domingo, 26 de fevereiro de 2017



Havia decidido dar um fim definitivo neste blog e iniciar um vlog no DailyMotion o qual um dos assuntos abordados seria justamente Cinema.
Para inaugurar o vlog, o vídeo inicial seria justamente falando sobre as minhas apostas no Oscar 2017 e com uma espécie de bônus durante os vinte minutos iniciais no qual eu me apresento um pouco, falo sobre o modo como o Oscar geralmente funciona e discorro sobre as premiações que realmente servem de termômetro para a mais glamorosa festa do Cinema. O problema é que tivemos quase uma hora de vídeo ininterrupto e não terei tempo hábil de carrega-lo até o início da cerimônia. Por este motivo, optei por simplificar a coisa toda e postar aqui no Cine-Phylum mesmo, como uma forma de me despedir deste já saudoso blog que completaria uma década no dia 03 de novembro de 2017.
Bom, sem muitas delongas, seguem minhas apostas nos vencedores do Oscar 2017:

Melhor Filme: Vencerá: La La Land: Cantando Estações. Tem chances de vencer: Moonlight: Sob a Luz do Luar.

Melhor Diretor: Vencerá: Damien Chazelle - La La Land: Cantando Estações. Tem chances de vencer: Barry Jenkins - Moonlight: Sob a Luz do Luar.
Melhor Ator: Vencerá: Denzel Washington – Um Limite Entre Nós. Tem chances de vencer: Casey Affleck – Manchester à Beira-Mar.

Melhor Atriz: Vencerá: Emma Stone – La La Land: Cantando Estações. Tem chances de vencer: Natalie Portman – Jackie e Isabelle Huppert, correndo muito por fora, por Elle.

Melhor Ator Coadjuvante: Vencerá: Mahershala Ali – Moonlight: Sob a Luz do Luar.

Melhor Atriz Coadjuvante: Vencerá: Viola Davis – Um Limite Entre Nós.

Melhor Roteiro Original: Vencerá: Manchester à Beira-Mar. Tem chances de vencer: La La Land: Cantando Estações.

Melhor Roteiro Adaptado: Vencerá: Moonlight: Sob a Luz do Luar. Tem chances de vencer: A Chegada.

Melhor Filme Estrangeiro: Vencerá: O Apartamento (Irã). Tem chances de vencer: Um Homem Chamado Ove (Suécia) e Toni Erdmann (Alemanha), sendo este último, talvez, o que possua maiores chances de vitória, mas ainda prefiro arriscar em O Apartamento.

Melhor Animação: Vencerá: Zootopia. Tem chances de vencer: Moana: Um Mar de Aventuras.

Melhor Documentário em Longa-metragem: Vencerá: O. J.: Made in America. Tem chances de vencer: A 13ª Emenda.

Melhor Documentário em Curta-metragem: Vencerá: Joe’s violin. Tem chances de vencer: The White Helmets.

Melhor Animação em Curta-metragem: Vencerá: Piper.

Melhor Figurino: Vencerá: La La Land: Cantando Estações. Tem chances de vencer: Jackie, mas é pouco provável que isso aconteça.

Melhor Maquiagem e Penteado: Vencerá: Um Homem Chamado Ove (Suécia). Tem chances de vencer: Star Trek: Sem Fronteiras.

Melhor Fotografia: Vencerá: Lion. Tem chances de vencer: A Chegada, caso perca o prêmio de Melhor Montagem, e, correndo por fora, La La Land: Cantando Estações.

Melhor Montagem: Vencerá: A Chegada. Tem chances de vencer: La La Land: Cantando Estações, uma vez que a Academia raramente premia um musical com a categoria mais desejada da noite sem antes lhe conferir Melhor Montagem. Em todo o caso, é quase certeza que este será o prêmio de consolo de A Chegada.

Melhores Efeitos Visuais: Vencerá: O Livro da Selva.

Melhor Canção Original: Vencerá: "City of Stars", de La La Land: Cantando Estações (Diane Warren/Lady Gaga)

Melhor Trilha Sonora: Vencerá: La La Land: Cantando Estações.

Melhor Edição de Som: Vencerá: Até o Último Homem.

Mixagem de Som: Vencerá: La La Land: Cantando Estações.

Desenho de Produção: Vencerá: La La Land: Cantando Estações.

Melhor Curta-metragem: Vencerá: Ennemis Intérieurs.


domingo, 28 de fevereiro de 2016

Oscar 2016 - Minhas Previsões

Bom, sem nenhuma delonga, seguem minhas apostas nos vencedores do Oscar 2016:


 

Melhor Filme: O Regresso

Melhor Diretor: George Miller - Mad Max: Estrada da Fúria (minha aposta mais arriscada da noite)

Melhor Ator: Leonardo DiCaprio - O Regresso (minha aposta menos arriscada da noite)

Melhor Atriz: Brie Larson - O Quarto De Jack

Melhor Ator Coadjuvante: Sylvester Stallone - Creed: Nascido Para Lutar

Melhor Atriz Coadjuvante: Alicia Vikander - A Garota Dinamarquesa

Melhor Roteiro Original: Spotlight - Segredos Revelados - Josh Singer e Tom
McCarthy

Melhor Roteiro Adaptado: A Grande Aposta - Charles Randolph e Adam McKay

Melhor Filme Estrangeiro: O Filho De Saul (Hungria)

Melhor Animação: Divertida Mente

Melhor Documentário em Longa-metragem: Amy

Melhor Documentário em Curta-metragem: Shoah

Melhor Animação em Curta-metragem: História De Um Urso

Melhor Figurino: Mad Max: Estrada Da Fúria

Melhor Maquiagem e Penteado: Mad Max: Estrada Da Fúria

Melhor Fotografia: O Regresso

Melhor Edição: O Regresso

Melhores Efeitos Visuais: Star Wars: O Despertar Da Força

Melhor Canção Original: "Til It Happens To You", de The Hunting
Ground (Diane Warren/Lady Gaga)

Melhor Trilha Sonora: Os 8 Odiados - Ennio Morricone

Melhor Edição de Som: O Regresso

Mixagem de Som: Mad Max: Estrada da Fúria

Desenho de Produção: Mad Max: Estrada Da Fúria

Melhor Curta-metragem: Stutterer

quinta-feira, 11 de junho de 2015

Mad Max: Estrada da Fúria

Por Daniel Esteves de Barros.
Avaliação: ***** (Obra-Prima).


domingo, 31 de maio de 2015

Vingadores: Era de Ultron


Por Daniel Esteves de Barros.
Avaliação: *** (Bom Filme).

