segunda-feira, 31 de dezembro de 2007

Feliz Ano Novo

Seria insensível de minha parte encerrar este ano sem nem ao menos postar uma mensagem de “Feliz Ano Novo” ao leitor do “Cine-Phylum”. Mas o problema é que não sou lá muito fã de tais formalismos, afinal de contas, o ano muda e o que mais muda com ele? Nossas vidas mudam drasticamente, para o bem ou para o mal, justamente entre os dias 31 de dezembro e 1° de janeiro? Claro que não, e é justamente por este motivo que o ideal não seria desejar “Feliz Ano Novo”, mas sim, “Feliz Dia Novo”.
Todo dia é um dia diferente, todo dia devemos buscar paz, saúde, prosperidade, realizações e felicidade para nós mesmos. Tendo em vista isso, não seria bem melhor se renovássemos os votos de “Feliz Ano (na realidade, seria “Dia”) Novo” todo dia? É, eu sei, seria extremamente incomodo ficar desejando “Feliz Dia Novo” diariamente a todas as pessoas com as quais convivemos. Talvez, por este motivo, as pessoas simplesmente desejam “Feliz Ano Novo”, como se tal felicitação tivesse prazo de validade durante 365 dias, ou 366 como ocorrerá este ano.
Enfim, sem mais delongas, “Feliz Ano Novo” e “Feliz Dia Novo” aos leitores do “Cine-Phylum”. Que neste novo ano, assim como nestes novos dias que virão, seus sonhos (se é que vocês possuem algum) sejam todos realizados.


Obs.: É escrevendo textos como este que chego à conclusão de que sou sério candidato ao prêmio de pessoa mais chata, pedante, antipática e misantropa da face da Terra.


Ah, antes que eu me esqueça, eis aqui a lista dos filmes a que assisti em 2007. É eu sei, há filmes antigos demais nesta relação. Acontece que achei melhor passar este ano assistindo a mais filmes antigos que recentes, afinal de contas, um cinéfilo deve possuir amplo conhecimento da história cinematográfica antes de sair por aí comentando filmes recém-saídos do estúdio.
Contudo, já deixo informado que em 2008, a partir do mês de março, isto irá mudar. Se este ano, entre cada 10 filmes a que assisti, 9 foram antigos e 1 foi recente, no ano que vem pretendo mudar a estimativa. De cada 10 filmes a que assistir, farei o possível para que 7 sejam recentes e 3 antigos.
Finalizando, mais uma vez almejo a todos um “Feliz Ano 2008 e um “Feliz Dia 1° de janeiro de 2008.



Daniel Esteves de Barros - Editor do “Cine-Phylum


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Crítica - A Primeira Noite de um Homem

Comédias Românticas definitivamente não me atraem. Trata-se de um gênero recheado de piadinhas forçadas e de estereótipos. É a típica “estorinha” (no sentido mais pejorativo o possível da palavra) onde a mocinha ama o mocinho que está envolvido com a vilã “duas caras”, mas no final a vilã é “desmascarada” e mocinho e mocinha vivem felizes para sempre. Uma comédia romântica extremamente diferente destas é esta “A Primeira Noite de um Homem” que, apesar de se aprofundar demais em um romance que não tem tanta importância para o resultado final do filme e de iniciar de maneira muito rápida e artificial o romance que realmente importa, conta com um estudo bem amplo de seus personagens, que são para lá de interessantes, além do excelente senso de humor que possui. Um filme que ficou aquém de minhas expectativas, mas ainda assim, uma obra de Arte.

Título Original: The Graduate
Gênero: Comédia Romântica
Tempo de Duração: 105 minutos
Ano de Lançamento (EUA): 1967
Estúdio: Embassy Pictures Corporation
Distribuição: Embassy Pictures Corporation
Direção: Mike Nichols
Roteiro: Calder Willingham e Buck Henry, baseado em livro de Charles Webb
Produção: Mike Nichols e Lawrence Turman
Música: Dave Grusin e Paul Simon
Direção de Fotografia: Robert Surtees
Desenho de Produção: Richard Sylbert
Figurino: Patricia Zipprodt
Edição: Sam O'Steen
Elenco: Dustin Hoffman (Benjamin Braddock), Katharine Ross (Elaine Robinson), Anne Bancroft (Sra. Robinson), William Daniels (Sr. Braddock), Murray Hamilton (Sr. Hamilton), Elizabeth Wilson (Sra. Braddock), Brian Avery (Carl Smith), Walter Brooke (Sr. McGuire), Norman Fell (Sr. McCleery), Alice Ghostley (Sra. Singleman) e Richard Dreyfuss (Hóspede do hotel).


Sinopse: Após se formar na faculdade, Benjamin Braddock (Dustin Hoffman) retorna para casa. Indeciso quanto ao seu futuro, ele acaba sendo seduzido por uma amiga de meia-idade (Anne Bancroft) de seus pais. Mas na verdade ele está interessado é na filha (Katharine Ross) dela.


The Graduate Trailer


Crítica:


Logo após sair de um avião que acabara de pousar, o lento e desinteressante trajeto realizado por um rapaz através de uma esteira automática é acompanhado pelas magníficas câmeras de “Mike Nichols”. Durante este trajeto, absolutamente nada acontece, a não ser algumas pessoas que passam ao lado do indivíduo cabisbaixo, inexpressivo e cheio de incertezas, sem nem ao menos notarem o sujeito. Aparentemente a cena não tem praticamente nada de interessante, a não ser é claro, a música “The Sound of Silence” e a perfeita direção de “Nichols” conforme já fôra citado. Contudo, é com o passar do tempo que o espectador conclui que tal cena retrata, na realidade, a vida medíocre e insossa do protagonista. Um rapaz cuja existência se resumiu a estudar, consumir bens materiais que não lhe trouxeram nenhuma satisfação pessoal, receber proteção exacerbada por parte dos pais e é claro, conviver em um mundo onde pessoas entram e saem de sua vida, deixando um inconfortável vazio na mesma. São cenas como esta que transformam “A Primeira Noite de um Homem” em uma comédia romântica incrivelmente superior às demais produzidas atualmente. Apesar de não ser um filme perfeito, como é considerado por muitos, o longa brilhantemente dirigido por “Nichols” (uma das melhores e mais revolucionárias direções de todos os tempos, diga-se) apresenta críticas a vários estereótipos encontrados nos anos 60. Temos aqui a retratação de uma sociedade hipócrita onde maridos não dão atenção às esposas por pensarem apenas em negócios, mulheres solitárias que decidem trair seus esposos com a primeira pessoa inocente que aparecer em sua frente e, principalmente, jovens que passam a vida toda sendo pajeados materialmente pelos pais e são lançados ao mercado de trabalho sem ter certeza de nada do que querem. Infelizmente o longa se estende excessivamente ao retratar o inusitado romance do protagonista com a famosíssima Sra. Robinson (Bancroft, sedutora) e inicia de maneira muito artificial o romance entre Ben (Hoffman, perfeito) e Elaine (Ross, linda e meiga).

Avaliação Final: 9,0 na escala de 10,0.

