quinta-feira, 31 de janeiro de 2008

Crítica - Juno

Quando li em um site especializado em Cinema (mais precisamente o Cinema em Cena) que este “Juno” havia sido indicado a quase todas as principais categorias do Oscar deste ano logo, imaginei que o mesmo seria o “Pequena Miss Sunshine” de 2008. Afinal de contas, trata-se de um filme leve e simples, com um senso de humor extremamente descompromissado, personagens extravagantes, aborda temas complexos com singularidade e é claro, é uma obra cinematográfica extremamente redondinha (com o perdão de ter colocado o adjetivo em sua forma diminutiva, mas isto acaba retratando bem o que o filme representa). Enfim, é o típico longa que acaba caindo nas graças dos componentes da Academia de Artes e Ciências Cinematográficas e é indicado ao Oscar. Contudo, ao contrário de “Pequena Miss Sunshine”, considerei “Juno” fascinante e digno de todas as indicações que conseguiu.







Ficha Técnica:
Título Original: Juno
Gênero: Comédia
Tempo de Duração: 96 minutos
Ano de Lançamento (EUA / Canadá / Hungria): 2007
Site Oficial: www.foxsearchlight.com/juno
Estúdio: Fox Searchlight Pictures / Mandate Pictures / Mr. Mudd
Distribuição: Fox Searchlight Pictures
Direção: Jason Reitman
Roteiro: Diablo Cody
Produção: Lianne Halfon, John Malkovich, Mason Novick e Russell Smith
Música: Matt Messina
Fotografia: Eric Steelberg
Desenho de Produção: Steve Saklad
Direção de Arte: Michael Diner e Catherine Schroer
Figurino: Monique Prudhomme
Edição: Dana E. Glauberman
Elenco: Ellen Page (Juno MacGuff), Michael Cera (Paulie Bleeker), Jennifer Garner (Vanessa Loring), Jason Bateman (Mark Loring), Allison Janney (Bren MacGuff), J.K. Simmons (Mac MacGuff), Olivia Thirlby (Leah), Eileen Pedde (Gerta Rauss), Rainn Wilson (Rollo), Daniel Clark (Steve Rendazo), Darla Vandenbossche (Mãe de Bleeker), Aman Johal (Vijay) e Valerie Tian (Su-Chin)




Sinopse: Juno MacGuff (Ellen Page) é uma típica adolescente que toma as rédeas de sua vida de uma forma calma e despreocupada ao embarcar em uma emocionante aventura de nove meses a caminho da vida adulta. Esperta e muito peculiar, Juno tem seu próprio ritmo, mas por trás de seu exterior durão, existe uma garota que simplesmente tenta entender as coisas. Até que uma típica tarde entediante torna-se uma aventura quando ela decide transar com o charmoso e discreto Bleeker. Quando descobre que ficou grávida, Juno bola um plano para encontrar os pais perfeitos para o futuro bebê.



Juno - Trailer



Crítica:



A pessoa que ler a sinopse deste ótimo “Juno”, antes de conferir o mesmo, certamente imaginará que o longa irá abordar profundamente o tema “gravidez na adolescência”. Sim, o filme realmente aborda esta questão polêmica e atual, mas infelizmente não o realiza de maneira tão aprofundada como deveria realizar. É claro que, ao conferir esta cativante obra, o espectador verá algumas das dificuldades sociais, psicológicas e físicas pelas quais a protagonista terá de passar durante o período de gestação e, inclusive, há um diálogo entre esta e a provável futura mãe adotiva de seu filho que ilustra bem tal situação: “___ Você sabe, as pessoas encaram a gravidez em minha idade como sendo uma doença!”. Falando em diálogos inteligentes, afiados e ilustrativos, esta ótima comédia é recheada deles, tanto que por várias vezes lembrei-me dos filmes dirigidos por Woody Allen no final da década de 70 (e, sinceramente, não vejo como realizar um comentário mais favorável a uma obra deste gênero do que compará-la a um filme de Allen que, coincidentemente, é citado nesta obra). Outro ponto do longa que me fez lembrar os filmes de Allen é a composição de sua protagonista. Juno é uma típica adolescente neurótica, rabugenta, insegura (só para citar outro ótimo diálogo inserido no roteiro: “___ Não sei que tipo de garota eu sou!”) e irresponsável e a atuação de Ellen Page (que, adivinhem só, me remeteu a imagem de um Woody Allen mirim feminino) torna a protagonista ainda mais natural e cativante do que ela já é. E falando em Ellen Page, a atriz é a alma do filme. Que atuação! Que garota cativante! Page atuando é um colírio para os olhos! Page falando é música para os ouvidos! Falando a curto e grosso modo: Page é impagável! A leveza e a sutileza adotada pelo longa ao abordar um tema tão polêmico também é digna de aplausos, assim como sua fascinante trilha-sonora. Infelizmente, tal sutileza acaba sendo quebrada pelas diversas palavras de baixo calão desnecessariamente inseridas no roteiro e o seu final previsível também não é nada interessante. Ainda assim, uma “comédia teenage” atual e inteligente como poucas.



