quinta-feira, 31 de janeiro de 2008

Crítica - Onde os Fracos Não Têm Vez

Lembro-me que em meu artigo sobre os possíveis vencedores do Oscar apostei em “Onde os Fracos Não Têm Vez” como vencedor do prêmio principal. Entretanto, na época ainda não o havia assistido e para realizar tal afirmação apostei na popularidade que o mesmo vem conquistando entre os membros da Academia de Artes e Ciências Cinematográficas. Após o assistir a pouquíssimos dias atrás concluí que o mesmo é um filme revolucionário, inovador e inteligente, ou seja, a típica obra que geralmente recebe uma indicação ao Oscar de Melhor Filme, mas infelizmente não vence o prêmio. Isso acontece porque a Academia geralmente gosta de ver produções arriscando em inovar a linguagem cinematográfica, mas os membros que compõe a mesma acabam dando preferência a filmes, digamos, mais redondinhos. Quer um exemplo disso? Em 1995 o excelente “Pulp Fiction” perde o Oscar de Melhor Filme para o apenas ótimo “Forrest Gump”. Contudo, mesmo o longa dos Cohen tendo poucas chances de derrotar o de Paul Thomas Anderson (a não ser que este também seja inovador demais), minha aposta para melhor filme continua sendo este ótimo (e apenas ótimo) “Onde os Fracos Não Têm Vez”.






Ficha Técnica:
Título Original: No Country for Old Men
Gênero: Drama
Tempo de Duração: 122 minutos
Ano de Lançamento (EUA): 2007
Site Oficial: www.nocountryforoldmen.com
Estúdio: Paramount Vantage / Miramax Films / Mike Zoss Productions / Scott Rudin Productions
Distribuição: Miramax Films / Paramount Pictures
Direção: Ethan Coen e Joel Coen
Roteiro: Ethan Coen e Joel Coen, baseado em livro de Cormac McCarthy
Produção: Ethan Coen, Joel Coen e Scott Rudin
Música: Carter Burwell
Fotografia: Roger Deakins
Desenho de Produção: Jess Gonchor
Direção de Arte: John P. Goldsmith
Figurino: Mary Zophres
Edição: Ethan Coen e Joel Coen
Efeitos Especiais: Luma Pictures / Tinsley Transfers
Elenco: Tommy Lee Jones (Ed Tom Bell), Javier Bardem (Anton Chigurh), Josh Brolin (Llewelyn Moss), Woody Harrelson (Carson Wells), Kelly Macdonald (Carla Jean Moss), Garrett Dillahunt (Wendell), Tess Harper (Loretta Bell), Barry Corbin (Ellis), Beth Grant (Agnes), Kit Gwin (Molly) e Rodger Boyce (Xerife de El Paso).



Sinopse: Texas, década de 80. Um traficante de drogas é encontrado no deserto por um caçador pouco esperto, Llewelyn Moss (Josh Brolin), que pega uma valise cheia de dinheiro mesmo sabendo que em breve alguém irá procurá-lo devido a isso. Logo Anton Chigurh (Javier Bardem), um assassino psicótico sem senso de humor e piedade, é enviado em seu encalço. Porém para alcançar Moss ele precisará passar pelo xerife local, Ed Tom Bell (Tommy Lee Jones).



No Country For Old Men - Trailer



Crítica:



Todo e qualquer filme que tenha a intenção de inovar de alguma forma, por pior que seja, merece algum respeito por parte dos espectadores. Quando o filme tem a intenção de inovar e se revela uma experiência agradabilíssima, o mesmo merece, e deve, ser respeitado e idolatrado por todos aqueles que se dizem cinéfilos. Mas não restam dúvidas de que inovar é algo deveras arriscado, pois exige total ousadia por parte dos responsáveis pelo projeto. Os responsáveis por este “Onde os Fracos Não Têm Vez” foram extremamente ousados e arriscaram bastante, realizando um longa metragem muitíssimo competente, apesar de falho em seu desfecho. Alicerçado por uma sinopse extremamente simples, o longa metragem, magistralmente dirigido pelos irmãos Cohen, se desenvolve de maneira sensacional, trazendo até nós a estória de uma maleta com dois milhões de dólares em seu interior e três personagens ligados a mesma, sendo dois diretamente e um indiretamente. Os protagonistas da estória se revelam tipos bastante interessantes. Temos aqui um ex-militar ambicioso, cuja ganância o leva a pôr em risco a vida da própria esposa a fim de se apoderar da maleta; um xerife cansado e às vésperas de sua aposentadoria, cuja vontade de combater o crime é visível, mas não tão visível quanto o desgaste físico causado pela idade e aquele que considero um dos poucos defeitos do filme: o vilão, cujos maneirismos me fizeram lembrar o Professor Severo Snape, da série “Harry Potter”. Não fosse a soberba atuação de Javier Bardem tal personagem teria me irritado profundamente. E já que mencionei os personagens gostaria de citar que uma grande curiosidade do filme é a alternância entre seus protagonistas. Em certa parte, por exemplo, quando um personagem parece estar assumindo o papel principal do longa ele, inesperada e bruscamente, sai de cena, sendo substituído por um outro protagonista. “___ E esta reviravolta indelicada prejudica o filme?” ___ Me pergunta o leitor. Muito pelo contrário, este é o grande trunfo do longa. É isto que o transforma em algo tão inovador, surpreendente e digníssimo de se assistir.



Avaliação Final: 8,5 na escala de 10,0.




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Crítica - Juno

Quando li em um site especializado em Cinema (mais precisamente o Cinema em Cena) que este “Juno” havia sido indicado a quase todas as principais categorias do Oscar deste ano logo, imaginei que o mesmo seria o “Pequena Miss Sunshine” de 2008. Afinal de contas, trata-se de um filme leve e simples, com um senso de humor extremamente descompromissado, personagens extravagantes, aborda temas complexos com singularidade e é claro, é uma obra cinematográfica extremamente redondinha (com o perdão de ter colocado o adjetivo em sua forma diminutiva, mas isto acaba retratando bem o que o filme representa). Enfim, é o típico longa que acaba caindo nas graças dos componentes da Academia de Artes e Ciências Cinematográficas e é indicado ao Oscar. Contudo, ao contrário de “Pequena Miss Sunshine”, considerei “Juno” fascinante e digno de todas as indicações que conseguiu.







Ficha Técnica:
Título Original: Juno
Gênero: Comédia
Tempo de Duração: 96 minutos
Ano de Lançamento (EUA / Canadá / Hungria): 2007
Site Oficial: www.foxsearchlight.com/juno
Estúdio: Fox Searchlight Pictures / Mandate Pictures / Mr. Mudd
Distribuição: Fox Searchlight Pictures
Direção: Jason Reitman
Roteiro: Diablo Cody
Produção: Lianne Halfon, John Malkovich, Mason Novick e Russell Smith
Música: Matt Messina
Fotografia: Eric Steelberg
Desenho de Produção: Steve Saklad
Direção de Arte: Michael Diner e Catherine Schroer
Figurino: Monique Prudhomme
Edição: Dana E. Glauberman
Elenco: Ellen Page (Juno MacGuff), Michael Cera (Paulie Bleeker), Jennifer Garner (Vanessa Loring), Jason Bateman (Mark Loring), Allison Janney (Bren MacGuff), J.K. Simmons (Mac MacGuff), Olivia Thirlby (Leah), Eileen Pedde (Gerta Rauss), Rainn Wilson (Rollo), Daniel Clark (Steve Rendazo), Darla Vandenbossche (Mãe de Bleeker), Aman Johal (Vijay) e Valerie Tian (Su-Chin)




Sinopse: Juno MacGuff (Ellen Page) é uma típica adolescente que toma as rédeas de sua vida de uma forma calma e despreocupada ao embarcar em uma emocionante aventura de nove meses a caminho da vida adulta. Esperta e muito peculiar, Juno tem seu próprio ritmo, mas por trás de seu exterior durão, existe uma garota que simplesmente tenta entender as coisas. Até que uma típica tarde entediante torna-se uma aventura quando ela decide transar com o charmoso e discreto Bleeker. Quando descobre que ficou grávida, Juno bola um plano para encontrar os pais perfeitos para o futuro bebê.



