Ficha Técnica:
Título Original: Superbad.
Gênero: Comédia.
Tempo de Duração: 114 minutos.
Ano de Lançamento (EUA): 2007.
Site Oficial: http://www.areyousuperbad.com/
Estúdio: Columbia Pictures / Apatow Productions.
Distribuição: Sony Pictures Entertainment / Columbia Pictures.
Direção: Greg Mottola.
Roteiro: Seth Rogen e Evan Goldberg.
Produção: Judd Apatow e Shauna Robertson.
Música: Lyle Workman.
Fotografia: Russ T. Alsobrook.
Desenho de Produção: Chris L. Spellman.
Direção de Arte: Gerald Sullivan.
Figurino: Debra McGuire.
Edição: William Kerr.
Efeitos Especiais: International Special Effects.Elenco: Jonah Hill (Seth), Michael Cera (Evan), Christopher Mintz-Plasse (Fogell), Bill Hader (Oficial Slater), Seth Rogen (Oficial Michaels), Martha MacIsaac (Becca), Emma Stone (Jules), Aviva (Nicola), Joe Lo Truglio (Francis) e Kevin Corrigan (Mark).
Sinopse: Seth (Jonah Hill) e Evan (Michael Cera) são dois típicos adolescentes estadunidenses inseguros e extremamente preocupados com a sua vida sexual. Quando ambos são convidados a uma festa de formatura com a condição de que comprem bebida alcoólica para a mesma, situações inusitadas começam a ocorrer, tais como: um envolvimento com uma quadrilha de narcotraficantes e, principalmente, uma confusão armada entre eles e uma dupla de policiais irresponsáveis e imaturos.
Superbad - Trailer:
Crítica:
“Superbad – É Hoje!” é mais uma comédia teen onde o assunto em foco é as atitudes imbecis que muitos adolescentes realizam a fim de conseguirem fazer sexo pela primeira vez na vida. Em outras palavras, o filme em questão é uma espécie de “Porky’s” contemporâneo. Não, em momento algum disse isso pejorativamente, muito pelo contrário. Conforme mencionei na pré-crítica deste filme, é extremamente difícil criticarmos uma obra de comédia, pois cada ser humano tem um senso de humor bem diferente dos demais, e talvez seja justamente por este motivo que o longa de Greg Mottola teve opiniões bem divididas no que diz respeito a público (sim, pois a crítica mundial é extremamente favorável ao filme em questão), portanto, é bem provável que muitas pessoas não partilhem da mesma opinião que a minha com relação a este longa.
Da mesma forma que adorei “Porky’s” (ao contrário da maior parte da crítica que o detesta), adorei este “Superbad – É Hoje!” que, além de reviver todo o senso de humor da trilogia da década de 80, acrescenta muito mais ao gênero “comédia besteirol americano” contendo um senso de humor bastante inteligente, além de política e moralmente incorreto, apesar de deveras absurdo e irregular durante alguns de seus momentos, fato que o torna um filme imperfeito, embora ótimo.
O longa começa a todo vapor, logo no início somos apresentados aos dois protagonistas da estória: Seth (Johan Hill) e Evan (Michael Cera) (ambos os nomes foram dados em homenagem aos roteiristas do filme) através de uma ligação telefônica feita do primeiro para o segundo. Seth, logo de cara, se revela uma pessoa fútil, pervertida, desbocada e idiota (enfim, ele é uma versão Yankee, juvenil e masculina de Dercy Gonçalves), assim como a grande maioria dos adolescentes o são. Evan já é um rapaz um pouco menos fútil, mas é extremamente tímido, introvertido e contido. Contudo, a característica que mais atrai em ambos é a incerteza com que eles lidam com os problemas comuns durante esta fase da vida, sobretudo em relação à insegurança na perda da virgindade.
Confesso que tive uma sensação nostálgica enquanto assistia ao longa em questão: a minha insegurança durante o período de “pré perda de virgindade” (abençoado período, diga-se, parece que depois que você a perde tudo se torna pior e mais complicado na vida) e sinceramente, creio ser impossível qualquer pessoa que seja não se identificar com ambos os garotos. Afinal de contas, quem de nós nunca se sentiu intimidado perto da pessoa que gosta e acabou dizendo, ou fazendo, algo vexatório para a mesma? Situações como estas são debatidas a todo o momento em “Superbad – É Hoje!” e, apesar de nem sempre soarem de maneira natural, se mostram originais e divertidas.