 
 

domingo, 22 de fevereiro de 2015

Oscar 2015 - Minhas Previsões

Novidade: ando bem sumido do blog. Também, o Cinema anda cada vez mais repetitivo e desinteressante, não? Sejamos francos, as séries de TV – sejam de comédia (apesar que essas mais recentes são bem sem graça), sejam de drama – andam matando a pau e a nossa querida Sétima Arte, gradativamente, se afunda em mega produções de super-heróis com fórmulas mais do que manjadas e em filmecos machistas feito pra mulherada se apaixonar, já que mulher é o bicho mais misógino (e quem escreve isso é a pessoa mais misógina da história da misoginia) que existe (isso na esfera mainstream) e (agora na esfera cult) em dramas existenciais entediantes sobre o nosso cotidiano entediante (ainda nutro forte interesse por essa esfera, já que poucas coisas me atraem tanto quanto produções fílmicas que mostram o quão a raça humana é patética e um completo desperdício de tempo).

E já que falei de séries de TV, confesso que o Oscar desta noite me atrai unicamente pelo fato de ser apresentado pelo ícone mor, o ator que encarna o meu personagem favorito das sitcoms (Barney Stinson): Neil-Patrick Harris (aliás, o cara é tão foda que é gay na vida real, mas encarna o símbolo máximo do heterossexualismo masculino nas telinhas). De resto, pelos filmes em si, pouco me chama a atenção. Tanto que, sinceramente, não assisti à nenhuma única produção indicada a um único prêmio sequer nesta edição dos Academy Awards. Hoje, talvez (disse talvez) eu assista a Boyhood, Birdman e, quem sabe, A Teoria de Tudo. Em todo o caso, segue este testemunho como prova de meu total desinteresse por esta Arte que, se não tomar cuidado, vai rumar pro estilo de Cinema Sensorial que pudíamos ver no livro Admirável Mundo Novo, ou seja, filmes sem conteúdo narrativo que visavam unicamente trabalhar os sentidos do espectador (tá aí o tal do cinema (com “c” minúsculo mesmo) 6D pra provar isso, né? Algo que Aldous Huxley já havia previsto em 1932).

