terça-feira, 8 de janeiro de 2008

Cine-phylum - A Evolução da Espécie

Pois é, passados mais de dois meses desde a criação do blog decidi efetuar algo que já deveria ter efetuado há muito tempo atrás: a apresentação do mesmo.
A verdade é que até agora eu falei, falei, falei e não falei nada. Não disse de onde surgiu a idéia de construir o Cine-phylum, não disse qual seria o propósito do mesmo, não disse qual seria o maior foco do mesmo, não disse nada sobre mim, enfim, definitivamente, não disse nada que fugisse às críticas de minha autoria.
Comecemos então por este que vos escreve. Desde que me dou por ser vivo e habitante do planeta Terra, nutri algum interesse pelo Cinema vindo, especialmente, de meu pai. Coincidentemente, o progenitor deste sempre estimulou-o a cultivar a Sétima Arte.
Meu pai nasceu e viveu praticamente metade de sua vida em uma cidade bastante pequena do Centro-Oeste paulista. Sempre esteve ligado à natureza, assim como a grande maioria das pessoas daquela época, mas também sempre esteve ligado ao meu avô. Este que, por sua vez, era gerente e bilheteiro do único cinema do município.
Por este motivo, meu pai possuía o privilégio de adentrar a sala do cinema todos os dias e foi através desta certa “vantagem” que ele se apegou veementemente à Sétima Arte.
Desde que dei as caras a este mundo o meu progenitor vem me instigando ao gosto pelas produções cinematográficas. Segundo ele, o primeiro filme a que assisti em um Cinema fôra “Os Trapalhões e o Mágico de Oroz”, quando possuía apenas 2 anos de idade.
No entanto, este incentivo à adoração e devoção à Sétima Arte vem de um ano atrás. De acordo com as memórias de meu pai, o primeiro filme a que assisti foi “Sansão e Dalila” (de 1949 dirigido por ninguém mais ninguém menos que Cecil B. De Mille) quando tinha pouco mais de 1 ano. Até hoje ele se lembra com perfeição de meu entusiasmo enquanto assistia (e torcia, diga-se) à cena onde Sansão demole o Templo de Dagon com a sua incrível força (creio que desde aquela época eu era niilista e a favor da inutilização de templos religiosos).
Minha adoração por Cinema veio a se concretizar em 1990 (tinha 6 anos na época), quando assisti pela primeira vez a “De Volta Para o Futuro – Parte I” (de 1985 dirigido por Robert Zemeckis). Me tornei fã incondicional da série quando assisti ao segundo episódio e mais fã ainda quando tive o prazer de, no mesmo ano em que assisti ao primeiro longa da série, assistir ao terceiro e último episódio da saga de Martin McFly e Doc. Brown.
Desde então, ao mesmo tempo em que demonstrara um amor fora do comum pela Sétima Arte, por incrível que pareça, tive a minha decadência como cinéfilo. Tudo para mim cheirava “De Volta Para o Futuro”, respirava “De Volta Para o Futuro” (para se ter uma idéia, tomava cerca de seis latas de Pepsi dietética por dia, altamente influenciado pelo personagem de Michael J. Fox no filme), minha visão de Cinema se focava apenas em “De Volta Para o Futuro”.
Mas o tempo passou e eu enjoei do filme (como não poderia deixar de ser) a ponto de me tornar mais eclético e me permitir conferir muitas outras produções cinematográficas, a maioria com pouco conteúdo, diga-se a verdade. Passei anos assistindo a filmes que pouco me cativavam, pois a maioria deles eram todos produções fracas do ponto de vista artístico. Tornei-me fã incondicional das produções de Jerry Bruckheimer e filmes como “A Rocha” e “Con-Air” (a propósito, estes dois filmes marcaram muito a minha adolescência quando fui conferi-los no Cinema, assim como “Velocidade Máxima”, “A Outra Face”, “Debi & Lóide”, “007 Contra Goldeneye”, “007 – O Amanhã Nunca Morre” e, acreditem, “Titanic”, que hoje eu simplesmente o considero altamente superestimado) figuravam facilmente em meu “Top 10” (nada contra estes filmes, pois adoro a maioria deles até hoje, mas não são dignos de se figurar na lista de melhores filmes de um cinéfilo). Mas passou-se o tempo e, como era de se esperar, abandonei de vez o meu gosto pelo Cinema, substituindo-o pela Música, Pintura e Literatura, principalmente Filosofia e obras literárias contemporâneas provenientes da Inglaterra.
Dentre os livros contemporâneos ingleses, um de meus favoritos era a grande obra-prima de Tolkien, a trilogia – “O Senhor dos Anéis”. Foi em 2001, quando soube da readaptação desta obra para a Sétima Arte que corri ao cinema mais próximo a fim de conferi-la e o resultado não pôde ser diferente: amei ao filme.
Havia voltado a idolatrar o Cinema mais do que qualquer outra manifestação artística, mas estava disposto a ir além, muito além, de me firmar apenas em “O Senhor dos Anéis”. Em 2003, tive a oportunidade de conferir, aconselhado por um colega de faculdade formado em Artes Cinematográficas pela USP, a grande obra-prima de David Fincher: “Clube da Luta”. Tendo em vista que na época eu era (e ainda sou, mais do que nunca, diga-se) fortemente influenciado pelos ideais “nieztschianos” de niilismo, é óbvio que adorei o filme e decidira, definitivamente, me tornar cinéfilo e voltar a assistir cada vez mais aos mais diversos tipos de filme, a fim de encontrar nestes algo tão sensacional quanto havia encontrado nos longas de Peter Jackson e David Fincher.
