sexta-feira, 29 de fevereiro de 2008

Comentários Pós-Oscar



Ai, ai, ai... de que maneira eu poderia me desculpar com relação aos inúmeros erros que tive em minha previsão para os vencedores do Oscar 2008®? Eu bem que poderia dizer que muitos filmes ganharam inesperadamente, o que de fato ocorreu, mas acredito que grande parte de meus erros tenha ocorrido em razão a minha teimosia. Tudo realmente indicava que “Onde os Fracos Não Têm Vez” iria levar os prêmios de Melhor Filme, Direção, Roteiro Adaptado e até mesmo Montagem, que acabou perdendo para “O Ultimato Bourne” (esta que, para mim, fôra a maior surpresa de todo o Oscar®), mas ainda assim decidi apostar numa surpreendente e, por que não dizer, improvável vitória de “Sangue Negro” nesta reta final.

O resultado é que o filme dos Coen, assim como todos esperavam (salvo esta mula teimosa que vos escreve), foi o grande destaque da noite do Oscar® e faturou quase todos os principais prêmios.

O que achei da premiação? Justa, até certo ponto. É óbvio que em virtude de meu fanatismo incondicional por “Sangue Negro” estava torcendo pela obra-prima de Paul Thomas Anderson, mas o fato de “Onde os Fracos Não Têm Vez” ter levado o prêmio não me deixou necessariamente magoado (decepcionado, viria mais a calhar nesta hora).

O fato de um filme extremamente inovador ter levado o prêmio principal demonstra que, felizmente, a Academia de Artes e Ciências Cinematográficas não está mais tão conservadora quanto antigamente. Sempre disse que “Sangue Negro” era um filme mais redondinho e tinha mais a cara de Oscar® que “Onde os Fracos Não Têm Vez”, mas a vitória do filme dos Coen sobre a obra de Anderson demonstrou, ao menos, que os membros da Academia estão valorizando cada vez mais os projetos ousados e arriscados.

Outro acontecimento que me deixou extremamente satisfeito na referida noite foi a vitória de Marion Cotillard sobre Julie Christie. Ambas as atrizes se saíram muitíssimo bem em seus respectivos filmes e mereciam a vitória, contudo, seguindo a lógica de que o bairrismo e o ufanismo dos membros da Academia chega a ser exacerbado, era muito mais provável a vitória de Julie Christie, que fez uma atuação em língua inglesa. Felizmente os votantes decidiram fazer justiça e premiaram Cotillard, que se mostrou um pouco mais competente que Christie em sua composição. De uma só vez matou-se dois coelhos com uma cajadada só, a Academia esqueceu-se da fama que possui de proteger sempre os seus queridinhos (no caso, Christie) e decidiu premiar uma atriz que, individualmente falando e esquecendo-se de sua carreira e da carreira de sua concorrente, mereceu levar o prêmio para casa e esqueceu-se também da fama de bairrista, que só premia atores e atrizes que compõem papéis em língua inglesa, não levando em conta o talento destes (lembram de quando Fernanda Montenegro perdeu o Oscar® para a apenas razoável Gwyneth Paltrow?).

Nem tão imprevisível quanto o prêmio de Melhor Atriz foi o prêmio de Melhor Roteiro Original. Para ser sincero, era bem previsível a vitória de Diablo Cody, mas a verdade é que sempre ficávamos com um pé atrás graças ao passado da roteirista. Todos sabem o quão conservadores são os votantes e o quanto eles repudiam pessoas e/ou atos que fujam dos princípios da moral cristã e/ou judia (no caso, judia viria mais a calhar, tendo em vista que a maior parte dos membros que constituem a Academia de Artes e Ciências Cinematográficas seguem tal religião) e, mesmo tendo todo o favoritismo a seu lado, foi surpreendente vermos uma ex-stripper recebendo um prêmio tão importante em uma cerimônia tão conservadora como é o Oscar®.

Em suma, fiquei deveras decepcionado com alguns resultados da 80ª festa de entrega do Oscar® (fiquei mais decepcionado ainda com os inúmeros erros de dedução que tive ao elaborar meus palpites sobre os prováveis vencedores), mas no geral, gostei, e muito, de ver os membros da Academia inovando e deixando o seu característico conservadorismo de lado.



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Um comentário:

Ricardo Bianchetti disse...

Precisa de desculpas não Daniel
eu mesmo estava torcendo (e quanto) para "Sangue Negro" desparar no final