domingo, 30 de dezembro de 2007

Novidades

Sei que este blog é muito novo (possui pouco mais de dois meses de existência), mas senti que algo precisava mudar o quanto antes.
Por mais autoritário, egocêntrico e megalomaníaco que eu seja não me contento em realizar algo com uma visão unilateral. Sim, refiro-me às minhas críticas. Adoro redigi-las, adoro lê-las, adoro postá-las, adoro relê-las, adoro esperar que alguém visite o “blog” e as leia (neste caso, a espera não é tão compensadora, pois um “blog” desta natureza realmente acaba tendo um público, digamos, extremamente seleto).
Contudo, odeio ter de entrar aqui e ver tudo feito por mim, odeio ler apenas “postado por Daniel Esteves de Barros” ao final de cada “post”, odeio ler apenas críticas dizendo o que eu penso ou deixo de pensar sobre um determinado filme. Por mais que o meu sonho sempre seja ser o “dono da verdade” (desde a infância sou assim), não gosto, de maneira nenhuma, ver apenas a minha opinião postada no “Cine-Phylum”.
Foi justamente por este motivo que concluí que seria melhor uma democratização deste “blog”. A fim de evitar um espaço na internet completamente meu resolvi me filiar a dois amigos pessoais (o estranho é que a gente não se conhece pessoalmente, mas tudo bem, considero-os como se fossem meus amigos pessoais) meus e tornar o “Cine-Phylum” mais dinâmico.
Os dois amigos de quem falo são pessoas nas quais deposito total confiança e plenamente que ambos terão capacidade e seriedade o suficiente para transformar o “Cine-Phylum” em um portal mais, digamos, ágil, informativo e democrático.
Decidi então encarregar “Ricardo Bianchetti” e “Radamés Marques” (eis os nomes de ambos) para cumprirem esta “missão”. Tendo ambos como co-editores do “Cine-Phylum” teremos, não apenas críticas cinematográficas, mas comentários sobre o que está acontecendo, ou até mesmo, sobre o que poderá acontecer com o mundo da sétima arte.
Atualmente, muito se especula sobre os prováveis candidatos e vencedores do Globo de Ouro® e do Oscar® e creio que são poucos os cinéfilos amadores que estejam tão por dentro do assunto quanto estes dois supra citados (tanto que ambos passam horas comentando sobre isso no “Orkut” na comunidade do “Cinema em Cena”).
OK, teremos informações, notícias e tudo o mais, mas e quanto às críticas? Continuam ou param?”. Desde que comecei este “blog” o meu propósito sempre foi utilizá-lo como uma ferramenta para saciar o meu “hobby” predileto: assistir e comentar filmes. Justamente por este motivo, as críticas jamais acabarão, ao contrário, virão em dose dupla, ou até mesmo tripla, agora.
Tendo o “Ricardo” e o “Radamés” como co-editores do “Cine-Phylum” a tendência é que as críticas cinematográficas aumentem. Não, não combinei nada desta natureza com ambos, mas estou dando total liberdade a eles para que possam redigir e publicar suas próprias críticas, eliminando assim, a visão unilateral do “blog” conforme consta supra citado.
Mas o formato das resenhas sofrerão alterações?”. Sinceramente, da mesma forma como não combinei nada com ambos a respeito de postagem de críticas, não combinei nada sobre o formato das mesmas. Mas provavelmente deverá ser mantido o mesmo formato a fim de evitar certas desproporções visuais com o “Cine-Phylum”. É claro que não exigirei de ambos que sejam mantidos os padrões de formatação de minhas críticas, que consistem em ter exatas 25 (vinte e cinco) linhas de “Microsoft Word”®. Por outro lado, não seria nada interessante eles postarem uma crítica com mais de 100 (cem) linhas de “Word”®. Enfim, isto é algo a ser combinado.
Por ora, tudo o que eu espero é que cheguemos a um acordo interessante para todas as partes, a fim de que o “Cine-Phylum” venha a se tornar um “blog”, conforme já fôra dito, mais democrático e dinâmico.


Um forte abraço a todos e muitíssimo obrigado.


Daniel Esteves de Barros – Editor do “Cine-Phylum”.


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Crítica - A Felicidade Não Se Compra

Não gostei nem um pouco da atitude que tomei ao mencionar o apenas razoável “Simplesmente Amor” para representar a data natalina no “Cine-phylum”. Não que o longa de “Richard Curtis”, apesar de extremamente falho, deixe de representar bem a época do ano que se propõe retratar, mas há vários outros filmes que o fazem de maneira infinitamente superior. Dentre todos estes filmes, talvez o que se saia melhor em seu objetivo é este formidável “A Felicidade Não Se Compra” que, apesar de ter um ou outro defeito, se mostra uma comédia dramática familiar extremamente cativante e emocionante, ao mesmo tempo em que se mostra despretensiosa.





Título Original: It's a Wonderful Life
Gênero:
Drama
Tempo de Duração:
129 minutos
Ano de Lançamento (EUA):
1946
Estúdio:
RKO Radio Pictures Inc. / Liberty Films
Distribuição:
RKO
Direção:
Frank Capra
Roteiro:
Frances Goodrich, Albert Hackett e Frank Capra, baseado em estória de Philip Van Doren Stern
Produção:
Frank Capra
Música:
Dimitri Tiomkin
Direção de Fotografia:
Joseph F. Biroc e Joseph Walker
Direção de Arte:
Jack Okey
Figurino:
Edward Stevenson
Edição:
William Hornbeck

Elenco: James Stewart (George Bailey), Donna Reed (Mary Hatch Bailey), Lionel Barrymore (Henry F. Potter), Thomas Mitchell (William Bailey), Henry Travers (Clarence Oddbody), Beulah Bondi (Sra. Bailey), Frank Fayden (Ernie Bishop), Ward Bond (Bert), Gloria Grahame (Violet Bick), H.B. Warner (Sr. Gower), Todd Karns (Harry Bailey), Samuel S. Hinds (Peter Bailey) e Sheldon Leonard (Nick).


Sinopse: Em Bedford Falls, no Natal, George Bailey (James Stewart), que sempre ajudou a todos, pensa em se suicidar saltando de uma ponte, em razão das maquinações de Henry Potter (Lionel Barrymore), o homem mais rico da região. Mas tantas pessoas oram por ele que Clarence (Henry Travers), um anjo que espera há 220 anos para ganhar asas, é mandado à Terra, para tentar fazer George mudar de idéia, demonstrando sua importância através de flashbacks.


It's a Wonderful Life Trailer

It's a Wonderful Life Trailer2


Crítica:


Em 1946, quando “Frank Capra” decidiu produzir, dirigir e roteirizar parte deste “A Felicidade Não Se Compra”, muitos cidadãos estadunidenses certamente estavam desesperançosos com o término da Segunda Guerra Mundial. Sim, é fato que os Estados Unidos saíram da guerra vitoriosos, mas certamente aquela nação perdeu muitos de seus filhos e por causa disto, seus cidadãos certamente encontravam-se bastante abatidos. Talvez, por este motivo, “Capra” tenha decidido realizar este filme alegre e otimista que, apesar de simples, não abusa da inteligência de seus espectadores, salvo, é claro, no intróito onde o mesmo aparenta a intenção de se apegar a todos os tipos de clichês do gênero, mas felizmente abandona esta intenção com o passar dos vinte primeiros minutos e em seu final, onde o longa oferece soluções simples para todos os problemas com os quais o protagonista tinha que lidar. Uma lastimável pena o filme contar com tais defeitos, pois de resto ele é absolutamente perfeito, variando desde as atuações de todo o elenco, sobretudo “James Stewart” que realiza uma das melhores atuações masculinas de todos os tempos, até a maneira como “Frank Capra” consegue nos passar uma mensagem de otimismo. Aliás, é justamente o modo como o roteiro (escrito a três mãos, inclusive a de “Capra”) trabalha tal mensagem o grande trunfo do filme. Quem de nós nunca se sentiu mal por não termos saciado nossas ambições juvenis? Quantas vezes não nos surpreendemos pensando: “Seria bem melhor se eu não tivesse nascido” (eu mesmo repito esta frase vinte e duas vezes ao dia)? Entretanto, uma vida é capaz de influenciar, para o bem ou para o mal, a vida de várias outras pessoas. Através deste ótimo filme, “Frank Capra” nos convida para refletirmos que, por mais insignificantes que nós nos consideremos perante a sociedade em que vivemos, são nossas atitudes que moldam a mesma e, de uma certa maneira, são tais atitudes que, voluntária ou involuntariamente, transformam o mundo naquilo que ele é. O longa em questão se revela muito mais do que um ótimo filme, se mostra uma lição de vida.


Avaliação Final: 9,0 na escala de 10,0.


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quarta-feira, 26 de dezembro de 2007

Crítica - Crepúsculo dos Deuses

Dentre todos os clássicos absolutos que “Hollywood” já nos presenteou, este é um dos poucos a que ainda não havia tido a oportunidade de assistir. Contudo, após ter sofrido uma certa pressão de um amigo virtual (não, não é o mesmo que me pressionou a assistir ao excelente “Lavoura Arcaica”) decidi criar vergonha na cara e locar este longa que é, sem sombra de dúvidas, altamente indispensável a todos aqueles que se dizem cinéfilos. Cumprido o meu dever, só tenho a dizer que passei 110 minutos sensacionais na frente da televisão enquanto assistia a este “Crepúsculo dos Deuses” e é claro, o filme é deveras recomendado a todas as pessoas que nutram um pouco (por menor que seja) de interesse pela sétima arte.





Título Original: Sunset Boulevard
Gênero: Drama
Tempo de Duração: 110 minutos
Ano de Lançamento (EUA): 1950
Estúdio: Paramount Pictures
Distribuição: Paramount Pictures
Direção: Billy Wilder
Roteiro: Charles Brackett, D.M. Marshman Jr. e Billy Wilder
Produção: Charles Brackett
Música: Franz Waxman
Direção de Fotografia: John F. Steinz
Direção de Arte: Hans Dreier e John Meehan
Figurino: Edith Head
Edição: Doane Harrison e Arthur P. Schmidt
Elenco: William Holden (Joe Gillis), Gloria Swanson (Norma Desmond), Erich von Stroheim (Max Von Mayerling), Nancy Olson (Betty Schaefer), Fred Clark (Sheldrake), Lloyd Gough (Morino), Jack Webb (Artie Green), Franklyn Farnum (Coveiro), Larry J. Blake (Homem de finanças), Chales Dayton (Homem de finanças), Cecil B. DeMille (Cecil B. DeMille), Buster Keaton (Buster Keaton), H.B. Warner (H.B. Warner) e Ray Evans (Ray Evans).


