quinta-feira, 26 de março de 2009

Pagando Bem, Que Mal Tem? - * de *****

Estive pensando um pouco e juro que gostei bastante do título nacional conferido a este lixo da comédia estadunidense. O título original, ao pé da letra, é bastante previsível e ridículo (bem como o filme em questão). Oras, “Zack e Miri Fazem um Pornô”? E eu com isso? Por outro lado, “Pagando Bem, Que Mal Tem?”, mesmo sendo oportunista e se aproveitando de um clássico jargão, se mostra extremamente sarcástico. Pena que o filme não está à altura de seu título brasileiro, conforme veremos mais abaixo.

Ficha Técnica:
Título Original: Zack and Miri Make a Porno.
Gênero: Comédia.
Tempo de Duração: 102 minutos.
Ano de Lançamento: 2008.
Site Oficial: http://zackandmiri.com/
Nacionalidade: EUA.
Direção: Kevin Smith.
Roteiro: Kevin Smith.
Elenco: Seth Rogen (Zack Brown), Elizabeth Banks (Miriam "Miri" Linky), Jason Mewes (Lester), Gerry Bednob (Sr. Surya), Jennifer Schwalbach Smith (Betsy), Kenny Hotz (Zack II), Brandon Routh (Bobby Long), Anne Wade (Roxanne), Justin Long (Brandon), Tom Savini (Jenkins), Jeff Anderson (Deacon), Ricky Mabe (Barry), Katie Morgan (Stacey), Craig Robinson (Delaney), Traci Lords (Bubbles) e Edward Janda.

Sinopse: Zack (Seth Rogen) e Miri (Elisabeth Banks) são amigos desde o primário e ambos moram juntos. O casal parece se entender bem ao seu modo, mas as coisas começam a complicar quando ambos se veem endividados. Para saírem desta incômoda situação, eles decidem fazer um filme pornô para arrecadar dinheiro. Há um problema, no entanto, será que depois que ambos tiverem a primeira relação sexual, continuarão mantendo a mesma amizade que veem mantendo há anos?

Zack and Miri Make a Porno – Trailer:


Crítica:

Um casal de amigos, que se conhecem desde o ginásio, moram juntos há algum tempo e encontram-se endividados até o pescoço. Um deles tem uma solução para quitar as contas: fazer um filme pornô e lucrar com o mesmo. A princípio, a “produção” seria um remake de “Star Wars”, mas com cenas de sexo explícito. Soma-se essa estranha idéia à presença do sempre ótimo Seth Rogen e o que temos? Um filme bizarramente divertido, tal como “Superbad – É Hoje!”, correto? Errado, demasiado errado.

Pois é, a premissa tinha tudo para gerar mais um besteirol estadunidense de qualidade, assim como foi o já citado “Superbad...”, mas o filme erra na mão, e erra feio. Mas onde ele falha? Sinceramente? Em tudo, tudo mesmo, principalmente no humor excessivamente artificial. Logo no início percebemos isso. Bem na cena que abre o filme, vemos um entregador de jornal arremessar um tablóide na casa de um assinante, o garoto, no entanto, perde o equilíbrio, entra na contra mão com a bicicleta e faz com que um carro, que vinha de encontro com ele, se jogue contra um poste para não atropela-lo. Além da cena não ter a mínima graça e soar exageradamente desconexa com o restante do que viria pela frente (já que não é esse tipo de humor o alvo principal da produção), é artificial demais.

Aliás, o filme todo é artificial demais. A todo o momento o roteiro investe em situações absurdas para arrancar risos dos espectadores, mas falha terrivelmente. Vemos então tentativas frustradas de nos divertir com cenas patéticas como a que uma “animadora” de despedidas de solteiro faz uma bolha de sabão flatuleando em um brinquedo infantil (sim, é isso mesmo que você leu), ou uma outra cena onde o cameraman se aproxima demais de um casal fazendo sexo anal e quando, inesperadamente, o rapaz retira o pênis do anus da moça, um jato de fezes o atinge no rosto. Pois é, ambas são cenas desagradáveis não? Mas isso é tudo o que se pode esperar de “Pagando Bem, Que Mal Tem?”. E não bastasse o fato de o filme ser gritantemente artificial, vulgar e asqueroso, ele também é completamente sem graça.

A falta de conexão dramática entre os dois primeiros atos e o desfecho da trama, então, é algo fora do comum. À primo, temos um filme assumidamente prosaico e repugnante, que parece fazer questão absoluta de mandar os bons costumes para o quinto dos infernos. Concluímos que o filme se esforça, mas não consegue ter a mínima graça. Rumamos ao final da trama e, repentinamente, nos vemos diante de uma frustrante tentativa de conferir ao filme um desfecho com uma lição de moral das mais patéticas o possível. Oras, que espécie de comédia seria essa, então? Uma comédia com crise de identidade? Ora ela é exageradamente amoral, ora ela é extremamente conservadora? Estaríamos diante de uma nova versão de “Show de Vizinha”? Não, acredite, esta bomba aqui é bem pior do que o lixo protagonizado pela gostosona da Elisha Cuthbert.

Mesmo com tantas falhas “Pagando Bem, Que Mal Tem?” conta com alguns poucos acertos. Diálogos como: “___ Se fazer filme pornô é tão fácil e dá tanto dinheiro, por que todas as pessoas não passam a fazer isso?”, “___ Ora, porque elas tem dignidade, e nós não.”, ou, “___ As pessoas ganham muito dinheiro com isso, veja a Paris Hilton, está vendendo perfumes para a garotada e ela é uma perfeita imbecil!” tiram um pouco o longa do óbvio status de ridículo e sem graça o qual realmente merece ser rotulado.

Vale citar também o carisma de Seth Rogen. A propósito, Rogen, como sempre, esbanja carisma, talento e, o mais importante de tudo (já que estamos tratando de uma comédia), “timming” cômico. E o restante do elenco? Não. Além de todos os personagens (salvo o protagonista, encarnado por Rogen) serem amplamente sem graça e mal explorados pelo roteiro, são ridicularizados ainda mais pelas fracas atuações daqueles que os compõem, sobretudo Elizabeth Banks que passa o filme todo fazendo a mesma expressão (e note o quão patética e canastra é a expressão dela enquanto discute com Zack no terceiro ato da trama).

Em suma, “Pagando Bem, Que Mal Tem?” pára na ótima atuação de Seth Rogen e na intenção de se fazer um filme de comédia escatologicamente divertido, pois de resto, nos deparamos com uma trama previsível e com um humor repugnante, artificial e, o que é pior, sem a mínima graça.

Avaliação Final: 3,5 na escala de 10,0.

2 comentários:

Jovita disse...

Deixei um comentário ontem, mas acho que não caiu... Então vamos lá:

Poxa vida, Daniel. Eu estava até animada em pelo menos alugar "Pagando bem, que mal tem?" justamente pelo Seth Rogen, mas pelo visto nem isso... Mais uma vez, Daniel Esteve de Barros prestando serviço à comunidade! Hehehehehe

Daniel Esteves de Barros disse...

Jovita,

nenhum gênero cinematográfico é objetivo, sendo que a comédia é a menos objetiva dentre todos.
Eu odiei o filme, mas pode ser que você o ame de paixão, logo, não aconselho que o deixe de assistir por causa de minha crítica.
Se tiver um dinheirinho e um tempinho sobrando, vá lá, no mínimo você terá mais um filme de comédia em sua bagagem, independentemente de considerá-lo perfeito, excelente, ótimo, bom, razoável, ruim ou péssimo. ;)