Avaliação Final: 8,5 na escala de 10,0




P.S.: Não adianta, Juno me cativou e por mais que eu tente, não consigo deixar de aumentar a nota do mesmo, nem que seja um mísero meio ponto. Portanto, onde se lia: Avaliação Final: 8,0 na escala de 10,0”, agora lê-se: Avaliação Final: 8,5 na escala de 10,0”.




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6 comentários:

Jovita disse...

Pensei que você ia dar uma nota maior, tipo 9.0, já que tinha gostado tanto...

Daniel Esteves de Barros disse...

Estou pensando em atribuir 8,5 ao filme, talvez retifique minha nota.
Enfim, o filme é fantástico, não se tenha dúvidas, mas conta com defeitos visiveis, portanto, decidi fazer justiça e conferir apenas 8,0 ao mesmo.

Ricardo Bianchetti disse...

Sabe que acho que esse filme vai ser a grande surpresa do Oscar,não acredito na vitória de "Conduta de Risco" e nem de "Sangue Negro",cada um por seu motivo e "Desejo e Reparação" foi prejudicado por não ter a indicação de melhor diretor. O óbvio seria dar o prêmio a "Onde os Fracos não têm vez",mas como o Oscar gosta de surpreender

Daniel Esteves de Barros disse...

Duvido muito que "Juno" fature o Oscar. A Academia parece mais estar a fim de premiar um western contemporâneo, sendo assim, creio que o prêmio irá ou para "Onde os Fracos Não Têm Vez" ou para "Sangue Negro".

Ricardo Bianchetti disse...

Não se esqueça de "Crash" passando por cima da unânimidade que cercava "Brockback Mountain" em 2006.A Academia vem proucurando fugir do óbvio nos últimos anos e "Juno" é um filme que está crescend aos olhos da crítica,juntando ao fato que provavelmente vencerá a categoria de Melhor Roteiro Original

"Onde os Fracos não têm Vez" poderá ganhar,mas como segunda opção acho que será"Juno"

Daniel Esteves de Barros disse...

Ricardo, não se esqueça que "Crash" era um filme que tinha como principal discussão o preconceito predominante em Los Angeles e é claro, a Academia adorou premiar um longa que fale (mesmo que fale mal) de sua cidade de origem.

"Onde os Fracos Não Têm Vez" e "Sangue Negro" têm dois pontos a seu favor. 1°: ambos são westerns e a Academia adora filmes deste gênero. Tendo em vista que pouquíssimos westerns decentes têm sido produzidos recentemente, o Oscar certamente não deixará passar batido desta vez estes dois exemplares que cativaram os votantes. 2°: ambos são trabalhos de dois diretores que já foram indicados ao prêmio principal várias vezes e, mais do que fugir do óbvio, a Academia aparenta estar mais preocupada em premiar diretores injustiçados no passado, como foi o caso de Scorsese em 2007.

Enfim, concordo que "Juno" vencerá a categoria de Melhor Roteiro Original, afinal de contas, a Academia (assim como eu) tem verdadeira paixão por filmes que abordam temas polêmicos com sutileza (vide "Pequena Miss Sunshine" que no ano passado faturou Melhor Roteiro Original principalmente por este motivo. Quer um exemplo mais clássico? "Noivo Neurótico, Noiva Nervosa" em 1978).