quinta-feira, 3 de janeiro de 2008

Crítica - Rebecca, a mulher inesquecível

Depois de ganhar 10 Oscar® com a obra-prima “...E o Vento Levou”, “David O. Sekznick” fez o que seria a escolha mais certa de sua carreira: trazer “Alfred Hitchcock” para um campo maior de cinema. “Rebecca” foi o filme jogado na mão do diretor, que ele, mesmo sendo um novato no cinema de um país chamado Estados Unidos conseguiu conduzir com uma perfeição extraordinária. O fato é que eu corri atrás desse filme durante meses, consegui encontrar em um golpe de sorte, lá estava “Rebecca”, mofando entre os VHS lá no fundo de uma locadora. Era agora...no início me decepcionei, mas não imaginava que acabaria tendo que mudar minha opinião até o final dessa obra-prima.






Ficha Técnica:
Título Original: Rebecca
Gênero: Suspense
Tempo de Duração: 132 minutos
Ano de Lançamento (EUA): 1940
Estúdio: Selznick International Pictures
Distribuição: United Artists
Direção: Alfred Hitchcock
Roteiro: Robert E. Sherwood e Joan Harrison, baseado em livro de Daphne Du Maurier
Produção: David O. Selznick
Música: Franz Waxman
Direção de Fotografia: Geroge Barnes
Direção de Arte: Lyle R. Wheeler
Edição: Hal C. Kern
Elenco: Laurence Olivier (Geroge Fortescu Maximilian de Winter), Joan Fontaine (2ª Sra. de Winter), George Sanders (Jack Favell), Judith Anderson (Sra. Danvers), Gladys Cooper (Beatrice Lady), Nigel Bruce (Giles Lacy), Reginald Denny (Frank Crawley), C. Aubrey Smith (Coronel Julyan), Florence Bates (Sra. Edythe Van Hopper), Leonard Carey (Ben), Leo G. Carroll (Dr. Baker), Edward Fielding (Frith), Lumsden Hare (Tabbs), Forrester Harvey (Chalcroft) e Philip Winter (Robert).


Sinopse: Uma jovem de origem humilde (Joan Fontaine) se casa com um riquíssimo nobre inglês (Laurence Olivier), que ainda vive atormentado por lembranças de sua falecida esposa. Após o casamento e já morando na mansão do marido, ela vai gradativamente descobrindo surpreendentes segredos sobre o passado dele.


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Crítica:


Rebecca” começa mal, começa em uma Europa em que somos apresentados a dois personagens distintos: um homem rico que atende pelo nome de “DeWinter” (“Olivier”) e uma dama de companhia (“Fontaine”), uma história de amor é desenvolvida, o problema é que “Hitchcock” a desenvolve demais. Os dois atores trocam diálogos constrangedores ao público e contam com atuações teatrais. O filme se afoga em clichê a vai descendo ladeira abaixo e Hitchcock pela primeira vez, decepciona. Engano meu! Depois que passam os 40 minutos desperdiçados pude ver a estratégia de “Hitchcock”, ele simplesmente faz a historinha de casal apaixonado propositalmente, apenas desenvolve os personagens já de início para não precisar perder tempo com isso ao longo do filme. Depois do início “Rebecca” vai ganhando seu sentido. O casal chega em “Maderlay” e a vida de casado começa, mas como viver em uma casa assombrada pelo fantasma da ex-esposa do marido? Tudo naquela casa é da falecida “Rebecca”, tudo lembra àquela mulher, desde fotos e decoração até a equipe de empregados, e é claro a governanta da casa, que faz questão de mostrar a toda hora para a Senhora “DeWinter” (sim,a personagem de “Fontaine” não tem nome na trama, o que mostra ainda mais como ela é desprezível perto da antecessora) o quanto ela não chega nem perto de “Rebecca”. A senhora “DeWinter” além de lutar contra uma mulher que nem mais existe, tenta fazer o possível para quebrar a indiferença do marido, que adivinhem...só pensa em “Rebecca”! O ápice dessa luta chega na desastrosa festa que “DeWinter” faz para a nova mulher. O filme é riquíssimo em todos os aspectos, vai da construção dos personagens, dando um destaque para a governanta, que mostra-se uma personagem extremamente desagradável, aparecendo e desaparecendo de repente dos lugares e caminhando com seu vestido preto até o chão, parecendo um fantasma. A atriz “Judith Anderson” protagoniza vários dos melhores momentos do filme. É certo que “Rebecca” não consegue se livrar da série de coincidências previsíveis que passou em seu início, mas liberta-se dos clichês e vai conduzindo os personagens de maneira brilhante, não investe em estórias paralelas à principal, o filme ainda conta com uma direção de arte incrível, e confesso que desde o “Overlook” em "O Iluminado" não via um cenário tão tenso e assustador. “Hitchcock” inova em seu filme de estréia nos EUA e prova porque é chamado de mestre do suspense. Ele inova uma vez ao manter a trama amarrada em apenas uma reviravolta, ele inova outra vez em fazer um filme em que a grande protagonista não aparece em sequer uma cena, “Hitchcock” fez muitos filmes bons após este, mas superar “Rebecca” ele só conseguiria 14 anos depois com “Janela Indiscreta”.