Passei praticamente o ano de 2004 inteiro assistindo a produções recentes, mas nenhuma saciava meu prazer artístico de maneira tão brilhante quanto “O Senhor dos Anéis” e “Clube da Luta” o fizera (salvo “Piratas do Caribe – A Maldição do Pérola Negra” que, mesmo sendo demasiadamente comercial, foi um dos longas que mais me incentivou a continuar assistindo a filmes). Foi aí que, em 2005, decidi dar mais ênfase às produções mais antigas, os chamados “Clássicos”. Contudo, para alguém que mora em uma cidade no interior de São Paulo fica difícil ter acesso a filmes antigos. Por este motivo, optei por instalar uma internet com conexão banda larga em minha casa, pois desta forma teria acesso aos filmes que, outrora, não chegavam até mim de outra forma.
Desde então tenho assistido a muitas produções as quais antes não tinha o menor acesso. Obras-primas como “Cidadão Kane”, “Casablanca”, “O Morro dos Ventos Uivantes”, “Laranja Mecânica”, “Amadeus”, “Taxi Driver”, “Um Cão Andaluz”, “Crepúsculo dos Deuses”, “A Primeira Noite de um Homem” e é claro, “O Poderoso Chefão” e “2001 – Uma Odisséia no Espaço”, filmes que, respectivamente, ocupam a 1ª e 2ª posição em meu Top 10.
Foi em meados de 2005, no entanto, que mesclei dois de meus passatempos prediletos, assistir a filmes e escrever (quando possuía cinco anos de idade tinha mania de escrever histórias em quadrinhos) e decidi arriscar algumas críticas cinematográficas de minha autoria.
O tempo passava e cada vez mais escrevia os mais diversos tipos de críticas, em diversos tamanhos e formatos, até que resolvi padronizá-las no formato em que as posto aqui no Cine-phylum (exatas 25 linhas de Word, espaçamento entre linhas: 1,5, entre outras firulas neuróticas e sistemáticas adotadas por mim).
Ah sim, falando no Cine-phylum, ainda não expliquei a que este veio e como veio. Comecemos pelo “como veio”. Em meados de 2006 estava cansado de escrever tais críticas apenas para mim mesmo. Aproveitei que as tinha todas salvas em uma pasta específica de meu computador e passei a publicá-las periodicamente em comunidades do Orkut destinadas a este tipo de atividade. Nunca nutri a menor esperança que as pessoas se interessassem pelas mesmas, mas com o passar do tempo alguns membros de tais comunidades passaram a me procurar. Uns me elogiavam, outros me criticavam, mas na grande maioria das vezes, me procuravam para debater sobre determinado filme.
Entretanto, não restam dúvidas de que o Orkut é bastante limitado e pouco específico para abrigar este tipo de publicação. Decidi então criar um blog que se dedicasse única e exclusivamente a falar de Cinema, principalmente de críticas cinematográficas.
Apoiado por amigos reais e virtuais (dentre os quais cito o Radamés, mais novo colaborador do Cine-phylum) a criar tal blog, decidi por as mãos na massa. Mas como se chamaria tal blog? A palavra “cinéfilo” não saia de minha cabeça, precisava utilizá-la de alguma forma, mas como? Pensei nesta mesma palavra pronunciada em vários idiomas e qual seria o mais interessante para empregá-la? Concluí que seria o latim, pois assim seria plausível realizar um trocadilho com a mesma. Portanto, ficou “Cine-phylum”, estando a palavra “Cine” ligada ao Cinema e “phylum” ligada à filo, palavra muito utilizada nas cadeias evolutivas das mais diversas famílias de animais.
Ficou, portanto, “Cine-phylum – A Evolução da Espécie”. Um título ligeiramente megalomaníaco, a princípio, mas que viria a se tornar bastante condizente com a proposta do blog, ou seja, analisar o Cinema apresentando resenhas de filmes que marcaram o seu início até os dias atuais.
E já que citei a proposta do blog, vale dizer também que um dos intentos do Cine-phylum é valorizar o Cinema como arte. Contando com textos simples, compactos e de fácil leitura, a minha intenção com a criação deste blog sempre fôra instigar ou incentivar os leitores do mesmo a assistir aos filmes que comento (agora, não só eu, como também o Ricardo e o Radamés). Seria uma tentativa de resgatar o antigo Cinema, fazer com que o tempo não destruísse as mesmas, pelo contrário, as conservasse cada vez mais interessantes e importantes para um estudo da arte, ou utilizando o contexto do blog, para a evolução do Cinema, para a evolução da espécie.
Se a proposta dará certo? Isto, somente o tempo irá dizer.


Muitíssimo Obrigado a todos (as) e um fortíssimo abraço.


Daniel Esteves de Barros – Editor do “Cine-phylum”.



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