avacalhado (apesar de que preferia mesmo é vê-lo pendurado com uma corda no pescoço, e novamente não estou sendo exagerado e/ou jocoso).


Pior Atriz:

Paris Hilton, The Hottie and the Nottie

Jessica Alba, O Guru do Amor e O Olho do Mal

O elenco de Mulheres...O Sexo Forte (Annette Bening, Meg Ryan, Jada Pinkett-Smith, Debra Messing e Eva Mendes)

Cameron Diaz, Jogo de Amor em Las Vegas

Kate Hudson, Um Amor de Tesouro e Amigos, Amigos, Mulheres à Parte

Não assisti a “Mulheres... O Sexo Forte”, mas dói ver Annette Bening se dando tão mal a ponto de concorrer um prêmio que está tão aquém de seu verdadeiro talento. Quanto a Meg Ryan, Jada Pinkett-Smith, Debra Messing e Eva Mendes, pro inferno com todas elas (em especial Mendes, aliás, por que os críticos estadunidenses não acabam de vez com ela?). Ia assistir a “Jogo de Amor em Las Vegas”, mas na época tomei a sábia decisão de conferir um outro filme que estava passando no cinema. De qualquer forma, Cameron Diaz estava fazendo por merecer para receber uma indicação destas, uma vez que a sua carreira ia de mal a pior (se é que alguma vez ela esteve por cima). Kate Hudson não se saiu tão mal em “Amigos, Amigos...” a ponto de merecer ser indicada. Creio que tenha sido o seu trabalho em “Um Amor de Tesouro” (que não assisti, mas já li muitas criticas negativas, ridicularizando inclusive ela) que lhe rendeu a indicação. Não conferi os trabalhos de Jessica Alba, e aqui sim posso dizer: infelizmente. Não, de jeito algum a acho uma boa atriz, muito pelo contrário, julgo-a a pior de sua geração, mas sejamos francos, com uma bunda linda daquelas, quem não fica morrendo de vontade de ir ao cinema só para vê-la, mesmo que o trabalho dela como atriz seja digno de uma nota zero (sim, eu sei que sou assexuado, mas tem como resistir Jessica Alba?)? Paris Hilton, por sua vez, é, talvez, mais bela que a própria Alba, bem como o seu suculento par de seios (e só de me lembrar do pornô amador que ela fez com o namorado “Uma Noite em Paris”, já me enche a boca de água), mas como atriz é uma desgraça (o mesmo digo de Jessica Alba). Seu trabalho em “A Casa da Cera” foi terrível o bastante para jurar para mim mesmo que jamais voltaria assistir a um outro filme em que o nome dela apareça entre os créditos (a não ser, é claro, que a patricinha babaca faça um outro pornô, aí a coisa muda de figura).

Pior Ator Coadjuvante:

Pierce Brosnan, Mamma Mia!

Uwe Boll (como ele mesmo), Postal

Ben Kingsley, O Guru do Amor, The Wackness e War, Inc.

Burt Reynolds, Deal e Em Nome do Rei

Verne Troyer, O Guru do Amor e Postal

Adivinhem. Sim, não assisti a nenhum dos indicados. Contudo, muito me entristece em ver Bem Kingsley concorrendo a um “prêmio” ao lado de Uwe Boll. Me entristece ainda mais saber que um ator que já realizou fantásticos trabalhos em filmes como “Gandhi” e “A Lista de Schindler” tenha ido tão baixo. E quanto a Pierce Brosnan? Anos atrás, quando estava no auge de meu fanatismo pelo personagem 007, Brosnan era o meu queridinho na época. Adorava o ator, que tinha um charme fora do comum (tanto que ironizei dizendo que o recomendaria para substituir Hugh Jackman, que também é charmoso, no cargo de apresentador do Oscar deste ano). Entretanto, confesso que o charme que Brosnan conferia a seu James Bond, faltava no que diz respeito a “timming” cômico, algo inerente à composição do agente secreto mais famoso do Cinema. Talvez este tenha sido o que lhe faltou em “Mamma Mia!” (não assisti ao filme, logo, não estou nem deduzindo, estou “chutando” mesmo): “timming cômico. Quanto a Uwe Boll, creio que o mesmo já deveria ter sido exonerado da face da Terra e Verne Troyer... bem, quem é Verne Troyer? Ele era jogador de basquete (com certeza não), cantor de rap, ou coisa do tipo? Ah sim, é aquele ator anão que muitos utilizam a sua altura como alvo de piadinhas estereotipadas. Tá ok então, pode botar ele aqui. Burt Reynolds? Não fede nem cheira. Na verdade, mais fede do que cheira. Será que Brosnan merecia mesmo ter “vencido” o prêmio? Bem, isso eu só saberei assistindo ao trabalho de todos os indicados, e com toda a certeza absoluta não me dedicarei a tal perda de tempo. Mas quem sabe eu assista a “Mamma Mia!” levando-se em conta de que gosto do ABBA.


Pior Atriz Coadjuvante:

Paris Hilton, por Repo: The Genetic Opera

Carmem Electra, por Super-Heróis - A Liga da Injustiça e Espartalhões

Kim Kardashian, por Super-Hérois - A Liga da Injustiça

Jenny McCarthy, Witless Protection

Leelee Sobieski, 88 Minutos e Em Nome do Rei

Quem disse para Paris Hilton que ela é atriz? Ser estonteantemente linda e gostosa, ou melhor, nem gostosa é, é deliciosa, suculenta, mas enfim... beleza não é pré-requisito para boa atuação. O filme? Não, não assisti, mas só não digo que Hilton deveria ser enforcada caso a sua atuação tenha sido ainda pior que as de Carmem Electra e Kim Kardashian, pois acho-a linda demais para tal desperdício. Além do que, ela tem um talento muito forte diante das câmeras. Duvidam? Então assistam a “Uma Noite em Paris” e prestem atenção no modo como a moça fela o seu ex-namorado. Que talento ela tem, não? A propósito, Paris, por que não desiste de vez de ser atriz de verdade e não volta a fazer filmes como “Uma Noite em Paris”? Corra atrás de seu verdadeiro talento garota, e nos deixe morrendo de inveja de seus parceiros. Quanto a Jenny McCarthy e Leelee Sobieski não pude conferir o trabalho de ambas, e nem ao menos acho os nomes familiar, logo, tô pouco me linchando pra elas. Tanto Carmen Electra quanto Kim Kardashian se saíram muito mal em “Super-Heróis...” e o prêmio estaria muito bem “representado” nas mãos de qualquer uma delas. Creio que as moças deveriam, assim como Hilton, desistir da carreira de atriz e partirem para o cinema pornô que certamente saberia avaliar bem os belos corpos das moças. A propósito, Electra já partiu para o mercado dos pornôs, e Kardashian, está esperando o quê? Corpo para tal ela tem (mais do que a própria Electra), e até sobra (e se duvidam, cliquem aqui e comprovem. UAU!!! Que peitão, que bunda MA-RA-VI-LHO-SA!!! E o que dizer desta foto aqui então?!? Que mulata!!! Nessa época de carnaval vai bem uma dessas, e como vai!!!).


