quarta-feira, 6 de fevereiro de 2008

Crítica - Sweeney Todd: O Barbeiro Demoníaco da Rua Fleet

É no mínimo muito curioso que eu tenha assistido a este “Sweeney Todd – O Barbeiro Demoníaco da Rua Fleet” minutos após ter comentado em meu artigo sobre “Conduta de Risco” que não se faziam filmes frios, sensível e artisticamente falando, tão bons quanto se faziam antigamente. Menciono isto em virtude à sensação que tive com o término da sessão da nova obra de Tim Burton de que havia assistido a um filme frio, mas sensacional e extremamente cativante. Diferentemente de longas como “Desejo e Reparação” e “Conduta de Risco”, a frieza deste “Sweeney Todd” em momento algum chegou a me incomodar, muito pelo contrário, além de me cativar completamente, a mesma pôde estabelecer um elo fantástico entre mim e os sentimentos doentios de seu protagonista. Aproveitando o ensejo, já que supra citei longas como “Desejo e Reparação” e “Conduta de Risco”, digo que este “Sweeney Todd” se mostra muito superior a ambos e a sua não indicação ao Oscar de Melhor Filme (e até mesmo Melhor Diretor) foi o maior absurdo que a Academia cometeu este ano. Resta-me agora torcer para que o longa ganhe ao menos o Oscar de Melhor Direção de Arte, que certamente irá faturar.





Ficha Técnica:
Título Original: Sweeney Todd: The Demon Barber of Fleet Street
Gênero: Suspense
Tempo de Duração: 116 minutos
Ano de Lançamento (EUA): 2007
Site Oficial: http://www.sweeneytoddmovie.com/
Estúdio: DreamWorks SKG / Warner Bros. Pictures / The Zanuck Company / Film IT / Parkes/MacDonald Productions
Distribuição: Warner Bros. Pictures / DreamWorks SKG / Paramount Pictures
Direção: Tim Burton
Roteiro: John Logan (roteiro), Stephen Sondheim (musical), Hugh Wheeler (musical), Christopher Bond (adaptação do musical)
Produção: Richard D. Zanuck, Walter F. Parkes, Laurie MacDonald e John Logan
Música: Mike Higham
Fotografia: Dariusz Wolski
Desenho de Produção: Dante Ferretti
Direção de Arte:
Figurino: Colleen Atwood
Edição: Chris Lebenzon
Efeitos Especiais: Gentle Giant Studios / Moving Picture Company / Neal Scanlan Studios
Elenco: Jhonny Depp (Sweeney Todd / Benjamin Barker), Helena Bonham Carter (Mrs. Lovett), Alan Rickman (Juiz Turpin), Timothy Spall (Beadle Bamford), Ed Sanders (Toby), Jamie Campbell Bower (Anthony Hope), Jayne Wisener (Johanna), Sacha Baron Cohen (Signor Adolfo Pirelli) e Laura Michelle Kelly (mendiga).



Sinopse: Anos após ter sido julgado culpado por um crime que não cometeu e ver a sua família parcialmente destruída graças à intolerância do Juiz Turpin (Alan Rickman), o barbeiro Benjamim Barker, agora alcunhado de Sweeney Todd (Johnny Depp), retorna a Londres a fim de se vingar de todos aqueles que considera culpado pelo infortúnio ocorrido com ele outrora. Com a sede de vingança cada vez maior, a insanidade cresce à mente de Todd, transformando-o em um frio serial-killer que passa a não medir mais os motivos pelos quais elimina suas vítimas. Contando com a ajuda de uma excêntrica doceira, a Srta. Lovett (Helena Bonhan Carter), Todd se instala no mesmo lugar em que exercia sua função de barbeiro no passado e começa a atrair suas vítimas ao local. Após aparar a barba das mesmas, o serial-killer as executa e entrega seus corpos à sua cúmplice, para que a mesma utilize os corpos dos mesmos como ingrediente na composição de suas tortas, eliminando assim as evidências dos crimes.



Sweeney Todd: The Demon Barber of Fleet Street – Trailer

Sweeney Todd: The Demon Barber of Fleet Street – Trailer 2



Crítica:



Alfred Hitchcock disse certa vez: “___ Antes começar no clichê do que terminar nele”. Tim Burton realmente levou isto a sério neste “Sweeney Todd”. Baseado em um musical feito por, ninguém mais, ninguém menos que Stephen Sondheim (o maior escritor de musicais de sua geração) o longa aparenta ser uma espécie de conto de fadas às avessas. Assim como todo o conto de fadas, este aqui possui seus pequenos clichês, que variam desde uma batida estória de vingança a um casal de jovens que se apaixonam à primeira vista (um destes jovens, por sinal, é a filha do protagonista). Contudo, o roteiro trabalha tais clichês de maneira tão imprevisível que, conforme sugeria Hitchcock, os mesmos acabam sendo abandonados até o final da película, nos brindando com um desfecho satisfatório, embora perturbador e doentio, assim como o filme todo o é. Lamentavelmente os pontos fracos do longa não se resumem apenas em seus clichês e/ou estereótipos, mas também na falta de sagacidade do mesmo em alguns momentos. Benjamim Barker (protagonista da estória) é um homem que retorna a Londres em busca de vingança (o motivo? Leia a sinopse). Para isto ele almeja abandonar a sua antiga identidade, a fim de livrar-se de suspeitas e assume uma nova: Sweeney Todd. Contudo, se o desejo de Todd é esquivar-se de todo o tipo de suspeita, fica uma pergunta no ar: “___Por que o protagonista volta a exercer o seu ofício no exato lugar onde o fizera outrora, gerando suspeitas inclusive, em um antigo conhecido seu?” Fora estes detalhes, o longa é perfeito. Sombrio, psicótico e sanguinário na medida certa, Burton realiza a façanha de transmitir sutileza a esta obra macabra, tornando-a extremamente cativante, obtendo aqui um de seus melhores resultados como diretor. Os números musicais também colaboram muito para a sutileza da obra, assim como as perfeitas atuações de Depp e Carter (a propósito, que afinados cantores eles se revelam, hein?). A maior qualidade do longa fica por conta do estudo psicológico de seu protagonista, mostrando o modo frio como este atrai suas vítimas e as executa.



Avaliação Final: 9,0 na escala de 10,0.




____________________________________________________________________

Nenhum comentário: