sábado, 1 de dezembro de 2007

Crítica - Persona: Quando Duas Mulherers Pecam

Após postar a crítica de “O Sétimo Selo”, não pelo fato de ser necessariamente uma de minhas prediletas e sim pelo fato de ter sido uma das que mais me deram trabalho para ser redigidas, decidi postar, sem medo, a crítica do fantástico “Persona”. Faço isso por dois motivos, em primeiro lugar, este é o meu “Bergman” predileto e em segundo lugar, esta foi uma das críticas que mais tive prazer de redigir e creio eu que o resultado fôra bastante compensador, bem mais que a crítica de “O Sétimo Selo”, por exemplo.




Título Original: Persona
Gênero: Drama
Tempo de Duração: 82 minutos
Ano de Lançamento (Suécia): 1966
Estúdio: Svensk Filmindustri
Distribuição: United Artists
Direção: Ingmar Bergman
Roteiro: Ingmar Bergman, baseado em estória de sua autoria
Produção: Ingmar Bergman
Música: Lars Johan Werle
Fotografia: Sven Nykvist
Desenho de Produção: Bibi Lindström
Figurino: Mago
Edição: Ulla Ryghe


Elenco: Liv Ullmann (Elisabeth Vogler), Bibi Andersson (Alma), Margaretha Krook (Lakaren), Gunnar Björnstrand (Sr. Vogler) e Jörgen Lindström (Garoto).


Sinopse: Após um desempenho na peça "Electra", uma famosa atriz, Elisabeth Vogler (LIv Ullmann), pára de falar. Sua psiquiatra, Lakaren (Margaretha Krook), a deixa sob os cuidados de Alma (Bibi Andersson), uma dedicada enfermeira. Como já fazem três meses que Elisabet não profere uma palavra, Lakaren decide que ela deva ser mandada para uma isolada casa de praia, com Alma. Na casa Alma fala pelas duas, pois Elisabet continua muda, comunicando-se apenas com pequenos gestos. Com o convívio Alma fica uma pouco enamorada pela atriz. Num dia conta para Elisabeth sobre uma excitante experiência sexual que teve numa praia, com desconhecidos, e a conseqüência desagradável disto. Pouco depois de fazer esta confidência ela lê uma carta que Elisabeth tinha escrito, onde fica chocada ao descobrir que a atriz pensa nela como um divertido objeto de estudo.


Persona - Trailer


Crítica:


Antes de comentar a obra-prima de “Ingmar Bergman” creio que seja plausível explicar o motivo pelo qual o maior cineasta europeu de todos os tempos intitulou a mesma de tal forma. De acordo com os lingüistas: “Persona” é um termo em latim que significa máscara. Contudo, não se trata de uma máscara qualquer, mas sim da máscara que representou o gênero da comédia teatral durante a Grécia antiga. Apenas isto já bastaria para comprovar o talento e a genialidade de “Bergman”, afinal de contas, o argumento do longa trata de uma atriz que, na frente das câmeras esbanja sorrisos, contudo, por trás das mesmas é uma pessoa irrealizada pessoalmente e detesta seguir os dogmas sociais que lhes são impostos. Técnica e artisticamente o longa em questão é sensacional. Fazendo uso de uma direção ainda mais competente que a mostrada em filmes como “O Sétimo Selo” e “Morangos Silvestres”, “Bergman” nos brinda com tomadas sensacionais e inesquecíveis, dentre as quais destaco a cena onde o rosto das protagonistas se fundem (é claro que isto não ocorre na realidade, mas sim, na imaginação de uma das protagonistas), o início um tanto o quanto inovador e psicodélico, a primeira cena filmada na praia e muitíssimas outras. Em termos de atuação o longa também é magistral: “Bibi Andersson” assume a personagem principal de maneira fantástica transformando a enfermeira “Alda” em uma das personagens mais marcantes do cinema, mas é “Liv Ullmann” quem acaba fazendo da atriz “Elizabet” a figura mais forte do longa devido ao silêncio estarrecedor e as expressões faciais empregadas pela mesma. O roteiro, no entanto, é o ponto máximo do filme. Abordando questões existenciais de maneira fantástica, a obra ainda realiza críticas perfeitas à hipocrisia social, faz um estudo para lá de aprofundado sobre suas duas protagonistas e nos brinda com diálogos, ou melhor, monólogos detalhistas ao extremo sobre algumas experiências passadas pela enfermeira “Alda”. Obra-prima máxima de “Ingmar Bergman”? Levando em conta a sua complexidade, provavelmente sim.


Avaliação Final: 10,0 na escala de 10,0.


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