Sinopse: No início um crime é cometido e uma voz em “off” começa a narrar que tudo começou quando Joe Gillis (William Holden), um roteirista fugindo de representantes de uma financeira que tentava recuperar o carro por falta de pagamento e se refugia em uma decadente mansão, cuja proprietária, Norma Desmond (Gloria Swanson), era uma estrela do cinema mudo. Quando Norma tem conhecimento que Joe é roteirista, contrata-o para revisar o roteiro de Salomé, que marcaria o seu retorno às telas. O roteiro era insuportável, mas o pagamento era bom e ele não tinha o que fazer. No entanto, o que o destino lhe reservava não seria nada agradável.



Sunset Boulevard Trailer



Crítica:


Eu bem que poderia dar início a esta análise cinematográfica afirmando que “Crepúsculo dos Deuses” é um dos filmes mais ousados da história do Cinema (senão o mais ousado) por abordar todo o lado “podre” de “Hollywood” e seus produtores que, após ganharem muito dinheiro à custa de seus roteiristas, diretores e atores, os dispensam a partir do momento em que sentem que estes não lhes são mais capazes de render tantos lucros quanto renderam outrora (aliás, uma nota deveras importante: é no mínimo muito interessante vermos a ousadia do diretor “Billy Wilder” ao escalar “Gloria Swanson” e “Erich von Stroheim” para assumir dois dos papéis principais do longa, sendo que ambos foram, respectivamente, atriz e diretor famosíssimos em sua época e importantíssimos para o desenvolvimento da sétima arte, mas acabaram sendo definitivamente esquecidos pelos produtores “hollywoodianos” durante a chamada “época de ouro do Cinema”), mas a verdade é que o longa aborda muito mais do que isso. É claro que o filme brilhantemente conduzido por “Wilder” visa, acima de tudo, nos transmitir esta mensagem de desprezo do Cinema para com os seus criadores, mas ao utilizar isto como base para minha crítica estaria fazendo o mesmo que muitos outros críticos já fizeram inúmeras vezes. Por este e outros motivos, utilizarei como base para esta análise àquilo a que mais me chamou a atenção: a construção de sua personagem mais interessante: “Norma Desmond”. A sensação que tive enquanto assistia à película era a de que “Desmond”, na verdade, se tratava da versão feminina de “Charles Foster Kane”. Não digo isto partindo apenas da maneira como a mesma é magnificamente desenvolvida pelo roteiro, mas também pela maneira como o mesmo aborda a decadência da ex-estrela, alicerçada à sua ganância, que posteriormente se transformaria em megalomania, mais tarde se transformaria em decepção e, por fim, se transformaria em um eterno vazio que não mais poderia ser preenchido com riquezas materiais. O elenco dá um espetáculo a parte e “Swanson” realiza a melhor atuação feminina da história.


Avaliação Final: 10,0 na escala de 10,0.


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Crítica - Simplesmente Amor

Quando decidi inserir a crítica deste filme no blog o meu intento era aproveitar esta época de Natal (levando-se em conta que o longa se passa justamente nesta época) para comentá-lo por volta do dia 20 de dezembro, assim seria capaz de inserir o blog no espírito natalino. Mas graças à falta de tempo (sim, esta desculpa já virou clichê, mas é extremamente sincera e honesta) só pude publicar esta crítica hoje, no dia de Natal, exatamente quando as pessoas, após cearem e almoçarem, já se preparam para o Ano Novo e esquecem completamente desta data inconveniente que desestrutura a nossa rotina por inteiro. Sem mais delongas, vamos ao que interessa, à crítica deste longa excessivamente açucarado (e digo isto no sentido pejorativo da palavra).





Título Original: Love Actually
Gênero: Comédia Romântica
Tempo de Duração: 134 minutos
Ano de Lançamento (Inglaterra): 2003
Site Oficial: www.loveactually.com
Estúdio: Universal Pictures / Working Title Films / DNA Films
Distribuição: Universal Pictures / UIP
Direção: Richard Curtis
Roteiro: Richard Curtis
Produção: Tim Bevan, Eric Fellner e Duncan Kenworthy
Música: Craig Armstrong
Fotografia: Michael Coulter
Desenho de Produção: Jim Clay
Direção de Arte: Rod McLean e Justin Warburton-Brown
Figurino: Joanna Johnston
Edição: Nick Moore
Elenco: Hugh Grant (Primeiro-Ministro), Colin Firth (Jamie Bennett), Sienna Guillory (Namorada de Jamie), Liam Neeson (Daniel), Lulu Popplewell (Daisy), Emma Thompson (Karen), Kris Marshall (Colin Frissell), Heike Makatsch (Mia), Martin Freeman (John), Joanna Page (Just Judy), Chiwetel Ejiofor (Peter), Andrew Lincoln (Mark), Keira Knightley (Juliet), Nina Sosanya (Annie), Martine McCutcheon (Natalie), Laura Linney (Sarah), Thomas Sangster (Sam), Alan Rickman (Harry), Rodrigo Santoro (Karl), Rowan Atkinson (Rufus), Claudia Schiffer (Carol), Bill Nighy (Billy Mack), Gregor Fisher (Joe), Rory MacGregor (Engenheiro), Carla Vasconcelos (Sophia Barros), Shannon Elizabeth (Harriet), Denise Richards (Carla) e Elisha Cuthbert


Sinopse: O novo Primeiro-Ministro da Inglaterra (Hugh Grant) se apaixona por uma de suas funcionárias, Natalie (Martine McCutcheon). Numa tentativa de curar seu coração, um escritor (Colin Firth) parte para o sul da França e lá acaba se apaixonando. Karen (Emma Thompson) desconfia que Harry (Alan Rickman), seu marido, a está traindo. Juliet (Keira Knightley), que se casou recentemente, desconfia dos olhares e intenções de Mark (Andrew Lincoln), o melhor amigo de seu marido. Sam (Thomas Sangster) tem por objetivo chamar a atenção da garota mais difícil da escola. Sarah (Laura Linney) enfim tem a grande chance de sair com Karl (Rodrigo Santoro), por quem mantém uma paixão silenciosa. Billy Mack (Bill Nighy) busca retomar sua carreira como astro do rock. A vida de todos estes personagens se entrelaçam e são modificadas pela presença do amor em suas vidas.



Love Actually - Trailer

Love Actually - Trailer2


Crítica:


Simplesmente Amor” se auto-intitulou (com toda a falta de modéstia do mundo, diga-se de passagem) “A comédia-romântica definitiva” (esperem só até “Woody Allen” saber disso). Pois de comédia digo que o filme tem muito pouco (salvo uma ou outra piada realmente hilária) e neste caso, analisar-lhe-ei apenas como uma obra cinematográfica de romance. Segundo o diretor “Richard Curtis” o amor está em todo o lugar e inclusive, esteve presente durante os atentados terroristas ao “World Trade Center” em 2001 (sinceramente, acho uma atitude ridícula a de “Curtis” analisar as coisas de uma maneira tão simplória como esta) e é justamente este sentimento que ele faz tanta questão de retratar nesta película. Para isso, o diretor tomou uma decisão extremamente megalomaníaca e criou nove historietas, todas debatendo o sentimento presente no título do filme. O problema é que das nove pequenas estórias inseridas no roteiro, apenas três ou quatro se mostram realmente interessantes e, para agravar ainda mais a situação, as demais historietas acabam atrapalhando o desenvolvimento destas que se revelam necessárias. O longa tem um início bem interessante, diga-se a verdade e consegue cativar o espectador a ponto de fazer com que este tenha a tola ilusão de que não irá assistir a mais uma comédia-romântica qualquer. Contudo, com o término da primeira meia hora de projeção passamos a sentir a dificuldade que “Curtis” tem com o desenvolvimento das estórias em si, fazendo com que as mesmas se tornem maçantes e sem conteúdo, salvo algumas que parecem ter sido trabalhadas com mais carinho pelo diretor e roteirista. Não bastasse tais defeitos, o longa, em sua maioria, ainda caminha para um final extremamente previsível e insosso, além de se perder em alguns momentos demasiadamente piegas. Mas nem tudo se resume a erros neste “Simplesmente Amor”, se por um lado “Curtis” se mostra incompetente na condução das estórias, por outro lado ele se mostra excelente no entrosamento de todo o elenco, fazendo com que todos os atores se saiam muito bem em seus respectivos papéis.



