quarta-feira, 19 de dezembro de 2007

Crítica - Juventude Transviada

Sou fã incondicional de filmes cujos protagonistas são pessoas subversivas que desafiam todo e qualquer dogma imposto pela sociedade e, apesar deste “Juventude Transviada” estar longe de merecer ser um marco na história do Cinema, o mesmo é, inquestionavelmente, ousado e realista, principalmente nas cenas em que se propõe a retratar a futilidade dos jovens perdidos nas entrelinhas do “American way–of–life” durante os anos 50. Longe de ser tão profundo quanto outros filmes do mesmo estilo, tais como: “Clube da Luta”, “Laranja Mecânica” ou “Easy Rider – Sem Destino”, o longa protagonizado por “James Dean” merece tanto respeito quanto estes, afinal de contas, ele foi a fonte inspiradora deste estilo de filme.





Título Original: Rebel Without a Cause
Gênero: Drama
Tempo de Duração: 111 minutos
Ano de Lançamento (EUA): 1955
Estúdio: Warner Bros.
Distribuição: Warner Bros.
Direção: Nicholas Ray
Roteiro: Stewart Stern, baseado em estória de Nicholas Ray
Produção: David Weisbart
Música: Leonard Rosenman
Fotografia: Ernest Haller
Desenho de Produção: Malcolm C. Bert
Direção de Arte: Malcolm C. Bert
Figurino: Moss Mabry
Edição: William H. Ziegler
Elenco: James Dean (Jim Stark), Natalie Wood (Judy), Sal Mineo (John Crawford), Jim Backus (Frank Stark), Ann Doran (Sra. Stark), Corey Allen (Buzz Gunderson), William Hopper (Pai de Judy), Rochelle Hudson (Mãe de Judy), Dennis Hopper (Goon), Edward Platt (Ray Fremick), Steffi Sidney (Mil), Marietta Candy (Enfermeira) e Frank Mazzola (Crunch).



Sinopse: Jim Stark (James Dean) é um encrenqueiro, que fez os pais se mudarem de uma cidade para outra até se fixarem em Los Angeles, que é preso de madrugada por embriaguez e desordem. No distrito policial está Judy (Natalie Wood), uma jovem que está revoltada com o pai, que a chamou de vagabunda imunda por ter se maquiado. Lá está também um rapaz, John Crawford (Sal Mineo), mais conhecido como Platão, que atirou em alguns cães. Um compreensivo policial entende que Jim recebe em casa apenas um amor superficial dos seus pais, e que Jim nunca aceitou que seu pai seja totalmente submisso à sua mãe. Enquanto Jim espera na delegacia pelos pais, que tiveram de cancelar um compromisso social para tirá-lo da prisão, ele tem um rápido contato com Judy e Platão. Após ser libertado parecia que tudo estava resolvido, mas ao tentar fazer amizade na manhã seguinte com sua jovem vizinha, a própria Judy, cria um desentendimento com Buzz (Corey Allen), que namora Judy e é o líder de uma gangue do colégio. Esta rivalidade vai gerar algumas situações com trágicas conseqüências.



Rebel Without a Cause – Trailer



Crítica:


Uma das características de uma crítica cinematográfica é a coerência dela com o filme e o período em que o mesmo fôra produzido. Este “Juventude Transviada” é um exemplo nato disso. À primeira vista, o longa soa um tanto o quanto simplório e sem atrativos para quem o assiste nos dias de hoje, mas se o analisarmos na época de seu lançamento poderemos notar o porquê do mesmo ter causado tanta polêmica. Afinal de contas, na década de 50 as pessoas não estavam acostumadas a irem ao cinema ver um garoto de aproximadamente 12 anos usar uma arma para matar uma pessoa, ou um grupo de jovens dispostos a roubar automóveis para disputar rachas, ou ainda acompanhar as façanhas de um protagonista politicamente incorreto que gosta de perder o seu tempo brigando e fazendo inimizades voluntariamente. Enfim, não é de se estranhar que peculiaridades deste tipo conseguissem chocar veementemente a mídia e o público em plenos anos 50, onde a grande maioria das pessoas era moralista e filmes como “Laranja Mecânica”, “Easy Rider – Sem Destino” e “Clube da Luta” nem sequer sonhavam em visitar as mentes dos produtores cinematográficos a fim de ganhar a autorização e o financiamento dos mesmos para serem realizados. É justamente por este motivo que, no intróito desta crítica, mencionei a importância de uma análise cinematográfica ser sempre coerente com a data de produção do filme, para que assim possamos evitar certas injustiças, como dizer que “Juventude Transviada” não passa de um filme que retrata a rebeldia dos jovens da maneira mais simplória o possível, coisa que, para a época, não era nada simples. Entretanto, o filme brilhantemente protagonizado por “James Dean” conta com alguns defeitos que, mesmo na década de 50, poderiam ser tomados como fatores para uma avaliação negativa: os famosos clichês, que inundam a tela durante a primeira metade do filme. Mas se por um lado o longa transborda de clichês e estereótipos, por outro lado ele oferece um esboço fantástico da juventude fútil que se perdera nas entrelinhas do “American way–of–life”.



Avaliação Final: 8,0 na escala de 10,0.


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2 comentários:

Jovita disse...

Nunca vi "Juventude Transviada"...
Mas gostei bastante da resenha.

Daniel Esteves de Barros disse...

É um ótimo filme, Jovita, apesar de ter seus defeitos, vale muito a pena assistir.
"Juventude Transviada" é o pai dos filmes subversivos.