Bom,chega de procrastinar (procrastinar é o mesmo que “enrolar”... acontece que sou o típico cara mala recém-formado em Letras que ama preciosismos gramaticais), né? Muita gente vai se perguntar (na verdade, ninguém vai se perguntar porcaria nenhuma, já que pessoa alguma vai perder tempo lendo isso daqui e eu só tô escrevendo este texto porque sou pinéu das ideias) como eu posso apostar no Oscar se sequer assisti aos indicados. A resposta é: se existe uma coisa mais formulaica e previsível do que o Cinema dos anos 2010, essa coisa é: os textos que eu escrevo... digo... a metodologia das premiações da Academia de Artes e Ciências Cinematográficas. Vejamos abaixo uma explicação na qual tentarei, mas não conseguirei, ser sucinto. Tudo gira em torno dos indicados a Melhor Filme, dos quais, no geral, apenas dois têm chances de vitória (como acontece em todo o santo ano). Normalmente, o vencedor de Melhor Filme leva: ou Melhor Direção ou Melhor Ator/Atriz ou Melhor Roteiro Original/Adaptado... ou então dois deles... ou, meio que raramente, todos os três... acontece... difícil, mas acontece (se não me engano, aconteceu em 2011, com O Discurso do Rei). Todavia, como Oscar é política, os demais indicados precisam de algo que justifique a presença de todos os filmes na categoria principal. Aí entram os prêmios de consolação que, no geral, são: Melhor Ator/Atriz Coadjuvante, Melhor Fotografia, Melhor Montagem (por mais que, curiosamente, as produções que ganham Melhor Montagem são fortes candidatas a vencerem Melhor Filme) e, em pouquíssimos casos, Melhor Edição/Mixagem Sonora e Melhores Efeitos Visuais (sendo este último, o menos provável, já que os indicados aqui normalmente passam longe dos prêmios principais, exceto nos casos do magnânimo O Senhor dos Anéis: O Retorno do Rei e do ótimo A Invenção de Hugo Cabret, apesar que neste último a indicação a Melhor Filme é mais influência de Martin Scorsese do que qualquer outra coisa). Vale lembrar também que é bastante comum acontecer o contrário, ou seja, um indicado a Melhor Filme estar ali só para “encher linguiça”, uma vez que ele é, por exemplo, o mais forte candidato a vencer Melhor Fotografia (caso do melhor filme do século: A Árvore da Vida, apesar que o roteiro do filme e o nome de Terrence Mallick também contaram muitos pontos aqui) ou Melhor Ator Coadjuvante (caso do fraco, em função de sua frágil estrutura narrativa, Tão Forte e Tão Perto, cujo hype estava todo a favor de Max von Sydon, que acabou tendo o tapete puxado por Cristopher Plummer). Vamos então às minhas apostas, os tiros mais no escuro que já dei em toda a minha vida (afinal, repito que ainda não assisti a nenhum dos indicados em quaisquer categorias que sejam) e, duvidam que eu acertarei fácil fácil a maioria? Melhor Filme Vai vencer: Birdman (ao contrário do que muitos acreditam, o maior indicador do prêmio principal do Oscar é o PGA (a premiação do sindicato dos produtores de Cinema dos Estados Unidos), não o Globo de Ouro (que, na verdade, é o maior “desindicador” do prêmio principal, embora este tenha surpreendido nos dois últimos anos). Levemos em conta então que: de 2005 pra cá, o Globo de Ouro “acertou” apenas trinta por cento dos vencedores do Oscar (Quem Quer Ser um Milionário?, Argo e 12 Anos de Escravidão) enquanto que o Producers Guild Awards “acertou” setenta por cento (mais do que o dobro), não deixa de ser mais prudente apostar em Birdman nesta disputa do que em Boyhood, correto?). Tem chances de vencer: Boyhood (a verdade é que a gente desce a lenha na previsibilidade do Oscar (eu mesmo desci, no texto gigante que escrevi acima), porém, neste ano, temos que admitir que apostar na vitória de Birdman não é nada fácil. Boyhood tinha tudo pra ser A Rede Social de 2015, já que começou com um hype altíssimo no final de 2014, deu uma esfriada com a sua vitória no Globo de Ouro (afinal, tal premiação, geralmente, mais atrapalha do que ajuda), mas consolidou-se, todavia, com suas vitórias no Critics Choice Awards e, principalmente, no Bafta (a meu ver, o segundo maior termômetro para o Oscar). Ainda que o PGA seja, de fato, o PGA, uma vitória de Boyhood não seria nada surpreendente. Diria que Boyhood tem 49% de chances de vitória, contra 50% de Birdman e 1% de A Teoria de Tudo. Aposta complicada). Melhor Diretor Vai vencer: Richard Linklater, por Boyhood (categoria ainda mais complicada do que Melhor Filme! Na verdade, muito mais complicada! Na verdade, booooota muito mais complicaaaaada nisso!!!!! Linklater levou o Bafta, levou o Critics Choice Awards e, convenhamos, realizou uma tarefa hercúlea e nada típica (o que mais tem chamado a atenção em Boyhood, por sinal): trabalhou em um mesmo filme por doze longos anos sem, aparentemente, permitir com que a sua estrutura narrativa ficasse fragmentada ou confusa (pelo menos foi o que pude perceber pelas críticas que li). Aposto, por muito pouco, em Richard Linklater, com cerca de 50,1% de chances de vitória). Tem chances de vencer: Alejandro Gonzáles Iñárritu, por Birdman (Iñárritu é muito bem cotado pelas premiações estadunidenses, já foi indicado inúmeras vezes, sem nunca ter vencido, levou o Directors Guild of America Awards (DGA) pra casa e o hype de Birdman subiu muito nos últimos dias. Por outro lado, Linklater só tem uma indicação ao Oscar, e é como roteirista (Roteiro Adaptado por Antes do Pôr do Sol), não na condição de diretor, o que pode pesar um pouco. Ainda assim, “dou um tiro bem no escuro” em Linklater, acreditando, no entanto, que Iñárritu tenha 49,9% de chances de vencer). Melhor Ator Vai vencer: Eddie Redmayne, por A Teoria de Tudo (aqui a aposta já é um pouco (bem pouco, pra falar a verdade) mais garantida do que nas duas principais categorias. Redmayne levou SAG (maior termômetro para o Oscar quando o assunto em questão é atores e atrizes), levou Bafta e, melhor do que tudo isso, somou duas das principais preferências da Academia neste quesito: interpretou uma celebridade (Daniel Day-Lewis, como Lincoln, por exemplo) + interpretou alguém com limitações físicas = interpretou uma celebridade com limitações físicas. Se tivésse interpretado então uma celebridade com limitações físicas e mentais, já teria vencido o Oscar de 2015 por volta de 1815 ou até mesmo antes). Tem chances de vencer: Michael Keaton, por Birdman (o cara é um ator extremamente veterano que se torna um ícone de filmes pouco sérios (leia-se: filmes que a Academia não julga dignos de sequer arranharem os seus troféus carecas), aí ele embarca no que pode ser o seu primeiro filme “sério” em anos e se “redime”. Quer maior oportunidade pra dar Melhor Ator pra ele? Soma-se isso à sua vitória no Critics Choice Awards e pronto. Temos que levar em conta também uma pequena questão de lógica que eu ignorei: se Birdman vencer como Melhor Filme e Iñárritu perder como Melhor Diretor (o que, como podem notar nas previsões acima, acabou sendo a minha escolha), que “desculpa” a Academia vai dar por indicar Birdman com tanta veemência? Melhor Roteiro cai bem (e vou apostar em Birdman em Melhor Roteiro Original, por mais que o prêmio certamente vá ficar com O Grande Hotel Budapeste), todavia, seria o bastante (não me levem a mal, pra mim, roteiro é disparado o principal ingrediente de um filme, mas o Oscar nem sempre pensa deste modo)? Eis a questão. Ainda assim, creio que Redmayne tenha mais chances pela fórmula de sua atuação e pela relevância de seus prêmios conquistados anteriormente. 47% Keaton contra 53% Redmayne. Sem mais). Melhor Atriz Vai vencer: Julianne Moore, por Para Sempre Alice (enfim uma categoria previsível, nos padrões Academy Awards. E não é que as categorias mega previsíveis fazem falta? Bom, Julianne Moore tem tudo que um indicado precisa ter para levar qualquer prêmio da noite para casa: foi indicada “n” vezes (cinco vezes, pra ser exato) e nunca levou, faturou SAG, Critics Choice Awards, Bafta e, se tivésse desfilado na Sapucaí, também levaria (#momentopiadasemgracaridiculaedesnecessaria). Seria a maior barbada da noite, não fosse por dois pontos em questão: Para Sempre Alice não foi indicado à categoria principal (aliás, as críticas do filme as quais li são bem negativas, na verdade) e, por se tratar de Oscar, temos a questão política também. Afinal, se Redmayne perder para Keaton, em Melhor Ator (e há sim possibilidades disso acontecer, conforme mencionei na categoria acima), como justificaríamos a força de A Teoria de Tudo nesta premiação?). Tem chances de vencer: Felicity Jones, por A Teoria de Tudo (pelos motivos que citei ao final do parágrafo supra. Ainda assim, é mais fácil eu terminar a noite fazendo um ménage com uma loira, uma morena, uma ruiva, uma mestiça, uma afro e uma oriental do que Moore perder aqui. A segunda maior barbada, perdendo apenas para a categoria abaixo). Melhor Ator Coadjuvante Vai vencer: J.K. Simmons, por Whiplash (Simmons é um ator veterano sem nenhuma vitória nos Academy Awards até então. Não menos importante do que isso, levou tudo o que viu pela frente: SAG, Bafta, Critics Choice Awards e... posso repetir a piada da Sapucaí que fiz com Julianne Moore, logo acima? Ok. Sem piadinhas. Vale mencionar também que Whiplash, filme pelo qual concorre, foi ovacionado e está concorrendo ao prêmio principal. Como a Academia justificaria tal indicação de outra forma, uma vez que o longa não ter a menor chance de vitória em outras categorias? Maior barbada da noite, disparada... e olha que Julianne Moore já está praticamente com as duas mãos e metade da unha do dedo mindinho direito na taça). Tem chances de vencer: Edward Norton, por Birdman (vai que Melhor Roteiro Original e Melhor Fotografia pra Birdman não sejam o bastante pra justificar sua vitória em Melhor Filme (isso no caso de Iñárritu e Keaton realmente perderem), a Academia pode inventar de dar o prêmio em questão pra Norton com tal propósito. Mas, neste caso, é mais fácil eu terminar a noite fazendo um ménage com o dobro de mulheres (todas com as mesmíssimas características) que elenquei pro caso de Moore perder). Melhor Atriz Coadjuvante Vai vencer: Patricia Arquette, por Boyhood (Arquette não só venceu todas as principais “premiações-termômetro” como também fez um trabalho complicadíssimo: viveu por 12 anos a mesmíssima personagem, algo que não só é inédito no Cinema (até onde eu saiba), mas também dificílimo de ser realizado. Imagine você: ator/atriz, durante doze