Avaliação Final: 5,0 na escala de 10,0.



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segunda-feira, 24 de dezembro de 2007

Crítica - Lavoura Arcaica

Decidi assistir a este filme principalmente pela recomendação de um amigo virtual meu. Contudo, o meu cotidiano não me dá o privilégio de poder assistir a vários filmes por semana, muito menos a filmes que contém com aproximadamente 170 minutos de duração, tais como este. Para resolver tal problema, esperei chegar às férias, criei coragem e honrei, ainda que extremamente tarde, a dívida que tinha com o meu amigo. Ah sim, o filme... apesar de extremamente longo, “Lavoura Arcaica” conta com um protagonista com o qual me relacionei muito, pois o mesmo, além de utilizar a natureza como forma de escapismo de seu cotidiano enfadonho, gera inúmeras discussões com a família e vive em constante crise existencial (só quero frisar que nunca me apaixonei por nenhuma parente minha, como ocorre neste longa).





Título Original: Lavoura Arcaica
Gênero: Drama
Tempo de Duração: 163 minutos
Ano de Lançamento (Brasil):
2001
Site Oficial: http://www.lavouraarcaica.com.br/
Estúdio: VideoFilmes
Distribuição: Riofilme
Direção: Luiz Fernando Carvalho
Roteiro: Luiz Fernando Carvalho, baseado em livro homônimo escrito por Raduan Nassar.
Produção: Luiz Fernando Carvalho
Música: Marco Antônio Guimarães
Fotografia: Walter Carvalho
Desenho de Produção:
Direção de Arte: Yurika Yamasaki
Figurino: Beth Filipecki
Edição: Luiz Fernando Carvalho
Elenco: Selton Mello (André), Leonardo Medeiros (Pedro), Simone Spoladore (Ana), Raul Cortez (Pai), Juliana Carneiro da Cunha (Mãe), Pablo César Câncio (André Criança), Mônica Nassif, Christiana Kalache, Caio Blat (Lula), Renata Rizek, Leda Samara Antunes e muitos outros.


Sinopse: André (Selton Mello) é um filho desgarrado, que saiu de casa devido à severa lei paterna e o sufocamento da ternura materna. Pedro, seu irmão mais velho, recebe de sua mãe a missão de trazê-lo de volta ao lar. Cedendo aos apelos da mãe e de Pedro, André resolve voltar para a casa dos seus pais, mas irá quebrar definitivamente os alicerces da família ao se apaixonar por sua bela irmã Ana.


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Crítica:


Assim como ocorre no perfeito “Persona” de “Ingmar Bergman” para se compreender o que este sensacional “Lavoura Arcaica” almeja transmitir ao espectador é necessário que o mesmo entenda o porquê de seu título ser este. Lavoura vem a ser uma metáfora ao contato do ser humano com a natureza (aqui, no caso, o desejo sexual principalmente) e Arcaica representa o conservadorismo e o estoicismo em sua forma rígida, embora inocente. Unindo as duas metáforas temos então um estudo sobre ambas as polaridades e o filme utiliza como pano de fundo para isso a entidade familiar. Aqui, temos como protagonistas do longa os membros de uma típica família, cujo pai conservador e a mãe deveras protetora são a razão para que o filho, antes taciturno agora rebelde, abandone o lar, em busca de uma vida que sacie de vez o sentimento mais libertino que um sujeito pode sentir: o incontrolável desejo sexual. O interessante é que, por trás de tantos fortíssimos contrastes, encontramos a direção extremamente sensível e leve de “Luiz Fernando Carvalho”. A propósito, tal sensibilidade e leveza na direção me fez lembrar muito do trabalho de “Stanley Kubrick” no excelente “Barry Lyndon” e aqueles que me conhecem como cinéfilo a um certo tempo sabem muito bem que não há maior elogio que eu possa fazer a uma obra cinematográfica do que compará-la a dois dos melhores trabalhos dentre meus cineastas prediletos: “Bergman” e “Kubrick”. Aliás, já que mencionei “Barry Lyndon”, lembro-me muito bem que ao criticar aquela obra havia mencionado o quão difícil era ter de decidir se a mesma era Poesia em forma de Cinema ou Pintura em forma de Cinema, mas que no final das contas acabei ficando com a segunda opção. Neste longa brasileiro magistralmente protagonizado por “Selton Mello” devo optar pela primeira alternativa, pois o filme em questão é uma verdadeira poesia transportada à Sétima Arte. O longa só não é perfeito pois acaba se estendendo bem mais do que deveria, tornando-se desnecessariamente cansativo (sei que isto é um modo supérfluo de se apontar falhas em um filme, mas foi exatamente o que senti).


Avaliação Final: 9,0 na escala de 10,0.


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domingo, 23 de dezembro de 2007

Crítica - Intolerância

Para muitos, assistir a um filme extremamente antigo que conte com aproximadamente 190 minutos de duração e ainda por cima, mudo, representa uma tortura psicológica da pior espécie. Para um espectador assíduo da Sétima Arte nada mais é do que uma obrigação. Principalmente se tal filme for a segunda maior obra-prima do diretor que revolucionou a linguagem cinematográfica com o cultuado “O Nascimento de Uma Nação” (filme este que se divide entre os que o amam em virtude de seus aspectos técnicos e os que o odeiam em virtude de seus aspectos morais, já que este é um longa deveras racista) e debater um tema extremamente polêmico e passível de diversas interpretações de toda e qualquer natureza: a Intolerância.





Título Original: Intolerance
Gênero: Drama
Tempo de Duração: 197 minutos
Ano de Lançamento (EUA): 1916
Estúdio: Produção Independente
Distribuição: Continental Home Video
Direção: D. W. Griffith
Roteiro: Tod Browning, D. W. Griffith, Anita Loos, Hettie Gray Baker, Mary H. O’Connor, Walt Whitman e Frank E. Woods
Produção: D. W. Griffith
Música: Joseph Carl Breil, Carl Davis e D. W. Griffith
Fotografia: G. W. Bitzer, Karl Brown e James G. Woodbury
Desenho de Produção: D. W. Griffith
Direção de Arte: Walter L. Hall
Figurino: D. W. Griffith, Clare West e R. Ellis Wales
Edição: D. W. Griffith, James Smith e Rose Smith
Elenco: Mae Marsh (The Dear One), Robert Harron (The Boy), Bessie Love (A Noiva de Canaã), George Walsh (Marido de Canaã), Howard Gaye (Cristo e Cardeal Lorraine), William H. Brown (Pai da Noiva de Canaã), Frank Bennett (Charles IX, Rei da França), Josephine Crowell (Catherine de Medice), Maxfield Stanley (Duc d'Anjou), W. E. Lawrence (Henry de Navarre) Mary Alden (Self-Styled Uplifter), Sam de Grasse (Arthur Jenkins), F. A. Turner (The Girl's Father), Vera Lewis (Mary T. Jenkins), Eleanor Washington (Self-Styled Uplifter), Lílian Langdon (Maria, mãe de Cristo), Olga Grey (Maria Madalena), Erich Von Ritzau (Primeiro Fariseu), W. S. Van Dyke (Wedding Guest) e muitíssimos outros.


Sinopse: A intolerância vista e analisada em quatro diferentes estágios da História: na Babilônia, onde uma garota vê-se entre o ódio religioso, levando uma cidade à ruína; na Judéia, onde os hipócritas condenam Jesus Cristo; na Paris de 1572, no Massacre da Noite de São Bartolomeu; e, finalmente, na América, onde reformadores acabam com a vida de um jovem casal.


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Crítica:


Em 1916, quando muitos julgavam o simples fato de gravar os movimentos de seres humanos em uma câmera um milagre (o Cinema tinha apenas 29 anos de existência até então), “D. W. Griffin” era capaz de conduzir batalhas perfeitas dignas de dar inveja a muitos “Peters Jacksons”, “Rydles Scotts” e até mesmo “Davids Leans” e “Williams Wyllers”. Quando muitos julgavam uma atitude ousada dirigir um filme com mais de 100 minutos de duração, “D. W. Griffin” se mostrava capaz de dirigir um filme com aproximadamente 190 minutos de duração. Quando muitos julgavam impossível o fato de narrar paralelamente duas estórias em um mesmo filme, “D. W. Griffin” foi capaz de narrar não apenas duas, mas quatro estórias paralelamente em um mesmo filme. Só estes motivos creio que já fazem de “Intolerância” um filme obrigatório no currículo de todo e qualquer cinéfilo, mas mesmo assim, decidi analisá-lo individualmente, ignorando a importância que o mesmo possui para a sétima arte. "Intolerância", considerado um dos primeiros grandes clássicos da história do Cinema, narra com maestria este desprezível sentimento social em quatro estórias interessantíssimas, cada uma focada em um período diferente. De todas as quatro estórias, a que mais me agradou fôra a que se passa nos dias atuais (atuais para a época do filme) que, além de retratar a intolerância que há entre as castas superiores da sociedade para com as castas inferiores, realiza críticas fascinantes contra a burguesia que, para elevar o seu nome e “status” na sociedade hipócrita em que vivem, fazem caridades tirando dinheiro de seus empregados e até mesmo demitindo-os. Além disso esta estória realiza um perfeito estudo sobre o êxodo rural, a imposição masculina perante o sexo feminino e a discriminação que os ex-moradores do campo passaram a ter nas grandes cidades. Não apenas um dos filmes mais importantes e revolucionários da história do Cinema, como também um perfeito retrato sobre este sentimento autoritário que torna o convívio social cada vez mais difícil de ser realizado com êxito.