Pior Dupla:

Paris Hilton & Christine Lakin ou Joel David Moore, The Hottie and the Nottie

Uwe Boll & qualquer ator, câmera ou roteiro

Cameron Diaz & Ashton Kutcher, Jogo de Amor em Las Vegas

Larry the Cable Guy & Jenny McCarthy, Witless Protection

Eddie Murphy dentro de Eddie Murphy, O Grande Dave

Os dizeres “Uwe Boll & qualquer ator, câmera ou roteiro” já demonstram a implicância que a Academia tem para com o “cineasta” (gargalhadas). E não é para menos, Boll é péssimo em tudo o que faz, seja dirigindo, seja escrevendo, seja atuando. Eddie Murphy também é digno de toda a avacalhação que os especialistas na área lhe submeter. A “dupla” Murphy dentro de Murphy, além de ser uma jogada muito inteligente do Framboesa, é digna de “concorrer” ao “prêmio”. Não assisti aos demais filmes, mas vejo que mais uma vez pegaram no pé de Paris Hilton. É o que eu sempre digo: “___ Paris, volte ao pornô!”. A propósito, me preocupo com a garota fazendo pornô, já pensou de desta vez ela não faz um filme natural, como o que fora com o ex-namorado, e se toca que precisará atuar para valer? Imagine a moça tentando simular um orgasmo? Pensando bem, nem quero imaginar, iria ser muito canastrona. Por isso que eu digo: “___ Paris, trepe com qualquer um e não faça questão nenhuma de saber que os seus parceiros estão filmando, muito menos que comercializarão o vídeo ou simplesmente o disponibilizarão na internet (mas não tente impedir o funcionamento do Youtube depois, assim como fez a burra mor Daniela Cicarelli.”.

Pior Remake, Continuação, Pré-Continuação ou Imitação:

Indiana Jones e o Reino da Caveira de Cristal

O Dia em Que a Terra Parou

Super-Heróis - A Liga da Injustiça e Espartalhões

Speed Racer

Star Wars: The Clone Wars

Injusta a “vitória” de “Indiana Jones...”. Creio que o único argumento plausível para tal é que o quarto filme da saga decepcionou os fãs, mas se o analisarmos individualmente, “... O Reino da Caveira de Cristal” se revela um bom filme. E bom filme, por bom filme, “Quem Quer Ser um Milionário?” também é apenas um bom filme e ainda assim ganhou 8 Oscar, inclusive os principais da noite. Quanto aos demais, acredito que só “O Dia em Que a Terra Parou”, “Super Heróis...” e “Espartalhões” mereçam “concorrer”. Ah sim, levando-se em conta a falta de “concorrentes”, “Speed Racer”, que também é um filme medíocre, merece ser indicado. Quem merece vencer? “Super-Heróis - A Liga da Injustiça” e “Espartalhões”, for sure. Notaram algo diferente nesta categoria? Pois é, pela primeira e única vez neste ano assisti a todos os filmes indicados a uma determinada categoria do Framboesa de Ouro!!!!! Aêêêêêêêêêêêê!!!!! Rojões!!!!! Lamentável, no entanto, que o filme menos ruim (que nem ruim é) tenha “vencido”.

Pior Diretor:

Uwe Boll, Em Nome do Rei, Postal e Tunnel Rats

Jason Friedberg & Aaron Seltzer, Super-Heróis - A Liga da Injustiça e Espartalhões

Tom Putnan, The Hottie and the Nottie

Marco Schnabel, O Guru do Amor

M. Night Shyamalan, Fim dos Tempos

A direção de Shyamalan em “Fim dos Tempos” está longe de ser, verdadeiramente, ruim. Está mais longe ainda de ser boa, mas ruim, garanto que não é. Digamos que seja apenas medíocre. O mesmo não acontece com a direção de Jason Friedberg & Aaron Seltzer por Super-Heróis - A Liga da Injustiça e Espartalhões. Ah, a direção de ambos realmente era digna de um “prêmio” desta categoria. Mas se ainda assim, Uwe Boll conseguiu ser pior de fato (não assisti aos filmes dirigidos por ele), forca nele!

Pior Roteiro:

O Guru do Amor, Mike Myers e Graham Grody

Super-Heróis - A Liga da Injustiça e Espartalhões, Jason Friedberg & Aaron Seltzer

Fim dos Tempos, M. Night Shyamalan

The Hottie and the Nottie, Heidi Ferrer

Em Nome do Rei, Douglas Taylor

É como eu disse, se Mike Myers e Graham Grody conseguiram criar algo mais execrável que “Super-Heróis – A Liga da Injustiça” eles são, no mínimo, merecedores de ser pendurados por uma bela de uma corda no pescoço. O roteiro de Shyamalan para “Fim dos Tempos” também não é nada tão horrível quanto está sendo anunciado. É claro que a idéia do filme é exageradamente besta, mas contém alguns resquícios de originalidade. E originalidade no Cinema contemporâneo, sobretudo nos filmes de terror, é uma característica que deve ser sempre muito idolatrada. Não assisti aos demais filmes.

Pior Carreira no Cinema:

Uwe Boll

Qual o maior inimigo da Crítica Cinematográfica (e me refiro aos profissionais da área)? Michael Bay? Não. Jason Friedberg & Aaron Seltzer? Melhorou, mais ainda não. Rob Schneider? Está esquentando, mas ainda não chegamos lá. Uwe Boll? Na mosca! Boll é responsável por muitas adaptações de jogos de vídeo game para o Cinema, bem como “Alone in the Dark”, “House of the Dead” e “BloodRayne”. Contudo, pasmem, nem os cinéfilos, que possuem, em sua maioria, um gosto mais apurado, nem os fãs de videogame que, em sua maioria, não passam de um bando de nerds que aceitam qualquer porcaria que vem (sem circunflexo?) pela frente, gostam dos filmes de Boll. Ou seja, Boll não tem competência para agradar ninguém, nem quem vê o Cinema como Arte, nem quem vê o Cinema como mera distração. O que dizer então de um fracassado como este? Só uma coisa: forcaaaaaaaaaaaaaaaa!!!!!!!!