anos ter a missão de interpretar a mesma personagem sem jamais perder a composição desta, levando-se em conta que, além disso, você tem outros projetos em andamento? Complicado, né? Soma-se tudo isto ao de Arquette ser uma veterana até então nunca indicada e Oscar nela). Tem chances de vencer: Keira Knightley, por O Jogo da Imitação (pode ser que a Academia “keira” (entenderam o trocadilho? “keira”? Hã? Hã?... Ok #momentopiadasemgracaridiculaedesnecessaria – parte 2) justificar a indicação de O Jogo da Imitação dando o prêmio pra Knightley (que, por sinal, já indicada várias vezes e nunca venceu, o que contam pontos a favor), mas as chances disso acontecer seriam as mesmas (pra não perder o costume) de eu terminar a noite num ménage com Patricia Arquette e Keira Knightley. Nada mal, aliás, hã?). Melhor Roteiro Adaptado Vai vencer: O Jogo da Imitação (aqui sim a Academia pode, de fato, justificar a indicação de O Jogo da Imitação a Melhor Filme. Isso sem contar que o longa venceu o WGA (Writers Guild Awards, maior indicador para o Oscar nas categorias de roteiro) de Melhor Roteiro Adaptado, o que já é meio caminho andado). Tem chances de vencer: Whiplash (o prêmio de consolação de Whiplash já será a vitória em Melhor Ator Coadjuvante, mas às vezes... vai saber...). Melhor Roteiro Original Vai vencer: Birdman (se fosse pra apostar grana viva, tal como eu fazia quando apostava na liga de baseball estadunidense/canadense, apostaria em O Grande Hotel Budapest, que certamente vai vencer. Contudo, decidi fazer uma aposta de risco alto: vai que Iñárritu e Keaton não vençam em suas respectivas categorias (conforme previ) e Birdman vença o prêmio principal (também conforme eu previ), como faz? Como a Academia vai justificar o prêmio máximo da noite entregue a um filme que sequer mereceu vencer nos principais quesitos? Por isso aposto em Birdman para Roteiro Original. Caso perca aqui, tem grandes chances de perder em Melhor Ator ou em Melhor Diretor. Ou até mesmo de perder nos dois). Tem chances de vencer: O Grande Hotel Budapest (caso eu fosse uma pessoa minimamente sensata (mas eu não sou), diria, com toda a certeza do mundo, que O Grande Hotel Budapest leva fácil Melhor Roteiro Original. E, de fato, vai levar, já que venceu o WGA 2015 nesta categoria e é a única chance que a Academia vai ter pra justificar sua indicação ao prêmio principal. Ainda assim, mantenho a minha aposta abilolada em Birdman). Melhor Filme Estrangeiro Vai vencer: Ida (a fórmula que os votantes utilizam aqui não é tão simples quanto nas demais categorias, salvo se um dos indicados também estiver cotado em uma outra categoria na qual certamente não vai ganhar. Já me cansei de dizer, em outras ocasiões, que os membros da Academia são, em sua maioria, um grupo de velhinhos ufanistas que raramente dão oportunidade a longas estrangeiros concorrerem em categorias voltadas a filmes em língua inglesa (leia-se: todas as categorias que não sejam Melhor Filme Estrangeiro ou Melhores Curtas). Quando tal evendo raro acontece, o longa perde na categoria voltada à produções em língua inglesa e vence em Filme Estrangeiro. É exatamente o que acontecerá com Ida, concorrente em Fotografia que vai perder feio pra Birdman e ganhar fácil em Filme Estrangeiro). Tem chances de vencer: vai saber... (sério, fora de brincadeira, não vejo qualquer outra produção ter chance de vitória, se não Ida (justamente pelos motivos que expliquei acima). Por outro lado, muitas vezes os votantes dividem os seus votos e o vencedor acaba sendo uma produção completamente inesperada). Melhor Animação Vai vencer: Como Treinar o Seu Dragão 2 (o primeiro agradou a todo mundo, mas competia com aquele que, talvez, seja o melhor filme de animação já produzido pela Disney/Pixar: Toy Story 3. Esta continuação, por outro lado, pareceu agradar tanto crítica quanto público, tem apelo comercial (o que é fundamental para se ganhar um Oscar nesta categoria) e não tem um grande concorrente desta vez, como aconteceu com a animação original). Tem chances de vencer: vai saber... (pois é, outro vai saber. Mas esta é uma categoria improvável mesmo. Uma Aventura Lego venceu todos os prêmios anteriores a esse e sequer foi indicada aqui. O mais provável é que fique com a animação mais bem sucedida financeiramente, mas, repetindo, vai saber...). Melhor Fotografia Vai vencer: Birdman (dentre os prêmios de segundo grau, em termos de importância, Fotografia e Montagem se destacam. Boyhood conta com um trabalho realizado durante mais de uma década e depende mais de uma montagem congruente do que de qualquer outro fator para funcionar bem. De tal forma, fica difícil imaginar a vitória de qualquer outra produção em Melhor Montagem, se não o longa dirigido por Richard Linklater. O quê? Eu deveria falar de Melhor Fotografia ao invés de Melhor Montagem. Ok, então. Como a briga da noite será entre Boyhood e Birdman e as duas categorias podem ser decisivas para a manutenção de uma disputa acirrada, o primeiro vai ficar com Montagem (aparentemente de forma merecida) e o segundo vai ficar com Fotografia (que, segundo algumas críticas que li, é excelente mesmo). E viva a (suposta) meritocracia, que em raros os casos, existe). Tem chances de vencer: Invencível (a Academia tende a gostar do trabalho de Roger Deakins, tanto que esta é a 12ª indicação dele, mas nunca o premiou. Será que vão deixá-lo de mãos abanando de novo? Provavelmente, sim (como eu disse, Melhor Fotografia para Birdman acirra a disputa entre ele e Boyhood e a Academia vai sim bater em cima disso). Mas sei lá, né... vai que...). Melhor Montagem Vai vencer: Boyhood (justifiquei o meu palpite sobre a vitória de Boyhood, em Melhor Montagem, na tentativa de defender a possível vitória de Birdman, em Melhor Fotografia... vai entender. Enfim, ctrl + c e ctrl + v, então: “... Boyhood conta com um trabalho realizado durante mais de uma década e depende mais de uma montagem congruente do que de qualquer outro fator para funcionar bem. De tal forma, fica difícil imaginar a vitória de qualquer outra produção em Melhor Montagem, se não o longa dirigido por Richard Linklater...”). Tem chances de vencer: Sniper Americano (e se os votantes quiserem justificar a indicação do longa dirigido por Clint Eastwood (o veterano mais protegido pela Academia, ao lado de Meryl Strip), em Melhor Filme, dando-lhe o prêmio de Melhor Montagem? Não considero essa uma hipótese tão absurda assim, por mais que seria uma tremenda injustiça para com o trabalho de 12 anos arquitetado por Sandra Adair). Melhor Design de Produção Vai vencer: O Grande Hotel Budapeste (pelo pouco que li sobre ela, trata-se de uma produção de grande apelo visual (não no que diz respeito à fotografia, mas sim nos demais quesitos). De tal modo, nada mais conveniente do que fortalecer a sua indicação ao prêmio principal do que dar a O Grande Hotel Budapeste um prêmio nesta categoria de segundo grau, em termos de importância. Em especial se a minha previsão maluca for comprovada e o longa perder Melhor Roteiro Original. Aí leva fácil. Tem chances de vencer: O Jogo da Imitação (os mesmissississississimos motivos que me levaram a apostar em O Grande Hotel Budapeste, em especial se a obra em questão não levar Melhor Roteiro Adaptado. Por outro lado, devemos levar em conta que a minha aposta principal nesta categoria ganhou o Bafta e isso conta sim pontos a seu favor. Bom, pessoal, é isso e... o quê? Não informei quais são as minhas demais apostas? Bom, na verdade, como disse anteriormente, não assisti à nenhuma produção neste ano (shame on me! Ou não... ninguém manda o Cinema ficar nessa pindaíba criativa), então os meus palpites serão meros tiros no escuro. Em todo o caso, vamos lá, vapiti-vupiti (que tosco!), jogo rápido, sem grandes justificativas, baseado somente em outros prêmios e em intuição (leia-se: chute descarado). Melhor Documentário: CitizenFour (ganhou o Bafta e por mais que o Oscar e a premiação britânica não sejam muito compatíveis aqui, vou arriscar em CitizenFour mesmo). Melhor Figurino: O Grande Hotel Budapeste (ganhou o Bafta e deve dominar praticamente todas essas categorias “de apuro visual”, digamos assim). Melhor Maquiagem e Penteado: O Grande Hotel Budapeste (mesmíssimo motivo). Melhor Trilha-Sonora Original: A Teoria de Tudo (se caso O Grande Hotel Budapeste vir a vencer Melhor Roteiro Original – conforme o esperado, mas não conforme eu apostei – mais as duas categorias acima, mais trilha-sonora (que também venceu no Bafta), o longa totalizaria quatro estatuetas. Seria o grande vencedor da noite sem sequer ter vencido uma única premiação dentre as principais categorias. A Teoria de Tudo, por sua vez, justificaria definitivamente o seu hype, caso levasse aqui. E é mais do que óbvio que se Keaton vencer em Melhor Ator, o longa que trata a tragetória de Stephen Hawking leva Trilha-Sonora como prêmio de consolação). Melhor Canção Original: Glory, de Selma (Selma foi indicada ao prêmio principal, mas não levou absolutamente nada, de acordo com os meus palpites (não que meus palpites sejam válidos, mas tudo bem), isso é pouco provável que aconteça e sua “redenção” pode se resumir a Canção Original). Melhores Efeitos Visuais: Guardiões da Galáxia (Interestelar seria uma aposta mais segura, mas raramente o Oscar segue os conceitos do Bafta aqui, Guardiões da Galáxia caiu nas graças do público e da crítica com o seu jeito “novo” e debochado de se fazer filmes de super-heróis (a desgraça que vem assolando Hollywood e me fez desistir do Cinema) e deve receber uma espécie de “incentivo” em forma de estatueta careca dourada, em função disso. Melhor Mixagem de Som: Sniper Americano (eis a chance defitiva de o longa dirigido por Clint Eastwood não sair de mãos abanando. Duvido que a Academia a desperdice). Melhor Edição Sonora: O Hobbit: A Batalha dos Cinco Exércitos (creio eu que a nova trilogia não recebeu um Oscar sequer, não? Talvez essa seja uma boa oportunidade, por mais que O Hobbit, definitivamente, não tenha caído no gosto dos especialistas no assunto. Ademais, é um filme barulhento pra burro, e isso conta muitos pontos aqui). Bom, é isso, pessoal e... o quê? Faltaram os curtas? Ah, mas nesses eu não arrisco nada. Deixa pra lá. Se quiserem negativar pontos contra mim, que fiquem à vontade. Abraços e uma feliz premiação a todos (que Neil-Patrick Harris não permita com que morramos de tédio, né?)!