Avaliação Final: 10,0 na escala de 10,0.


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quarta-feira, 19 de dezembro de 2007

Crítica - Juventude Transviada

Sou fã incondicional de filmes cujos protagonistas são pessoas subversivas que desafiam todo e qualquer dogma imposto pela sociedade e, apesar deste “Juventude Transviada” estar longe de merecer ser um marco na história do Cinema, o mesmo é, inquestionavelmente, ousado e realista, principalmente nas cenas em que se propõe a retratar a futilidade dos jovens perdidos nas entrelinhas do “American way–of–life” durante os anos 50. Longe de ser tão profundo quanto outros filmes do mesmo estilo, tais como: “Clube da Luta”, “Laranja Mecânica” ou “Easy Rider – Sem Destino”, o longa protagonizado por “James Dean” merece tanto respeito quanto estes, afinal de contas, ele foi a fonte inspiradora deste estilo de filme.





Título Original: Rebel Without a Cause
Gênero: Drama
Tempo de Duração: 111 minutos
Ano de Lançamento (EUA): 1955
Estúdio: Warner Bros.
Distribuição: Warner Bros.
Direção: Nicholas Ray
Roteiro: Stewart Stern, baseado em estória de Nicholas Ray
Produção: David Weisbart
Música: Leonard Rosenman
Fotografia: Ernest Haller
Desenho de Produção: Malcolm C. Bert
Direção de Arte: Malcolm C. Bert
Figurino: Moss Mabry
Edição: William H. Ziegler
Elenco: James Dean (Jim Stark), Natalie Wood (Judy), Sal Mineo (John Crawford), Jim Backus (Frank Stark), Ann Doran (Sra. Stark), Corey Allen (Buzz Gunderson), William Hopper (Pai de Judy), Rochelle Hudson (Mãe de Judy), Dennis Hopper (Goon), Edward Platt (Ray Fremick), Steffi Sidney (Mil), Marietta Candy (Enfermeira) e Frank Mazzola (Crunch).



Sinopse: Jim Stark (James Dean) é um encrenqueiro, que fez os pais se mudarem de uma cidade para outra até se fixarem em Los Angeles, que é preso de madrugada por embriaguez e desordem. No distrito policial está Judy (Natalie Wood), uma jovem que está revoltada com o pai, que a chamou de vagabunda imunda por ter se maquiado. Lá está também um rapaz, John Crawford (Sal Mineo), mais conhecido como Platão, que atirou em alguns cães. Um compreensivo policial entende que Jim recebe em casa apenas um amor superficial dos seus pais, e que Jim nunca aceitou que seu pai seja totalmente submisso à sua mãe. Enquanto Jim espera na delegacia pelos pais, que tiveram de cancelar um compromisso social para tirá-lo da prisão, ele tem um rápido contato com Judy e Platão. Após ser libertado parecia que tudo estava resolvido, mas ao tentar fazer amizade na manhã seguinte com sua jovem vizinha, a própria Judy, cria um desentendimento com Buzz (Corey Allen), que namora Judy e é o líder de uma gangue do colégio. Esta rivalidade vai gerar algumas situações com trágicas conseqüências.



Rebel Without a Cause – Trailer



Crítica:


Uma das características de uma crítica cinematográfica é a coerência dela com o filme e o período em que o mesmo fôra produzido. Este “Juventude Transviada” é um exemplo nato disso. À primeira vista, o longa soa um tanto o quanto simplório e sem atrativos para quem o assiste nos dias de hoje, mas se o analisarmos na época de seu lançamento poderemos notar o porquê do mesmo ter causado tanta polêmica. Afinal de contas, na década de 50 as pessoas não estavam acostumadas a irem ao cinema ver um garoto de aproximadamente 12 anos usar uma arma para matar uma pessoa, ou um grupo de jovens dispostos a roubar automóveis para disputar rachas, ou ainda acompanhar as façanhas de um protagonista politicamente incorreto que gosta de perder o seu tempo brigando e fazendo inimizades voluntariamente. Enfim, não é de se estranhar que peculiaridades deste tipo conseguissem chocar veementemente a mídia e o público em plenos anos 50, onde a grande maioria das pessoas era moralista e filmes como “Laranja Mecânica”, “Easy Rider – Sem Destino” e “Clube da Luta” nem sequer sonhavam em visitar as mentes dos produtores cinematográficos a fim de ganhar a autorização e o financiamento dos mesmos para serem realizados. É justamente por este motivo que, no intróito desta crítica, mencionei a importância de uma análise cinematográfica ser sempre coerente com a data de produção do filme, para que assim possamos evitar certas injustiças, como dizer que “Juventude Transviada” não passa de um filme que retrata a rebeldia dos jovens da maneira mais simplória o possível, coisa que, para a época, não era nada simples. Entretanto, o filme brilhantemente protagonizado por “James Dean” conta com alguns defeitos que, mesmo na década de 50, poderiam ser tomados como fatores para uma avaliação negativa: os famosos clichês, que inundam a tela durante a primeira metade do filme. Mas se por um lado o longa transborda de clichês e estereótipos, por outro lado ele oferece um esboço fantástico da juventude fútil que se perdera nas entrelinhas do “American way–of–life”.



Avaliação Final: 8,0 na escala de 10,0.


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segunda-feira, 17 de dezembro de 2007

Crítica - Mestre dos Mares: O Lado Mais Distante do Mundo

Ler sempre foi um de meus passatempos favoritos na adolescência. Dentre meus autores prediletos estavam “Friedrich Wilhelm Nieztsche”, “Immannuel Kant”, “Leonard Adous Huxley”, “Sir Arthur Conan Doyle”, “Agatha Christie” e também “Patrick O’ Brian”, responsável pela série “Mestre dos Mares”. Série esta que tive a oportunidade de conferir três exemplares, dentre os quais o meu predileto é justamente este “O Lado Mais Distante do Mundo”. Portanto, o caro leitor já deve imaginar o quanto fiquei extasiado ao conferir a transição livro-cinema. Contudo, é uma pena constatar que o filme não obteve uma rentabilidade significante o bastante para incentivar os produtores a realizarem uma continuação. Pior ainda é notar o quanto o filme é subestimado pelo público, apesar de possuir certo respeito da crítica especializada. Enfim, subestimado ou não, considero-o sensacional e o coloco entre os meus 50 filmes prediletos.





Título Original: Master and Commander: The Far Side of the World
Gênero: Aventura
Tempo de Duração: 140 minutos
Ano de Lançamento (EUA):
2003
Site Oficial: masterandcommanderthefarsideoftheworld
Estúdio: 20th Century Fox / Miramax Films / Universal Pictures / Samuel Goldwyn Films
Distribuição: 20th Century Fox Film Corporation / Buena Vista International
Direção: Peter Weir
Roteiro: Peter Weir e John Collee, baseado nos livros de Patrick O'Brian
Produção: Samuel Goldwyn Jr., Duncan Henderson e Peter Weir
Música: Iva Davies, Christopher Gordon e Richard Tognetti
Fotografia: Russell Boyd e Sandi Sissel
Desenho de Produção: William Sandell
Direção de Arte: Bruce Crone e Mark W. Mansbridge
Figurino: Wendy Stites e Kacy Treadway
Edição: Lee Smith
Efeitos Especiais: Asylum VFX / CafeEX / Industrial Light & Magic / Weta Workshop Ltd.
Elenco: Russell Crowe (Capitão Jack Aubrey), Paul Bettany (Dr. Stephen Maturin), James D'Arcy (Tenente Tom Pullings), Edward Woodall (Tenente William Mowett), Chris Larkin (Capitão Howard), Max Pirkis (Blakeney), Jack Randall (Boyle), Max Benitz (Calamy), Lee Ingleby (Hollom), Richard Pates (Williamson), Ian Mercer (Sr. Hollar), Robert Pugh (Sr. Allen), Richard McCabe (Sr. Higgins) e Tony Dolan (Sr. Lamb)


Sinopse: Jack Aubrey (Russell Crowe) é o capitão do H.M.S. Surprise, um dos principais navios de guerra da marinha britânica. Com seu país em guerra contra a França de Napoleão Bonaparte, Aubrey é atacado por um navio inimigo mais poderoso, que fere boa parte de sua tripulação e ainda danifica o navio. Aubrey então se sente dividido entre cumprir seu dever e tentar derrotar o inimigo ou retornar para cuidar dos feridos.