Fazendo o uso de um humor para lá de escatológico, o longa nos apresenta à cenas hilárias logo em seu intróito, como a seqüência em que Seth, da maneira mais natural do mundo, diz ao seu melhor amigo Evan: “___ Cara, tenho inveja de você, pois mamou nos lindos peitos de sua mãe!”, este não fica quieto e responde: “___ E também não tive de mamar no pênis de meu pai, como foi o seu caso!”. Como pode-se notar, o longa apresenta um irreverente senso de humor política e moralmente incorreto, e não pára por aí. Durante o seu desenrolar podemos nos deparar com algumas cenas salpicadas de um humor nonsense à lá Monty Python (com uma dose extra e exagerada de pornografia, diga-se), como a passagem em que Seth revela ao amigo um estranho desequilíbrio psicológico que possuía durante a infância e que lhe colocou em situações para lá de embaraçosas: a mania compulsiva que tinha em desenhar pênis de todos os tipos no caderno (e note o quão hilário é a cena em que vemos Seth desenhando um pênis montado em uma bomba atômica, fazendo uma clara sátira ao excelente “Dr. Fantástico: ou Como Aprendia a Parar de Me Preocupar e Amar a Bomba” do gênio mor do Cinema, Stanley Kubrick), ou ainda a seqüência em que o terceiro personagem principal do filme, o nerd Fogell (Christopher Mintz-Plasse) se delicia observando o perfeito traseiro de uma colega de classe sua, enquanto esta caminha sensualmente pelos corredores da escola, contudo, quando a garota percebe que está sendo seguida pelo rapaz, vira para trás e passa a o encarar, e este, devido à sua timidez e insegurança, simplesmente olha no relógio, informa as horas à moça, e sai correndo. O mais engraçado ocorre a seguir, quando Fogell conta a estória para os amigos Evan e Seth: “___ Eu até disse a hora para ela!”, como se houvesse dado um passo muito importante para uma possível futura conquista (esta cena, aliás, muito me lembrou uma passagem do excelente “Debi & Lóide – Dois Idiotas em Apuros”, quando o personagem de Jim Carrey comenta extremamente entusiasmado com o personagem de Jeff Daniels que conseguiu a façanha de conversar com uma mulher, fato que provavelmente lhe ocasionará um futuro encontro).
A estória se desenvolve bem, assim como os seus personagens e as situações que estes passam a vivenciar. Seth, pela primeira vez em sua vida, se vê convidado a ir a uma festa na casa de uma garota muito popular no colégio onde estuda, mas para isso terá de comprar bebida alcoólica para a mesma (detalhe, nos EUA, as bebidas alcoólicas não são vendidas à pessoas com menos de 21 anos de idade, e Seth possui apenas 18 anos, fato que torna a tarefa ainda mais complexa). É neste momento que a trama atinge o seu âmago e os garotos se envolvem nas situações mais absurdas e vexatórias a fim de conseguirem cumprir o pedido das garotas tendo que burlar a lei para tal. Personagens interessantes passam a compor a estória, tais como um viciado em drogas foragido da polícia, uma gangue de narcotraficantes, um velho alcoólatra e, principalmente, uma dupla excêntrica de policiais.
E é justamente a entrada desta dupla de policiais que, ironicamente, contribui, e muito, para o desenvolvimento humorístico da trama, tanto positivamente quanto negativamente. Se por um lado os melhores diálogos do filme são justamente os proferidos pelos policiais, tais como: “___ Minha primeira mulher era uma verdadeira vagabunda. Durante a nossa noite de núpcias ela fez sexo grupal com um pessoal, mas não deixou que eu fizesse parte da brincadeira!”, por outro lado a caracterização da dupla soa um tanto o quanto artificial. Ambos são imaturos (repare no fanatismo de ambos pela série “Star Wars”, algo que diz respeito também a este que vos escreve), irresponsáveis (perceba a maneira como eles encaram as tarefas que lhes são atribuídas) e inconseqüentes (preste atenção no uso indevido de arma de fogo que eles empregam em determinados momentos do filme, pelos motivos mais pífios que se possa imaginar). É claro que tal caracterização soaria muito bem caso o filme medisse os limites do absurdo e do besteirol, mas infelizmente ele não o faz, fato que o torna excessivamente artificial durante muitos de seus minutos.
O maior defeito da película, contudo, não se resume apenas à artificialidade da caracterização de tais policiais. Além de artificial em muitos momentos, o longa conta com um humor bastante previsível em algumas das situações apresentadas e depende de muitas coincidências para que várias de suas cenas funcionem (vide as seqüências em que Seth e Evan, involuntariamente, se separam de Fogell e, no desfecho do segundo ato do filme, voltam a se encontrar, apenas para citar dois exemplos).
No saldo final, “Superbad – É Hoje!”, apesar de artificial e absurdo em muitos de seus minutos, se mostra uma ótima opção para os amantes de uma comédia divertida, escatológica e descompromissada. As atuações de todo o elenco convencem, a química formada entre Johan Hill e Michael Cera é fenomenal e ganha ainda mais crédito quando Christopher Mintz-Plasse entra em cena.
Avaliação Final: 8,0 na escala de 10,0.
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