domingo, 29 de abril de 2012

Os Vingadores - The Avengers

Por Daniel Esteves de Barros.
Avaliação: **** (Ótimo Filme).


Ficha técnica:
Título Original: The Avengers.
Gênero: Ação / Aventura / Ficção Científica.
Tempo de Duração: 142 minutos.
Ano de Lançamento: 2012.
Site Oficial: http://marvel.com/avengers_movie
Países de Origem: Estados Unidos da América.
Direção: Joss Whedon.
Roteiro: Joss Whedon, baseado em obra de Stan Lee.
Elenco: Robert Downey Jr. (Homem de Ferro / Tony Stark), Mark Ruffalo (Bruce Banner / Hulk), Chris Evans (Capitão América / Steve Rogers), Chris Hensworth (Thor), Tom Hiddleston (Loki), Scarlett Johansson (Natasha Romanoff / Viúva Negra), Samuel L. Jackson (Nick Fury), Jeremy Renner (Gavião Arqueiro / Clint Barton), Stellan Skasgard (Dr. Eric Selvig), Clark Gregg (Agent Phil Coulson), Cobie Smulders (Agente Maria Hill), Gwyneth Paltrow (Pepper Potts), Paul Bettany (Jarvis - Voz), Alexis Denisof (O Outro), Tina Benko (Cientista da Nasa), Jerzy Skolimowski (Georgi Luchkov), Kirill Nikiforov (Weaselly Thug), Jeff Wolfe (Tall Thug) M'laah Kaur Singh (Garotinha de Calcutá) e Rashmi Rustagi (Mulher de Calcutá).


Sinopse: Loki (Tom Hiddleston) retorna à Terra enviado pelos chitauri, uma raça alienígena que pretende dominar os humanos. Com a promessa de que será o soberano do planeta, ele rouba o cubo mágico dentro de instalações da S.H.I.E.L.D. e, com isso, adquire grandes poderes. Loki os usa para controlar o dr. Erik Selvig (Stellan Skarsgard) e Clint Barton/Gavião Arqueiro (Jeremy Renner), que passam a trabalhar para ele. No intuito de contê-los, Nick Fury (Samuel L. Jackson) convoca um grupo de pessoas com grandes habilidades, mas que jamais haviam trabalhado juntas: Tony Stark/Homem de Ferro (Robert Downey Jr.), Steve Rogers/Capitão América (Chris Evans), Thor (Chris Hemsworth), Bruce Banner/Hulk (Mark Ruffalo) e Natasha Romanoff/Viúva Negra (Scarlett Johansson). Só que, apesar do grande perigo que a Terra corre, não é tão simples assim conter o ego e os interesses de cada um deles para que possam agir em grupo. (Adoro Cinema).

The Avengers – Trailer:


Crítica:

Os Vingadores” era certamente o blockbuster mais aguardado dos últimos anos. Prova disso foi constatar a total lotação do cinema do Shopping Center daqui de Jahu, um aglomerado de expectadores que eu não via por aqui desde a estréia de “Piratas do Caribe 3…” (“Harry Potter 7.2…” não assisti aqui, mas sim em Bauru, o que me impossibilita de dar pitacos), em 2007, e que, sem sombra de dúvidas, verei novamente quando estrear, ainda neste ano (aos 11 de dezembro, pra ser mais específico), a primeira parte de “O Hobbit”.

Ao contrário da galera fascinada por HQs, porém, eu não me via nessa ânsia toda por “Os Vingadores”. Gostei dos dois “Hulk’s” – tanto o protagonizado pelo Eric Bana, quanto o protagonizado pelo Edward Norton – e gostei mais ainda de “Homem de Ferro 2”, mas não curti nadinha o primeiro “Homem de Ferro” (é, sou do contra mesmo), tampouco “Thor”, que achei extremamente mediano (pra não dizer chatíssimo). “Capitão América” já ganhou uns pontinhos por despir o seu personagem-título daquele ufanismo brega visto nas histórias em quadrinho, mas faltou muito feijão pro filme andar nos trilhos e dizer a que veio realmente, se não pra servir como uma espécie de trailer independente (assim como também aconteceu com “Thor”, só que aquela produção foi muito mais boicotada nesse aspecto) pra este “Os Vingadores”.