Juno - Trailer



Crítica:



A pessoa que ler a sinopse deste ótimo “Juno”, antes de conferir o mesmo, certamente imaginará que o longa irá abordar profundamente o tema “gravidez na adolescência”. Sim, o filme realmente aborda esta questão polêmica e atual, mas infelizmente não o realiza de maneira tão aprofundada como deveria realizar. É claro que, ao conferir esta cativante obra, o espectador verá algumas das dificuldades sociais, psicológicas e físicas pelas quais a protagonista terá de passar durante o período de gestação e, inclusive, há um diálogo entre esta e a provável futura mãe adotiva de seu filho que ilustra bem tal situação: “___ Você sabe, as pessoas encaram a gravidez em minha idade como sendo uma doença!”. Falando em diálogos inteligentes, afiados e ilustrativos, esta ótima comédia é recheada deles, tanto que por várias vezes lembrei-me dos filmes dirigidos por Woody Allen no final da década de 70 (e, sinceramente, não vejo como realizar um comentário mais favorável a uma obra deste gênero do que compará-la a um filme de Allen que, coincidentemente, é citado nesta obra). Outro ponto do longa que me fez lembrar os filmes de Allen é a composição de sua protagonista. Juno é uma típica adolescente neurótica, rabugenta, insegura (só para citar outro ótimo diálogo inserido no roteiro: “___ Não sei que tipo de garota eu sou!”) e irresponsável e a atuação de Ellen Page (que, adivinhem só, me remeteu a imagem de um Woody Allen mirim feminino) torna a protagonista ainda mais natural e cativante do que ela já é. E falando em Ellen Page, a atriz é a alma do filme. Que atuação! Que garota cativante! Page atuando é um colírio para os olhos! Page falando é música para os ouvidos! Falando a curto e grosso modo: Page é impagável! A leveza e a sutileza adotada pelo longa ao abordar um tema tão polêmico também é digna de aplausos, assim como sua fascinante trilha-sonora. Infelizmente, tal sutileza acaba sendo quebrada pelas diversas palavras de baixo calão desnecessariamente inseridas no roteiro e o seu final previsível também não é nada interessante. Ainda assim, uma “comédia teenage” atual e inteligente como poucas.



Avaliação Final: 8,5 na escala de 10,0




P.S.: Não adianta, Juno me cativou e por mais que eu tente, não consigo deixar de aumentar a nota do mesmo, nem que seja um mísero meio ponto. Portanto, onde se lia: Avaliação Final: 8,0 na escala de 10,0”, agora lê-se: Avaliação Final: 8,5 na escala de 10,0”.




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Crítica - O Caçador de Pipas

Sempre comentei que o pior defeito que um filme pode conter é a presença de clichês e/ou estereótipos em seu contexto. Porém, nestes últimos dias tenho reparado que algo me incomoda muito mais do que a simples inserção de chavões no roteiro do filme: se trata dos insultos a inteligência do espectador (perdoem-me, mas não encontrei expressão mais conveniente para a ocasião). Do mesmo modo que os dois filmes da série “A Lenda do Tesouro Perdido” insulta a inteligência de seu público afirmando que os Estados Unidos são um país honrado e que sempre visou proteger os valores históricos de toda a humanidade (que em um ato de hipocrisia exacerbado, são representados por tesouros pertencentes exclusivamente aos Estados Unidos), esta bomba, baseada no best-seller de Khaled Hosseini, insulta o público ao tentar fazê-lo acreditar que a terra do Tio Sam é um grande mantedor da ordem e da justiça social em países subdesenvolvidos. Confirma mais detalhes de tamanha alienação abaixo.





Ficha Técnica Em Andamento


Sinopse: Em um país dividido e à beira da guerra, dois amigos de infância, Amir e Hassan, estão prestes a se separarem para sempre. É uma gloriosa tarde em Kabul e os céus explodem com a alegria contagiante de um torneio de pipas. Mas, depois da vitória daquele dia, um terrível ato de traição de um menino irá marcar suas vidas para sempre e dar início a uma busca épica pela redenção. Agora, depois de viver nos Estados Unidos durante 20 anos, Amir volta para um perigoso Afeganistão, sob o governo mão-de-ferro do Talibã, para enfrentar os segredos que ainda o assombram e aproveitar a única e última ousada chance que tem para consertar as coisas.



The Kite Runner - Trailer



Crítica:



O Caçador de Pipas” me remeteu, da maneira mais estranha o possível, à lembrança de “...E o Vento Levou”. Acalmem-se, não perdi a razão e já irei explicar o porquê desta bizarra analogia que realizei entre ambos os filmes. Comparar a obra de Forster com a de Flemming não é necessariamente um elogio, mas sim uma crítica negativa. Enquanto assistia a este “O Caçador de Pipas” tive a ligeira impressão de que diretor e roteirista decidiram transportar um dos maiores defeitos do vencedor do Oscar® de 1940, a alienação daquele. O longa em questão bem que poderia começar com uma narrativa ridícula como a obra-prima de Victor Flemming afirmando que, antes da invasão que os Ianques realizaram à parte sul dos Estados Unidos, latifundiários e escravos viviam em plena harmonia. O problema é que aqui os Ianques seriam substituídos pelos Comunistas, o sul estadunidense pelo Afeganistão e latifundiários e escravos respectivamente pelos burgueses e proletários. Contando com uma excelente premissa em mãos, Forster transforma o que tinha tudo para ser um grande filme em algo absurdamente conservador. Segundo o longa, antes da invasão comunista ao Afeganistão, os habitantes daquele país eram pessoas felizes e satisfeitas com o seu estilo de vida regado pelas “maravilhas” consumistas oferecidas pela Globalização (que sim, já existia, ao menos teoricamente, naquela época). Contudo, o longa afirma que tal invasão viria a ser o divisor de águas entre uma era gloriosa que viveu o Afeganistão pré-Guerra Fria e o inferno que o país se tornou após o ocorrido. Além de politicamente hipócrita, o longa em questão conta com o maior número de estereótipos que tive a infelicidade de testemunhar nos últimos dois anos, variando entre pessoas bondosas ao extremo, a ponto de serem estoicistas e indivíduos que se mostram extremamente cruéis apenas por prazer (não preciso dizer que muitos destes indivíduos são soldados comunistas, não é?). O longa ganha muita força graças à direção de Forster e seus minutos finais, mas o desfecho extremamente previsível é algo imperdoável.



Avaliação Final: 3,0 na escala de 10,0.




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Crítica - Rastros de Ódio

Uma coisa é certa, para um cinéfilo não há nada melhor do que poder acompanhar a um filme clássico que ficou marcado na história da Sétima Arte devido a sua importância à mesma. Mas uma coisa é um cinéfilo assistir ao filme, reconhecer as qualidades do mesmo, reparar nos defeitos (se tiver) e formar uma opinião sobre tal obra-cinematográfica, outra coisa é este mesmo cinéfilo se aventurar a publicar a opinião formada sobre o clássico. Infelizmente, é impossível dissertar sobre um clássico cinematográfico, citar alguns pontos negativos que o mesmo possui (se possuir) e desejar ser perfeitamente compreendido por 100% das pessoas que lerem tal dissertação. Por mais que você justifique o seu ponto de vista negativo acerca do filme, sempre haverá um fã do mesmo que discordará, ou pior, desrespeitará este seu ponto de vista. Isto certamente acontecerá comigo após criticar de maneira extremamente negativa este “Rastros de Ódio”, tido pela maioria dos cinéfilos como o melhor western de todos os tempos. De qualquer forma, não posso me abster de publicar a crítica do filme por mero capricho de agradar a todos os freqüentadores do “Cine-Phylum”. Portanto aqui está ela.