Um forte abraço a todos (salvo nos “vencedores” do Framboesa de Ouro 2009, agora, nas “vencedoras”, um forte abraço e muiiiiiiito mais!!!)!!!

Daniel Esteves de Barros – Editor do “Cine-Phylum”.

segunda-feira, 23 de fevereiro de 2009

Oscar 2009 - Comentários Sobre a Premiação

Matarei três coelhos com uma cajadada só aqui neste post: publicarei a lista com os vencedores (‘negritados’) e indicados de cada categoria, contabilizarei meus acertos e erros com relação às previsões que realizei, e comentarei as injustiças cometidas (bem como os acertos, é lógico) pela Academia de Artes e Ciências Cinematográficas. Vamos lá?


Melhor Filme:
Quem Quer Ser um Milionário?
O Curioso Caso de Benjamin Button
Frost/Nixon
Milk - A Voz da Igualdade
O Leitor
1º acerto meu.

Comentários: há tempos eu dizia que a vitória deste filme seria uma das vitórias mais previsíveis da história do Oscar. “Quem Quer Ser um Milionário?” estava faturando todos os principais prêmios do ano e muito dificilmente deixaria de vencer o Oscar. Francamente, considero o longa filmado na Índia um tanto o quanto superestimado e, nem em meus sonhos mais bizarros, imaginaria ele vencendo oito estatuetas. Mas há o lado bom nisso tudo: a quebra de preconceitos da Academia. Quem, há dez anos atrás, iria imaginar a entidade dando total importância a uma produção rodada em um país completamente subdesenvolvido, rodeado pela pobreza? Quem, há dez anos atrás, iria imaginar que um filme com um elenco completamente desconhecido venceria tantos prêmios? Injusto ou não, merecido ou não, previsível ou não, ao menos a vitória de “... Milionário?” teve a sua importância no que diz respeito à quebra de paradigmas.

Melhor Ator:

Sean Penn - Milk - A Voz da Igualdade
Richard Jenkins - The Visitor
Frank Langella - Frost/Nixon
Brad Pitt - O Curioso Caso de Benjamin Button
Mickey Rourke - O Lutador

1° erro meu.

Comentários: a Academia vem sendo cada vez menos preconceituosa (a ponto de dar o prêmio a um ator que interpreta um homossexual), mas cada vez menos tolerante também. Rourke realizou um trabalho irretocável aqui e incorporou um ex-lutador famoso de maneira impecável, mas ainda assim os votantes não esqueceram da seguinte frase: “___ Seu passado o condena, Rourke!”. Sempre tido como canastrão, o ator ainda não conquistou os votantes a ponto de merecer um prêmio, segundo os membros da Academia. Torcia para ele, senão, para Frank Langella que encarnou Richard Nixon com uma perfeição e naturalidade fora do comum, mas enfim, deu Sean Penn. Injusto? Não, gostei muitíssimo de Sean Penn em “Milk – A Voz da Igualdade”, mas não julgo o trabalho dele digno de tanto merecimento. Não por ele, que repito: fez um ótimo trabalho encarnando Harvey Milk, mas por Rourke e Langella que, de fato, estavam melhor. Pitt e Jenkins também “mandaram” muito bem, mas ficaram longe de merecer faturar este importante prêmio.

Melhor Atriz:

Kate Winslet - O Leitor
Anne Hathaway - O Casamento de Rachel
Angelina Jolie - A Troca
Melissa Leo - Rio Congelado
Meryl Streep - Dúvida

2° acerto meu.

Comentários: a vitória de Kate Winslet foi mais política do que merecimento. Há muito tempo que a celebridade merecia faturar um prêmio e na ansiedade de livrar-se de uma vez por todas de comentários da natureza de: “___ Por que Winslet nunca venceu um Oscar?”, os membros da Academia logo deram o prêmio à eterna Rose do superestimado “Titanic” e livraram-se deste fardo. Winslet fez uma grande atuação em “O Leitor”, não se tenha dúvidas, mas francamente, creio que não conseguiu bater Meryl Streep, Angelina Jolie (tava gostosona no Oscar, hein?) e, principalmente, Anne Hathaway. De uma forma ou de outra, não creio que a sua vitória fora necessariamente injusta, só acredito que o prêmio estaria melhor nas mãos de outras concorrentes. Melissa Leo fez um bom trabalho no ótimo “Rio Congelado”, mas estava longe de merecer esta indicação.

Melhor Ator Coadjuvante:

Heath Ledger - Batman - O Cavaleiro das Trevas
Josh Brolin - Milk - A Voz da Igualdade
Robert Downey Jr. - Trovão Tropical
Philip Seymour Hoffman – Dúvida
Michael Shannon - Foi Apenas Um Sonho

3° acerto meu.

Se alguém duvidasse que Ledger venceria este prêmio, desculpe-me a sinceridade, mas deve parar de “brincar de adivinhar” o Oscar. Barbada, só isso. Mereceu? É claro que sim, foi um Oscar póstumo mais do que merecido, pois o trabalho dele é a segunda maior qualidade de “Batman – O Cavaleiro das Trevas”. A primeira? O personagem de Ledger, é claro. Enfim, não há muito o que comentar, em uma categoria onde o trabalho de todos os indicados foi, no mínimo, muito bom, Ledger se destacou por ser o único a conseguir “roubar” o filme todo para si mesmo.

Melhor Atriz Coadjuvante:

Penelope Cruz - Vicky Cristina Barcelona
Amy Adams - Dúvida
Viola Davis - Dúvida
Taraji P. Henson - O Curioso Caso de Benjamin Button
Marisa Tomei - O Lutador

4° acerto meu.

Comentários: a Academia não iria resistir à tentação de dar, ao menos, um Oscar a “Vicky Cristina Barcelona” (que deveria ter concorrido a Melhor Filme também). Muito menos iria resistir à tentação de dar, ao menos, um Oscar a Penélope Cruz e livrar-se de uma vez por todas dos mesmíssimos comentários que as pessoas faziam acerca de Kate Winslet: “___ Por que Cruz nunca venceu um Oscar?”. Sem contar, é claro, na oportunidade de ver o casal de “Vicky Cristina Barcelona” (Javier Barden e Penélope Cruz) juntos no palco. Um Oscar bastante previsível, quase tão certo quanto a vitória de Ledger. Cruz mereceu? Confesso que preferi o trabalho de Viola Davis em “Dúvida”, mas ainda assim não diria que a sua vitória foi necessariamente injusta. As demais atrizes também encarnaram muito bem os seus respectivos papéis.

