quinta-feira, 10 de julho de 2008

Crítica - Hancock

Will Smith é o exemplo do indivíduo talentoso que perde o seu tempo com produções imbecis e descartáveis, daquelas que, com o passar dos anos (e por que não dizer: meses?) simplesmente será apagada das mentes dos espectadores, ou não. Pois é, para mim é inadmissível notar como o carisma exacerbado do ator/rapper (que não engrena em nada que preste, artisticamente falando, nem em uma profissão, menos ainda em outra) estadunidense transforma tudo o quanto é porcaria em que ele toca (pois tudo em que ele toca realmente é uma porcaria) em ouro. Vamos analisar o patético sitcomThe Fresh Prince of Bel-Air” (que julgo, ao lado de “That’s So Raven”, o pior sitcom de todos os tempos já produzido pela “Terra do Tio Sam”), só para se ter uma idéia. O programa é patético, não tem graça alguma, não funciona nem para crianças, nem para adultos, nem para garotos, nem para garotas, mas ainda assim é um sucesso no mundo todo e sabem por quê? Porque conta com um Will Smith carismático, onde tudo o que ele faz vira piada (menos para mim e mais 10% da população mundial). O mesmo ocorre com este enfadonho “Hancock”. O filme, por si só, não seria capaz de fazer ninguém rir (salvo em uma ou outra situação, conforme citarei abaixo), mas como é o tal do Will Smith quem está ali atuando, ah, aí todo mundo se esbalda em gargalhadas. Basta ele dizer um “___ holy shit!” para que todos dêem gargalhadas. Enfim, creio que eu tenha sido a única pessoa na sala de cinema que não fôra contaminado com o vírus da mongoloidísse alcunhado Will Smith, mas vamos à crítica que é o que interessa, ou não.



Ficha Técnica:
Título Original: Hancock
Gênero: Aventura
Tempo de Duração: 92 minutos
Ano de Lançamento (EUA): 2008
Site Oficial: www.hancock.com.br
Estúdio: Blue Light / Relativity Media / Weed Road Pictures / Forward Pass / Overbrook Entertainment
Distribuição: Columbia Pictures
Direção: Peter Berg
Roteiro: Vincent Ngo e Vince Gilligan
Produção: Akiva Goldsman, James Lassiter, Michael Mann e Will Smith
Música: John Powell
Fotografia: Tobias A. Schliessler
Desenho de Produção: Neil Spisak
Direção de Arte: William Hawkins e Dawn Swiderski
Figurino: Louise Mingenbach
Edição: Colby Parker Jr. e Paul Rubell
Efeitos Especiais: Furious FX / Lidar Services / Sony Pictures Imageworks
Elenco: Will Smith (John Hancock), Charlize Theron (Mary Embrey), Jason Bateman (Ray Embrey), Jae Head (Aaron Embrey), Eddie Marsan (Red), David Mattey (Homem da montanha), Maetrix Fiften (Matrix), Thomas Lennon (Mike), Johnny Galecki (Jeremy), Haylye Marie Norman (Hottie), Akiva Goldsman (Executivo) e Michael Mann (Executivo).


Sinopse: Hancock (Will Smith) é um herói diferente dos demais já vistos no Cinema. Ao contrário de um Homem-Aranha, de um Super-Homem, ou de um Batman, Hancock é um herói derrotado pela vida, cujas crises existenciais e consumo exacerbado de bebida alcoólica o transformam em um sujeito desajeitado e incapaz de realizar um único resgate sem nem ao menos causar prejuízos incalculáveis ao governo. Contudo, Hancock conhece Ray Embrey, um agente de relações-públicas que promete “limpar” a imagem de bad-ass do sujeito e fazer com que o mesmo possa combater o crime organizado com dignidade.


Hancock - Trailer


Crítica:


Durante boa parte dos, aproximadamente, 90 minutos de projeção deste “Hancock” somos obrigados a testemunhar as atitudes duvidosas de um super-herói mal-humorado, mal-educado, mal-amado, mal-encarado, malcriado, malquisto, mau caráter e cerca de 90% de todos os adjetivos simples ou compostos contidos em nosso vocabulário que possuam em seu contexto as palavras: “mal” ou “mau”, seja esta inserida como radical da palavra, ou não. “___ E isso é ruim?”___ me pergunta o estimado leitor. “___ Mas é claro que não! Muito pelo contrário, é sensacional!” ___ respondo eu.