Ficha Técnica Em Andamento



Sinopse: Ethan Edwards (John Wayne) é um homem que parte em busca de vingança contra os índios que exterminaram sua família, ao mesmo tempo que tenta resgatar, com vida, sua sobrinha. Baseado em uma obra de Alan Le May, é um dos westerns mais clássicos já feitos.



The Searschers – Trailer



Crítica:



A mim pouco me importa que este lixo em forma de Cinema seja considerado por muitos um clássico da sétima arte. Me importa menos ainda saber que o mesmo ocupa sempre uma das primeiras posições em várias listas elaboradas por críticos de Cinema. O fato é que trata-se do filme mais superestimado de todos os tempos (superando até mesmo “Titanic” e “Os Imperdoáveis” neste aspecto). Mas antes fosse apenas um filme superestimado, já estaria de bom tamanho. O problema é que esta porcaria pode (e deve) ser considerada uma das maiores afrontas já realizadas à cultura indígena estadunidense. O argumento do longa é extremamente preconceituoso e eurocentrico e coloca o homem branco como sendo o “mocinho” da estória ao passo que o índio assume o papel do vilão, do indivíduo que comete atrocidades sem o menor resquício de clemência com o homem branco. Talvez o roteirista (imbecil) seja um estadunidense alienado que realmente acredita que os indígenas sejam os maiores responsáveis pelas carnificinas ocorridas na época. Talvez ele tenha se esquecido que foi o homem branco quem invadiu as terras dos nativos e covardemente, diga-se de passagem, travou diversas batalhas contra os mesmos utilizando armas de fogo ao passo que aqueles se limitavam a machados e arcos e flechas. Sinceramente, um filme lastimável do ponto de vista moral e o seu sucesso acerca do mundo todo é alarmante. Muito me admira Marlon Brando na noite em que enviou uma atriz disfarçada de índia para receber o Oscar de melhor ator que havia faturado por “O Poderoso Chefão” (meu filme predileto) não tenha ordenado que a mesma queimasse uma cópia deste “Rastros de Ódio” em frente a toda a Academia. Enfim, se do ponto de vista moral o filme é repugnante, asqueroso e fútil, do ponto de vista cinematográfico é muito bom, contando com uma ótima direção, atuações afiadas, um roteiro muito bom que, apesar de deplorável, moralmente falando, explora muito bem seus personagens e se desenrola de maneira dinâmica com o passar do tempo. A fotografia é a maior qualidade do longa.



Avaliação Final: 4,0 na escala de 10,0.



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Crítica - Casablanca

Considero “Casablanca” um filme perfeito, mas ainda assim, extremamente superestimado. Sim, esta é uma afirmação um tanto o quanto estranha, mas irei me justificar. O longa, muito bem dirigido por Michael Curtiz diga-se de passagem, se mostra extremamente eficiente em todos os seus aspectos. As atuações são fantásticas, a trilha sonora é marcante, a direção de Curtiz, como consta supra mencionado, é muito boa e o roteiro (eleito o melhor da história do Cinema, o que também figura um certo exagero) extrapola os limites da perfeição, explorando muito bem seus protagonistas e contando com vários dos diálogos mais marcantes do Cinema. Mesmo com tantos pontos a seu favor, o filme acaba sendo elevado a um patamar muito além de sua real qualidade. Só para se ter uma idéia, no ranking elaborado pela A.F.I. (American Film Institute), onde figuram os melhores filmes de todos os tempos falados em inglês, segundo o Instituto, o mesmo ocupa uma exagerada 3ª posição deixando para trás outras obras magníficas, tais como “O Poderoso Chefão – Parte II”, “Taxi Driver”, “Laranja Mecânica”, “Crepúsculo dos Deuses” e muitos outros que mereciam uma posição muito mais elevada no ranking, mais elevada que o próprio “Casablanca”.





Ficha Técnica Em Andamento



Sinopse: Casablanca é a rota obrigatória de quem está fugindo dos nazistas na Segunda Guerra Mundial. É lá que Rick (Humphrey Bogart) vai reencontrar Ilsa (Ingrid Bergman), anos depois de terem se apaixonado e se perdido em Paris.



Casablanca – Trailer

Casablanca – Trailer 2



Crítica:



Da mesma forma que acredito ser um exagero considerar “Cidadão Kane” o melhor filme de todos os tempos, acredito ser um outro grande exagero considerar “Casablanca” o segundo melhor filme de todos os tempos. No entanto, seria muito injusto de minha parte atribuir uma nota inferior a 10,0 (dez) a este longa. Em primeiro lugar, temos aqui um roteiro, escrito a três mãos, extremamente bem elaborado (eleito o melhor roteiro de todos os tempos) que além de ser bastante complexo e envolvente, mescla vários gêneros como: romance, guerra, drama, policial e aventura sem jamais deixar um se sobressair sobre o outro. Contudo, não resta dúvidas de que a maior qualidade do roteiro sejam os diálogos contidos no mesmo. A maioria deles são inesquecíveis ("Beije-me como se esta fosse a última vez", "Este é o começo de uma nova grande amizade", "Toque-a novamente, Sam" e, como não poderia deixar de ser: "Se pensasse em você, provavelmente o desprezaria") e alguns deles são completamente imprevisíveis ("O que você estava fazendo há dez anos atrás?", "Eu estava colocando aparelho nos dentes!", passam-se alguns minutos, "Nos conhecemos muito pouco, eu não sei nada sobre o seu passado!", "Também não sei nada sobre o seu, a não ser é claro, que precisou consertar os dentes!"). A direção de Michael Curtiz também é simplesmente brilhante. Não só pela maneira como o excelente diretor trabalha com as câmeras, mas também pelo modo maduro com que este conduz o triangulo amoroso entre Rick, Ilsa e Victor fazendo com que o mesmo, em momento algum, soe piegas e se sobressaia mais que a trama política que o longa aborda (infelizmente, David Lean não conseguiu realizar o mesmo com “Dr. Jivago”, fazendo assim com que o romance entre Yuri e Lara se tornasse ligeiramente inconveniente naquela trama, que por sinal é ótima). Mas a maior qualidade do filme fica por conta da atuação de Humphrey Bogart, este que confere ao seu personagem Rick um tom de voz quase tão memorável quanto o que Marlon Brando emprestou a seu inesquecível Don Vito Corleone.



Avaliação Final: 10,0 na escala de 10,0.



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terça-feira, 29 de janeiro de 2008

Marlon Brando


Marlon Brando. Considerado por muitos o melhor ator de todos os tempos, servindo de exemplos para seguidores como Al Pacino e Robert deNiro, formando vários dos melhores papéis da história do cinema. É certo falar que um ator é um gênio? O que seria um gênio? Talvez Brando não acertou sempre, sim tivemos erros, mas quando acertou marcou profundamente o cinema em todo.