Melhor Diretor:

Danny Boyle - Quem Quer ser um Milionário?
David Fincher - O Curioso Caso de Benjamin Button
Ron Howard - Frost/Nixon
Gus Van Sant - Milk - A Voz da Igualdade
Stephen Daldry - O Leitor

5° acerto meu.

Comentários: juro que considero “Quem Quer Ser um Milionário?” um filme apenas “na média”, mas se tem algo que me atraiu bastante nesta superestimada produção foi a direção de Danny Boyle. Revolucionária, certeira, inovadora, criativa. Com todos estes adjetivos, somados ao fato de eu a ter considerado a melhor direção de 2008, será que resta alguma dúvida de que considerei a premiação justíssima? Gostei muito das outras atuações, mas não indicaria Howard e Daldry. Van Sant talvez eu indicasse e Fincher certamente marcaria presença aqui.

Melhor Roteiro Original:

Dustin Lance Black - Milk - A Voz da Igualdade
Courtney Hunt - Rio Congelado
Mike Leigh - Simplesmente Feliz
Martin McDonagh - Na Mira do Chefe
Andrew Stanton - WALL•E

6° acerto meu.

Comentários: “Na Mira do Chefe” ganhou o Bafta? Sim, ganhou. Ganhou outros prêmios importantíssimos? Sim, ganhou. Mas o que é isso tudo perante ao fato de “Milk – A Voz da Igualdade” ter sido indicado a Melhor Filme e “Na Mira do Chefe” não? Apesar de não ser tão previsível quanto outras categorias, a vitória de “Milk...” era mais provável que a vitória de seus demais concorrentes. Foi justa? Sob hipótese alguma. Oras, onde já se viu um roteiro que conta com uma narrativa tão ‘manjada’ e episódica vencer este prêmio? Francamente, julgo o roteiro de “Milk...” o segundo mais fraco dentre os indicados, “perdendo” apenas para “Simplesmente Feliz”, que é péssimo e repugnante. Quanto aos demais, acredito que somente “Wall-E” e “Rio Congelado” (e podem xingar a vontade que eu, com toda a falta de democracia que me é inerente, excluo o comentário, ou então faço outro xingando de volta com palavras muito mais pesadas, assim como fiz com o imbecil que se atreveu a discordar de mim em "Homem de Ferro") tenham merecido a indicação.

Melhor Roteiro Adaptado:

Quem Quer ser um Milionário?, Simon Beaufoy
O Curioso Caso de Benjamin Button, Eric Roth e Robin Swicord
Dúvida, John Patrick Shanley
Frost/Nixon, Peter Morgan
O Leitor, David Hare

7° acerto meu.

Comentários: creio que raramente um vencedor de Melhor Filme perderia o prêmio de Melhor Roteiro, seja Original ou Adaptado. A vitória de “Quem Quer Ser um Milionário?” nessa categoria era mais do que óbvia. Mereceu? Não. Tanto “Dúvida”, quanto “Frost/Nixon”, quanto, principalmente, “O Leitor” eram bem melhores neste quesito. E “... Benjamin Button”? Já disse mil vezes e torno a repetir, o filme roteirizado por Eric Roth e Robin Swicord é fortíssimo do ponto de vista visual, mas se tem algo que o atrapalha completamente, é o seu fraco roteiro. Não merecia nem ao menos estar concorrendo aqui.

Melhor Filme Estrangeiro:

Departures
Der Baader Meinhof Komplex
The Class
Revanche
Waltz with Bashir

2° erro meu.

Comentários: Oscar também é política (e refiro-me à política no contexto global da palavra), logo, era quase certo que a guerra no Oriente Médio iria atrapalhar o filme israelense, e eu “dormi” no ponto ao não deduzir isso. De toda a forma, um filme que estava ganhando bastante respeito nesta categoria era “The Class”, e sabe-se lá o porquê a Academia optou pelo filme japonês, cujo simples fato de ser indicado já pareceu ser um zebra das grandes. Um prêmio estranho, a única grande surpresa da noite. Foi justo? Admito humildemente que não assisti a nenhum dos indicados, logo, mantenho-me calado aqui.

Melhor Animação:

WALL•E
Bolt - Supercão
Kung Fu Panda

8° acerto meu.

Comentários: “Bolt – Supercão” foi o último filme a que assisti antes da cerimônia e me apaixonei pelo mesmo. Adorei a saga do cãozinho, apesar de suas visíveis falhas. “Kung Fu Panda” assisti pela primeira vez em julho do ano passado, se não me falha a memória, e confesso não ter gostado muito do filme. “Wall-E”, por sua vez, além de contar com um personagem carismático e com uma beleza gráfica incomparável, nos traz uma estória bastante crítica no que diz respeito ao excesso de consumismo do ser humano neste mundo capitalista. Soma-se tudo isto ao apego que a Academia tem pela Pixar, agora Disney-Pixar, e aos outros Oscar a que “Wall-E” foi indicado, incluindo o importantíssimo prêmio de Melhor Roteiro Original, e pronto, não há Annie Awards que mude a cabeça dos votantes.

Melhor Fotografia:

Quem Quer Ser um Milionário?, Anthony Dod Mantle
A Troca, Tom Stern
O Curioso Caso de Benjamin Button, Claudio Miranda
Batman - O Cavaleiro das Trevas, Wally Pfister
O Leitor, Chris Menges e Roger Deakins

9° acerto meu.

Comentários: a Fotografia de “Quem Quer Ser um Milionário?” era, sem dúvidas, a mais ousada e revolucionária de todas (aliás, por que conferir uma parte técnica tão revolucionária a um filme tão convencional em sua parte artística?), o que não quer dizer que fosse, realmente, a melhor. Mencionei em meu texto sobre “... Benjamin Button” que a fotografia de Cláudio Mirando era uma das mais “limpas” que eu já havia visto desde “O Senhor dos Anéis – O Retorno do Rei”, logo, torci bastante para que ela vencesse. Dentre os demais indicados, todos mereceram a indicação, apesar de “O Leitor” ter utilizado a sua fotografia para dar ênfase demais às cenas de sexo do filme.
Melhor Direção de Arte:

O Curioso Caso de Benjamin Button
A Troca
Batman - O Cavaleiro das Trevas
A Duquesa
Foi Apenas um Sonho

10° acerto meu.

