sábado, 9 de fevereiro de 2008

Crítica - No Tempo das Diligências

Alerta cinéfilo! Não era possível que assistindo tantos filmes na vida eu nunca havia visto um John Ford .Erro!Precisava reparar logo,mas por qual começar?Apesar de ser um gênero que eu goste muito, os westerns nunca conseguem prender tanto minha atenção e ainda por cima me deparo com dois cinéfilos detonando o que seria a obra prima do cineasta: "Rastros do Ódio", mas eu ainda precisava de um John Ford,urgente!
Reparando meu erro consegui uma grande obra-prima que o diretor filmou em 1939."No Tempo das Diligências" não só foi um western que conseguiu me prender em frente a tela todo o tempo,como também digo que desde "O Tesouro de Sierra Madre" eu não assistia a uma aventura tão boa,e vou mais além,desde "Os Sete Samurais" um filme daquele tipo não me cativava tanto. Disse que foi o western que mais prestei atenção? Sim, talvez por isso algumas imperfeições não me fugiram e mesmo que amemos o filme, um cinéfilo deixá-las passá-las despercebidas propositalmente, seria como renegar uma cultura...



Crítica:



John Ford é um cineasta conhecido por fazer fabulosos western,presente em grande maioria das listas de cinema,ele tem em seu "currículo" uma obra-prima impossível de se passar indiferente,trata-se de "No Tempo das Diligências".Um western que nos envolve de maneira fantástica,e talvez uma das mais notórias características dele é justamente fugir de todos os clichês que um western comum traria:não existe a mocinha forte e incenssível, não têm cenas em que vemos banhos de sangue e muito menos um grande bandido para nos fazer pensar:"esse é o vilão!".Não!O roteiro vai pela originalidade, trata-se apenas de um grupo de pessoas que por motivos diversos são trasportadas em uma diligência e atravessam o Arizona. Conhecemos cada um deles e vemos um medo em comum.Todos eles são alertados já de início que a rota está sob ataque,e a qualquer momento podem (ou não)serem atacados por grupos indígenas.Está travado o clima que sesegue por quase 100 minutos de filme,porém já no início comete-se um erro que por muito pouco leva o filme ao fracasso, tentando desviar de todos os clichês,"No Tempo das Diligências" acaba caindo no mais óbvio deles:apresenta o protagonista: um herói canastrão,que busca vingança,tenta seduzir uma mulher e acabou de sair de uma cadeia,a estória ganha seus pontos baixos justamente nas cenas em que John Wayne aparece,e chega a ser constrangedor a relação dele com uma das mulheres presentes na diligência,o fato é que John Ford consgue salvar seu filme.Como?Construindo de forma tão perfeita seus codajuvantes que o próprio protagonista passa quase despercebido,temos de tudo:médico alcoolatra;mulher fria e misteriosa,mulher com olhar dócil,vendedor covarde,patriota mal humorado e um típico cavalheiro do oeste,e dentro da diligência vemos uma mistura de personalidades diferentes,que a todo momento são obrigado a decidir o próprio futuro diante do perigo do possível ataque e é claro,confiar no julgamento dos outros,e todos os personagens estão lá,presentes,todos são necessários à estória,o interessante é que o medo que cada um está sentindo nunca é demonstrado em palavras,mas sim em gestos e olhares,o que faz com que "No Tempo das Diligências" não se torne uma experiência monótona e cansativa.
Nada escapa à câmera de John Ford, que procura mostrar detalhadamente todos os hábitos daquelas pessoas e faz um contraste magnífico com as paisagens do oeste norte-americano,e talvez tanto realismo pode ser o responsável por nos transportar direto para àquela época,a conseqüência foi as imagens terem envelhecidos tanto com o tempo,o mesmo aconteceu com obras como "...E o Vento Levou" lançado no mesmo ano.O filme além de tudo conta com uma fotografia belíssima e com um ritmo que respeita a estória,mas ao mesmo tempo foge de várias coisas que ela propunha.Tudo vai seguindo seu caminho até chegar ao clímax principal.
"No Tempo das Diligências" é tão interessante quanto "O Tesouro de Sierra Madre" e tão cativante quanto "Os Sete Samurais".



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