Filho de pais separados, Marlon Brando nasceu em Omaha, nos Estados Unidos, mas logo com 11 anos, sua mãe o mandou para viver na Califórnia. Já cedo, com a ausência dos pais em sua infância ele começou a se interessar por teatro, e se envolveu nisso. Brando estudou em várias escolas de teatro e nelas aprendeu uma técnica que virou um marco em sua carreira,e também na de vários atores,aprendeu a largar as atuações teatrais que existia na maioria dos atores e começar a atuar com movimentos espontâneos, movimentos que lembram as pessoas em suas vidas (a cena final de "Último Tango em Paris" reflete o que quero dizer).
O fato é que Marlon Brando começou a chamar a atenção na peça de Tennessee Williams: "Um Bonde Chamado Desejo", fez sucesso subretudo com o público feminino, onde as mulheres iam a loucura para ver aquele ator, e as oportunidades para o cinema não tardariam a aparecer, em 1950 ele atuou em "Espíritos Indômitos", mas foi em 1951 que veio a consagração.
Elia Kazan decidira levar a peça "Um Bonde Chamado Desejo", no Brasil "Uma Rua Chamada Pecado" para o cinema, e Marlon Brando foi convidado para reviver o papel de Satanley. "Uma Rua Chamada Pecado" virou uma marco na história do cinema e o elevou a status de astro de Hollywood,o que não era para menos,suas cenas com a já veterana Vivien Leigh são as melhores que um casal já fez em toda a história do cinema.O público se dividia entre a romântica e sonhadora Blanche e o selvagem e grosso Stanley. O sucesso do filme foi tanto que todo o elenco principal foi indicado ao Oscar, e o filme levou na categoria de Melhor Atriz, Ator coajuvante e atriz coajuvante, só Brando saiu de mãos abanando, mas não faria mal, o simples fato de conseguir atuar à altura de Vivien Leigh (que fez a maior atuação feminina da história do cinema) e não apenas servir de escada para ela já valera o trabalho.

"Uma Rua Chamada Pecado" foi o primeiro de muitos filmes dele com Elia Kazan, deixando de lado o tipo galã, em 1952 Brando seria novamente indicado ao Oscar por seu papel em "Viva Zapata!", onde interpretava o líder revolucionário mexicano, e recebeu uma nova indicação ao Oscar por seu papel como Marco Antônio em "Júlio Cesar", em 1953, também em 1953 ele virou ícone dos adolescentes por fazer um personagem rebelde e delinqüente em "O Selvagem", muitos consideram o filme subestimado, mas o fato é que foi um grande marco no início da década de 50.

Marlon Brando já tinha sua carreira sólida e carregava Hollywood na palma da mão,seus primeiros papéis foram os melhores possíveis,mas ainda assim precisava de algo que marcasse profundamente sua carreira,e sobretudo que tirasse aquele título de Sexy Simbol que ele haveria ganho com Stanley (que mulher não iria a loucura ao ver Brando ajoelhado na chuva gritando "Hey Stella!!!"?), em 1954 veio esse papel como o ex-boxeador e bandido Terry Mallon de "Sindicato de Ladrões", a atuação de Brando foi a melhor possível e não é para menos ,tudo o que ele faria no filme parece ser cuidadosamente pensado, o jeito de andar com a mão no bolso e por muitas vezes com cabeça baixa, o jeito irônico-agressivo que expressava em algumas cenas. O filme de Elia Kazan mostrou uma nova face de Marlon Brando para o público: "Você não entende,eu poderia ter classe,poderia ser um lutador,poderia ser alguém,ao invés de um vagabundo que é o que sou".O fato é que o personagem que denunciava seu próprio bando ficou marcado, tanto que o filme levou 8 Oscar, incluindo o esperado prêmio de Melhor Ator para Brando.

Depois de "Sindicato de Ladrões" a carreira de Marlon Brando decaiu de forma assustadora e ele, mesmo com Hollywood nas mãos, começou a experimentar o fracasso, seja na pele de Napleão Bonaparte em "Deserée" ou como um japonês em "Casa de Chá do Luar de Agosto", ou então com uma parceria com Frank Sinatra no "Eles e Elas", diziam que a dupla tinha química zero.

Porém em 1957, Marlon Brando voltaria a boa forma no subestimado "Sayonara", o romance dirigido por Joshua Logan, fez Brando ser indicado novamente ao Oscar, no filme ele interpreta um ás da aviação norte americana que está em missão no Japão, com uma noiva americana e cheio de preconceitos xenófobos, ele recrimina a todos os americanos que envolvem-se com japonesas, porém ele mesmo acaba se apaixonando por uma e começa uma das maiores histórias de amor de todos os tempos e o personagem de Brando mais uma vez não poupa de gestos naturais e ainda mais de irônias, "Diga a eles que dissemos Sayonara" é um exemplo claro disso,o filme teve êxito em bilheteria e 9 indicações ao Oscar, infelizmente hoje ele é esquecido pela maioria dos cinéfilos.

No início da década de 60 Brando cometeu dois grandes erros, o primeiro erro foi de demitir ninguém menos que Stanley Kubrick e se arriscar na direção de um filme. O resultado? "A Face Oculta", um filme excessivamente complicado e com um ritimo extremamente lento, o segundo grande erro foi o de recusar o papel principal de "Lawrence da Arábia",o fato é que o ator já tinha registrado sua marca,não importava a série de papéis sem graça que ele iria pegar em filmes como "Caçada Humana", "Sangue em Sonora" e "Candy". Outro filme que merece destaque especial foi "A Condessa de Hong Kong",o fracasso do filme foi claro na época,mas Brando teve a honra que poucos teriam:trabalhar no último filme de Charles Chaplin.

Ao final da década de 60 ele foi muito elogiado por sua atuação em "Queimada", Marlon Brando já era conhecido como ator difícil mas neste filme as brigas com o diretor foram tantas,que em determinado momentos Brando abandonou as filmagens,porém foi naquele papel que o ator recuperara parte de seu prestígio,mas apenas em 1972 que ele se recuperou totalmente com dois de seus maiores papéis

"Último Tango em Paris" é considerado o melhor cult-erótico, no filme do até então novato Bernado Bertolucci, Marlon Brando provou toda a polêmico ao interpretar um homem de certa idade que se encontra todos os dias com uma mulher em um apartamento deserto, onde têm pesadas cenas de sexo. O curioso é que um personagem sabe apenas que o outro é um ser depressivo proucurando algo em que se libertar,mas fora isso eles não se conhecem,nem o nome.Nesse filme Marlon Brando mostrou todo o seu talento,focou na tristeza e na agressividade de seu personagem,fez todos os seus movimentos sendo expressivos e até uma dança de tango em que seu personagem aparecia bêbado ele fez com maestria,e para quem viu o filme me responda. Que outro ator se importaria com o detalhe de grudar um chiclete na sacada? Marlon Brando fazia seu prório roteiro e nesse filme ele foi novamente indicado ao Oscar

"Farei uma proposta que ele não poderá recusar"
"Você vem a minha casa,no dia do casamento de minha filha e me pede para matar"
É dever de qualquer cinéfilo conhecer tais frases,assim como é dever de todos assistir "O Poderoso Chefão", nesse filme Marlon Brando não só apresentou a melhor atuação de sua carreira,mas também apresentou a melhor atuação masculina da história do cinema.Don Corleone é um marco não só no cinema,mas na cultura e na arte em geral. O jeito de falar, os movimentos com a mão. Tudo naquele filme gira de forma brilhante em torno do personagem de Marlon Brando, o interessante é que grande parte do roteiro foi improvisado pelo ator, e são detalhes que fazem a diferença.Brando é conhecido como um ator que sabe morrer em filmes, em "O Poderoso Chefão" ele chega ao ápice de seu talento na fatídica cena nas plantações,em que ele improvisou toda a seqüência final de Don Corleone, faltam palavras para descrever tal papel. E com ele Brando venceu pela segunda vez o Oscar, mas esse ele se recusou a receber como protesto pela descriminação de Hollywood em relação ao povo indígena norte-americano.

