sábado, 5 de janeiro de 2008

Crítica - O Poderoso Chefão - Parte II

Após ler a crítica de Ricardo sobre “Rebecca, a Mulher Inesquecível”, resolvi arriscar em algo que não estou nem um pouco acostumado e adotar um aspecto comum em sua crítica: a inserção da estória, ou melhor, da sinopse do filme na análise. Se ficou bom, não sei, mas que tentei, tentei. Outra coisa que gostaria de comentar antes de dar início à análise de “O Poderoso Chefão – Parte II” é sobre o filme em si. Quando o assisti pela primeira vez, confesso ter me decepcionado, pois esperava algo tão majestoso quanto o episódio original da saga. Contudo, a primeira vez que o assisti foi em uma madrugada de sexta–feira para sábado e, cá entre nós, é deveras difícil analisar todos os aspectos de uma obra em um horário destes. Minha opinião mudou veemente quando o assisti pela 2ª vez em um domingo à tarde, logo após o almoço. De lá para cá, todas as vezes que o assisto (foram 12, ao todo) só chego à uma única conclusão, o longa é perfeito (apesar de não ser tão majestoso quanto o longa original).





Ficha Técnica:
Título Original: The Godfather: Part II
Gênero: Drama
Tempo de Duração: 200 minutos
Ano de Lançamento (EUA):
1974
Estúdio: Paramount Pictures / The Coppola Company
Distribuição: Paramount Pictures
Direção: Francis Ford Coppola
Roteiro: Mario Puzo e Francis Ford Coppola, baseado em livro de Mario Puzo
Produção: Francis Ford Coppola
Música: Nino Rota e Carmine Coppola
Direção de Fotografia: Gordon Willis
Desenho de Produção: Dean Tavoularis
Direção de Arte: Angelo P. Graham
Figurino: Theadora Van Runkle
Edição: Barry Malkin, Richard Marks e Peter Zinner
Elenco: Al Pacino (Don Michael Corleone), Robert De Niro (Vito Corleone - jovem), Diane Keaton (Kay Adams), Robert Duvall (Tom Hagen), John Cazale (Fredo Corleone), Talia Shire (Connie Corleone Rizzi), Lee Strasberg (Hyman Roth), Michael V. Gazzo (Frankie Pentangeli), G.D. Spradlin (Senador Pat Geary), Richard Bright (Al Neri), Gastone Moschin (Don Fanucci), Tom Rosqui (Rocco Lampone), Bruno Kirby (Jovem Clemenza), Frank Sivero (Genco), Francesca De Sapio (Jovem Carmella "Mama" Corleone), Morgana King (Mama Corleone), Marianna Hill (Deanna Corleone), Dominic Chianese (Johnny Ola), John Aprea (Jovem Tessio), Abe Vigoda (Tessio), Gianni Russo (Carlo), Giuseppe Silato (Don Francesco), Mario Cotone (Don Tommasino), Harry Dean Stanton (Policial do FBI), Danny Aiello (Tony Rosato), James Caan (Sonny Corleone), Roman Coppola (Jovem Sonny Corleone) e Sofia Coppola (Criança no barco na cena na Estátua da Liberdade).


Sinopse: Início do século XX. Após a máfia local matar sua família, o jovem Vito (Robert De Niro) foge da sua cidade na Sicília e vai para a América. Já adulto em Little Italy, Vito luta para ganhar a vida (legal ou ilegalmente) e manter sua esposa e filhos. Ele luta contra Black Hand Fanucci (Gastone Moschin), que exigia dos comerciantes uma parte dos seus ganhos. O poderio de Vito cresce muito, mas sua família (passado e presente) é o que mais importa para ele. Um legado de família que vai até os enormes negócios que nos anos 50' são controlados pelo caçula, Michael Corleone (Al Pacino). Agora baseado em Lago Tahoe, Michael planeja fazer por qualquer meio necessário incursões em Las Vegas e Havana instalando negócios ligados ao lazer, mas descobre que alguns de seus aliados estão tentando matá-lo. Crescentemente paranóico, Michael também descobre que sua ambição acabou com seu casamento com Kay (Diane Keaton) e aos poucos, está destruindo toda a família. Enquanto tenta se inocentar de uma acusação federal, Michael concentra sua atenção para lidar com os inimigos.