Comentários: uma coisa era certa: se os membros cedessem Melhor Fotografia à “... Milionário” atribuiriam Melhor Direção de Arte ao seu maior concorrente. Por que? Porque além de o filme estrelado por Brad Pitt ser de uma beleza visual fantástica, e isso inclui até mesmo os cenários do longa, duvido muito que a Academia gostaria de vê-lo sair de mãos abanando da cerimônia, principalmente após ter deixado claro que adorou a parte visual do filme. Prêmio merecido? Sem dúvidas, afinal de contas, é muito difícil recriar várias décadas em um único filme.

Melhor Figurino:

A Duquesa
Austrália
O Curioso Caso de Benjamin Button
Milk - A Voz da Igualdade
Foi Apenas um Sonho
11° acerto meu.

Comentários: queria muito ter o assistido antes da cerimônia e por pouco não fiz. Uma pena, sabia que iria vencer esta categoria e gostaria de poder comentar se merecia ou não. Particularmente, torcia para “... Benjamin Button” pelos mesmos motivos que torci em Melhor Direção de Arte, mas não há como negar que a Academia tende, cada vez mais, tende a conferir este prêmio a épicos sobre romances fúteis, como é o caso de “A Duquesa” neste ano e foi o caso de “Elizabeth – A Era de Ouro” no ano passado.

Melhor Documentário:

Man on Wire
The Betrayal (Nerakhoon)
Encounters at the End of the World
The Garden
Trouble the Water

12° acerto meu.

Comentários: o filme ingles era uma barbada ainda maior do que a vitória de “Quem Quer Ser um Milionário?” em Melhor Filme. “Man on Wire” vinha vencendo os principais prêmios que precediam o Oscar, logo, era de se esperar que saísse com a estatueta na mão. Merecido? Não sei, não assisti a nenhum documentário.

Melhor Documentário em Curta-Metragem:

Smile Pinki
The Final Inch
The Conscience of Nhem En
The Witness - From the Balcony of Room 306

3° erro meu.

Comentários: se “Departures” foi a grande surpresa da noite, este “Smile Pinki” foi a pequena surpresa da mesma. Tomando por base os boatos que tinha ouvido até então, decidi apostar em “The Conscience of Nhem En”, com uma grande impressão de que “The Witness – From the Balcony of Room 306” poderia vencer também. No entanto, nem um, nem outro, a Academia surpreendeu (algo que fez muito pouco durante a noite de ontem) e conferiu a estatueta ao desconhecidíssimo “Smile Pinki”. Não assisti a nenhum dos indicados.

Melhor Montagem:

Quem Quer Ser um Milionário?
O Curioso Caso de Benjamin Button
Batman - O Cavaleiro das Trevas
Frost/Nixon
Milk - A Voz da Igualdade

13° acerto meu.

Comentários: é realmente a Melhor Montagem e a Academia tem dado, cada vez mais, preferências a filmes que contem com Edição que os tornem dinâmicos e ágeis. Isso aconteceu com “O Ultimato Bourne” no ano passado e não poderia ser diferente com “... Milionário?”. Prêmio mais do que merecido. Dos demais candidatos, não indicaria “Milk...” cuja edição é pavorosa, e nem “Frost/Nixon” que fez um bom trabalho nesta categoria e só.

Melhor Maquiagem:

O Curioso Caso de Benjamin Button, Greg Cannom
Batman - O Cavaleiro das Trevas, John Caglione, Jr. e Conor O’Sullivan
Hellboy II - O Exército Dourado, Mike Elizalde e Thom Floutz
14° acerto meu.

Comentários: é raro vermos a Academia esnobar um filme nesta categoria quando a mesma se torna inerente à sua estória. Imaginou como seria “... Benjamin Button” sem transformar Pitt, um sujeito de meia-idade, em uma uva-passa e ir rejuvenescendo-o cada vez mais, até transforma-lo em um garoto de seus quinze anos? Certamente os votantes levaram isso em conta e conferiram ao filme o merecido prêmio. Quanto aos demais, mereceram a indicação, mas estão longe de chegar aos pés de “... Benjamin Button” nesta categoria.

Melhor Trilha Sonora:

Quem Quer Ser um Milionário?
O Curioso Caso de Benjamin Button
Um Ato de Liberdade
Milk - A Voz da Igualdade
WALL-E

15° acerto meu.

Comentários: é uma trilha-sonora exótica, bem diferente das demais, e isso chamou a atenção da Academia, que parece estar querendo inovar ultimamente (o problema é que está inovando erroneamente, mas ainda assim, não há como negar que está, de fato, inovando). Particularmente, não achei a trilha sonora de “... Milionário?” lá muito excepcional, mas também não a achei tão manipuladora quanto às trilhas de “... Benjamin Button” e “Milk...” (que são belas sim, mas maniqueístas ao extremo). Torci para “Wall-E” que era bem superior às demais (e cadê “Batman – O Cavaleiro das Trevas” nesta categoria? Cadê “O Lutador”?). Não assisti a “Um Ato de Liberdade”, devo faze-lo amanhã, ou depois.

Melhores Efeitos Visuais:

O Curioso Caso de Benjamin Button
Batman - O Cavaleiro das Trevas
Homem de Ferro

16° acerto meu.

Comentários: assim como a Maquiagem de “... Benjamin Button” é inerente ao desenvolvimento da trama, os Efeitos Visuais do filme também o são, e a Academia adora isso. Logo, vitória merecida para o filme de Eric Roth que não utiliza os Efeitos Visuais para preencher buracos no roteiro, mas sim para tornar a narrativa mais real (se é que há algo de real naquilo).

Melhor Canção Original:

“Jai Ho”, Quem Quer Ser um Milionário?
“Down to Earth”, WALL-E
“O Saya”, Quem Quer Ser um Milionário?

4° erro meu.

Comentários: errei de teimoso, merecia apanhar na bunda. Sabia que “Jai Ho” tinha mais chances, mas ainda assim quis acreditar em “Down to Earth”. Os motivos da vitória de “... Milionário?” em Canção Original são os mesmos motivos do mesmo filme em Trilha Sonora: a Academia está buscando o novo e o exótico. Mereceu? Não, em contrapartida à cativante canção de “Wall-E”, “Jai Ho” é um monte de batuques insuportáveis de serem ouvido. E mais uma vez eu pergunto: cadê “O Lutador” nessa categoria?