E os anos 70 continuam de forma brilhante para o ator, em 1976 ele faz uma grande parceria com o ator Jack Nicholson em "Duelo de Gigantes",e consegue ofuscar o grande Nicholson, em 1978 Marlon Brando ganha a quantia de 4 milhões para fazer "Superman", detalhe: Brando faz apenas o pai do super-herói e em 1979 faz uma nova parceria com Francis Ford Coppola (que também o dirigiu em "O Poderoso Chefão") em um dos melhores filmes de guerra já feito: "Apocalypse Now", nele Marlon Brando aparece apenas 30 minutos do filme e é o primeiro nome nos créditos.

A partir da década de 80, Marlon Brando se distanciou das filmagens,pegou trabalhos menores e apareceu pouco, ele já havia feito seu legado,seus últimos filmes foram apenas medianos,se destacam entre eles "Assassinato sob Custódia" de 1989; "Don Juan de Marco" de 1995 e "A Cartada Final" em 2001, seu último filme.

Em 2004 a lenda do cinema deixou esse mundo,Bertolucci disse que Marlon Brando morreu para se tornar imortal.Morrera um ator que representou como ninguém o cinema, seja como sexy simbol, como personagens históricos,como chefe de máfia,como homem moderno,como desajustado social,como romântico ou até mesmo como dançarino, Marlon Brando é o nome que representa o cinema de forma magistral, uma pessoa que até hoje carrega o título de melhor ator de todos os tempos, e que acho impossível alguém conseguir tirá-lo. E certamente um gênio!



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domingo, 27 de janeiro de 2008

Crítica - Alien vs. Predador 2

Não fosse o meu bom-senso diria que certos roteiristas e diretores mereceriam sofrer de um tumor cerebral, mas aí eu pergunto, será que eles ao menos possuem cérebro? É assistindo a certas imbecilidades, tais como este “Alien vs. Predador 2, que concluo que há cada vez menos vida inteligente em Hollywood. Mas o que se poderia esperar da continuação de um filme que, por si só, já se revela uma grande porcaria? Se o longa original já se revela uma verdadeira perda de tempo, imagine então esta continuação que nem ao menos se propõe a contar uma estória? Ao menos o primeiro filme desta série (que infelizmente nos “presenteará” (mais do que nunca em toda minha vida coloquei aspas entre a palavra “presenteará” sarcasticamente) ainda com um terceiro episódio) conseguia divertir um pouco (muito pouco, diga-se) o espectador, esta continuação nem isso consegue, além de nos deixar completamente irritados com tamanha futilidade.







Ficha Técnica:




Sinopse: Com o surgimento de um temido alienígena que se reproduziu no corpo de um predador morto, humanos e monstruosos aliados predadores se unem numa batalha apavorante.



Alien vs. Predator – Réquiem Trailer


Crítica:


___ Você acha que os corpos encontrados na floresta têm algo a ver com o sumiço das duas pessoas que estamos procurando?” ___ Pergunta um policial a seu superior. O outro por sua vez responde: “___ Não sei, só sei que nada disso deveria estar acontecendo!” ___ Responde este a seu subordinado. É com diálogos sofríveis e imbecis como este que o roteiro (roteiro? Qual?) deste pavoroso “Alien vs. Predador 2 nos “brinda” (atentem para as aspas). Mas os aspectos negativos deste equívoco cinematográfico (que alguns ousam chamar de filme), que aparenta ter sido roteirizado por uma criança de cinco anos de idade enquanto esta encontrava-se defecando no banheiro da casa de sua avó materna e não tinha nada mais interessante para pensar na ocasião, não se resume apenas aos péssimos diálogos que possui. O problema maior com este lixo em forma de Sétima Arte (soa paradoxal citar a palavra “Arte” enquanto comento uma porcaria em larga escala tal como esta) é a ausência de uma estória. A situação se agrava ainda mais quando o roteiro (gargalhadas), a fim de suprir tal falta de estória, cria uma subtrama deveras ridícula apoiando-se em todos os clichês e estereótipos possíveis. Temos aqui o rapaz acanhado, apaixonado pela garota linda, voluptuosa e ninfomaníaca, mas que sofre nas mãos do ex-namorado ciumento que aparenta não ter nada de interessante para se fazer na vida, salvo é claro, atormentar a vida do rapaz e da garota. Mas aí o leitor me fala: “Oras! Este é o típico filme descerebrado, ele não tem intenção nenhuma de ser levado a sério! Não importam os clichês, os estereótipos e os diálogos, mas sim o entretenimento!”. Pois bem, avaliemos esta porcaria como entretenimento. Qual a função de um filme de suspense, analisando-o apenas como entretenimento? Assustar? Pois bem, este não assusta nem um cidadão afro-estadunidense que acaba de escapar de um atentado por parte da Ku Klux Klan. Os “sustos” contidos nesta infelicidade cinematográfica são extremamente forçados e previsíveis, ficando por conta das mudanças bruscas dos acordes da trilha-sonora.


Avaliação Final: 0,0 na escala de 10,0.


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sábado, 26 de janeiro de 2008

Heath Ledger












Qual a única coisa capaz de ofuscar o brilho do anúncio dos indicados ao Oscar? Muitos imaginaram que fosse a greve dos roteiristas, mas parece que o destino pregou uma peça em todos e nos deixou atônitos. A morte prematura de uma estrela ascendente.


28 anos, bonito, talentoso e rico. Parece o perfil perfeito de uma estrela de Hollywood, que ganha milhões estampando sua imagem em blockbusters à toa. Mas Ledger fugia disso, parecia ser uma gota d'água no imenso oceano de futilidade de Hollywood. Era um ator instintivo, que interpretava com a alma, nos fazia viajar pelos conflitos e pela personalidade de suas personagens.


O auge veio com O Segredo de Brokeback Mountain, onde ele conseguiu a proeza de nos deixar na dúvida, afinal, Ennis Del Mar não parecia ser homossexual, ele se apaixonou pela pessoa Jack Twist, não pelo homem Jack Twist. O papel lhe rendeu uma indicação ao Oscar, que Ledger não ganhou. Mas a estatueta do careca dourado parecia só uma questão de tempo, com todo aquele talento e sabedoria para escolher os papéis, alguém duvidava que mais cedo ou mais tarde ele ganharia um Oscar?


Na última semana fui a uma sessão de “Eu Sou a Lenda” e para minha surpresa e satisfação me deparei com o trailer do novo filme do Batman, O Cavaleiro das Trevas. "Nossa! O que é isso?", eu ficava pensando ao ver Ledger na tela. Mas do que um simples vilão, o seu Coringa fez todo mundo ali esquecer da performance de Jack Nicholson no filme de Tim Burton; mais, fez todo mundo esquecer que o trailer era de um filme do Batman. A impressão que tínhamos era a de que o filme na verdade era do Coringa, e pela atuação de Ledger, não duvido muito que o seja. Que descanse em paz!