Hancock é um super-herói bem diferente dos demais, no que diz respeito a seu caráter e a seus conceitos morais, fato que comprova que o protagonista é muito mais humano e sujeito a falhas do que a grande maioria das personalidades transportadas das HQs para as telonas é. Além disso, o longa conta com um Will Smith inspirado e algumas piadinhas que funcionam bem vez ou outra. “___ Ah, que ótimo, e as demais qualidades?” ___ me pergunta o leitor. Eu respondo: “___ Elas não existem, as qualidades se resumem apenas à tentativa de criar algo além do convencional, ao carisma de Will Smith e a algumas piadas e/ou gags que funcionam raramente.”.


Fora as poucas qualidades que esta bomba assinada por Peter Berg possui, temos a tentativa mal-sucedida de um diretor megalomaníaco que almeja, acima de tudo, criar uma obra pseudo-moderninha e falha terrivelmente em seu propósito, salvo, é claro, na composição inicial (e apenas inicial) de seu protagonista. No mais, somos obrigados a encarar outros maneirismos inconvenientes e contemporâneos do diretor como, por exemplo, a realização de closes com a sua câmera, sempre que possível (e muitas vezes até mesmo quando não é tão possível assim, diga-se).


Mas antes os defeitos do filme se resumissem às (desastrosas) tentativas de apresentar o “novo” (gargalhadas) ao espectador. Se fosse assim, a experiência seria, no máximo, decepcionante, mas infelizmente a mesma se torna insuportável durante o seu desenrolar. Vamos analisar o humor do longa, para se ter uma idéia. Durante o primeiro ato temos algumas piadas e/ou gags que funcionam de maneira conveniente, como a cena em que o protagonista prende uma vã lotada de marginais em um edifício pontiagudo ou ainda a seqüência onde, a fim de salvar uma baleia encalhada na praia, Hancock utiliza toda a sua força para arremessá-la de volta ao mar, mas, involuntariamente, acaba acertando uma embarcação e afundando a mesma.


As duas gags supracitadas parecem (mas só parecem) ter saído de uma mente inteligente e criativa, mas conforme o filme se desenrola esta mesma mente “inteligente e criativa” (agora com aspas) nos obriga a presenciar seqüências sofríveis, como a em que o protagonista “prende” a cabeça de um homem ao tra... (não vou revelar qual parte do corpo é, a fim de não estragar possíveis “surpresas” (gostaram de minha piadinha? Hã? Hã? Pois é, estou entrando no ritmo do filme!)) de um outro homem, criando uma situação forçada e constrangedora não só aos atores que a interpretam, como principalmente ao espectador que a assiste.


Entretanto, o maior problema deste “Hancock” reside, indubitavelmente, na incapacidade de seu roteiro em definir um gênero ao mesmo. Não entendi se os roteiristas almejaram fazer desta bomba um filme de comédia, ou um filme de drama. A única coisa que percebi é que o mesmo teria se revelado uma experiência bem menos sofrível caso se assumisse como uma reles aventura descerebrada e convencional (nunca imaginei que fosse dizer isso em toda a minha vida).


Em suma, em meio às crises existenciais do protagonista, às crises de fracasso do diretor (que não consegue cumprir com as suas ambições de criar algo novo sem cair no ridículo) e às crises de identidade dos roteiristas (que não conseguem definir um gênero à obra), quem mais sofre é o espectador, que se abarrota em crises existenciais se perguntando a todo o instante: “___ Qual é o meu propósito nesta sessão de cinema?”.