Eis que a projeção começa, muda rapidamente o meu pessimismo acima retratado e, logo em seus minutos iniciais, já testemunhamos o emprego de soberbos efeitos visuais que acompanham muita ação de primeira qualidade na destruição integral de um QG da S.H.I.E.L.D. Daí pra frente, os fãs de fitas de ação competentes poderão se deleitar com muitas explosões, pancadarias, super poderes devastadores, exércitos extraterrestres gigantescos, pirotecnia favoravelmente excessiva e muita, mas muita destruição mesmo (o “pega pra capar” em Manhattan tem que entrar pros anais da história do Cinema). Ah, e é claro que toda essa devastação não poderia ser trazida às telonas do mundo todo sem intercalar com um ou outro alívio cômico que, se estão longe de nos fazerem rir como um Groucho Marx ou um John Cleese o fariam (ok, não vamos exagerar também, né?), ao menos arrancam umas boas risadas durante a sessão, em especial as piadinhas do sempre boa praça (novidade, hein?) Homem de Ferro, Tony Stark (“___ Vocês se lembram da passagem bíblica de Jonas e a Baleia?” ou então “___ Venha comigo, Legolas!”).

Mas de nada adianta tanta ação se não tivermos uma direção habilidosa comandando isso tudo por trás das câmeras, concordam? Pois é, e se Joss Whedon não é o novo Jean-Luc Godard (tá, outra analogia exagerada ligando o universo pipoca ao universo cult, totalmente desnecessário, eu sei…), ou sequer “tá se lixando” pra revolucionar as convenções criadas pela linguagem cinematográfica ao longo de seus 97 anos de existência, ele ao menos abdica investir numa condução narrativa neurótica à lá Michael Bay e conta com a montagem eficiente de Paul Rubell para auxiliá-lo na rápida, mas sem frenesi, transição entre as participações solos e, em alguns momentos, grupais do Homem de Ferro, do Hulk, do Capitão América, do Thor, da Viúva Negra (Scarlett Johansson em uniforme de couro todo agarrado… suspiros… suspiros!!!) e do Legolas Gavião Arqueiro.

O grande destaque de Joss Whedon, a meu ver, fica, contudo, por conta dos ângulos que ele cria com a câmera para enquadrar certinho o traseiro da Scarlett Johansson enquanto ela conversa com Loki na prisãodo emprego dos travellings que acompanham a tensão e alternam o primeiro plano entre cada herói que participa de uma apreensiva disputa de egos, iniciada principalmente pelo Homem de Ferro e pelo Capitão América. Bola dentro do roteiro também que, ao menos, despe um pouco os seus “mocinhos” daquele exacerbado senso moralista de utilizar os seus super poderes exclusivamente em prol do bem-estar social, ao invés de se sobrepor à humanidade (e, vamos combinar uma coisa e sermos honestos uns com os outros, se tivéssemos super poderes, agiríamos como a grande maioria dos Watchmen, e não da forma que Os Vingadores e A Liga da Justiça agem). Pelo menos aqui rola uma certa inveja que torna os super-heróis um pouco mais naturais e verossímeis.

Falando em roteiro, aliás, eis aqui o ninho que aconchega as (nem tantas) falhas de “Os Vingadores”. Se temos um segundo ato acima da média e um terceiro ato eletrizante, o primeiro ato peca em larga escala (o que não quer dizer que seja necessariamente um primeiro ato péssimo, é apenas razoável) por conta de sua burocracia, que não permite com que a trama se desenrole com considerável fluidez. Logo, a necessidade que o roteiro cria pra si mesmo de desenvolver uma introdução exageradamente explicativa, produz uma narrativa lenta e cansativa que só levanta vôo após o reencontro de Thor com Loki.

E quando menciono que a narrativa “só levanta vôo após o reencontro de Thor com Loki”, na verdade, tô sendo é muito camarada com Joss Whedon (que, além da direção, assina também o roteiro do longa), pois deixo de lado a briguinha infantilóide envolvendo três dos principais personagens, em uma floresta. Isso sem mencionar no mais importante: o modo como o roteiro, a priori, faz com que Loki seja o vilão mais inofensivo de todos os tempos, levando vários minutos para proporcionar ao filho rebelde de Odin uma postura mais acometida.

No mais, os atores praticamente repetem os seus papéis que encarnaram nas produções anteriores, sendo Downey Jr. carismático até dizer chega, Evans apenas correto, Hemsworth indiferente ao resto da produção, L. Jackson e Hiddleston sempre roubando a cena e Scarlett Johansson gostos… digo… atriz boa… digo… boa atriz (na verdade, atriz meramente passável, ao menos nesta produção). O destaque fica por conta mesmo de Mark Ruffalo, que se encaixa como uma luva no personagem Hulk, já que o seu tom de voz sossegado (e eis aí um dos motivos pelos quais se deve assistir a um filme legendado, e não dublado) e os seus trejeitos de sujeito grandalhão (apesar de o ator ter 1,75m) compõem perfeitamente as respectivas personalidades de Bruce Banner e Hulk.

É, pelo visto, a longa espera por “Os Vingadores”, amargada (ou não?) por vários fãs, valeu muito a pena. Mesmo.

Obs.: Creio que, das produções dentre as quais já assisti e que empregam a tecnologia 3D, “Os Vingadores” é a que faz melhor uso dela, apesar de ainda estarmos a anos-luz de atingir um patamar que me faça parar de encarar o 3D como mera jogatina marqueteira.

Obs. 2 (atualizado em 29 de abril de 2012, às 14h20min): Gostei bastante do uso do 3D em “Os Vingadores”, mas não justifiquei os motivos. Ocorre que, a tecnologia, aqui, não se preocupa necessariamente em ficar arremessando objetos na sua cara com frequência (embora faça isso aqui e acolá, prejudicando uma apreciação completa da obra), e sim em fazer com que alguns personagens, objetos e criaturas passem diante de seus olhos, dando a impressão de estarmos acompanhando o filme de dentro dele.

sábado, 1 de outubro de 2011

Um terço (ou menos... ou mais... ou quem sabe?) da crítica de "A Árvore da Vida"


Levando-se em conta que eu demoro super pra escrever os meus textos, e que hoje é sábado, e que eu já tô bêbado pra burro, e que eu provavelmente ficarei ainda mais bêbado durante o decorrer da noite/madrugada, e que eu poderei entrar num período de ressaca bastante longo, inclusive, postei um pouco (tipo, muito, relativamente falando, mas pra quem costuma escrever 2.500 palavras por texto, é pouco mesmo) da minha crítica de “A Árvore da Vida” aí embaixo. Assim que terminar o resto, completo aqui.