The Godfather – Part II Trailer



Crítica:



Mesmo não sendo uma obra tão inesquecível e cativante quanto a primeira, esta segunda parte da trilogia – “O Poderoso Chefão” possui uma história infinitamente mais complexa, madura e bem desenvolvida que a do primeiro filme. Em primeiro plano temos a continuação da saga de “Michael Corleone” que, após escapar ileso de um atentado planejado contra ele por um de seus inimigos, decide investigar quem seria o suposto mandante do homicídio. Apesar de não conter seqüências de ação, a estória “prende” o espectador pela maneira como vai sendo desenvolvida com o desenrolar do filme e pelo clima de mistério que esta confere ao mesmo (durante várias vezes flagrei-me perguntando: “Quem almeja matar quem e por qual motivo?”). Outro ponto forte desta estória é o fato dela retratar (ainda que seja apenas de soslaio) a Revolução Cubana que colocou Fidel Castro no poder. Em segundo plano temos a saga de “Vito Andolini” que, após ter os pais e o único irmão assassinados, foge de sua terra natal (“Corleone”) e ruma para “Nova York”, onde tem o nome alterado para “Vito Corleone”. Passam-se vários anos e “Vito” entra em conflito com “Don Fanucci” (um mafioso cruel que extorquia dinheiro dos comerciantes italianos residentes em Nova York”). O rapaz decide então eliminar o seu desafeto e, após isso, se reúne a alguns amigos dando inicio à sua vida no submundo do crime. A estória de “Vito” pode não ser tão complexa quanto a de “Michael”, mas ainda assim ela é bem desenvolvida, conferindo um forte clima italiano e uma dose extra de beleza e magia ao filme (assim como acontece com o seu antecessor). Outro grande destaque do longa é a montagem deste que alterna magistralmente entre a história do “passado” e a do “presente” fazendo com que ambas não fiquem cansativas e/ou confusas em momento algum. As atuações estão todas ótimas (“Al Pacino” está extremamente inexpressivo, mas devemos levar em conta que o seu personagem é um homem sério e sisudo e isso faz com que o ator necessite realizar uma atuação inexpressiva, apesar de ele mudar o tom de voz perfeitamente sempre que necessário).


Avaliação Final: 10,0 na escala de 10,0.


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4 comentários:

R. disse...

Daniel, teu texto tá ótimo. Só uma curiosidade: Al Pacino tá inexpressivo? Pelo que você mesmo escreveu (“Al Pacino” está extremamente inexpressivo, mas devemos levar em conta que o seu personagem é um homem sério e sisudo e isso faz com que o ator necessite realizar uma atuação inexpressiva, apesar de ele mudar o tom de voz perfeitamente sempre que necessário), me parece que o próprio papel pede do ator uma coisa mais mínima...

Ricardo Bianchetti disse...

Al Pacino faz um homem frio,quase um monstro para alguns,lembro-me que um amigo meu,após assistir disse que Michael era um filha da puta (não concordo com isso,mas Michael da razão para tal afirmação)

Gosto muito da história de Vito Corleone
Seu texto ficou realmente ótimo,considero Godfather II um filme extremamente difícil de resenhar e você o fez com brilhantismo

Daniel Esteves de Barros disse...

Exato, Rômulo. O próprio papel exige isso dele, mas lembre-se que antes dos paranteses comentei: "As atuações estão todas ótimas".
Contudo, o que vem a ser uma atuação ótima? A princípio pensamos: uma atuação onde o responsável pela mesma ilustre diversas expressões conforme o necessário, ou então uma atuação repleta de carisma.
A atuação de Pacino é inexpressiva e não conta com o menor carisma por parte do ator (ele é um "monstro" como o próprio Ricardo supra citou), sendo assim, como posso afirmar que a mesma é ótima? Estaria eu louco? De jeito nenhum, Pacino é inexpressivo e sem carisma porque o papel exige isso dele. Se o ator o fizesse de outra maneira, soaria algo estranho.
Entretanto, uma pessoa, por mais inexpressiva e desprovida de carisma que seja, certamente altera o seu tom de voz conforme o seu humor. E é justamente isto que ocorre com a atuação de Al Pacino, pois o ator, por incrível que pareça, consegue transformar uma atuação inexpressiva e sem carisma em algo sensacional, principalmente pelo seu tom de voz extremamente adequado, quando Michael encontra-se pacato e racional, sua voz sai de uma maneira, quando altera o seu humor, sua voz sai de uma outra maneira completamente diferente.

Daniel Esteves de Barros disse...

Ricardo, Michael não é literalmente um filho da puta (ao menos o roteiro não nos insinua nada disso hehehehe), mas tornou-se um crápula devido à sua ambição, à sua ganância. Ele era um fruto de seu sistema.

Sabe que a primeira vez a que assisti a este longa, havia considerado a estória de Vito a melhor característica do filme, entretanto, não gostei nem um pouco da estória de Michael. Foi quando o assisti pela segunda vez que notei que a estória de Michael é quase tão sensacional quanto a de Vito. Se por um lado a segunda é muito mais cativante, bela e majestosa, por outro lado a primeira é muito mais complexa e indispensável à trilogia.

Quanto à crítica, não a achei tão brilhante assim, mas gostei muito da mesma. Lembro-me de que foi uma das primeiras que redigi (em junho de 2005, salvo engano) e quando assisti ao filme pela última vez (ontém à noite) decidi alterar alguma coisa dela e postar aqui no "Cine-Phylum".

De qualquer forma, agradeço muitíssimo a ambos pelos elogios.

Forte abraço.