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sexta-feira, 25 de janeiro de 2008

Crítica - Eu Sou a Lenda

Sempre menciono que um filme deve ser analisado do ponto de vista da época em que fôra lançado. Atualmente, se decidirmos analisar um longa como “O Mágico de Oz” tomando por base os padrões do Cinema moderno, o filme de Victor Flemming iria soar pouco inovador, extremamente simplório e certamente não iria causar o mesmo impacto que causou em sua estréia, no ano de 1939 (principalmente se levarmos em conta que, caso seguíssemos esta hipótese, a trilogia “O Senhor dos Anéis” teria sido lançada antes de “O Mágico de Oz” e certamente ofuscaria o brilho desta segunda obra). Algo parecido ocorreu com este “Eu Sou a Lenda”. O filme conta com uma premissa que, apesar não ser muito antiga, pode ser tomada como extremamente batida, principalmente se levarmos em conta que, a maioria dos filmes atuais que optam por mesclar o gênero ficção científica com suspense, seguem tal premissa. O fato de o filme ter sido lançado anos após muitos outros filmes terem adotado a mesmíssima premissa, acabou fazendo com que ele causasse pouco impacto no espectador. Caso o filme de Lawrence fosse lançado há dez anos, certamente conteria os mesmíssimos defeitos que contém, mas ao menos soaria mais original e inovador, e isso, faria uma grande diferença.






Ficha Técnica:
Título Original: I Am Legend
Gênero: Ficção Científica
Tempo de Duração: 96 minutos
Ano de Lançamento (EUA): 2007
Site Oficial: wwws.br.warnerbros.com/iamlegend
Estúdio: Warner Bros. Pictures / Original Film / Heyday Films / 3 Arts Entertainments / Overbrook Entertainment / Village Roadshow Pictures
Distribuição: Warner Bros. Pictures
Direção: Francis Lawrence
Roteiro: Mark Protosevich e Akiva Goldsman, baseado em roteiro de John William Corrington e Joyce Hooper Corrington e em livro de Richard Matheson
Produção: Akiva Goldsman, David Heyman, James Lassiter, Neal H. Moritz e Erwin Stoff
Música: James Newton Howard
Fotografia: Andrew Lesnie
Desenho de Produção: David Lazan e Naomi Shohan
Direção de Arte: William Ladd Skinner e Patricia Woodbridge
Figurino: Michael Kaplan
Edição: Wayne Wahrman
Efeitos Especiais: Proof / Tinsley Transfers / Patrick Tatopoulos Design / Gentle Giant Studios / Quantum Creation FX

Elenco: Will Smith (Robert Neville), Alice Braga (Anna), Salli Richardson (Ginny), Paradox Pollack (Alpha), Charlie Tahan (Ethan), Michael Ciesla (Refugiado) e Thomas J. Pilutik.


Sinopse: Um terrível vírus incurável, criado pelo homem, dizimou a população de Nova York. Robert Neville (Will Smith) é um cientista brilhante que, sem saber como, tornou-se imune ao vírus. Há 3 anos ele percorre a cidade enviando mensagens de rádio, na esperança de encontrar algum sobrevivente. Robert é sempre acompanhado por vítimas mutantes do vírus, que aguardam o momento certo para atacá-lo. Paralelamente ele realiza testes com seu próprio sangue, buscando encontrar um meio de reverter os efeitos do vírus


I Am Legend Trailer


Crítica:


Se há algo de positivo nestes filmes atuais de ficção científica temperados com ligeiras doses de suspense é o debate que eles nos proporcionam acerca de como os avanços científicos, sejam eles tecnológicos, genéticos ou de qualquer natureza podem se voltar contra o seu próprio criador: o ser humano. Por outro lado, a grande maioria destes filmes se prende a situações clichês, personagens estereotipados e sinopses e estórias recheadas de fundamentos absurdos. Isto pode ser notado claramente enquanto se assiste a este “Eu Sou a Lenda”. O filme tem seu início com um programa jornalístico onde uma âncora entrevista uma cientista que atualmente encontra-se realizando pesquisas de uma vacina que supostamente viria a ser a cura do câncer. Após obter êxito com as suas experiências, tal cientista implanta a vacina em milhões de pessoas. Aparentemente, os resultados obtidos com a vacinação se mostram apenas positivos, até que repentinamente o vírus que fôra implantado passa a reagir de forma negativa, mudando completamente o caráter e a forma física das pessoas vacinadas, transformando-as literalmente em zumbis. Em primeiro lugar, notamos que trata-se de uma premissa mais do que batida que fôra, inclusive, utilizada em filmes como “Arquivo X” (que não trata de zumbis, mas sim da maneira como um vírus pode alterar o comportamento de uma pessoa) e a ridícula trilogia – “Resident Evil”. Em segundo lugar tal estória se mostra absurdamente implausível de ser absorvida em um contexto real. Já foi comprovado cientificamente que um vírus não pode, jamais, causar mudanças no comportamento de seres humanos, muito menos transformá-los literalmente em zumbis. Mesmo com tantos defeitos aparentes (e olhe que eu nem citei o estereotipo que é o protagonista) o filme se revela uma interessante experiência, principalmente quando aborda o drama do protagonista, brilhantemente interpretado por Will Smith, ao se sentir isolado do resto do mundo, sem ter um único ser vivo para manter contato, salvo sua cachorra de estimação. A excelente direção de Francis Lawrence conta muitos pontos a favor.


Avaliação Final: 6,0 na escala de 10,0.


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quinta-feira, 24 de janeiro de 2008

Indicados ao Oscar 2008 - Comentários do Editor

Janeiro chega e não se fala outra coisa no mundo da Sétima Arte a não ser Oscar. Não tem como fugir dos comentários acerca do prêmio mais importante do mundo do Cinema, sendo assim, o “Cine-Phylum” não poderia ficar mais um minuto sequer sem uma postagem dedicada apenas a este acontecimento anual e majestoso ocorrido no mundo da Sétima Arte. Devo avisar ao(a) caro(a) leitor(a) que não assisti a grande maioria dos filmes indicados (até mesmo porque a maior parte deles ainda nem estreou aqui no Brasil), portanto, não irei apontar os filmes aos quais torço pela vitória, farei apenas comentários baseados na lógica (ou na falta dela) e/ou na possibilidade destes vencerem seus respectivos prêmios.


Melhor Filme:


Desejo e Reparação

Juno

Conduta de Risco

* Onde os Fracos Não Têm Vez

Sangue Negro


Dos indicados, assisti apenas a “Desejo e Reparação” e já digo de cara que o filme é bom e apenas isso. Contudo, seguindo a lógica creio que “Onde os Fracos Não Têm Vez” deve levar o prêmio. A Academia adora westerns e há muito tempo um filme desta categoria não leva um Oscar. Isso sem contar que vez ou outra eles decidem premiar um diretor que fôra ignorado no passado e, para isso, dão o Oscar de melhor filme àquele que fôra dirigido pelo tal “diretor injustiçado”. “Sangue Negro” também tem fortes chances de faturar o prêmio levando em consideração que o seu diretor Paul Thomas Anderson nunca viu uma obra sua levar o prêmio para casa. A disputa certamente será acirrada entre ambos os filmes (que, repetindo, ainda não assisti), mas eu aposto no filme dos irmãos Cohen em virtude a badalação por trás do mesmo.

Melhor Direção:


O Escafandro e a Borboleta

Juno

Conduta de Risco

Onde os Fracos Não Têm Vez

* Sangue Negro


Levando em conta que, tanto os Cohen, quanto P.T.A. nunca faturaram o Oscar de melhor diretor e todos eles são muito benquistos pela Academia, certamente a disputa será entre estes diretores desta vez. Resta saber se a Academia fará uma espécie de “dobradinha” assim como fizeram com Scorsese e “Os Infiltrados” no ano passado, ou se optarão pela compensação, algo em torno de: “Premiaremos o filme de um e a direção do outro, assim ambos saem felizes de alguma forma”. Francamente, aposto na segunda hipótese. Assim como acredito que “Onde os Fracos Não Têm Vez” leve o Oscar de melhor filme este ano, creio que Paul Thomas Anderson vença melhor diretor.


