segunda-feira, 17 de dezembro de 2007

Crítica - Mestre dos Mares: O Lado Mais Distante do Mundo

Ler sempre foi um de meus passatempos favoritos na adolescência. Dentre meus autores prediletos estavam “Friedrich Wilhelm Nieztsche”, “Immannuel Kant”, “Leonard Adous Huxley”, “Sir Arthur Conan Doyle”, “Agatha Christie” e também “Patrick O’ Brian”, responsável pela série “Mestre dos Mares”. Série esta que tive a oportunidade de conferir três exemplares, dentre os quais o meu predileto é justamente este “O Lado Mais Distante do Mundo”. Portanto, o caro leitor já deve imaginar o quanto fiquei extasiado ao conferir a transição livro-cinema. Contudo, é uma pena constatar que o filme não obteve uma rentabilidade significante o bastante para incentivar os produtores a realizarem uma continuação. Pior ainda é notar o quanto o filme é subestimado pelo público, apesar de possuir certo respeito da crítica especializada. Enfim, subestimado ou não, considero-o sensacional e o coloco entre os meus 50 filmes prediletos.





Título Original: Master and Commander: The Far Side of the World
Gênero: Aventura
Tempo de Duração: 140 minutos
Ano de Lançamento (EUA):
2003
Site Oficial: masterandcommanderthefarsideoftheworld
Estúdio: 20th Century Fox / Miramax Films / Universal Pictures / Samuel Goldwyn Films
Distribuição: 20th Century Fox Film Corporation / Buena Vista International
Direção: Peter Weir
Roteiro: Peter Weir e John Collee, baseado nos livros de Patrick O'Brian
Produção: Samuel Goldwyn Jr., Duncan Henderson e Peter Weir
Música: Iva Davies, Christopher Gordon e Richard Tognetti
Fotografia: Russell Boyd e Sandi Sissel
Desenho de Produção: William Sandell
Direção de Arte: Bruce Crone e Mark W. Mansbridge
Figurino: Wendy Stites e Kacy Treadway
Edição: Lee Smith
Efeitos Especiais: Asylum VFX / CafeEX / Industrial Light & Magic / Weta Workshop Ltd.
Elenco: Russell Crowe (Capitão Jack Aubrey), Paul Bettany (Dr. Stephen Maturin), James D'Arcy (Tenente Tom Pullings), Edward Woodall (Tenente William Mowett), Chris Larkin (Capitão Howard), Max Pirkis (Blakeney), Jack Randall (Boyle), Max Benitz (Calamy), Lee Ingleby (Hollom), Richard Pates (Williamson), Ian Mercer (Sr. Hollar), Robert Pugh (Sr. Allen), Richard McCabe (Sr. Higgins) e Tony Dolan (Sr. Lamb)


Sinopse: Jack Aubrey (Russell Crowe) é o capitão do H.M.S. Surprise, um dos principais navios de guerra da marinha britânica. Com seu país em guerra contra a França de Napoleão Bonaparte, Aubrey é atacado por um navio inimigo mais poderoso, que fere boa parte de sua tripulação e ainda danifica o navio. Aubrey então se sente dividido entre cumprir seu dever e tentar derrotar o inimigo ou retornar para cuidar dos feridos.


Master and Commander - Trailer

Master and Commander - Trailer 2


Crítica:

