sexta-feira, 2 de janeiro de 2009

Matar ou Morrer

Matar ou Morrer (High Noon, 1952, de Fred Zimmermann) - ***** de *****

O leitor provavelmente já deve ter visto em algum outro filme, série de televisão, ou até mesmo desenho animado, uma cena onde uma pessoa adentra um saloon empurrando a porta com toda a força, ou então alguma outra seqüência onde um indivíduo, após ter sido provocado dentro de um bar, desfere um soco em seu desafeto iniciando uma rixa no estabelecimento comercial, ou então alguma outra cena onde a câmera realiza um horizontal travelling acompanhando lateralmente o trajeto do mocinho e do bandido antes destes iniciarem um duelo. Pois é, todas estas seqüências foram originalmente exibidas no clássico western de Fred Zinnemann, “Matar ou Morrer”, lançado oficialmente em 1952.
O bang bang tem como principal atrativo o clima extremamente tenso que ele passa ao espectador logo no início. Em seus primeiros minutos já sabemos que a situação que o Marshall (uma espécie de delegado federal) Will Kane se encontra é de extrema urgência. A partir de então, temos uma estória contada em tempo real (outra inovação no Cinema) onde cada minuto desperdiçado aparenta ser de uma fatalidade irreversível ao protagonista da estória. A eficiente edição de Elmo Williams e a direção de Fred Zinnemann, no entanto, conferem ainda mais tensão ao filme e revela-se imprescindível para o resultado final do mesmo. Repare, por exemplo, na inteligente decisão que o diretor toma ao, sempre que possível e conveniente, realizar um close in em um relógio, mostrando o ponteiro deste se movendo lentamente.
Os personagens também são magistralmente desenvolvidos, principalmente se levarmos em conta o pouco tempo que eles têm em cena, e o protagonista, interpretado por Gary Cooper, é o que mais se destaca neste quesito. Longe de ser o esteriotipado xerife durão dos filmes do gênero, Will Kane mostra algumas ressalvas quanto à sua valentia, como na cena em que um personagem lhe pergunta se está com medo de morrer e ele, humildemente, responde que sim. Mas o grande destaque, no que se refere à exploração do protagonista, está nas atitudes do mesmo. Afinal de contas, por que Kane simplesmente não vai embora da cidade, ao invés de confrontar os bandidos, uma vez que ele já se encontra aposentado? Seria por motivos morais? Motivos pessoais? Amor à profissão? Ou talvez seria para proteger a sua própria esposa? E já que mencionei a personagem de Gracy Kelly, devo atribuir um destaque especial a essa, cuja função no filme não é simplesmente ser a bela e meiga mocinha indefesa do mesmo, mas sim conter uma participação crucial no final do longa, quando o resultado do embate poderia ter sido completamente diferente, não fosse por sua intervenção. “Matar ou Morrer” é, de fato, o pai dos westerns xerife versus bandido e só isto já é o bastante para exigir de todo o cinéfilo uma conferida.

Avaliação Final: 10,0 na escala de 10,0.

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