Master and Commander - Trailer

Master and Commander - Trailer 2


Crítica:

É possível realizar um filme de guerra e ser extremamente sutil ao fazê-lo, mas sem perder a capacidade de retratar tudo com a mais perfeita realidade? O fantástico diretor “Peter Weir” apostou que sim e concluiu a sua proposta de maneira quase perfeita. Digo “quase perfeita” pois o longa em questão possui alguns defeitos, tais como uma estória extremamente simples, um final ligeiramente previsível e algumas demonstrações desnecessárias de ufanismo, entretanto, estes defeitos não passam de pequenos riscos que ofuscam ligeiramente o brilho completo de um diamante que fôra quase perfeitamente lapidado. Voltando à proposta de “Weir” em mesclar sutileza com realidade na forma mais crua o possível, o longa consegue de maneira altamente competente retratar as precárias condições de vida que viviam os marinheiros ingleses durante as guerras napoleônicas e ainda assim possuir uma sutileza contagiante. Ao mesmo tempo em que vemos um garoto de aproximadamente 16 anos ter seu braço amputado em circunstância a um grave ferimento de batalha e um médico realizar uma cirurgia cerebral em um paciente utilizando como ferramentas para isso apenas uma colher e uma moeda, vemos duas pessoas discutindo sobre teorias de evolução “darwianas”, dois militares tocando violino e violoncelo com uma perfeição incrível e um cozinheiro preparar de sobremesa um doce com o formato idêntico ao das Ilhas Galápagos. As qualidades do filme, no entanto, não se resumem apenas na direção dinâmica de “Weir” que mescla sutileza e realidade de maneira extremamente natural. Se por um lado o longa conta com uma trama bem simples e previsível, por outro lado o mesmo conta com interessantes subtramas desenvolvidas de maneira brilhante pelo roteiro. O desenvolvimento dos personagens também é realizado de maneira perfeita e o que é mais interessante, é baseado no relacionamento entre eles e não feito de maneira individual, como na maioria dos outros filmes. De resto, as atuações são fantásticas e o casamento entre imagem e trilha-sonora está entre os melhores da história do Cinema.


Avaliação Final: 9,0 na escala de 10,0.


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domingo, 16 de dezembro de 2007

Crítica - Plano 9 do Espaço Sideral

Desde que li a crítica redigida por “Pablo Villaça” no site “Cinema em Cena” sobre o filme “Plano 9 do Espaço Sideral” fiquei roendo minhas unhas de curiosidade para conferir o mesmo. Afinal de contas, não é a todo dia que você tem o dúbio prazer de poder conferir aquele que é considerado pela grande maioria da crítica como sendo o “pior filme de todos os tempos”. Entretanto, confesso que esperava algo bem pior do que tive a oportunidade de conferir e concluí que, apesar de ser um filme visivelmente ruim, “Plano 9 do Espaço Sideral” (aliás, que título bisonho este, diga-se de passagem) foi curiosamente capaz de me divertir e de me cativar até o final do mesmo e confesso que me aborreceu bem menos (para falar a verdade, nem chegou a me aborrecer) que longas como “A Sogra”, “O Chamado 2, “Ace Ventura 2 – Um Maluco na África”, “Mortal Kombat – A Aniquilação”, “George – O Rei da Floresta”, “Jackass – Cara de Pau” e, principalmente, “Street Fighter”, entre muitos (e ponha muitos nisso) outros filmes.





Título Original: Plan 9 from Outer Space
Gênero: Ficção Científica
Tempo de Duração: 79 minutos
Ano de Lançamento (EUA):
1958
Estúdio: Reynolds Pictures, Inc.
Distribuição: Distributors Corporation of America Inc.
Direção: Edward D. Wood Jr.
Roteiro: Edward D. Wood Jr.
Produção: Edward D. Wood Jr.
Música: Bruce Campbell, Wolf Droysen, Trevor Duncan, Franz Mahl, John O'Notes, Van Phillips, Steve Race, Wladimir Selinsky, James Stevens e Gilbert Vinter
Fotografia: William C. Thompson
Figurino: Dick Chaney
Elenco: Gregory Walcott (Capitão Jeff Trent), Mona McKinnon (Paula Trent), Duke Moore (Tenente John Harper), Tom Keene (Coronel Tom Edwards), Carl Anthony (Patrulheiro Larry), Paul Marco (Patrulheiro Kelton), Tor Johnson (Inspetor Daniel Clay), Dudley Manlove (Eros), Joanna Lee (Tanna), Lyle Talbot (General Roberts), David De Mering (Danny), Norma McCarthy (Edith), Bela Lugosi, John Breckinridge e Edward D. Wood Jr.


Sinopse: Após notificarem a descoberta de uma substância no planeta Terra capaz de explodir o Sol e colocar todo o Universo em risco, um grupo de alienígenas decide destruir a raça humana a fim de evitar a tragédia. Para isso, os extraterrestres põem em prática o “Plano 9” que consiste em ressussitar pessoas mortas, transformando-as em “zumbies” e fazendo-as assassinar seres humanos.


Plan 9 from Outer Space - Trailer

Plan 9 from Outer Space - Trailer 2

Plan 9 from Outer Space - Trailer 3


Crítica:


Da mesma forma que comecei minha análise sobre “Cidadão Kane” começo esta aqui. Considero um exagero em larga escala alcunhar este “Plano 9 do Espaço Sideral” como “o pior filme de todos os tempos”. Que o longa é uma porcaria exacerbada, isto não se tenha dúvidas, mas daí a considerá-lo o pior filme de todos os tempos já há um certo exagero por parte da crítica. De qualquer forma, os problemas com o longa já começam com a intenção do “produtor”, “diretor” e “roteirista” (não preciso explicar o uso das aspas, não é mesmo?) “Edward D. Wood Jr.” em realizar um filme de ficção científica mesclado com terror. O problema é que “Wood” nada entende de ficção científica (em certo momento da película vemos um personagem afirmar que um raio de Sol é constituído por vários átomos, provavelmente “Wood” nunca ouviu falar em “fótons”), nada entende de assustar os espectadores (o máximo que ele consegue é nos fazer rir com as cenas em que tenta nos assustar), nada entende de dirigir filmes (em breve comentarei alguns erros grotescos de direção) e, bem, “Wood” praticamente não entende nada de nada. Além de contar com atuações nada convincentes, um roteiro para lá de furado regado por uma estória tremendamente absurda, uma música de fundo composta por, no máximo, seis acordes (alguém se lembra da música de fundo do jogo para “Atari” chamado “Pitfall”?), frases carregadas de pleonasmos e/ou redundâncias (dentre as quais eu cito “Todos têm interesse no futuro, pois eventos futuros como este afetarão nossas vidas no futuro) o longa conta com uma direção que ultrapassa os limites da desídia, contando com tampas de panela simbolizando discos voadores, lápides de cemitério que caem durante as gravações e mudanças bruscas de períodos diários de uma cena para outra (na clássica seqüência onde um zumbi persegue uma das protagonistas do longa, por exemplo, as cenas se alternam mais de cinco vezes entre dia e noite). Em contrapartida, o filme é inexplicavelmente divertido e curioso e nos cativa até o final (este que, por sinal, é um dos desfechos mais previsíveis a que já assisti).


Avaliação Final: 3,0 na escala de 10,0.


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sexta-feira, 7 de dezembro de 2007

Crítica - Rocky, um Lutador

Achei bastante conveniente postar uma crítica deste filme levando em conta as diversas maneiras como o mesmo é encarado por muitos. Grande parte dos cinéfilos o consideram superestimado demais, principalmente após ter faturado o Oscar® do fantástico “Taxi Driver” (que sim, é superior a “Rocky, um Lutador”). A outra parte considera-o uma obra-prima e o eleva a um status cult (não no sentido intelectual da palavra, mas sim no sentido de ser um filme muito cultuado por um determinado grupo de pessoas). Minha opinião se mescla com ambas as partes, considero-o um longa imperdível, mas também considero-o superestimado pelo Oscar®. De qualquer forma, antes todo filme que considero superestimado se saísse tão bem quanto o longa protagonizado por Stallone.