Avaliação Final: 9,5 na escala de 10,0.


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8 comentários:

R. disse...

aeeeee!!!

Comentários do Ricardo \o/ (agora eu tô querendo ver um do Radamés =P)


Tá bem escrito. Eu só não coloco Rebecca na minha lista porque:

1- Provavelmente não deve existir em Campinas

2- Minha lista tá inflando de modo assustador. Provavelmente não vou dar conta.

Só uma coisinha que me incomoda: não coloquem nome de personagens, diretores, atores e afins entre aspas e em itálico. E os nomes das obras, deixem em itálico. É o padrão =\

*Se não for, por favor, me avisem*

Daniel Esteves de Barros disse...

Rômulo, pelo que eu sei, ao citar nomes próprios, sejam eles de obra, ator, diretor ou seja lá o que for, deve-se utilizar aspas e/ou colocá-los em itálico. Enfim, talvez eu esteja errado, mas pesquisarei mais a respeito e conforme for, isentaremos os nomes de aspas e formatos em itálico.

Quanto à resenha do Ricardo, duas coisas:

1-) Ricardo muitíssimo bem - vindo ao "Cine-Phylum" (é com aspas? :) ). Você não poderia ter iniciado suas atividades de maneira melhor e já digo de cara que esta crítica é uma obra-prima sua. Ficou perfeita.

2-) Peço-lhe perdão por ter alterado o formato de sua crítica, mas tentei adaptá-la aos padrões do "Cine-Phylum". Como você pode notar, não alterei uma única palavra de seu comentário (seria extremamente anti-ético de minha parte), mas mudei o formato da mesma (fonte, espaçamento entre linhas, adicionei uma foto e outras coisas desta natureza, que nada interferiram na parte intelectual de seu trabalho, apenas na parte física).

Ah, quanto ao Radamés, o mesmo disse que iria postar algo sobre "Lavoura Arcaica", só estava esperando eu passar um modelo com os formatos do blog. Rada, caso você leia este comentário, fique a vontade para postar a crítica do jeito que almejar e deixe que eu me preocupe com o formato e as demais características do gênero.

Daniel Esteves de Barros disse...

Bem, quanto à minha opinião sobre o filme... lembro-me que o assisti a muito tempo atrás, mas havia o adorado na ocasião. É um clássico do suspense e um dos melhores "Hitchcocks" (não se zangue Rômulo, em breve iremos averiguar esta questão das aspas) lançados até então. Contudo, o início do longa incomodou muito mais a mim do que o Ricardo, ao que parece. Ao contrário dele, minha nota para o filme seria 8,5, mas precisaria conferir o mesmo novamente para alicerçar tal afirmação.