Avaliação Final: 3,0 na escala de 10,0.


terça-feira, 8 de julho de 2008

Crítica - Wall-E

Eu não sei ao certo se sou eu quem sou conservador, ou melhor, retrógrado demais ou se foi a qualidade das animações que realmente caiu, e muito, de uns tempos para cá. Sinceramente, creio que a preocupação com a qualidade gráfica das produções atuais fez com que a criatividade do roteiro das mesmas fosse praticamente esquecida de uns tempos para cá, fazendo com que as obras perdessem bastante de sua qualidade artística. Não que eu não goste de animações como “Ratatouille”, “Wallace & Gromit – A Batalha dos Vegetais”, “Procurando Nemo“, “Shrek”, “Jimmy Neutron – O Menino Gênio” ou até mesmo “Os Incríveis”, muito pelo contrário, gosto muitíssimo das mesmas, mas ainda assim acredito que nenhuma destas chegue aos pés de um “O Rei Leão”, ou uma “Branca de Neve e os Sete Anões”, ou um “O Estranho Mundo de Jack”. Surpreendentemente, em 2008, os estúdios Disney-Pixar conseguiram, em apenas 5 minutos de projeção, criar uma animação mais criativa e divertida do que todas as outras animações feitas nestes últimos 14 anos. Me refiro ao curta “Presto”, cuja criatividade, simplicidade e sagacidade das piadinhas embutidas no roteiro, nos remete aos bons tempos de “Tom & Jerry”, “Pica-Pau” e é claro, “Mickey & Donald”. Mais surpreendente ainda é a animação que nos é apresentada logo em seguida que, além de ser extremamente criativa, divertida e emocionante (conseguiu arrancar lágrimas até mesmo deste que vos escreve, que, segundo algumas pessoas, é um niilista coração de pedra), une aspectos das animações antigas (criatividade e humor inteligente), com aspectos das animações recentes (parte gráfica perfeita) e debates existenciais. Estou falando de “Wall-E”, a melhor e mais bem feita (em todos os sentidos) animação que já tive a oportunidade de assistir nos últimos 14 anos, conforme o leitor poderá constatar a seguir.



Ficha Técnica:
Título Original: Wall-E
Gênero: Animação
Tempo de Duração: 97 minutos
Ano de Lançamento (EUA): 2008
Site Oficial: www.disney.com.br/cinema/walle
Estúdio: Walt Disney Pictures / Pixar Animation Studios
Distribuição: Walt Disney Studios Motion Pictures
Direção: Andrew Stanton
Roteiro: Andrew Stanton
Produção: Jim Morris
Música: Thomas Newman
Desenho de Produção: Ralph Eggleston
Edição: Stephen Schaffer
Elenco (vozes): Ben Burtt (Wall-E / M-O), Elissa Knight (Eva), Jeff Garlin (Capitão), Fred Willard (Shelby Forthright), John Ratzenberger (John), Kathy Najimy (Mary) e Sigourney Weaver (Auto).


Sinopse: No ano de 2.815 d.C. o planeta Terra, mediante o desleixo de seus habitantes, encontra-se em uma situação caótica, coberto de lixo, fazendo com que a vida em sua superfície torne-se impossível de se proliferar. A fim de reverter tal situação, os terráqueos abandonaram o planeta e designaram a missão de limpá-lo ao robô Wall-E. Completamente isolado no mundo, Wall-E tem uma vida enfadonha e sem propósito, até que conhece Eve, uma robô que mudará o curso de seu destino para sempre e irá ajudá-lo a provar que ainda existe a possibilidade de se viver na superfície terrestre.


Wall-E - Trailer


Crítica:


Wall-E” inicia-se com uma belíssima música e um fantástico close da Via Láctea. Logo as câmeras nos direcionam à Terra e temos uma visão aérea do corpo celeste. O ano é 2.815 d.C., o planeta encontra-se abandonado e coberto de lixo, seus únicos habitantes são os insetos e um pequeno e desengonçado robô que tem como incumbência a tarefa de limpar todo o lixo da Terra. É aí que tomamos ciência de que a belíssima música que abre o filme estava sendo reproduzida e ouvida pelo robô com o único intuito de conferir mais alegria à vida solitária da triste e pobre máquina.


A animação vai se desenrolando, Wall-E vai sendo cada vez mais bem desenvolvido e aproveitado pelo roteiro que foca, acima de tudo, na tristeza que o mesmo sente devido à sua vida solitária, rotineira e depressiva. O único ser com quem ele se relaciona é uma barata, que é vista por ele como um animal de estimação, um cão, ou um gato, ou qualquer outro animal capaz de lhe fazer companhia.