É possível realizar um filme de guerra e ser extremamente sutil ao fazê-lo, mas sem perder a capacidade de retratar tudo com a mais perfeita realidade? O fantástico diretor “Peter Weir” apostou que sim e concluiu a sua proposta de maneira quase perfeita. Digo “quase perfeita” pois o longa em questão possui alguns defeitos, tais como uma estória extremamente simples, um final ligeiramente previsível e algumas demonstrações desnecessárias de ufanismo, entretanto, estes defeitos não passam de pequenos riscos que ofuscam ligeiramente o brilho completo de um diamante que fôra quase perfeitamente lapidado. Voltando à proposta de “Weir” em mesclar sutileza com realidade na forma mais crua o possível, o longa consegue de maneira altamente competente retratar as precárias condições de vida que viviam os marinheiros ingleses durante as guerras napoleônicas e ainda assim possuir uma sutileza contagiante. Ao mesmo tempo em que vemos um garoto de aproximadamente 16 anos ter seu braço amputado em circunstância a um grave ferimento de batalha e um médico realizar uma cirurgia cerebral em um paciente utilizando como ferramentas para isso apenas uma colher e uma moeda, vemos duas pessoas discutindo sobre teorias de evolução “darwianas”, dois militares tocando violino e violoncelo com uma perfeição incrível e um cozinheiro preparar de sobremesa um doce com o formato idêntico ao das Ilhas Galápagos. As qualidades do filme, no entanto, não se resumem apenas na direção dinâmica de “Weir” que mescla sutileza e realidade de maneira extremamente natural. Se por um lado o longa conta com uma trama bem simples e previsível, por outro lado o mesmo conta com interessantes subtramas desenvolvidas de maneira brilhante pelo roteiro. O desenvolvimento dos personagens também é realizado de maneira perfeita e o que é mais interessante, é baseado no relacionamento entre eles e não feito de maneira individual, como na maioria dos outros filmes. De resto, as atuações são fantásticas e o casamento entre imagem e trilha-sonora está entre os melhores da história do Cinema.


Avaliação Final: 9,0 na escala de 10,0.


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6 comentários:

R. disse...

"(...)cirurgia cerebral em um paciente utilizando como ferramentas para isso apenas uma colher e uma moeda(...)"

McGiver????? aeuiaehieauheaiu

Zoeira. Mas sabe que de tanto você falar nesse filme, eu vou me esforçar pra ver...

Daniel Esteves de Barros disse...

"Zoeira. Mas sabe que de tanto você falar nesse filme, eu vou me esforçar pra ver..."

Realmente vale muito a pena, Rômulo. Pode até ser que você o considere sonolento, mas no mínimo serve como um retrato muito bem feito do estilo de vida vivído pelos marinheiros ingleses durante as guerras napoleônicas.

Jovita disse...

Lembro que assisti na época do lançamento.
Sem dúvida um dos defeitos que você não mencionou foi o tempo. Poderia ser um filme mais enxuto, mas de qualquer maneira é um bom filme. Talvez eu me enquadre na categoria dos que subestimam.

Daniel Esteves de Barros disse...

"Poderia ser um filme mais enxuto..."

Particularmente, não me senti cansado e/ou incomodado em um único segundo de exibição do filme. Creio que os únicos defeitos do longa realmente ficam por conta de uma dose de ufanismo meio pesada em alguns momentos("Este navio é a Inglaterra!"), pela estória simples e pelo final previsível.

Jovita disse...

Uma vez eu estava lendo o blog o Meirelles onde ele justamente falava dessa questão da duração de um filme.
Ele comentou que se sentia indignado quando as pessoas saíam da sala de cinema dizendo coisas do tipo: "Ah, poderia ter uns 15 minutos a menos."
Enfim, toda essa reclamação por parte do Fernando se justifica quando ele menciona que as pessoas não sabem o quanto é difícil para um diretor cortar o filme.
O fato é que por mais que isso às vezes seja doloroso, acaba sendo necessário.
Confesso que quando fui conferir "Mestre dos Mares", estava bastante entusiasmada pelos elogios da crítica, mas acabou que na hora não achei tão bom assim. Para mim, nota 8,0 já está bom demais.

Daniel Esteves de Barros disse...

Nota 8,0 é uma ótima nota. Quando o assisti pela primeira vez confesso não ter gostado tanto assim. O longa me cativou mesmo quando o assisti pela segunda vez.
Quanto à duração de um filme, creio que não exista argumento mais fácil e simplório para um crítico de Cinema utilizá-lo a fim de tirar pontos da nota de um filme. É claro que às vezes tal argumento pode ser empregado contanto que tenha fundamento, mas às vezes soa uma maneira deveras fácil de se criticar um determinado filme (repare como os "críticos" do Cinema Cafri o utilizam direto).
Enfim, no caso de "Mestre dos Mares" creio que o mesmo já seja bem enxuto (128 minutos não é tanta coisa, muito pelo contrário, é o tempo ideal para um filme durar) e de minha parte, cada segundo de filme é válido.