Título Original: Rocky
Gênero: Drama
Tempo de Duração: 120 minutos
Ano de Lançamento (EUA): 1976
Site Oficial: www.toptown.com/hp/crs/rocky
Estúdio: Chartoff-Winkler Productions
Distribuição: United Artists
Direção: John G. Avildsen
Roteiro: Sylvester Stallone
Produção: Robert Chartoff e Irwin Winkler
Música: Bill Conti
Direção de Fotografia: James Crabe
Desenho de Produção: William J. Cassidy
Direção de Arte: James H. Spencer
Figurino: Robert Cambel e Joanne Hutchinson
Edição: Scott Conrad e Richard Halsey
Elenco: Sylvester Stallone (Rocky Balboa), Talia Shire (Adrian), Burt Young (Paulie), Carl Weathers (Apollo Creed), Burgess Meredith (Mickey), Thayer David (Jergens), Joe Spinell (Gazzo), Jimmy Gambina (Mike), Jodi Letizia (Marie) e Bill Baldwin Sr.


Sinopse: Rocky Balboa (Sylvester Stallone), um lutador de boxe medíocre que trabalha como "cobrador" de um agiota, tem a chance de enfrentar Apollo Creed (Carl Weathers), o campeão mundial dos pesos-pesados, que teve a idéia de dar oportunidade a um desconhecido como um golpe publicitário. Mas Rocky decide treinar de modo intensivo, sonhando apenas em terminar a luta sem ter sido nocauteado pelo campeão.



Rocky - Trailer




Crítica:


É muito comum que as pessoas criem um senso comum bastante negativo acerca de “Rocky – Um Lutador” antes mesmo de assistir ao filme em questão. Isto deve-se principalmente a dois fatores. O primeiro deles é o fato deste ser um longa protagonizado por “Sylvester Stallone”, que é um ator levado muito pouco a sério. O segundo fator envolve o fato de que o longa narra a história de um boxeador que precisa vencer uma luta praticamente impossível de ser vencida para se firmar na carreira, fazendo assim com que os espectadores cheguem à conclusão de que a película terá um final previsível e nada inteligente. Quanto ao primeiro fator, digo que mesmo “Sylvester Stallone” sendo um ator “especialista” em protagonizar filmes nada sérios, em “Rocky – Um Lutador” o astro de “Hollywood” faz uma atuação irretocável e repleta de carisma, encarnando seu personagem de maneira incrivelmente madura fazendo com que o mesmo soe real muitas vezes. Quanto ao segundo fator, devo dizer que além de “Rocky” não ser um filme de boxe qualquer, este conta com um roteiro perfeito que prima por conter um final ligeiramente imprevisível e bastante inteligente e ter como atrativo principal o desenvolvimento de personagens complexos. Isto sem contar que ao invés de perder tempo se focando em lutas de boxe, o roteiro opta por fazer um estudo amplo sobre os protagonistas do longa da maneira mais inteligente o possível. Rocky Balboa, por exemplo, é um sujeito bem diferente do estereótipo de lutador de boxe contido nos filmes hollywoodianos, pois o personagem em questão é um sujeito depressivo, melancólico, que não crê na vida e é subestimado por todos a sua volta, mas que ao receber uma oportunidade de se firmar na carreira de boxeador agarra a mesma com unhas e dentes (é impossível não nos emocionarmos com a persistência de Rocky). Outro ponto fortíssimo da película é o romance entre o protagonista do longa e Adrian (“Talia Shire”, minha atriz predileta, em uma atuação magistral) que é desenvolvido da maneira mais inteligente e sutil o possível, sem apelar para clichês e/ou melodramas.



Avaliação Final: 10,0 na escala de 10,0.

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sábado, 1 de dezembro de 2007

Crítica - Os Bons Companheiros

Já fazia algum tempo que eu estava devendo uma crítica a uma obra de meu segundo cineasta favorito, “Martin Scorsese”. Decidi então postar a crítica de “Os Bons Companheiros” que, apesar de não ser o melhor trabalho do diretor (perde feio para “Taxi Driver”) é um longa sensacional e me serviu de ótima inspiração para analisá-lo na época em que redigi a crítica.





Título Original: Goodfellas
Gênero: Drama
Tempo de Duração: 145 minutos
Ano de Lançamento (EUA):
1990
Estúdio: Warner Bros.
Distribuição: Warner Bros.
Direção: Martin Scorsese
Roteiro: Nicholas Pileggi e Martin Scorsese, baseado em livro de Nicholas Pileggi
Produção: Irwin Winkler
Música: Pete Towshend
Direção de Fotografia: Michael Ballhaus
Desenho de Produção: Kristi Zea
Direção de Arte: Maher Ahmad
Figurino: Richard Bruno
Edição: Thelma Schoonmaker e James Y. Kwei
Elenco: Ray Liotta (Henry Hill), Robert De Niro (James Conway), Joe Pesci (Tommy DeVito), Lorraine Bracco (Karen Hill), Paul Sorvino (Paul Cicero), Frank Sivero (Frankie Carbone), Tony Darrow (Sonny Bunz), Frank Vincent (Billy Batts), Chuck Low (Morris Kessler), Frank DiLeo (Tuddy Cicero), Gina Mastrogiacomo (Janice Rossi), Catherine Scorsese (Mãe de Tommy), Charles Scorsese (Vinnie), Illeana Douglas (Rosie), Samuel L. Jackson (Stacks Edwards) e Mike Starr.


Sinopse: Garoto do Brooklyn, Nova York, que sempre sonhou ser gângster, começa sua "carreira" aos 11 anos e se torna protegido de um mafioso em ascensão. Sendo tratado como filho por mais de vinte anos, envolve-se através do tempo em golpes cada vez maiores. Neste período acaba se casando, mas tem uma amante, que visita regularmente. Não consegue ser um membro efetivo, pois seu pai era irlandês, mas no auge do prestígio se envolve com o tráfico de drogas e ganha muito dinheiro, além de participar de grandes roubos, mas seu destino estava traçado, pois estava na mira dos agentes federais.


Goodfellas – Trailer1

Goodfellas – Trailer2



Crítica:


Os Bons Companheiros” é uma das maiores obras-primas de “Martin Scorsese”, este que, como já havia dito anteriormente, é o meu segundo diretor predileto (o meu predileto, como não poderia deixar de ser, é “Stanley Kubrick”). Uma das coisas que mais me impressiona em um filme “Scorsesiano” é a marcante trilha-sonora contida no mesmo. Neste “Os Bons Companheiros”, por exemplo, a trilha-sonora é simplesmente incrível (a melhor já empregada em um filme de “Martin Scorsese” e uma das melhores já empregadas na história do cinema mundial) e diria que esta é uma das maiores qualidades do longa, já que as músicas (todas elas, sem exceção de nenhuma) nos remetem a um delicioso clima de anos 50, 60, 70 e 80. Outro ponto fortíssimo do longa é a fotografia de “Michael Ballhaus” que nos brinda com ambientes fantásticos regados a um clima boêmio espetacular de um modo que apenas “Scorsese” é capaz de criar (assista a “Taxi Driver” e “Depois das Horas” e verá que os filmes “Scorsesianos” primam por sempre nos apresentar a um clima boêmio agradabilíssimo). A edição de “Thelma Schoonmaker e James Y. Kwei” também conta (e muito) pontos a favor do longa, já que esta confere bastante ritmo à película (principalmente no final do filme quando o protagonista Henry Hill tem “um dia de cão”). O retrato cruel e realista do submundo do crime em Nova York nas décadas de 60, 70 e 80 certamente é o segundo ponto mais forte da película, já que “Scorsese” opta (inteligentemente) por retratar o mesmo utilizando não apenas violência física como também violência verbal (preste atenção no ótimo senso de humor negro contido nas cruéis piadas contadas por Tommy – excelentemente bem interpretado por “Joe Pesci”). Mas a maior qualidade do longa é, indiscutivelmente, a estrutura narrativa extremamente detalhista e real (a perfeita atuação e dicção de “Ray Liotta” – intérprete de Henry Hill – também ajuda muito). A película peca apenas por colocar a vida pessoal de Hill em primeiro plano durante alguns momentos da projeção e dar ênfase demais à vida matrimonial deste.



Avaliação Final: 9,0 na escala de 10,0.