Como o leitor pôde perceber, em apenas dez minutos de projeção já se é capaz de notar toda a criatividade e perspicácia do roteiro que, além de criar pequenas peculiaridades que contribuem, e muito, para o desenvolvimento do protagonista (a barata de estimação é a maior prova disso), consegue mesclar com maestria características de Charles Chaplin e Woody Allen ao personagem-título.


É isso mesmo, para desenvolver Wall-E os roteiristas do filme utilizaram várias características destes dois gênios do Cinema. Repare, por exemplo, no jeito simplório e desajeitado com que o simpático robô manuseia uma raquete de tênis, nos remetendo à imediata lembrança do maior ícone da história do Cinema mudo. Repare também nas feições do protagonista, no olhar depressivo deste, idênticos ao do intelectual de ascendência judia.


Wall-E” é um filme que já valeira cada centavo cobrado por seu ingresso apenas pelo protagonista que, além de tremendamente cativante e perfeitamente bem desenvolvido pelo roteiro, fôra desenhado com uma competência fora do comum. E os responsáveis pelos efeitos visuais merecem todos os elogios existentes em nosso (e em todos os outros, diga-se) vocabulário. É incrível a perfeição com que o robô (e os demais personagens) fôra desenhado, tanto que chegamos a acreditar que Wall-E não é um desenho, mas sim um personagem real.


Tão bem produzida e desenvolvida quanto é Eve, o par romântico de nosso robozinho melancólico. E falando em par romântico, é incrível ver a sutileza com que o mesmo é desenvolvido pelo roteiro. Francamente, creio ser impossível não nos cativarmos com o casal que, desde já digo, possui uma das melhores químicas entre personagens já vista no Cinema deste início de século.


Outro ponto fortíssimo da animação reside na análise que a mesma realiza sobre a dependência humana perante o conforto que a alta tecnologia nos proporciona, tornando-nos seres sedentários ao extremo, além, é claro, “escravos” das máquinas. Para demonstrar isso, o longa opta, brilhantemente, por fazer referências (e porque não dizer, homenagens) ao sensacional “2001 – Uma Odisséia no Espaço”.


Perdido (e fascinado, diga-se) com tanta perfeição, é até estranho que eu tenha conseguido encontrar um defeito no filme, mas a verdade é que o mesmo cai bastante no intróito de seu segundo ato quando dá a entender que se transformará em uma aventura descerebrada e opta, terrivelmente, por parar de desenvolver seus personagens de modo tão cativante como vinha fazendo até então. Felizmente o roteiro abandona tal idéia durante o desenrolar da película e decide abordar, durante o seu terceiro ato, o tema existencial entre homem-tecnologia, conforme fôra supracitado.


Um filme fabuloso e, com o prévio perdão pela utilização da palavra meiga e piegas ao extremo, fofíssimo.


Avaliação Final: 9,0 na escala de 10,0.


segunda-feira, 7 de julho de 2008

Crítica - Yojimbo, o Guarda-Costas

Detesto passar pela sensação a qual estou passando agora, após terminar de assistir a este “Yojimbo”. Não, nada pessoal contra o filme, que por sinal é excelente, mas sim quanto ao fato de ter de avaliá-lo do ponto de vista artístico. Só para citar um exemplo, quando escrevi uma crítica sobre “Platoon” (nunca cheguei a publicar tal crítica) mencionei na mesma que achava o filme fabuloso, perfeito, mas artisticamente falando o mesmo possuía algumas falhas e estas não poderiam passar batidas. O mesmo ocorre com este “Yojimbo”, com a diferença de que, desta vez, darei ao mesmo uma nota mais alta do que eu acredito que ele mereça. O pior de tudo é que estou fazendo isto me espelhando no remake que Sergio Leone lançou em cima do filme de Kurosawa, o clássico de westernPor um Punhado de Dólares”. Reconheço que este “Yojimbo”, artisticamente falando, é superior ao longa protagonizado por Clint Eastwood, mas do ponto de vista pessoal, considero o filme italiano bem mais cativante (mesmo atribuindo nota 8,5 para este e nota 9,0 para a produção japonês). Enfim, estes são os ossos do ofício, não é sempre que se pode ser extremamente subjetivo, não é mesmo?