Por Daniel Esteves de Barros.

Crítica:

Mostrando-se altamente filosófico desde o seu princípio, “A Árvore da Vida” logo trata de nos reduzir a nada. Sim, a nada mesmo. “Onde estavas tu, quando eu lançava os fundamentos da terra?” é a frase contundente que abre o filme, realçando-se ainda mais ao ser reproduzida somente sobre uma tela integralmente escurecida. Afinal, quem somos nós pra nos considerarmos os senhores do universo? Quem somos nós pra acharmos que a nova crise do sistema econômico merece ser retratada em duas ou três páginas do jornal nosso de cada dia, enquanto explosões milhares de vezes maior do que o nosso sistema solar inteirinho acarretam na criação de outros novos sistemas? Quem somos nós pra passarmos horas falando sobre a Primavera Árabe (apesar de a grande maioria da população sequer fazer ideia do que seja isso, o que é uma pena), enquanto uma simples, aos olhos da imensidão azul deste nosso planeta, “pedrinha celestial” choca-se e acaba com a farra de uma raça inteira de seres que perduraram milhões de anos a mais do que a nossa própria espécie? Quem somos nós pra querermos “vencer na vida” (seja lá o que for isso), enquanto galáxias inteiras são engolidas por buracos negros em frações de um único segundinho mal contado que seja?

E o modo como Malick, junto de seus demais colaboradores, retrata essa relação de inferioridade humana é, em alguns momentos, digna de se fazer inveja à maestria com a qual Stanley Kubrick “passeia pelo universo” com a sua câmera em “2001 – Uma Odisséia no Espaço” (que afirmo ser “apenas” o meu segundo filme favorito). Filmando o espaço sideral de forma irrepreensivelmente linda, mas sem jamais deixar de realçar a fúria inexorável e irrefreável das transformações estelares, o experiente cineasta (de apenas cinco longas, sendo este “A Árvore da Vida” o melhor de todos) ainda dá as mãos pro quase-oscarizado-compositor (pelo seu belo trabalho no super bom, mas superestimado, “O Discurso do Rei”) Alexandre Desplat e deixa que a trilha-sonora do rapaz (de meia idade) complete aquilo que está sendo divinamente explicitado em tela. E é através das músicas majestosas de Desplat que sentimos que o que nos vai sendo retratado ali, apesar de indiscutível e objetivamente lindo, é o surgimento de uma série de sinfonias confusamente sensoriais que ilustram os mais diversificados sentimentos da forma mais paradoxal o possível, contrastando diretamente a alegria daquele maravilhoso festival de explosões coloridas, com a melancolia de nossa visível incapacidade de reação, diante daquele fenômeno tão naturalmente violento.

Aliás, essa direção voluntariamente ambígua de Malick merece tanta atenção aqui quanto às fotos da Scarlett Johansson – bem à vontade, diga-se – que vazaram pela net na semana retrasada, devendo-se destacar, acima de tudo, a cena da já citada “pedrinha celestial” que põe fim à era dos lagartões com complexo de grandeza. Um diretor mais exagerado, e menos capacitado (e aí, Emmerich?! Beleza?!), é claro, aproveitar-se-ia daquela situação toda pra fazer uma destruição em massa carregada de CGI e, na certa, esgotaria todo o orçamento direcionado ao longa em questão só pra filmar esse disaster movie de uma sequência só. Malick, logicamente, já prefere investir em simbolismos inteligentes e extrair, da sutileza – que não é nada sutil – daquele sublime – que não é nada sublime – momento, uma metáfora para o “nascimento” da espécie humana. Logo, não é difícil de fazermos uma analogia comparando o meteoro que atinge a Terra com um sêmen que atinge um ovário, principalmente se notarmos que, poucos segundos após o ocorrido, nos deparamos com a personagem de Jessica Chastain em período de evoluída gestação (e o solo de violino que acompanha tais cenas até o nascimento do filho do casal, não só é um dos momentos mais arrepiantes de todo o longa, como também parece querer nos sussurrar a todo o instante: “a vida é um milagre, não é nada diante do universo, mas é um milagre”).

Malick destaca-se super também no posicionamento de câmeras. E pode-se dizer que é justamente através de tal posicionamento que o cineasta conta a estória toda sem ter que recorrer a uma trama necessariamente mirabolante, mas marcada por um roteiro recheado de diálogos magistrais (citarei alguns mais para frente). Se a grandeza do universo e a superioridade da natureza são retratadas pelas lentes do diretor através de grandes planos gerais que captam cada mínimo detalhe do ambiente filmado, Malick acerta ainda mais quando filma a família O’Brien, que protagoniza a trama principal (mas nem tão principal assim, se é que me entendem), e achega a câmera deles, fazendo com que a seleção de planos aproximados, primeiros e primeiríssimos planos e, eventualmente, alguns planos detalhes, tornem-nos mais íntimos daquela patota toda, mostrando então que, por mais pífios que sejamos aos olhos do universo, somos nós mesmos que protagonizamos a nossa própria existência, por menor que esta seja.

Claro, a natureza está sempre ali, nos esnobando a todo o instante, mas ainda assim, temos todo o direito de nos colocar à frente de todas as coisas em nossa própria vida. E é justamente nesse ponto que a já citada direção ambígua de Malick atinge o seu momento máximo. Ao mesmo tempo em que o diretor filma os personagens principais com planos fechados, dando total importância a eles, a mixagem de som puxa o tapete da moçada e equaliza os ruídos do cenário de forma desfavorável à raça humana. Notem que, por mais barulhentas que naturalmente seriam as ações dos personagens, os ruídos emitidos pelo vento ou pela água corrente (que, na certa, foram acrescentados pela edição de som) SEMPRE ficam em primeiro plano durante o decorrer da narrativa.

domingo, 25 de setembro de 2011

Da série-que-não-é-bem-uma-série: "caras que fizeram os caras do Nirvana fazer o que fizeram há exatamente um ano e um dia"

Por Daniel Esteves de Barros.


Bom, "Nevermind" vinte aninhos, lindão, maravilha, passou da deprê pós-adolescência pra entrar na deprê pré-adultescênc... digo... pré-adulta. O bebê bonitinho da capa cresceu, virou um caboclo feio pra p*rra (assim como aconteceu comigo, com você (a não ser que você seja uma garota linda e voluptuosa... a propósito, se você for mesmo uma garota linda e voluptuosa, o número de meu celular é... enfim... foco, Daniel! Foco!) e com todo o homem), Kurt Cobain ficou milionário, famoso, casou-se com Courtney Love, foi pai de Frances Bean Cobain e meteu uma bala na própria cabeça, enquanto que Krist Novoselic virou ativista e comentarista político num jornal de certo respeito e Dave Grohl se tornou "só" o frontman de uma banda que é considerada uma das mais importantes do final dos anos '90 e da atualidade, uma tal de Foo Fighters aí... manjam (ah, e o ex-baterista Chad Channing foi... ah, sei lá o que aconteceu com ele)?