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Crítica - Persona: Quando Duas Mulherers Pecam

Após postar a crítica de “O Sétimo Selo”, não pelo fato de ser necessariamente uma de minhas prediletas e sim pelo fato de ter sido uma das que mais me deram trabalho para ser redigidas, decidi postar, sem medo, a crítica do fantástico “Persona”. Faço isso por dois motivos, em primeiro lugar, este é o meu “Bergman” predileto e em segundo lugar, esta foi uma das críticas que mais tive prazer de redigir e creio eu que o resultado fôra bastante compensador, bem mais que a crítica de “O Sétimo Selo”, por exemplo.




Título Original: Persona
Gênero: Drama
Tempo de Duração: 82 minutos
Ano de Lançamento (Suécia): 1966
Estúdio: Svensk Filmindustri
Distribuição: United Artists
Direção: Ingmar Bergman
Roteiro: Ingmar Bergman, baseado em estória de sua autoria
Produção: Ingmar Bergman
Música: Lars Johan Werle
Fotografia: Sven Nykvist
Desenho de Produção: Bibi Lindström
Figurino: Mago
Edição: Ulla Ryghe


Elenco: Liv Ullmann (Elisabeth Vogler), Bibi Andersson (Alma), Margaretha Krook (Lakaren), Gunnar Björnstrand (Sr. Vogler) e Jörgen Lindström (Garoto).


Sinopse: Após um desempenho na peça "Electra", uma famosa atriz, Elisabeth Vogler (LIv Ullmann), pára de falar. Sua psiquiatra, Lakaren (Margaretha Krook), a deixa sob os cuidados de Alma (Bibi Andersson), uma dedicada enfermeira. Como já fazem três meses que Elisabet não profere uma palavra, Lakaren decide que ela deva ser mandada para uma isolada casa de praia, com Alma. Na casa Alma fala pelas duas, pois Elisabet continua muda, comunicando-se apenas com pequenos gestos. Com o convívio Alma fica uma pouco enamorada pela atriz. Num dia conta para Elisabeth sobre uma excitante experiência sexual que teve numa praia, com desconhecidos, e a conseqüência desagradável disto. Pouco depois de fazer esta confidência ela lê uma carta que Elisabeth tinha escrito, onde fica chocada ao descobrir que a atriz pensa nela como um divertido objeto de estudo.


Persona - Trailer


Crítica:


Antes de comentar a obra-prima de “Ingmar Bergman” creio que seja plausível explicar o motivo pelo qual o maior cineasta europeu de todos os tempos intitulou a mesma de tal forma. De acordo com os lingüistas: “Persona” é um termo em latim que significa máscara. Contudo, não se trata de uma máscara qualquer, mas sim da máscara que representou o gênero da comédia teatral durante a Grécia antiga. Apenas isto já bastaria para comprovar o talento e a genialidade de “Bergman”, afinal de contas, o argumento do longa trata de uma atriz que, na frente das câmeras esbanja sorrisos, contudo, por trás das mesmas é uma pessoa irrealizada pessoalmente e detesta seguir os dogmas sociais que lhes são impostos. Técnica e artisticamente o longa em questão é sensacional. Fazendo uso de uma direção ainda mais competente que a mostrada em filmes como “O Sétimo Selo” e “Morangos Silvestres”, “Bergman” nos brinda com tomadas sensacionais e inesquecíveis, dentre as quais destaco a cena onde o rosto das protagonistas se fundem (é claro que isto não ocorre na realidade, mas sim, na imaginação de uma das protagonistas), o início um tanto o quanto inovador e psicodélico, a primeira cena filmada na praia e muitíssimas outras. Em termos de atuação o longa também é magistral: “Bibi Andersson” assume a personagem principal de maneira fantástica transformando a enfermeira “Alda” em uma das personagens mais marcantes do cinema, mas é “Liv Ullmann” quem acaba fazendo da atriz “Elizabet” a figura mais forte do longa devido ao silêncio estarrecedor e as expressões faciais empregadas pela mesma. O roteiro, no entanto, é o ponto máximo do filme. Abordando questões existenciais de maneira fantástica, a obra ainda realiza críticas perfeitas à hipocrisia social, faz um estudo para lá de aprofundado sobre suas duas protagonistas e nos brinda com diálogos, ou melhor, monólogos detalhistas ao extremo sobre algumas experiências passadas pela enfermeira “Alda”. Obra-prima máxima de “Ingmar Bergman”? Levando em conta a sua complexidade, provavelmente sim.


Avaliação Final: 10,0 na escala de 10,0.


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segunda-feira, 26 de novembro de 2007

Crítica - O Sétimo Selo

Aproveitando a pausa que terei de adotar, totalmente contra a minha vontade, em minha rotina de cinéfilo (que consiste em assistir a, no mínimo, dois filmes por fim-de-semana), decidi postar algumas de minhas críticas prediletas e optei por começar com “O Sétimo Selo” do grande gênio do Cinema Existencialista, “Ingmar Bergman”. Talvez esta nem esteja entre minhas críticas prediletas, mas provavelmente foi uma das que mais me deram trabalho para ser redigidas e por este motivo a escolhi:






Título Original: Det Sjunde Inseglet
Gênero: Drama
Tempo de Duração: 100 minutos
Ano de Lançamento (Suécia):
1956
Estúdio: Svensk Filmindustri
Distribuição: Janus Films
Direção: Ingmar Bergman
Roteiro: Ingmar Bergman, baseado em peça de Ingmar Bergman
Produção: Allan Ekelund
Música: Erik Nordgren
Direção de Fotografia: Gunnar Fischer
Desenho de Produção: P.A. Lundgren
Figurino: Manne Lindholm
Edição: Lennart Wallén
Elenco: Max Von Sydow (Antonius Block), Gunnar Björnstrand (Jöns), Bengt Ekerot (Morte), Nils Poppe (Jof), Bibi Andersson (Mia), Inga Gill (Lisa), Maud Hansson (Bruxa), Inga Landgré (Esposa de Antonius Block), Gunnel Lindblom (Garota), Bertil Anderberg (Raval), Anders Ek (Monge), Gunnar Olsson (Pintor da igreja), Erik Strandmark (Jonas Skat) e Åke Fridell.


Sinopse: Após dez anos, um cavaleiro (Max Von Sydow) retorna das Cruzadas e encontra o país devastado pela peste negra. Sua fé em Deus é sensivelmente abalada e enquanto reflete sobre o significado da vida, a Morte (Bengt Ekerot) surge à sua frente querendo levá-lo, pois chegou sua hora. Objetivando ganhar tempo, convida-a para um jogo de xadrez que decidirá se ele parte com a Morte ou não. Tudo depende da sua vitória no jogo e a Morte concorda com o desafio, já que não perde nunca.


Det Sjunde Inseglet - Trailer


Crítica:


Nunca, em toda a minha vida, imaginei criar coragem o bastante para fazer uma crítica sobre “O Sétimo Selo”. Provavelmente isto se deve à complexidade que abrange a obra de uma maneira geral. Filmes como “Persona” (de Ingmar Bergman também) e “2001 – Uma Odisséia no Espaço” (não preciso dizer quem é o cineasta responsável por esta obra-prima, não é mesmo?) são, inquestionavelmente, mais complexos que o longa estrelado por Max Von Sydow (que futuramente viria a fazer papéis para lá de marcantes na história do Cinema, dentre os quais destaco o padre no longa “O Exorcista”), contudo, a pessoa que assistir a qualquer um dos dois filmes supracitados certamente saberá que se trata de obras cinematográficas para lá de complexas e por este motivo são plausíveis de sofrerem uma análise mais apurada. Diferente é este “O Sétimo Selo” que, aos olhos de uma pessoa que não possua o menor senso de visão artística, trata-se de uma obra simplória e com uma estória fácil de ser absorvida e até mesmo concluída. A verdade é que estes indivíduos não são capazes de compreender as inúmeras metáforas incluídas no roteiro. A própria cena em que Antonious Block joga xadrez com a morte (uma das mais memoráveis da história do Cinema, diga-se de passagem) pode parecer desconexa, fantástica em demasia e até mesmo tola para a grande maioria dos que assistirem ao filme, mas a verdade é que poucos são capazes de enxergar o quão filosófica é a mesma, pois esta representa o principal objetivo de vida de um ser humano: enganar a morte o máximo possível para prolongar a vida cada vez mais. Contudo, no “jogo da vida” (aqui representado pelo jogo de xadrez) quem sempre vence é a morte. Bergman também aborda diversas questões existenciais durante o desenrolar do longa, tais como: o propósito (neste caso, o despropósito) do relacionamento amoroso entre o homem e a mulher, a existência de Deus e do Demônio, a ambição humana e muito mais. Infelizmente, o longa, vez ou outra, opta por utilizar um humor completamente bobo e algumas filosofias baratas e desnecessárias.


Avaliação Final: 9,0 na escala de 10,0.