quinta-feira, 4 de dezembro de 2008

Super-Heróis: A Liga da Injustiça - º de *****

Assim como não almejava assistir a “Violência Gratuita” por não gostar nem um pouco do rumo que os filmes de suspense estão tomando atualmente, também não almejava assistir a este “Super-Heróis – A Liga da Injustiça” (definitivamente, o título nacional mais ridículo de todos os tempos), pelo mesmíssimo motivo (com a diferença de que este último diz respeito ao fato de eu detestar os filmes de comédia atuais, é claro). Entretanto, o longa de Michael Haneke me surpreendeu bastante, diferentemente desta bomba de Jason Friedberg e Aaron Seltzer que se revelou exatamente aquilo que eu esperava que ela fosse: um lixo fétido e pútrido. Também, o que se pode esperar de uma obra cujo título nacional é “Super-Heróis – A Liga da Injustiça”? A propósito, qual é a congruência do título com a obra em si, uma vez que o alvo principal do longa não é os filmes de super-heróis? Pois é, que os títulos nacionais estão cada vez mais ridículos, disto não se tenha duvida, agora, os tradutores não precisavam baixar tanto o nível, não concordam? Enfim, antes o único defeito desta porcaria fosse o título nacional, ou o título original, que seja. A experiência teria se saído bem menos desastrosa do que se saiu.

Ficha Técnica:
Título Original: Disaster Movie.
Gênero: Comédia.
Ano de Lançamento: 2008.
Nacionalidade: Estados Unidos.
Tempo de Duração: 90 minutos.
Diretor: Jason Friedberg e Aaron Seltzer.
Roteirista: Jason Friedberg e Aaron Seltzer.
Elenco: Matt Lanter (Will), Vanessa Minnillo (Amy), G. Thang (Calvin), Nicole Parker (Princesa Encantada / Amy Winehouse / Jessica Simpson), Crista Flanagan (Juney / Hannah Montana), Kimberly Kardashian (Lisa), Ike Barinholtz (Lobo / Anton Chigurh / Oficial da Polícia / Hellboy / Batman / Beowulf / Príncipe Caspian), Carmen Electra (Bela Assassina), Tony Cox (Indiana Jones), Tad Hilgenbrink (Príncipe), John Di Domenico (Dr. Phil / Guru do Amor), Abe Spigner (Flava-Flav) e outros.

Sinopse: Satirizando obras como “Juno”, “Onde os Fracos Não Têm Vez”, “Indiana Jones e o Reino da Caveira de Cristal”, “10.000 A.C.”, “Hellboy”, “O Incrível Hulk”, “O Cavaleiro das Trevas”, “Encantada”, “High School Musical”, “Hancock”, e muitas outras, o filme narra a estória de um grupo de adolescentes que deve retornar o crânio dourado de uma caveira a um altar com o intuito de evitar o fim do mundo.

Disaster Movie - Trailer:

Crítica:

Antes de mais nada, tentemos entender o que vem a ser humor non sense. Seria um humor ilógico, desconexo, baseado em situações surreais e propositadamente artificiais e absurdas. E um filme que siga esta linha de humor é, necessariamente, um filme ruim? Claro que não, muito pelo contrário. Uma produção cinematográfica que adota este estilo de humor geralmente é deveras criativa e, justamente pelo fato de ser desconexa e absurda, consegue ser hilária em virtude de sua falta de nexo. Este é o caso de filmes como “Top Gang”, “Corra Que a Polícia Vem Aí” e a trilogia “Monty Python”, sobretudo “A Vida de Brian” que é o meu filme de comédia favorito.

Mas o que acontece então quando uma obra de comédia almeja seguir a linha de humor dos filmes supracitados, mas não demonstra uma única gota de originalidade durante a sua execução? Acontece que temos uma enxurrada de lixos cinematográficos estadunidenses despejados sobre nós, pobres mortais, que nada temos a ver com a incompetência de profissionais (profissionais?!) da Sétima Arte que se responsabilizam por asneiras dispensáveis e deploráveis, como é o caso de “Todo Mundo em Pânico”, “Uma Comédia Nada Romântica”, “Deu a Louca em Hollywood”, “Os Espartalhões” e, mais recentemente, este “Super-Heróis – A Liga da Injustiça” (que sem dúvida alguma possui a pior tradução de título da história de nossa nação, conforme já fora mencionado na pré-crítica desta produção) que conseguiu a façanha de ser pior que os demais filmes citados.

Ops, esperem um segundo, há uma forte ligação entre as obras (obras?! Gargalhadas) mencionadas, não há? Pois é, os repugnantes nomes dos ainda mais repugnantes Jason Friedberg e Aaron Seltzer estão ligados, de uma forma ou de outra, a todas elas. O problema é que, desta vez, eles conseguiram extrapolar as margens da mediocridade (e desta vez falo no sentido mais pejorativo o possível da palavra, e não referindo-me à qualidade de “mediano”, como sempre faço) e roteirizaram e dirigiram não só o pior filme do ano até então, como também o pior filme deste início de século e um dos piores filmes de todos os tempos (nossa, quanta redundância de minha parte! Creio que ainda estou afetado com a burrice do filme que acabei de assistir a pouco).

Uma coisa é uma produção seguir uma linha de humor demasiadamente absurda e desconexa fazendo-o com originalidade (como é o caso de “Monty Python – Em Busca do Cálice Sagrado”), ou, ao menos, eficiência (como é o caso de “Corra Que a Polícia Vem Aí” ou “Top Secret”), outra coisa é uma produção seguir a mesma linha de humor apelando a todas as “piadas-prontas” que se possa imaginar. Neste “Super-Heróis – A Liga da Injustiça” temos todos os clichês do gênero que se possa imaginar: incluindo cenas com fezes de animais, arrotos, pancadas na bolsa escrotal, entre muitos outros recursos sem a menor graça, mas que, aqui, são utilizados à exaustão.

É claro que tais clichês não implicariam necessariamente em um grave defeito do filme caso os mesmos funcionassem, mas o problema é que, definitivamente, não funcionam. Falhas também são todas as tentativas que o longa emprega a fim de satirizar diversas produções atuais. Repare na patética tentativa que o longa realiza ao zombar a, já clássica, seqüência de “Onde os Fracos Não Têm Vez” em que o psicótico Anton Chigurh joga uma moeda para cima a fim de decidir o destino de sua vitima. A seqüência é descaradamente copiada por este “Super-Heróis – A Liga da Injustiça” com a única diferença do resultado final, que acaba sendo outro, ou seja, eles imitam o filme, mas nem se preocupam em tentar satirizá-lo de forma decente.

Pior então é o que eles fazem com a ótima comédia “Juno”. O telefone em formato de hambúrguer utilizado pela adolescente protagonista da comédia roteirizada por Diablo Cody é substituído aqui por um hambúrguer de verdade. “Engraçado”, não? Pois é, “engraçado” e “criativo” (modo sarcástico desativado a partir de agora). Aliás, graça e criatividade são dois adjetivos que, em momento algum, parecem ter sido empregados durante os aproximadamente 90 minutos de projeção.

E já que a personagem Juno fora mencionada no parágrafo acima, é, no mínimo, ridícula e frustrante a atuação de Crista Flanagan, que satiriza, durante boa parte do filme, a personagem brilhantemente interpretada por Ellen Page. Além da garota protagonizar boa parte das piores piadas inseridas no roteiro, ela conta com maneirismos que não soam nem um pouco característicos se comparados aos que eram adotados pela personagem original. Quanto às demais atuações, nem perderei o meu tempo comentando-as, pois nem vale a pena.

A propósito, perda de tempo (e dinheiro, diga-se) é tudo o que você, caro leitor, conseguirá assistindo a esta bomba em larga proporção. Contando com um roteiro que consegue a façanha de despejar em seus espectadores uma piada sem graça a cada três segundos, “Super-Heróis – A Liga da Injustiça” (por um acaso já comentei que este é o pior título que os tradutores nacionais já adotaram a uma obra cinematográfica estrangeira?) se revela um forte candidato a faturar os principais prêmios da próxima edição do Framboesa de Ouro, especialmente no que diz respeito a pior roteiro.

Ah, e antes que me esqueça, se pudesse aconselhar os produtores deste lixo da Sétima Arte (fica até estranho chamar isso de Arte), diria a eles que seria muito mais conveniente mudarem o título original do longa de “Disaster Movie” (“Filme Desastre”) para “Disaster of Movie” (“Desastre de Filme”). O quê? Meu trocadilho foi infame e sem graça? Pois é, admito que sim, mas de qualquer maneira foi mais eficiente que 90% das piadas inseridas nesta bomba cinematográfica, para se der uma idéia mais clara da mediocridade (e mais uma vez falo no sentido pejorativo da palavra) da mesma.

Avaliação Final: 0,0 na escala de 10,0.

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