Melhor Curta de Animação:

La Maison en Petits Cubes
Lavatory - Lovestory
Oktapodi
Presto
This Way Up

5° erro meu.

Comentários: outro erro que cometo por causa de minha teimosia, e desta vez mereço apanhar na bunda mais uma vez, só que de reio. Amei tanto a animação “Presto” que nem quis saber das chances que esta tinha ou não. Ignorei o fato de que, mesmo sendo favorita, “Presto” estava perdendo muita força é “La Maison em Petits Cubes” estava ganhando cada vez mais fôlego. A Academia deve-o ter premiado pois o curta conta com uma mensagem ambiental e tudo mais, os membros da entidade adoram isso.

Melhor Curta-Metragem:

Spielzeugland (Toyland)
Auf der Strecke (On the Line)
Manon on the Asphalt
New Boy
The Pig

6° erro meu.

Comentários: outra grande pequena surpresa da noite. Desta vez quem merece apanhar na bunda, e de reio, são os votantes. Muito comentava-se sobre o favoritismo de “New Boy”, mas ainda apontavam “The Pig” e “Auf der Strecke” como possíveis vencedores. Venceu o menos provável “Spielzeugland”. Bem, ao menos em algumas categorias a Academia tinha que ser imprevisível, não? Optou pelas categorias menos aclamadas. Qual achei o melhor? Adivinhem só, não assisti a nenhum deles.

Melhor Edição de Som:

Batman - O Cavaleiro das Trevas
Homem de Ferro
Quem Quer se um Milionário?
WALL-E
O Procurado

7° erro meu.

Comentários: nesta categoria eu tinha que apanhar não apenas nas nádegas como também no resto do corpo e ser apedrejado em seguida. Apostei em “... Milionário?”, mas comentei que tinha uma voz baixa em meu ouvido dizendo: “___ Daniel, seu burro, aposte em “Batman – O Cavaleiro das Trevas”. Pois é, levei em conta a vitória de “... Milionário?” no Bafta por Melhor Mixagem de Som e achei que a Academia fosse adotar a opinião dos ingleses para ambas as categorias de som.

Melhor Mixagem de Som:

Quem Quer ser um Milionário?
O Curioso Caso de Benjamin Button
Batman - O Cavaleiro das Trevas
WALL-E
O Procurado

17° acerto meu.

Comentários: pois bem, se a minha lógica em relação ao Bafta falhou em Edição de Som, ao menos ela serviu infalivelmente em Melhor Mixagem de Som. “... Milionário?” é o mais fraco dentre os demais indicados a essa categoria, mas sabe-se lá o porquê venceu? Tem coisas que nem Freud explica (e o que tem a ver Psicanálise com Cinema?).

Vencedores e total de prêmios:

Quem Quer Ser um Milionário? – 8 Oscar (Melhor Filme, Melhor Diretor, Melhor Roterio Adaptado, Melhor Montagem, Melhor Fotografia, Melhor Trilha Sonora, Melhor Canção Original e Melhor Mixagem de Som).
O Curioso Caso de Benjamin Button – 3 Oscar (Melhor Direção de Arte, Melhor Maquiagem, Melhores Efeitos Visuais).
Milk – A Voz da Igualdade – 2 Oscar (Melhor Ator e Melhor Roteiro Original).
Batman – O Cavaleiro das Trevas – 2 Oscar (Melhor Ator Coadjuvante e Melhor Edição de Som).
O Leitor – 1 Oscar (Melhor Atriz).
Vicky Cristina Barcelona – 1 Oscar (Melhor Atriz Coadjuvante).
Departures – 1 Oscar (Melhor Filme Estrangeiro).
Wall-E – 1 Oscar (Melhor Animação).
A Duquesa – 1 Oscar (Melhor Figurino).
Man on Wire – 1 Oscar (Melhor Documentário).
Spielzeugland (Toyland) – 1 Oscar (Melhor Curta-Metragem).
Smile Pinki – 1 Oscar (Melhor Documentário em Curta-Metragem).
La Maison en Petits Cubes – 1 Oscar (Melhor Curta de Animação).

Total de palpites acertados – 17 (Melhor Filme, Melhor Diretor, Melhor Atriz, Melhor Ator Coadjuvante, Melhor Atriz Coadjuvante, Melhor Roteiro Original, Melhor Roteiro Adaptado, Melhor Documentário, Melhor Animação, Melhor Montagem, Melhor Direção de Arte, Melhor Fotografia, Melhor Figurino, Melhor Maquiagem, Melhor Trilha Sonora, Melhor Mixagem de Som, Melhores Efeitos Visuais).

Total de palpites errados – 7 (Melhor Ator, Melhor Filme Estrangeiro, Melhor Curta, Melhor Curta de Animação, Melhor Documentário em Curta-Metragem, Melhor Canção Original e Melhor Edição de Som).

Percentual de acertos: 70,8%.

Percentual de erros: 29,2%.

Comentários finais:

Para um ano que eu mesmo julgava ser tão previsível, até que errei bastante. O percentual de 70,8% de acertos foi uma boa média, mas não posso me gabar muito levando em conta a previsibilidade desta 81ª Edição do mais importante prêmio do Cinema.
Contudo, devemos levar em conta que muitos prêmios foram verdadeiramente surpreendentes, como é o caso de Melhor Curta, Melhor Documentário em Curta-Metragem e, principalmente, Melhor Filme Estrangeiro.
Outros prêmios não foram necessariamente surpreendentes, mas sim difíceis de se deduzir, como é o caso de Melhor Ator, onde todos, inclusive este que vos escreve, apostavam em Mickey Rourke e o prêmio acabou caindo nas mãos de Sean Penn e Melhor Edição de Som, pois por mais barulhento que “Batman – O Cavaleiro das Trevas” seja (algo que o tornava provável vencedor), “Quem Quer Ser um Milionário?” estava ganhando tantos prêmios que imaginei que fosse faturar este também, uma vez que venceu um prêmio parecido no Bafta.
Melhor Curta de Animação e Melhor Canção Original errei de teimoso mesmo. Estava na cara que “Jai-Ho” venceria o segundo prêmio citado, mesmo com toda a adoração em cima de “Down to Earth”, e também era óbvio que “La Maison en Petits Cubes” estava ganhando muito mais força que “Presto” ultimamente, além de trazer uma mensagem ambiental em seu contexto, algo que a Academia adora (uma pergunta retórica agora: “Qual vocês acham que foi um dos motivos que fizeram a entidade gostar tanto de “Wall-E” e dar Melhor Animação a ele, além de indicá-lo a Melhor Roteiro Original?”).
Mas se não acertei tantos filmes quanto gostaria, ao menos pude assistir a quase tantos filmes quanto eu realmente adoraria. É claro que, dentre as produções indicadas a Melhor Filme Estrangeiro, Melhor Documentário, Melhor Curta-Metragem, Melhor Documentário em Curta-Metragem e Melhor Curta de Animação, encontrei dificuldades terríveis em conferi-las, pois moro no interior de São Paulo e estes filmes raramente chegam aqui, mas no que se refere à parte “mainstream” da premiação consegui conferir todas as produções, salvo “A Duquesa” que concorria a Melhor Figurino e Melhor Direção de Arte (venceu o primeiro) e “Um Ato de Liberdade” que concorria a Melhor Trilha Sonora.