Melhor Ator:


George Clooney - Conduta de Risco

* Daniel Day-Lewis - Sangue Negro

Johnny Depp - Sweeney Todd

Tommy Lee Jones - No Vale das Sombras

Viggo Mortensen - Senhores do Crime


Também não conferi nenhuma das cinco atuações, mas levando-se em conta que a Academia adora Lewis e Depp, a disputa deverá ser entre ambos. Contudo, o filme protagonizado por Lewis está se saindo melhor que o filme de Depp e, por este motivo, o primeiro deverá faturar o prêmio por sua atuação em “Sangue Negro”.


Melhor Atriz:


Cate Blanchett - Elizabeth: A Era de Ouro

Julie Christie - Longe Dela

* Marion Cotillard - Piaf Um Hino ao Amor

Laura Linney - The Savages

Ellen Page - Juno


A Academia adora Blanchett, mas o filme por ela protagonizado não está sendo tão benquisto lá fora como deveria, o que provavelmente prejudica a mesma. O mesmo ocorre com Julie Christie, a eterna Lara Antipova que disputará (e perderá) o Oscar de melhor atriz com Marion Cotillard. Levando em conta que a Academia tem premiado atrizes que encarnam personagens reais (assim como fez o ano passado com Helen Mirren em “A Rainha”) é bastante provável que Cotillard fature o prêmio graças a sua interpretação em “Piaf: Um Hino ao Amor”.

Melhor Ator Coadjuvante:


Casey Affleck - O Assassinato de Jesse James pelo Covarde Robert Ford

* Javier Bardem - Onde os Fracos Não Têm Vez

Philip Seymour Hoffman - Jogos do Poder

Hal Holbrook - Na Natureza Selvagem

Tom Wilkinson - Conduta de Risco


Creio que Hoffman, Holbrook e Wikinson não estão sendo tão badalados quanto precisariam ser (e o Oscar, infelizmente, valoriza badalação e apelo comercial), portanto a disputa será entre Casey Affleck e Javier Bardem. Não creio que a lógica utilizada por mim aqui será das melhores, mas Affleck é jovem demais e Bardem já foi indicado várias vezes ao Oscar sem nunca ter faturado nada, por este motivo creio que o prêmio deva ser atribuído ao segundo.

Melhor Atriz Coadjuvante:


Cate Blanchett - I'm Not There

Ruby Dee - O Gângster

* Saoirse Ronan - Desejo e Reparação

Amy Ryan - Gone Baby Gone

Tilda Swinton - Conduta de Risco


Certamente aqui irei “quebrar a cara”, mas irei arriscar e defender minha tese do mesmo modo. Indo de encontro às minhas teorias anteriores Saoirse Ronan, mesmo com pouquíssima idade (bem mais jovem que Affleck, diga-se) deverá faturar este prêmio pela sua atuação em “Desejo e Reparação” (uma das poucas que salvam-se neste filme). Isto se deve ao fato de o filme ser muito querido entre os críticos do mundo todo e, levando-se em conta que o filme raramente irá faturar o prêmio mais importante, a Academia tentaria compensar o longa com este prêmio.


Melhor Animação Longa-Metragem:


Persepolis

* Ratatouille

Tá Dando Onda


Dos três indicados o único a que assisti foi “Ratatouille”. A animação realmente é fantástica, apesar dos defeitos que possui, e certamente sairá vencedora na categoria “Melhor Animação Longa-Metragem”. Isto se deve a diversos fatores, tais como: à sua inserção na lista dos 10 melhores de 2007, elaborada pela A.F.I. (American Film Institute), à sua ótima reputação perante aos críticos do mundo todo e à sua ousadia ao criticar justamente os críticos que o valorizaram tanto.


Melhor Roteiro Adaptado:


Desejo e Reparação

Longe Dela

O Escafandro e a Borboleta

* Onde os Fracos Não Têm Vez

Sangue Negro


Em termos de Oscar uma coisa é certa: raramente um filme vence o prêmio principal sem antes vencer melhor roteiro adaptado ou original (dependendo o caso). Levando-se em conta que apostei em “Onde os Fracos Não Têm Vez” para Melhor Filme, provavelmente o filme dos Cohen deverá levar o prêmio de Melhor Roteiro Adaptado.


Melhor Roteiro Original:


* Juno

Lars and the Real Girl

Conduta de Risco

Ratatouille

The Savages


Repetindo o que havia dito na categoria de Melhor Roteiro Adaptado: raramente um filme vence o prêmio principal sem antes vencer melhor roteiro adaptado ou original (dependendo o caso). Dos longas supracitados, os únicos que concorrem a Melhor Filme são “Conduta de Risco” e “Juno”, contudo, o segundo filme parece ter obtido mais respeito por parte da crítica que o primeiro. Isso sem contar que o filme de Gilroy parece ter uma premissa previsível demais para uma obra que almeja conquistar um Oscar® de Melhor Roteiro Original.


Melhor Montagem:


O Ultimato Bourne

O Escafandro e a Borboleta

Na Natureza Selvagem

* Onde os Fracos Não Têm Vez

Sangue Negro


Assim como é cada vez mais difícil vermos um vencedor de Melhor Filme faturar o respectivo prêmio sem antes faturar Melhor Roteiro Original ou Adaptado, tem sido cada vez mais difícil testemunharmos o mesmo incidente ocorrer em Melhor Montagem. Os membros da Academia parecem, cada vez mais, valorizar a dinamicidade de um filme (talvez por este motivo “O Assassinato de Jesse James pelo Covarde Robert Ford” não tenha se saído muito bem nas indicações) e por este motivo, aposto veementemente que o provável vencedor de Melhor Filme vencerá também Melhor Montagem. Sendo assim, “Onde os Fracos Não Têm Vez” leva mais uma.


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quarta-feira, 23 de janeiro de 2008

Crítica - O Gangster

Ridley Scott sempre foi, ao menos para mim, sinônimo de diretor irregular. Começou a carreira de diretor muito bem com os interessantes “Os Duelistas” e “Alien – O Oitavo Passageiro” e o ótimo “Blade Runner – O Caçador de Andróides”, mas errou a mão em “Perigo na Noite” e “Chuva Negra”, duas produções que, por pouco, não relegaram sua carreira ao anonimato. Scott decidiu investir então em “Thelma & Louise”, um filme simples, mas de roteiro inteligente. Inteligente o bastante para que ele recuperasse a sua credibilidade. Um ano mais tarde Scott arrisca mais uma vez e erra a mão com uma superprodução que conta com alguns defeitos imperdoáveis. Me refiro a “1492 – A Conquista do Paraíso”, um bom filme, mas falho em alguns aspectos. Foi quando atingiu o seu ápice com “Gladiador”, um filme apenas bom, mas que caiu nas graças dos críticos de todo o mundo. De lá para cá o diretor passou a investir em produções que não lhe apresentaram nada ao currículo, salvo “Falcão Negro em Perigo” e “Cruzada” que foram bem nas bilheterias, mas ambos acabaram sendo esquecidos com o tempo. Eis que surge este “O Gangster”, seu melhor filme em muitos anos e que provavelmente irá marcar época, chegando a ser lembrado mesmo com o passar dos anos.






Ficha Técnica: em andamento


Sinopse: O empresário negro Frank Lucas assume o controle do jogo na Nova York corrupta do início dos anos 70, aproveitando a morte repentina do chefe para construir seu próprio império, inundando as ruas de Nova York com um produto mais puro e barato. Lucas supera importantes grupos criminais e torna-se um dos maiores bandidos – e astros – da cidade. Mas, quando o implacável policial Richie Roberts sente que o controle do tráfico de drogas mudou de mãos, os destinos desses dois homens vivendo em lados diferentes do “sonho americano” acabam interligados, mudando também o futuro de toda uma geração da cidade de Nova York.