Ah, Ricardo, mais uma vez, parabéns pela crítica. Particularmente, detesto ver inserido em uma crítica o desenvolvimento da estória de um filme, mas você realizou tal inserção de maneira sensacional, de modo que, se o fizesse de modo diferente, o resultado final de seu texto poderia não ter sido tão convincente quanto foi.

Unknown disse...

êêêê!

Colocarei esse filme na minha lista, que também está imensa, Rômulo.

Nossa, ffquei impresionada como o Ricardo escreve bem (não que o Daniel também não escreva,mas nunca havia visto uma crítica do Ricardo).
Parabéns mesmo pela excelente crítica.

Ah, também quero ver algo do Rada.E vocês me confundiram a respeito do uso ou não de aspas!

Daniel Esteves de Barros disse...

Tá louco hein, invade o blog pra dizer que minha crítica é ruim! heheheheheh brincadeira.

Mas enfim, quando eu lia as críticas do Ricardo na comunidade do Cinema em Cena notava algo de diferente das minhas. Em minhas análises faço o possível e até mesmo o impossível para não citar a estória do filme enquanto regijo sobre o mesmo. Particularmente, detesto este tipo de artifício, prefiro muito mais comentar os aspectos técnicos e, principalmente, filosóficos por trás da obra (repare que em toda minha análise cito que o filme reflete sobre algo, ou crítica algo).
Quanto ao Ricardo, percebi que suas críticas também se preocupam, e muito, em analisar aspectos técnicos e filosóficos ou reflexivos do filme, mas em sua maioria ele decide desenrolar a estória do longa, ligando a mesma aos demais aspectos. O resultado é que acabei gostando bastante deste jeito de redigir dele. Geralmente odeio quando um crítico insere a sinopse ou a estória de um determinado filme na análise do mesmo, mas o Ricardo faz isso de maneira bastante conveniente.
Quanto ao Radamés (que ainda não postou sua crítica), creio que o mesmo relaciona aspectos tanto do meu estilo de crítica quanto do estilo de crítica do Ricardo (pelo menos foi o que percebi quando li algumas resenhas dele), fazendo algo mais, digamos, eclético.
Enfim, aqui, todos os três se completam e é por esta intenção que decidi formar esta equipe.
Estava farto de só ver: "postado por Daniel Esteves de Barros". Estava farto de só ver o meu estilo de crítica, queria ver duas visões diferentes.

Unknown disse...

hahahaha!
Está colocando palavras em minha boca.

Gosto das duas maneiras, desde que sejam bem feitas.O que está sendo feito aqui, por você também, Daniel!

Esperarei pela a do Radamés.

Anônimo disse...

Obrigado Daniel,Juliana e Rômulo,fiz o possível para fazer uma crítica a altura do filme (e dos leitores também hehehehehe)
É Daniel,eu gosto de escrever a crítica escrevendo trechos da estória do filme mesmo!

Quanto as aspas,acho que nome de diretor/ator/personagem não levam aspas não,apenas o no nome da obra

Rada vai escrever sobre 'Lavoura Arcaica'?Ancioso!

Daniel Esteves de Barros disse...

Façamos assim, independentemente das regras da desgraçada ABNT, pararei de colocar aspas em nomes próprios, o mesmo digo do itálico.

Sim, eu havia reparado que você faz isso. Particularmente, não gosto deste tipo de artifício (na verdade, detesto), mas você o faz de maneira conveniente, natural, convincente e não precisa estragar a estória para tal. E é claro que sua crítica ficou à altura do filme e dos leitores em questão.

Em sua homenagem hehehehehe, arrisquei o mesmo artifício em minha análise de "O Poderoso Chefão - Parte II", que postarei daqui a uns 10 minutos.

Sim, Rada vai dissertar sobre "Lavoura Arcaica", estou muito ancioso também!

Abraços aos rapazes, beijos às moças.