Bem, encerro aqui os meus comentários sobre o Oscar 2009, mais tarde farei um breve (e este será breve mesmo) comentário sobre o Framboesa de Ouro 2009.

Um grande abraço a todos!
Daniel Esteves de Barros – Editor do Cine-Phylum.

Oscar 2009 - Comentários Sobre a Cerimônia

Não disse que esse Oscar seria o mais chato e previsível dos últimos tempos (na verdade, não estou fazendo uma pergunta retórica, eu realmente não me lembro se disse isso ou não)? Pois é, independentemente de ter dito isso ou não, o Oscar 2009 foi uma cerimônia das mais patéticas de todos os tempos.


Em primeiro lugar, o que dizer da escolha de Hugh Jackman como apresentador? Ok, o ator é charmoso e tudo o mais, mas e daí? Charmoso por charmoso chamassem então o Pierce Brosnan. O quê? Ah, Pierce Brosnan não tem “timming” cômico nenhum? De fato, não tem mesmo, do contrário não teria “vencido” o Framboesa de Ouro de Pior Ator Coadjuvante pela comédia “Mamma Mia” (que não tive, e nem quero ter, a oportunidade de assistir), mas quem disse que Hugh Jackman tem “timming” cômico (esta sim, uma pergunta retórica)?


Porém, a culpa não é toda do ator. Afinal de contas, o roteirista do Oscar (que já está no cargo, sabe-se lá o porquê, há vinte anos), cujo nome já nem me lembro e nem faço lá muita questão de me lembrar, não tem capacidade de criar piadas novas e realmente engraçadas. Veja os números musicais, por exemplo. Boa parte deles se dedicaram a citar, do modo mais artificial o possível, o nome dos indicados a Melhor Filme. É claro que fazer uma música envolvendo os títulos das principais obras da noite não consistiria necessariamente um erro (apesar de soar oportunista de um modo ou de outro) caso o compositor tivesse trabalhado as canções de um modo mais sutil, coisa que ele não faz. Logo, sobra para Jackman tentar emendar os “buracos” deixado pelo fraco roteiro com uma infinidade de piadinhas insossas e números musicais bregas, conforme podemos conferir mais abaixo.


O que dizer então do homenageado da noite? Ao invés de homenagearem Paul Newman, falecido a pouco, homenageiam um dos humoristas que mais me causam repulsas. Refiro-me a Jerry Lewis. Ok, humor é algo muito pessoal, é difícil você encontrar duas pessoas que achem graça na mesma piada. Por exemplo, quando disse ao Radamés (co-editor daqui do Cine-Phylum), enquanto assistia à transmissão, que achava Lewis péssimo ele se revoltou, disse que o cara é um gênio, um ícone, e que ninguém fazia/faz humor pastelão como ele faz (e quanto a Grourcho Marx, Radamés?). Em seguida mencionei: “não vejo graça nele!” e ele emendou sucintamente: “disse bem: VOCÊ não vê graça nele!”. Francamente, não sou só eu. Conheço, ao menos, umas cento e quinze pessoas, além de mim, que não vem (sem circunflexo?) a menor graça nele. Dentre estas pessoas encontram-se, é claro, intelectuais e cinéfilos de verdade.

Lewis era um fracassado, seu humor era patético, ridículo e conseguia a façanha de ser inferior ao de Jim Carrey. Ao menos Carrey consegue ser sem graça sozinho, já Lewis, para ser apenas sem graça, dependia completamente de Dean Martin. Quando separou-se do mesmo, o "comediante" (gargalhadas) deixou de ser apenas sem graça e passou a ser realmente insuportável.

Creio que a cerimônia, ao invés de perder tempo com imbecis e fracassados que fariam um grande favor à humanidade caso tivessem falecido por falta de ar durante o próprio parto, deveria ter homenageado Paul Newman, que nos deixou ano passado e tem uma importância muito maior ao Cinema. Ou já que era para se homenagear um humorista, que tal Jack Lemmon (que não era necessariamente comediante, mas já fez muitas comédias fantásticas como "Quanto Mais Quente Melhor", "Se Meu Apartamento Falasse" e "Demônio de Mulher") ou Graham Arthur Chapman (em ambos os casos seriam homenagens póstumas), do Monty Python, que eram muito melhores? O quê? Queriam homenagear um comediante vivo? Ótimo, Woody Allen é uma excelente pedida. Ou melhor ainda, John Cleese, ex-colega de Chapman no Monty Python (e Cleese era o mais engraçado de todos). Ah, mas eles queriam mesmo era homenagear Lewis pelo trabalho humanitário que este fez/faz, não é mesmo? Oras, e o que o Oscar tem a ver com causas humanitárias e filantrópicas? Deixem isso para as igrejas e casas de apoio. O Oscar deveria mesmo é se preocupar com o verdadeiro talento do artista, e não com o que ele faz ou deixa de fazer quando não está diante das câmeras. Enfim, é complicado. Falar sobre comédia é comentar sobre algo muito introspectivo e subjetivo.