American Gangster Trailer

American Gangster Trailer 2



Crítica:



Há algum tempo atrás (uns dois anos aproximadamente) redigi uma crítica de “Os Intocáveis” de Brian De Palma e apontei como principal falha do mesmo o fato deste abordar em primeiro plano o lado, digamos, correto da lei. Tal atitude fizera com que o filme perdesse muito de sua credibilidade, sendo pouco ousado e original. Contudo a obra de De Palma possuía cenas marcantes e inteligentíssimas, dentre as quais cito respectivamente o tiroteio na estação ferroviária e o julgamento de Al Capone. Muito diferente é este “O Gangster” que, felizmente, dá preferência ao desenvolvimento da estória tomando por base o lado avesso à lei. No entanto é lamentável que o longa, brilhantemente dirigido por Ridley Scott (apesar de o diretor apresentar pouquíssima inovação, sua direção é muito boa), não possua nenhuma cena tão marcante quanto o tiroteio na estação ferroviária e/ou tão inteligente quanto o julgamento de Al Capone. Mas isto em momento algum o faz inferior a “Os Intocáveis”. O filme de Scott se mostra forte, ousado, cativante e o modo como retrata a vida de seu protagonista é quase documental. O problema é que a palavra “quase”, inserida antes de “documental”, acaba fazendo uma enorme diferença. Digo isto porque o roteiro não aborda a iniciação de Frank Lucas no submundo do crime de maneira eficiente, algo que, indubitavelmente, aumentaria a carga dramática do personagem, tornando-o um objeto de estudo muito mais interessante. Outro defeito do filme é a sensação que temos enquanto assistimos ao mesmo. Por muitos minutos ele nos transmite a clara impressão de que, mais cedo ou mais tarde, se transformará em uma estória de “gato e rato”. Felizmente o roteiro é inteligente o bastante para se prender a apenas isso e vai muito além, evitando a maioria dos clichês e estereótipos que poderiam estar inseridos dentro do mesmo. O roteiro ainda investe em dois protagonistas extremamente interessantes e os desenvolve de modo bem convincente, contando com sensacionais atuações por parte de Denzel Washington e Russell Crowe. Um dos melhores filmes do gênero nos últimos tempos.



Avaliação Final: 8,5 na escala de 10,0



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segunda-feira, 21 de janeiro de 2008

Crítica - A Lenda do Tesouro Perdido 2: O Livro dos Segredos

Curiosamente, pouquíssimos minutos antes de publicar esta crítica conversei com um amigo meu sobre a incongruência de Nicolas Cage em suas escolhas. Primeiro o autor protagoniza um filme simplesmente sensacional, carregado de críticas pesadas aos países de primeiro mundo, em especial, os Estados Unidos da América. O nome do filme? “O Senhor das Armas”. Depois o ator “vende a sua alma” para um filme ridículo produzido por Jerry Bruckheimer que, acima de tudo, visa engrandecer a imagem dos Estados Unidos perante o resto do mundo. Não bastasse isso o ator ainda aceita participar de uma continuação de tal filme e o que é pior, tal seqüência, em seu desfecho, nos deixa em aberto a hipótese de um terceiro longa da franquia “A Lenda do Tesouro Perdido”. De uma forma ou de outra, esta seqüência se mostra um pouco menos fútil que o longa original, mas ainda assim é tão dispensável quanto aquele.





Ficha Técnica:
Título Original:
National Treasure: Book of Secrets
Gênero: Aventura
Tempo de Duração:
Ano de Lançamento (EUA): 2007
Site Oficial: http://disney.go.com/nationaltreasure
Estúdio: Walt Disney Pictures / Jerry Bruckheimer Films / Junction Entertainment / Sparkler Entertainment / Saturn Films
Distribuição: Buena Vista Pictures
Direção: Jon Turteltaub
Roteiro: Cormac Wibberley e Marianne Wibberley, baseado em estória de Cormac Wibberley, Ted Elliott, Terry Roscio e Marianne Wibberley e nos personagens criados por Jim Kouf, Oren Aviv e Charles Segars
Produção: Jerry Bruckheimer e Jon Turteltaub
Música: Trevor Rabin
Fotografia: Amir M. Mokri e John Schwartzman
Desenho de Produção: Dominic Watkins
Direção de Arte: Julian Ashby e A. Todd Holland
Figurino: Judianna Makovsky
Edição: William Goldenberg, Andrew Haddock e David Rennie
Efeitos Especiais: Post Media / Realscan 3D / Asylum VFX / Proof
Elenco:
Nicolas Cage (Benjamin Franklin Gates), Diane Kruger (Abigail Chase), Justin Bartha (Riley Poole), Helen Mirren (Emily Appleton), Jon Voight (Patrick Gates), Harvey Keitel (Sadusky), Ed Harris (Jeb Wilkinson), Alicia Coppola (Agente Spellman), Christian Camargo (John Wilkes Booth), Bruce Greenwood (Presidente) e Joel Gretsch (Thomas Gates).



Sinopse: Quando uma página perdida do diário de John Wilkes Booth (Christian Camargo) reaparece, o bisavô de Ben Gates (Nicolas Cage) torna-se o principal conspirador do assassinato de Abraham Lincoln. Querendo provar a inocência do parente, Ben reúne mais uma vez sua equipe e segue uma série de pistas, que os levam de Paris a Londres antes de retornarem aos Estados Unidos.



National Treasure: Book of Secrets Trailer



Crítica:



Serei curto e grosso: se o primeiro episódio desta saga já se revela um filme que nos trás mais do mesmo, imagine então este segundo. No entanto, é no mínimo uma agradável surpresa constar que este “Livro dos Segredos” se mostra menos ufanista que o original, além, é claro, de conter bem menos clichês. E falando em clichês, não há como não nos mostrarmos gratificados pelo roteiro tratar seus personagens de uma maneira mais, digamos, matura, nesta continuação que em seu antecessor. É obvio que Benjamim Franklin Gates continua sendo um nerd conservador, patriota, altruísta e politicamente correto, mas ao menos desta vez não nos deparamos com cenas tão insuportáveis quanto as contidas no primeiro filme, como a seqüência em que Ben pede desculpas a Riley Poole após ter gritado com ele em virtude de sua impertinente tagarelice. E falando em Riley Poole, é bem gratificante também sabermos que, desta vez, o auxiliar de Ben se mostra menos adulador e irritante que no filme anterior. Contudo, a trama se mostra bastante interessante no intróito do filme, mas conforme o tempo passa percebemos que estamos sendo direcionados à outra baboseira megalomaníaca patrocinada por Jerry Bruckheimer. A propósito, estou começando a ficar verdadeiramente incomodado com este nome, pois Bruckheimer parece ter se especializado em estragar filmes com ótimas premissas, como é o caso deste aqui. São poucas as coisas que me irritam tanto ao conferir um determinado filme quanto ver os envolvidos no mesmo subestimar a inteligência de seu público e esta produção parece fazer questão disso. Em momento algum, por exemplo, temos uma justificativa realmente plausível por parte do roteiro a fim de explicar o porquê de “Cibola” estar localizada em Dakota do Sul e não no Arizona, como reza a lenda. Pior ainda é conferirmos uma demonstração de ufanismo exacerbada feita pelo protagonista do filme diretamente ao presidente dos EUA (e olhe que ainda assim o filme é menos patriótico que seu antecessor). De qualquer modo, o longa é um pouco menos fútil que o original, mas é menos divertido.



Avaliação Final: 5,0 na escala de 10,0



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