domingo, 30 de dezembro de 2007

Crítica - A Felicidade Não Se Compra

Não gostei nem um pouco da atitude que tomei ao mencionar o apenas razoável “Simplesmente Amor” para representar a data natalina no “Cine-phylum”. Não que o longa de “Richard Curtis”, apesar de extremamente falho, deixe de representar bem a época do ano que se propõe retratar, mas há vários outros filmes que o fazem de maneira infinitamente superior. Dentre todos estes filmes, talvez o que se saia melhor em seu objetivo é este formidável “A Felicidade Não Se Compra” que, apesar de ter um ou outro defeito, se mostra uma comédia dramática familiar extremamente cativante e emocionante, ao mesmo tempo em que se mostra despretensiosa.





Título Original: It's a Wonderful Life
Gênero:
Drama
Tempo de Duração:
129 minutos
Ano de Lançamento (EUA):
1946
Estúdio:
RKO Radio Pictures Inc. / Liberty Films
Distribuição:
RKO
Direção:
Frank Capra
Roteiro:
Frances Goodrich, Albert Hackett e Frank Capra, baseado em estória de Philip Van Doren Stern
Produção:
Frank Capra
Música:
Dimitri Tiomkin
Direção de Fotografia:
Joseph F. Biroc e Joseph Walker
Direção de Arte:
Jack Okey
Figurino:
Edward Stevenson
Edição:
William Hornbeck

Elenco: James Stewart (George Bailey), Donna Reed (Mary Hatch Bailey), Lionel Barrymore (Henry F. Potter), Thomas Mitchell (William Bailey), Henry Travers (Clarence Oddbody), Beulah Bondi (Sra. Bailey), Frank Fayden (Ernie Bishop), Ward Bond (Bert), Gloria Grahame (Violet Bick), H.B. Warner (Sr. Gower), Todd Karns (Harry Bailey), Samuel S. Hinds (Peter Bailey) e Sheldon Leonard (Nick).


Sinopse: Em Bedford Falls, no Natal, George Bailey (James Stewart), que sempre ajudou a todos, pensa em se suicidar saltando de uma ponte, em razão das maquinações de Henry Potter (Lionel Barrymore), o homem mais rico da região. Mas tantas pessoas oram por ele que Clarence (Henry Travers), um anjo que espera há 220 anos para ganhar asas, é mandado à Terra, para tentar fazer George mudar de idéia, demonstrando sua importância através de flashbacks.


It's a Wonderful Life Trailer

It's a Wonderful Life Trailer2


Crítica:


Em 1946, quando “Frank Capra” decidiu produzir, dirigir e roteirizar parte deste “A Felicidade Não Se Compra”, muitos cidadãos estadunidenses certamente estavam desesperançosos com o término da Segunda Guerra Mundial. Sim, é fato que os Estados Unidos saíram da guerra vitoriosos, mas certamente aquela nação perdeu muitos de seus filhos e por causa disto, seus cidadãos certamente encontravam-se bastante abatidos. Talvez, por este motivo, “Capra” tenha decidido realizar este filme alegre e otimista que, apesar de simples, não abusa da inteligência de seus espectadores, salvo, é claro, no intróito onde o mesmo aparenta a intenção de se apegar a todos os tipos de clichês do gênero, mas felizmente abandona esta intenção com o passar dos vinte primeiros minutos e em seu final, onde o longa oferece soluções simples para todos os problemas com os quais o protagonista tinha que lidar. Uma lastimável pena o filme contar com tais defeitos, pois de resto ele é absolutamente perfeito, variando desde as atuações de todo o elenco, sobretudo “James Stewart” que realiza uma das melhores atuações masculinas de todos os tempos, até a maneira como “Frank Capra” consegue nos passar uma mensagem de otimismo. Aliás, é justamente o modo como o roteiro (escrito a três mãos, inclusive a de “Capra”) trabalha tal mensagem o grande trunfo do filme. Quem de nós nunca se sentiu mal por não termos saciado nossas ambições juvenis? Quantas vezes não nos surpreendemos pensando: “Seria bem melhor se eu não tivesse nascido” (eu mesmo repito esta frase vinte e duas vezes ao dia)? Entretanto, uma vida é capaz de influenciar, para o bem ou para o mal, a vida de várias outras pessoas. Através deste ótimo filme, “Frank Capra” nos convida para refletirmos que, por mais insignificantes que nós nos consideremos perante a sociedade em que vivemos, são nossas atitudes que moldam a mesma e, de uma certa maneira, são tais atitudes que, voluntária ou involuntariamente, transformam o mundo naquilo que ele é. O longa em questão se revela muito mais do que um ótimo filme, se mostra uma lição de vida.


Avaliação Final: 9,0 na escala de 10,0.


______________________________________________________________________

4 comentários:

Anônimo disse...

Elogiei muito a resenha de "Crepúsculo dos Deuses" e ao mesmo tempo vim detonar esta feita de "A Felicidade não se Compra"
Simplesmente,que onde você viu defeitos eu visualizei os maiores acertos do filme.Daniel,você critica o início,fala que é cheio de clichês.Já eu digo que desenvolve muito bem todos os seus protagonistas e aqueles personagens que vamos conviver.E conta com um humor contagiante:"você quer a Lua?"
Você fala que as soluções para os problemas ao final são simplórias.Eu digo que elas têm que ser simplórias.é o tipo que mostra que a vida é mais simples do que aaprenta ser,e conseqüentemente melhor do que imaginamos
Quero ratificar o que disse sobre a atuaão de Stewart,sem dúvidas a melhor de sua carreira

Daniel Esteves de Barros disse...

Cada um analisa do seu ponto de vista, eu simplesmente vi clichês e estereotipos demais neste início de filme. O personagem de Stewart é o estereotipo do sujeito injustiçado que todos parecem querer prejudicar de alguma forma (a cena do salão é um exemplo disto). O final é simplório sim. O personagem de Stewart poderia chegar às conclusões a que chegou de uma outra forma, através de uma auto-reflexão, ou em uma conversa com a esposa, ou até mesmo através de um sonho que seja. Enfim, poderia ser de qualquer outra forma que não fosse a tal estória de anjo da guarda (tá, eu sei, sou ateu, talvez por este motivo tenha me sentido incomodado com o anjo). Isto sem contar que no final tudo acaba, digamos, bonitinho demais. A verdade é que as pessoas não se importam conosco, é triste mas é a vida. Quantas vezes ajudamos e não ganhamos nada em troca? Enfim, este é o mundo em que vivemos, se não existissemos, muito coisa boa, ou ruim dependendo de suas atitudes, deixariam de ocorrer, mas por mais que façamos, a coletividade não retribui.

Anônimo disse...

Acho que se você assistisse o filme na época que eu assisti não teria essa opinião
O anjo foi uma idéia de mestre.Quantas vezes não temos soluções óbvias em nossa frente e não conseguimos enxergar,precisando de uma força externa.Ele fazendo uma auto reflexão ou conversando com a mulher não poderiamos ser brindados com as cenas finais que somos
Quanto ao início,é bom não subestimar o filme,pois ele não subestima o público.A estória é muito simples,mas é tão bem construída que ao final tudo ganha um sentido extremamente bem encaixado

Daniel Esteves de Barros disse...

Sim, mas a verdade é que a estória do anjo não me agradou. Soou algo cristão demais, algo que tentou revigorar o espírito natalino demais (sim, o longa se passa na época do Natal, mas não creio que seja necessário ser tão apelativo assim).
De qualquer forma, é um ótimo filme e merece, sim, estar em um top 100 de melhores filmes de todos os tempos.