Durante os últimos dias (e até mesmo hoje, já que passei a mão no controle remoto agora há pouco, botei na MTV e lá tava o "Nevermind" sendo "homenageado" através de seu líder aloirado engatinhando pra fora do palco do malhado show no Rio, uma das piores apresentações dos caras), muito se falou do então álbum musical mais importante dos anos '90 e do que aconteceu com a moçada que tava envolvida diretamente com ele (a gente (eu nem tanto, pois tinha apenas sete anos, naquela ocasião), que tava envolvido de maneira indireta, acabou se tornando um bando de frustrados, vagabundos, melancólicos e voluntariamente losers, algo que a negada do Nirvana era antes do "Nevermind"). Justo, afinal, ontem, 24 de setembro de 2011, o álbum completou 20 anos... sendo o primeiro aniversário redondo digno e livre pra se comemorar, já que, em 2001, quando o álbum fez exatos 10 anos, a comemoração foi ofuscada um pouquinho (um pouquinho tipo, bastantinho) pelo famigerado "11 de setembro de 2001".

Enfim, tá tudo muito lindo, tá tudo muito belo, tá tudo muito certinho, mas e a galera que inspirou o Nirvana? Como fica? Quando o "Nevermind" estourou, não foi só o conjunto musical mais importante dos últimos 20 anos que estourou. Direta ou indiretamente, voluntaria ou involuntariamente, Kurt & CIA. hypearam ainda mais uma série de bandas indie dos anos '80 que, segundo os próprios caras do Nirvana, influenciaram super nas composições do "Bleach", do "Nevermind" e até mesmo do "In Utero". Tô falando da galera do Dinosaur Jr., do Sonic Youth e, principalmente, dos Pixies (Novoselic afirma até hoje que "Smells Like Teen Spirit" é mais Pixies do que Nirvana, propriamente dito), que ascenderam um pouco com o "Nevermind", atingindo proporções mainstream, e que, depois da febre toda, voltaram um pouqinho à exclusividade da música independente.

Enfim, o "Nevermind" foi merecidíssimamente coroado, mas vou aproveitar a deixa pra postar aqui uns clipes dos maiores inspiradores do Nirvana (além dos Beatles e do Velvet Underground, que inspiraram todo mundo, inclusive os próprios "caras que inspiraram os caras que inspiraram os caras que inspiraram os caras que inspiraram o Nirvana"):

Dinosaur Jr., em Sampa, na Paulista, em plena terça à tarde (!!!!!!!!) e "de grátis": 

 

Dinosaur Jr., no Reading Festival (sim, palco do "eleito melhor show da carreira do Nirvana"): 

 

Pixies - "Here Comes Your Man", lá no Eurockeenes Festival, em Belfort, França:

* Uma das músicas mais hypeadas (se não "a mais hypeada") desta vibe pós-new-wave-pré-grunge, composta pelos maiores inspiradores de Kurt Cobain:

 

Pra dar aquela contrastada esperta com o vídeo acima, "Here Comes Your Man" numa época em que o sucesso dos caras era consideravelmente menor (apesar dos gritos da plateia, que geralmente era formada por um público bem mais alternativo) do que na cola do "Nevermind": 

 

O Sonic Youth, então, nem se fala. Na estrada desde 1981, só foram chamar a atenção da mídia pra valer no começo dos anos 1990, com a clássica "100%" (considerada, por muitos (ou seria só por alguns?), o hino do indie-rock), embalada... adivinhem... pelo sucesso do "Nevermind".

Vamos fazer a distinção da recepção dos caras (e da, ainda guria, Kim) com um vídeo de 1983 (ano em que eu nasci, por sinal) e outro dos tempos do "Nevermind":

Poiters, França, em 1983 (show em um espaço que abrigaria muito bem um circo de quinta categoria):

 

9 anos depois, em pleno Central Park lotado, com direito a alguns gritinhos de histeria, nego dando mosh, Moore literalmente destruindo a guitarra e recebendo aplausos da galera, ao invés de algo mais usual como: "Que é que esse babaca quer pagar pau pro Jimmy Hendrix?", e Kim Gordon já loiraça e gostosa, e tudo mais: 



Fazendo a mesma brincadeira com o Dinosaur Jr., dá uma sacada no espaço apertadérrimo do show dos caras durante o final dos anos '80...

...e no espaço arranjado pela MTV, num show produzido pela mesma emissora, algo que seria raro (pra não dizer humanamente impossível) de se acontecer na era pré-"Nevermind":


Agora dá uma sacada aí embaixo, bem no auge da fama do "Nevermind", toda essa galera tocando rock alternativo no Letterman, pr'alguns milhões de espectadores... e naquela época o Letterman não tocava qualquer hypezinho recém-criado na Inglaterra (sim, tô falando do ótimo Vaccines), não.

Vídeo de época (da época que Letterman e J. Mascis - frontman do Dinosaur - não tinham cabelo branco), a clássica indie "The Wagon" sendo reproduzida no programa noturno estadunidense: 

 

Tem também os Pixies que, dos três, foi sempre o "menos nem-tão-famoso-assim" na era pré-Nirvana. Depois do Nirvana, então, nem se fala no flerte que os caras tiveram com o mainstream

 

E, claro, o Sonic Youth, um dos mais apagados nos anos 1980 e mais glorificados pela mídia no início dos anos 1990. Aqui, o hino noventista que Cobain, Novoselic e Grohl indireta e involuntariamente (ou não) ajudaram a consagrar:



Bom, era mais ou menos isso. Queria pagar de "diferente" mais uma vez e, ao invés de ficar homenageando somente o Nirvana, como tem sido feito na última semana (por coincidência, acabei de ligar a TV e botar na MTV, mais uma vez, e agora estão homenageando o Sonic Youth, com o clipe de "Teenage Riot", e o Dinosaur Jr., com uma versão ao vivo de "Freak Scene", bem  na programação especial dedicada ao Nirvana... acabaram com a minha tentativa de "originalidade"), ou então ilustrar o que mudou na música depois do "Nevermind", preferi mostrar os grupos que colaboraram musicalmente com o segundo álbum oficial da galera mais famosa de Seattle e ressaltar o fato de o disco aniversariante ter retribuído o favor, colocando esse pessoal que, sim, já era muito conhecido no meio alternativo, mas que, até então, mantinha total distância do mainstream e da mídia, de uma forma geral.

Abaixo, dois presentes pra quem aguentou ler isso aqui até o final: show completo dos Pixies, no SWU do ano passado, e do Sonic Youth, em Paris, e que vai botar pra ferver (assim espero) a coisa no SWU deste ano.
Sonic Youth, no Rock em Scéine Festival, em Paris, 27 de agosto de 2004:


Pixies, na primeira edição do Starts With You (vulgo, SWU 2010), em Itu, 11 de outubro de 2010: