quarta-feira, 23 de janeiro de 2008

Crítica - O Gangster

Ridley Scott sempre foi, ao menos para mim, sinônimo de diretor irregular. Começou a carreira de diretor muito bem com os interessantes “Os Duelistas” e “Alien – O Oitavo Passageiro” e o ótimo “Blade Runner – O Caçador de Andróides”, mas errou a mão em “Perigo na Noite” e “Chuva Negra”, duas produções que, por pouco, não relegaram sua carreira ao anonimato. Scott decidiu investir então em “Thelma & Louise”, um filme simples, mas de roteiro inteligente. Inteligente o bastante para que ele recuperasse a sua credibilidade. Um ano mais tarde Scott arrisca mais uma vez e erra a mão com uma superprodução que conta com alguns defeitos imperdoáveis. Me refiro a “1492 – A Conquista do Paraíso”, um bom filme, mas falho em alguns aspectos. Foi quando atingiu o seu ápice com “Gladiador”, um filme apenas bom, mas que caiu nas graças dos críticos de todo o mundo. De lá para cá o diretor passou a investir em produções que não lhe apresentaram nada ao currículo, salvo “Falcão Negro em Perigo” e “Cruzada” que foram bem nas bilheterias, mas ambos acabaram sendo esquecidos com o tempo. Eis que surge este “O Gangster”, seu melhor filme em muitos anos e que provavelmente irá marcar época, chegando a ser lembrado mesmo com o passar dos anos.






Ficha Técnica: em andamento


Sinopse: O empresário negro Frank Lucas assume o controle do jogo na Nova York corrupta do início dos anos 70, aproveitando a morte repentina do chefe para construir seu próprio império, inundando as ruas de Nova York com um produto mais puro e barato. Lucas supera importantes grupos criminais e torna-se um dos maiores bandidos – e astros – da cidade. Mas, quando o implacável policial Richie Roberts sente que o controle do tráfico de drogas mudou de mãos, os destinos desses dois homens vivendo em lados diferentes do “sonho americano” acabam interligados, mudando também o futuro de toda uma geração da cidade de Nova York.



American Gangster Trailer

American Gangster Trailer 2



Crítica:



Há algum tempo atrás (uns dois anos aproximadamente) redigi uma crítica de “Os Intocáveis” de Brian De Palma e apontei como principal falha do mesmo o fato deste abordar em primeiro plano o lado, digamos, correto da lei. Tal atitude fizera com que o filme perdesse muito de sua credibilidade, sendo pouco ousado e original. Contudo a obra de De Palma possuía cenas marcantes e inteligentíssimas, dentre as quais cito respectivamente o tiroteio na estação ferroviária e o julgamento de Al Capone. Muito diferente é este “O Gangster” que, felizmente, dá preferência ao desenvolvimento da estória tomando por base o lado avesso à lei. No entanto é lamentável que o longa, brilhantemente dirigido por Ridley Scott (apesar de o diretor apresentar pouquíssima inovação, sua direção é muito boa), não possua nenhuma cena tão marcante quanto o tiroteio na estação ferroviária e/ou tão inteligente quanto o julgamento de Al Capone. Mas isto em momento algum o faz inferior a “Os Intocáveis”. O filme de Scott se mostra forte, ousado, cativante e o modo como retrata a vida de seu protagonista é quase documental. O problema é que a palavra “quase”, inserida antes de “documental”, acaba fazendo uma enorme diferença. Digo isto porque o roteiro não aborda a iniciação de Frank Lucas no submundo do crime de maneira eficiente, algo que, indubitavelmente, aumentaria a carga dramática do personagem, tornando-o um objeto de estudo muito mais interessante. Outro defeito do filme é a sensação que temos enquanto assistimos ao mesmo. Por muitos minutos ele nos transmite a clara impressão de que, mais cedo ou mais tarde, se transformará em uma estória de “gato e rato”. Felizmente o roteiro é inteligente o bastante para se prender a apenas isso e vai muito além, evitando a maioria dos clichês e estereótipos que poderiam estar inseridos dentro do mesmo. O roteiro ainda investe em dois protagonistas extremamente interessantes e os desenvolve de modo bem convincente, contando com sensacionais atuações por parte de Denzel Washington e Russell Crowe. Um dos melhores filmes do gênero nos últimos tempos.



Avaliação Final: 8,5 na escala de 10,0



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