terça-feira, 5 de fevereiro de 2008

Crítica - Conduta de Risco

Acredito estar tendo um sério problema com a maneira fria como os filmes têm sido desenvolvidos recentemente. A última vez que senti algo parecido com o que senti agora a pouco, enquanto assistia a este “Conduta de Risco” (mais um título nacional tão ridículo, apelativo e gratuitamente descartável quanto “Senhores do Crime”), foi quando assisti a “Desejo e Reparação”. Não sei exatamente o porquê, mas a maneira fria como tais filmes foram desenvolvidos acabaram colocando uma espécie de muralha anti-sensibilidade artística entre mim e as obras cinematográficas em questão. É aí que o leitor comenta: “___ Isso acontece porque você simplesmente não gosta de filmes desenvolvidos friamente.”. Pois eu digo justamente o contrário, adoro filmes frios. Querem uma prova disso? O meu 2° filme predileto é “2001 – Uma Odisséia no Espaço” e, cá entre nós, existe filme mais frio que este? Pois é, acredito que a única escapatória que me resta é apelar ao clichê e dizer que não se fazem mais filmes frios, sensível e artisticamente, como se faziam outrora.






Ficha Técnica:
Título Original: Michael Clayton
Gênero: Drama
Tempo de Duração: 119 minutos
Ano de Lançamento (EUA): 2007
Site Oficial: http://michaelclayton.warnerbros.com
Estúdio: Castle Rock Entertainment / Mirage Enterprises / Section Eight / Samuels Media
Distribuição: Warner Bros. Pictures / Imagem Filmes
Direção: Tony Gilroy
Roteiro: Tony Gilroy
Produção: Jennifer Fox, Kerry Orent, Sydney Pollack e Steve Samuels
Música: James Newton Howard
Fotografia: Robert Elswit
Desenho de Produção: Kevin Thompson
Direção de Arte: Clay Brown
Figurino: Sarah Edwards
Edição: John Gilroy
Efeitos Especiais: Handmade Digital
Elenco: George Clooney (Michael Clayton), Tom Wilkinson (Arthur Edens), Sydney Pollack (Marty Bach), Michael O'Keefe (Barry Grissom), Tilda Swinton (Karen Crowder), Dennis O'Hare (Sr. Greer), Julie White (Sra. Greer), Austin Williams (Henry Clayton), Jennifer Van Dyck (Ivy), Frank Wood (Gerald), Bill Raymond (Gabe Zabel), Sharon Washington (Pam), Ken Howard (Don Jefferies), Rachel Black (Maude), Christopher Mann (Tenente Elston), Cynthia Mace (Wendy - voz), Michael Countryman (Evan - voz), Jonathan Walker (Del - voz), Thomas McCarthy (Walter - voz), Danielle Skraastad (Bridget Klein - voz) e Wai Chan (Traficante chinês).



Sinopse: Michael Clayton (George Clooney) trabalha numa das maiores firmas de advocacia de Nova York, tendo por função limpar os nomes e os erros de seus clientes. Tendo trabalhado anteriormente como promotor de justiça e vindo de uma família de policiais, Clayton é o responsável por realizar o serviço sujo da firma Kenner, Bach & Ledeen, que tem Marty Bach (Sydney Pollack) como um de seus fundadores. Apesar de estar cansado e infeliz com o trabalho, Clayton não tem como deixar o emprego, já que o vício no jogo, seu divórcio e o fracasso em um negócio arriscado o deixaram repleto de dívidas. Quando Arthur Evans (Tom Wilkinson), o principal advogado da empresa, sofre um colapso e tenta sabotar todos os casos da U/North, uma empresa que é cliente da Kenner, Bach & Ledeen, Clayton é enviado para solucionar o problema. É quando ele nota a pessoa em que se tornou.



Michael Clayton – Trailer



Crítica:



Iniciando esta análise com uma péssima metáfora: “Conduta de Risco” me fez imaginar uma sardinha engarrafada em um recipiente para salmão. O longa possui tudo para engrenar o expectador em uma ótima experiência cinematográfica, mas existe uma pessoa por trás da estória que não permite que isso realmente aconteça. O nome desta pessoa? Tony Gilroy. E quando me refiro a este cidadão, me refiro ao Tony Gilroy roteirista e não ao Tony Gilroy diretor (apesar deste não colaborar muito para o desenvolvimento da trama). Contando com uma trama extremamente interessante, bem como o seu protagonista, o diretor e roteirista deste “Conduta de Risco” parece se perder no desenvolvimento do filme. Temos aqui uma estória que, por si só, se revela deveras cativante abordando o maior mal do mundo capitalista em que vivemos: as grandes coorporações. Mas Gilroy (roteirista) não se esforça muito a fim de criar-nos um laço realmente envolvente com a trama. Quando o assunto é o desenvolvimento de seu protagonista, a situação se revela ainda mais alarmante. Michael Clayton, magistralmente interpretado por George Clooney, é uma pessoa repleta de dilemas. Sua vida se resume a trabalhar em um emprego que detesta e acredita ser politicamente incorreto, mas devido a certos infortúnios (que varia desde o seu vício nos jogos de azar, até em uma fracassada tentativa de transformar-se em empresário) fazem-no tornar-se cada vez mais dependente do salário que este lhe proporciona. A esta altura o leitor me pergunta: “___ Temos aqui um personagem dos mais interessantes, não?”. Correto, mas o roteiro de Gilroy não o desenvolve de maneira cativante o bastante a ponto de fazer com que o espectador crie uma relação realmente forte com o mesmo. Não bastasse isso, a estória do longa é desenvolvida com a mesma frieza. Apesar de excelente, a trama se revela tão distante que por vários minutos senti-me perdido em meio à mesma. Com todos estes defeitos, o longa em questão se revela uma experiência interessante, mas está longe de ser tão magnífico quanto deveria.



Avaliação Final: 7,0 na escala de 10,0.




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