E quanto ao grande acontecimento da noite: a entrega do Oscar póstumo a Heath Ledger? Bem, o Oscar foi entregue, os familiares (pais e irmã) do ator subiram no palco, proferiram um discurso clichê, embora sincero (e sejamos francos, algumas vezes não se pode fugir do clichê, e este é um desses casos), receberam o prêmio em nome de Heath, e depois foram-se embora. Simples assim. Pois é, o único momento, digamos, diferente da noite, não teve destaque algum. Comentei isso com uma jovem carioca amiga minha, a Juliana, que já postou algumas vezes por aqui (e dentre outros assuntos que comentamos durante a cerimônia de entrega do Oscar deste ano, este foi um dos poucos relevantes, já que passamos boa parte do tempo discutindo a 'gostosura' (ou não) de Jessica Alba, Scarlett Johansson e Rebecca Hall. Papo estranho para se desenvolver entre uma heterossexual e um assexuado, não?) e ela também achou a homenagem a Ledger curta demais. Comentei com o Radamés, ele me lembrou de que o ator já fora homenageado no Oscar do ano passado, mas aí eu pergunto: por que não homenageá-lo novamente, já que, teoricamente, ele recebeu um prêmio importantíssimo este ano? Enfim, o Oscar 2009 foi tão apagado que a cerimônia não soube nem ao menos se aproveitar do que era para ser os seus momentos mais marcantes, como o Oscar póstumo de Ledger e o prêmio de Penélope Cruz, entregue pelo seu parceiro no ótimo"Vicky Cristina Barcelona", Javier Barden.

Mas a cerimônia deste ano não foi ao todo ridícula. É fato que homenagearam a pessoa errada, nos afogaram com uma "tsunami" de piadas sem graça, nos apresentaram a um anfitrião extremamente insosso e, acima de tudo, revelou-se brega demais com o excesso de números de dança. Contudo, é fato também que a mesma acertou em alguns aspectos. Como não reparar, por exemplo, na agilidade e dinamicidade da mesma? Se há alguns anos atrás a premiação se encerrava apenas às 3:30hs, este ano tivemos 1:30h de antecedência e, quando eram 2:00hs da matina, o Oscar já havia se encerrado. Sempre fui a favor de cerimônias enxutas e, este ano, parece que felizmente cortaram as “gordurinhas” dos Oscar anteriores.

Vale citar também a ótima idéia que tiveram no que diz respeito às categorias de Melhor Atriz Coadjuvante, Melhor Ator Coadjuvante, Melhor Atriz e Melhor Ator: ao anunciar o prêmio de cada uma destas modalidades, colocaram cinco atores/atrizes renomados(as) e fizeram com que cada um(a) deles(as) citasse um breve comentário ilustrando positivamente o trabalho de todos os cinco concorrentes para cada uma das quatro categorias. A idéia teria funcionado magistralmente bem se não fosse um porém: uma terrível gafe cometida por Marion Cotillard ao anunciar o prêmio de “Melhor Atriz”.

Kate Winslet a tempos vinha sendo indicada, mas não levava nada. As pessoas se questionavam: “quando Kate irá levar uma estatueta?”, “quando a Academia reconhecerá o seu trabalho?”. Aí ela faz um ótimo trabalho em “O Leitor” (não que seja digno do Oscar que levou, mas enfim...), recebe todos os principais prêmios que precedem o Oscar e, adivinhem, é lançada como favorita para faturar a sua tão sonhada estatueta. Todos sabiam que ela iria vencer, mas certeza mesmo, só depois de ouvir o seu nome sendo anunciado como ganhadora. E, de fato, ouvimos o nome dela, só que do modo mais indelicado o possível. Oras, há muito tempo esperávamos que a moça vencesse o prêmio, e quando chegou a vez desta vencer, é claro que queríamos ter a sensação de suspense, aquele dramatismo que é sempre empregado antes de mencionar o nome do vencedor. Entretanto, Cotillard simplesmente diz: “...E o Oscar vai para Kate Winslet”. Isso mesmo! Simplesmente diz: “...E o Oscar vai para Kate Winslet” e não faz uma única pausa (muito menos suspense) para tal.

Agora, imagine você, caro leitor, se herdasse uma fortuna de um parente distante e a pessoa incumbida de lhe dar a notícia dissesse abruptamente: “seu tio, que mora em uma região entre a Ucrânia Meridional e os Cafundós do Judas, faleceu, e você herdou toda a fortuna dele, ficando multimilionário!”. Certamente você teria um enfarto, não? Pois é, e não fosse a obviedade da vitória de Winslet, creio que um enfarto seria justamente o que ela teria em virtude da falta de sutileza da anunciação do prêmio.

Mas o pior eu deixo para o final. Se a gafe cometida por Marion Cotillard durante o anúncio da vitória de Winslet já quebrou ligeiramente o suspense da premiação, o que dizer então da falta de lógica com a qual os organizadores da cerimônia sequenciaram a distribuição de seus prêmios? Em primeiro lugar, por que cargas d’água colocou o prêmio de “Melhor Atriz Coadjuvante”, um dos mais importantes da noite, para abrir a cerimônia? Por que colocaram Melhor Ator Coadjuvante tão distante do final, sendo que, para muitas pessoas que estavam assistindo à premiação, o mais interessante da noite seria o Oscar póstumo de Heath Ledger? Por que entregaram “Melhor Roteiro” tão cedo, sendo que este é um prêmio que, praticamente, prevê quem vencerá “Melhor Filme”? E a mesmíssima coisa eu digo de “Melhor Diretor”, por que o colocar antes de “Melhor Ator e Atriz”? Será que foi para tornar a festa ainda mais previsível do que ela já seria por si só (afinal de contas, quem ainda não tinha certeza absoluta de que "Quem Quer Ser um Milionário?" se consagraria o grande vencedor da noite?)? Será que é por que eles adorariam perder a audiência em virtude da previsibilidade que se instaurou na cerimônia mediante a esta lógica desconexa das apresentações de cada premiação em cada categoria?

Enfim, o Oscar de 2009 foi, de fato, o mais carregado de erros dos últimos anos (e por que não dizer, de todos os tempos?) e não deverá mais ser lembrado daqui a algum tempo. A premiação pode até ter realizado a façanha de superestimar um filme independente e transformá-lo em um dos maiores vencedores de todos os tempos, mas ainda assim, a cerimônia foi completamente apagada e será esquecida com o passar de dois ou três anos, bem como "Quem Quer Ser um Milionário?", o maior homenageado da noite, cujo título pessoa alguma ouvirá falar com o passar do tempo.

Diferentemente de 2008, a cerimônia de 2009 foi digna de ser eliminada de nossa memória.

Ah, sei que é extremamente fútil, mas assim mesmo gostaria de atribuir uma nota à cerimônia (e refiro-me à festa em si, não aos vencedores da mesma):

Avaliação Final: 3,0 na escala de 10,0.