terça-feira, 2 de dezembro de 2008

O Nevoeiro - **** de *****

Fugindo um pouco do convencional, pretendo fazer desta pré-crítica uma espécie de justificativa para várias das mudanças que passarei a adotar em meus textos a partir de agora. Comecemos pelo tamanho dos mesmos. As últimas críticas que postei neste site possuíam, aproximadamente, cerca de 2.000 palavras, tendo como resultado críticas muito extensas e que, além de tomarem um tempo enorme em meu cotidiano (já que minha vida está mais atribulada do que nunca, impossibilitando com que eu possa dedicar-me muito tempo ao Papo Cinema, que é o que eu mais gosto de fazer), tomam muito tempo também do leitor que, geralmente, não possui disponibilidade o bastante a fim de ler um texto com mais de 2.000 palavras falando sobre um determinado filme. Outra mudança que adotarei a partir de agora diz respeito nas fichas técnicas dos filmes, uma vez que não tenho encontrado mais tempo para pesquisar o responsável por cada aspecto do longa (direção, roteiro, elenco, direção de arte, fotografia e etc...), irei identificar agora apenas os responsáveis pelas principais características de uma obra cinematográfica, ou seja, diretor, roteirista e elenco. Outra mudança diz respeito ao parágrafo final da crítica, que não mais será um resumo da mesma. Concluí que, uma vez que meus textos passarão a ter, no máximo, 1.000 palavras, a partir de agora, o leitor não terá necessidade de ler apenas um resumo da análise, caso não tenha tempo de ler a mesma inteira, uma vez que 1.000 palavras podem, facilmente, ser lidas em cerca de dois minutos e, convenhamos, 120 segundos de leitura não fazem mal a ninguém. Justificadas às mudanças, vamos agora à análise deste ótimo, embora falho em alguns aspectos, filme de horror.

Ficha Técnica:
Título Original:
The Mist.
Gênero: Horror.
Ano de Lançamento: 2007.
Nacionalidade: EUA.
Tempo de Duração: 126 minutos.
Diretor: Frank Darabont.
Roteirista: Frank Darabont, baseado em obra-literária de Stephen King.
Elenco: Thomas Jane (David Drayton), Marcia Gay Harden (Mrs. Carmody), Laurie Holden (Amanda Dumfries), Andre Braugher (Brent Norton), Toby Jones (Ollie Weeks), William Sadler (Jim), Jeffrey DeMunn (Dan Miller), Frances Sternhagen (Irene Reppler), Nathan Gamble (Billy Drayton), Alexa Davalos (Sally), Chris Owen (Norm), Sam Witwer (Private Jessup), Robert C. Treveiler (Bud Brown (como Robert Treveiler) e David Jensen (Myron).


Sinopse: Após um forte nevoeiro cobrir uma minúscula cidade interiorana, estranhos acontecimentos passam a aterrorizar os habitantes da mesma. A fim de se proteger dos ocorridos, um grupo de pessoas entram em um supermercado, porém, conforme o tempo vai passando, o forte nevoeiro vai se revelando cada vez mais perigoso e o estabelecimento comercial vai se revelando um abrigo bastante vulnerável.


The Mist – Trailer:


Crítica:


Uma coisa não se pode negar: Frank Darabont, definitivamente, sabe como criar um clima irretocável de suspense. Durante uma seqüência deste “O Nevoeiro”, vemos os protagonistas da estória irem ao supermercado durante o dia, enquanto uma atípica névoa cobre uma pequena cidade interiorana. Até então, tudo é absolutamente natural, eis que a neblina aumenta cada vez mais e, repentinamente, surge um homem com o nariz escorrendo sangue e grita que uma determinada pessoa morreu, logo após adentrar a neblina. Um outro indivíduo, a fim de averiguar o que está acontecendo, decide adentrar o mesmo nevoeiro e então escutamos um forte grito do mesmo. Tementes de que a névoa seja uma nuvem de resíduos químicos provenientes de uma indústria local, as pessoas, completamente assustadas, se trancam dentro do supermercado. Todos se acalmam, até que um forte barulho é ouvido na porta dos fundos do estabelecimento comercial e, com o intento de checar o que está acontecendo, um jovem rapaz é assassinado por uma criatura que possui enormes tentáculos.


Que a cena supracitada conta com uma infinidade de clichês característicos do gênero “horror”, isso não há como negar (temos a mesma cidadezinha interiorana de sempre, a mesma neblina de sempre (com a diferença de que esta é muito mais intensa que as dos demais filmes), os mesmos gritos desesperados de horror de sempre, entre muitas (e ponha muitas nisso) outras coisas), mas também não há como negar que Darabont conduz a seqüência inteira de maneira genial e, apesar de estar a anos luz de realizar um trabalho tão excepcional quanto realizou nos excelentes “Um Sonho de Liberdade” e “A Espera de Um Milagre”, o diretor consegue criar um clima de suspense e urgência soberbamente, uma vez que o roteiro falha visivelmente neste quesito, principalmente no intróito da trama.


Darabont acerta também quando tenta inserir o espectador na estória. Conduzindo a câmera de uma maneira propositadamente tremida e desgovernada, o diretor faz com que nós, que nos encontramos do outro lado das telonas, tenhamos a sensação de estarmos assumindo os olhos de um terceiro, de um personagem que não participa ativamente da trama, mas encontra-se no interior do estabelecimento e se mostra capaz de testemunhar de perto, tudo o que se passa.


Mas as qualidades deste longa jamais se resumem ao ótimo trabalho do cineasta francês responsável por “Um Sonho de Liberdade”. Ao passo em que a trama se desenrola, o mesmo roteiro, que no início parecia não criar o clima tenso necessário com o propósito de cativar o espectador, nos insere em situações cada vez mais inquietantes. Outro acerto grandessíssimo de Darabont (e agora, refiro-me ao mesmo como roteirista, e não diretor) é a maneira como este decidiu abordar cada personagem. Se a estória por si só, já não é das melhores, ao menos os personagens que a compõem se mostram interessantes o bastante.


E é justamente destes personagens que o longa consegue exportar ao espectador aquilo que ele tem de mais interessante: os debates moldados nas discussões atuais que envolvem diversas questões convividas pela sociedade estadunidense atual, dentre os quais cito: experiências científicas de alto risco, conspirações políticas e debates religiosos. A propósito, é incrível vermos o modo como o filme mostra que a ciência e a religião, quando elevadas à máxima potência, se mostram requisitos inerentes a uma sociedade decadente e em pânico.


Antes de encerrar, gostaria de comentar o final do longa, este que vem sendo muito criticado negativamente. Particularmente, creio que Darabont realizou aqui um desfecho formidável, justamente por ser perturbador e nos provar o quão decisões tomadas de maneira precipitada e por medidas drásticas podem provocar danos irreversíveis em nossas vidas.


Ah, e é claro, não há como negar que, com um final destes, Darabont anulou, com total sapiência, vários clichês que seriam capazes de transformar este “O Nevoeiro” em um filme de horror apenas convencional.


É como diria o mestre Alfred Hitchcock: “___ Antes iniciar em um clichê, do que terminar neste!”. E é justamente isso o que presenciamos aqui.


Avaliação Final: 8,0 na escala de 10,0.

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