Sinopse: Ao chegar em um vilarejo no Japão tomado por duas facções criminosas, um destemido Samurai vê ali a oportunidade de ganhar muito dinheiro, trabalhando secretamente para as duas organizações. A partir daí, a rivalidade entre as duas gangues aumenta cada vez mais, mudando o destino dos habitantes do vilarejo de forma irreversível.


Yojimbo - Trailer


Crítica:


Após chegar a um vilarejo tomado por duas organizações criminosas, um mercenário vê ali a oportunidade de ganhar muito dinheiro realizando trabalhos sujos às duas facções e colocando uma contra a outra. A estória soa familiar? Pois é, ela já fôra utilizada inúmeras vezes pelo Cinema, inclusive em filmes como o westernPor um Punhado de Dólares” (de Sergio Leone e com Clint Eastwood no elenco) e o gangster O Último Matador” (protagonizado por Bruce Willis). Contudo, este “Yojimbo” conta com uma característica que o coloca a frente dos demais filmes com a mesma sinopse, foi ele o primeiro filme a utilizá-la.


Fazendo uso de uma direção de arte fantástica, a obra (não necessariamente “prima”) de Kurosawa nos transporta ao Japão do início do Século XIX, em uma vila paupérrima, onde duas grandes famílias criminosas controlam o local. Contudo, a pequena vila sofre uma série de mudanças com a chegada de um samurai forte e destemido. A partir daí, o roteiro nos presenteia com uma seqüência de reviravoltas bastante convenientes e uma estória interessante o bastante para nos manter entretidos até o desfecho da mesma.


Além da estória atraente e das reviravoltas que a mesma possui, o roteiro deste “Yojimbo” ainda conta com um desenvolvimento bastante interessante de seus personagens, tanto os primários quanto os secundários. Tomemos por exemplo o protagonista da estória, Sanjuro Kuwabatake (encarnado por Toshirô Mifune). Apesar de o mesmo conter vários dos clichês do gênero, tais como: a face inexpressiva, o jeitão de durão e a frieza adotada para tomar suas atitudes (isso sem contar que ele sozinho se mostra capaz de matar oito homens de uma única vez), o personagem, vez ou outra, demonstra uma ponta de humanismo em seu gélido coração ou então realiza uma piada satirizando a situação pela qual está passando, fato que torna o personagem mais, digamos, humano.


O desenvolvimento da rivalidade entre as famílias de Seibei (interpretado por Seizaburô Kawazu) e Ushitora (Kyu Sazanka) também é outro ponto extremamente salientado pelo roteiro, que parece fazer a máxima questão de manter o espectador informado sobre tudo o que está acontecendo entre ambas as facções, sem dar prioridade a uma ou a outra (diferentemente de “Por um Punhado de Dólares” que dá muito mais crédito à família dos Rojos do que à família dos Baxters).


A direção de Akira Kurosawa, como sempre, está perfeita. É incrível vermos como o diretor é capaz de criar ângulos excepcionais com a sua câmera e mais impressionante ainda é podermos notar a maneira eficiente com que ele “casa” diversos aspectos do longa, fazendo com que todos andem em perfeita harmonia. Ou melhor, todos não, quase todos.


Disse “quase todos” pois a trilha-sonora infelizmente é falha, além de repetitiva e cansativa. Para um filme desta categoria, Kurosawa deveria ao menos ter sido mais cuidadoso na escolha da trilha, esta que vem a ser uma das características que, indubitavelmente, mais colaboram com a relação público-película, e ter selecionado algo mais cativante e empolgante.


Os demais aspectos que não comentei neste texto são todos perfeitos, realçando a fotografia que dá ainda mais charme ao filme que, apesar de não ser perfeito, é um marco na história da Sétima Arte, tanto que ganhou vários remakes que, artisticamente falando, não superam o mesmo.


Avaliação Final: 9,0 na escala de 10,0.