sábado, 29 de novembro de 2008

Star Wars - Episódio V - O Império Contra - Ataca - ***** de *****

É uma grande honra e um grande esmero para mim, poder, finalmente analisar este quinto episodio da saga “Star Wars”. Que venerei veementemente a mesma durante a minha infância, isso todos que acompanham o meu trabalho já sabem, agora, o meu carinho em especial por este quinto episódio está sendo revelado em primeira mão aqui, nesta pré crítica do longa. Sinceramente, não consigo descrever, demonstrar em palavras, o quão importante esta verdadeira Obra-Prima do Cinema fora para o desenvolvimento de minha paixão pela Sétima Arte. Meu pai lembra-me até hoje da minha reação enquanto assistia ao filme pela primeira vez e, ao ver o protagonista Luke desconcentrando-se de seu treinamento para se tornar um Jedi, acabara, involuntariamente, derrubando o simpático dróide R2-D2. Curioso como sempre fui (e agora, sabe-se lá o porquê, não sou mais), tratei de perguntar ao meu progenitor: “Pai, por que o R2 caiu?”. Sei que a frase é clichê, mas enfim: “Bons tempos aqueles”.

Ficha Técnica:
Título Original: The Empire Strikes Back.
Gênero: Aventura / Ficção Científica.
Tempo de Duração: 124 minutos.
Ano de Lançamento (EUA): 1980.
Estúdio: LucasFilm Ltda.
Distribuição: 20th Century Fox Film Corporation.
Direção: Irvin Kershner.
Roteiro: Leigh Brackett e Lawrence Kasdan, baseado em estória de George Lucas.
Produção: Gary Kurtz.
Música: John Williams.
Direção de Fotografia: Peter Suschitzky.
Desenho de Produção: Norman Reynolds.
Direção de Arte: Leslie Dilley, Harry Lange e Alan Tomkins.
Figurino: John Mollo.
Edição: Paul Hirsch e Marcia Lucas.
Efeitos Especiais: Industrial Light & Magic.
Elenco: Mark Hamill (Luke Skywalker), David Prowse (Darth Vader), James Earl Jones (Darth Vader - Voz), Harrison Ford (Han Solo), Carrie Fisher (Princesa Leia Organa), Frank Oz (Yoda - Voz), Jeremy Bulloch (Boba Fett/Tenente Sheckil), Billy Dee Williams (Lando Calrissian), Alec Guinness (Obi-Wan Kenobi), Anthony Daniels (C3PO), Kenny Baker (R2D2), Peter Mayhew (Chewbacca) e Clive Revill (Imperador Cos Palpatine - Voz).
Sinopse: Após ser descoberta pelos exércitos imperiais, a Aliança Rebelde opta por montar a sua base de operações militares em um local discreto, onde o império jamais possa encontrá-los com facilidade. Entretanto, o Senhor do Mal: Lorde Darth Vader (atuação: David Prowse, voz: James Earl Jones), envia sondas aos sistemas solares mais longínquos do espaço sideral a fim de localizar seus inimigos e o plano funciona perfeitamente. Após uma batalha fortíssima contra o Império, os rebeldes têm muito de seu potencial enfraquecido e decidem fugir para não serem capturados. Luke Skywalker (Mark Hamill) recebe uma visita de seu antigo tutor Obi-Wan Kenobi (Alec Guiness) e este lhe aconselha a procurar por Mestre Yoda (Frank Oz) dando início ao seu treinamento para tornar-se um Jedi. Han Solo (Harrison Ford), Princesa Leia Organa (Carrie Fischer), Chewbaca (Peter Mayhew), R2-D2 (Kenny Baker) e C3PO (Anthony Daniels) conseguem escapar ilesos da frota espacial imperial, mas a sua nave é seriamente atingida e necessita fazer reparos. Para isso, Han Solo decidi ir até Curoscant, encontrar-se com Bobba Fett (Jeremy Bulloch), um velho conhecido, e solicitar-lhe auxílio com os reparos.

Star Wars – Episode V – The Empire Strikes Back – Trailer:


Crítica:

Peço ao leitor que me responda rapidamente a seguinte questão: qual é a primeira coisa que lhe vem à mente quando se pensa em “Star Wars”? Aposto que 90% das pessoas que leram esta pergunta responderam: Darth Vader, estou errado? Pois é, não há como negar que, por mais que personagens como Luke Skywalker, Capitão Han Solo, Princesa Leia, Chewbaka, Mestre Yoda, Obi-Wan Kenobi, e até mesmo os robôs R2-D2 e C3PO nos cativem amplamente, a alma da trilogia é o senhor das trevas: Lorde Darth Vader. Só para se ter uma idéia, em quase todas as listas, elaboradas por cinéfilos, com o intento de eleger os melhores vilões da estória do Cinema, adivinhe só quem encabeça as mesmas com unanimidade? Sim, ele mesmo, Lorde Darth Vader.

Mas o que faz de Vader este personagem tão marcante? Tão onipresente na memória da grande maioria dos fãs da sétima Arte? Seria a sua respiração assustadora e ofegante? Seria a sua fantasia aterrorizadoramente sombria e escura? Seria sua voz vibrante e penetrante? Seriam seus poderes devastadores de Lorde Sith (vide o modo como ele é capaz de sufocar um sujeito que está a anos luz de distância dele)? Creio que seja tudo isso e muito mais, em especial o lado psicológico deste. Vader passa a causar interesse no espectador a partir do momento em que, no episódio anterior, exatamente no intróito do filme, ficamos sabendo, através de Obi-Wan Kenobi, que o vilão já fora um promissor Jedi outrora, mas converteu-se ao lado negro da Força e exterminou a grande maioria dos mestres Jedi. Quais os motivos que levariam um promissor defensor do lado iluminado da Força a tornar-se aquilo que mais odiava? Particularmente, creio que seja exatamente isto que torna Vader um objeto de estudo tão interessante, o modo como o roteiro explora o seu lado psicológico e o transforma em um simples produto do meio e das circunstâncias que este lhe proporcionou. Por mais poderoso que Vader seja, não há como negar que ele possuía inúmeras fraquezas a ponto de ter sua ideologia de vida drasticamente convertida, deslocando-se de uma polaridade para outra, fato que o torna um vilão vulnerável, ou seja, muito mais palpável de se absorver em um contexto real.

Contudo, conforme mencionei em minha crítica, em “Uma Nova Esperança” o grande vilão desta saga acabou não sendo explorado da maneira profunda com que deveria ter sido. Se por um lado o episódio anterior ganha pontos ao conferir vulnerabilidade a Vader, tornando-o um reles subordinado do Comandante Vanden Willard, por outro lado falha na construção do personagem, fazendo-o não cativar o público tanto o quanto deveria. Neste “O Império Contra-Ataca” a situação se inverte. Optando sabiamente por escreverem um roteiro que dá total ênfase ao vilão, Leigh Brackett e Lawrence Kasdan fazem de Vader o âmago deste quinto episódio e, indiscutivelmente, a maior qualidade deste.

A direção de Irvin Kershner é outro ponto fortíssimo do longa e se mostra extremamente competente ao conduzir as cenas protagonizadas por Vader, fazendo com que as mesmas causem o impacto que o roteiro tanto almeja. Note, por exemplo, a perfeição que é o primeiro plano-seqüência, onde vemos o Senhor do Mal dar as caras neste quinto episódio pela primeira vez. Começamos com a brusca movimentação das naves do império pela galáxia, procurando insaciavelmente por membros da Aliança Rebelde. A música Imperial March, brilhantemente orquestrada pelo mestre John Willians, é ressoada de maneira que cause um impacto direto no espectador e, finalmente, vemos Lorde Darth Vader sentado em sua majestosa poltrona. Uma cena arrepiante, marcante, magistralmente bem realizada por Kershner, que confere uma união perfeita entre vários aspectos do longa (direção, direção de arte, trilha-sonora, fotografia, figurino e, é claro, roteiro) e que, por si só, já faz com que o espectador necessite dar uma conferida na obra, mesmo que este não se interesse pela trilogia.

Mas é óbvio que “O Império Contra-Ataca” não se resume apenas a Darth Vader. Contando com um roteiro fabuloso que apresenta uma carga dramática maior que o filme original, este quinto episódio se mostra inquestionavelmente formidável em quase todos os seus aspectos. Comecemos pelo desenvolvimento de seus demais personagens. Em “Uma Nova Esperança”, o longa contava com um ponto indispensável a todo o episódio de abertura de série (ou saga, caso o leitor prefira) que se preze: a aprofundada abordagem de seus protagonistas (salvo Darth Vader, conforme fora previamente mencionado). Este “O Império Contra-Ataca”, contudo, opta engenhosamente por não tentar desenvolver seus personagens de uma maneira individual (coisa que o filme anterior fizera com maestria), o que faria com que o mesmo perdesse muito tempo inutilmente, e o faz através da química elaborada entre dois ou mais personagens e/ou mediante as situações as que os mesmos são respectivamente submetidos.

Há, no entanto, uma falha gravíssima contida no roteiro de “O Império Contra-Ataca” quando este desenvolve a química existente entre dois determinados personagens do longa. Refiro-me a Han Solo e Leia. O flerte entre ambos que havia se iniciado de maneira conveniente e satisfatória no filme anterior, beira o ridículo aqui, obrigando o espectador a se conformar com diálogos forçados e artificiais do tipo: “___ Sei que você me ama, não adianta disfarçar.” ou “___ No fundo você adoraria ficar com um cara bonitão como eu.”. Não bastasse isso, temos uma série de piadinhas ridículas em cima do romance entra ambos e, francamente, não há como não se irritar com a química desenvolvida entre os personagens de Ford e Fisher, pois eles formam o típico casal clichê: “nos odiamos, mas, no fundo, nos amamos!”.

Menos artificial e mais satisfatória é a fantástica química desenvolvida entre o protagonista Luke Skywalker e seu mais novo mentor, o ex-líder do Conselho Jedi: Mestre Yoda. Contando com diálogos cuja superioridade se mostra ululante aos de Han e Leia, o bizarro, mas ainda assim estranhamente cativante, Mestre Yoda dá a Luke (e a nós, espectadores), lições sobre paciência, autoconfiança, plenitude e estabilidade emocional e racional. A inserção do mestre Jedi na trilogia antiga foi um dos pontos mais altos da mesma e não é a toa que este tornou-se um personagem quase tão marcante quanto o próprio Darth Vader. Luke Skywalker também é muito bem desenvolvido em função de tal química, sobretudo a rebeldia do mesmo (note a maneira como este reluta em relação a algumas exigências de Yoda e no modo como ele não segue o conselho do mentor, abandonando-o para salvar os amigos) que muito difere dos dogmas estoicistas adotados por seu pai no primeiro episódio da saga.

As seqüências de aventura também são ótimas e, apesar de ficarem bem aquém das do quarto episódio, se revelam altamente dinâmicas. Ao contrário da grande maioria dos filmes de aventura, a saga “Star Wars” parece preocupar-se em criar situações onde os protagonistas realmente se encontrem em total perigo e nós, espectadores, consigamos desenvolver um elo emocional com os mesmos, praticamente adentrando na pele destes e passando pelos mesmos perigos que eles também passam. A seqüência em que Solo e Léia, a fim de fugir e despistar as naves imperiais, adentram uma tempestade de meteoros e correm seriíssimo risco de vida é uma prova cabal disto. Ainda mais emocionante e tensa é a seqüência inicial em que o Império descobre a nova base de operações da Aliança Rebelde e comanda um ataque à mesma (esta seqüência torna-se ainda mais eficiente quando Darth Vader entra em cena).

“O Império Contra-Ataca” conta também com uma direção de arte que beira à perfeição (principalmente se levarmos em conta a época em que o filme fora produzido). Desta vez, as naves são ainda mais bem detalhadas que no episódio anterior, conferindo ainda mais realismo às mesmas. Os cenários também são fantásticos, em especial Curoscant vista do alto, uma cidade incrivelmente futurística entre as nuvens, algo que incita à imaginação do espectador e confere um crédito ainda maior a toda magia que envolve a obra. Simplesmente fantástico.

Os efeitos visuais também não ficam muito atrás. Da mesma forma que a caracterização do gangster Jabba, the Hutt, impressionava os espectadores pela sua aparência quase real, o mesmo ocorre com o inesquecível Mestre Yoda, mas com uma grande diferença: Yoda, aqui, é ainda mais convincente e real que Jabba, uma vez que seus movimentos são muito menos lentos que os daquele. Outra grande evolução que o filme obteve neste quesito foram as lutas com sabres de luz que ganharam muito mais dinâmica graças aos efeitos visuais. Tais efeitos colaboraram, e muito, para que a luta ocorrida entre Luke e um personagem cuja identidade manterei oculta fosse extremamente emocionante (é claro que se compararmos tal duelo com os ocorridos nos filmes da nova trilogia, estes empalidecem bastante) e se tornasse a cena mais importante de toda a saga “Star Wars”, além, é claro, de ser considerado uma das 10 cenas mais importantes da história do Cinema.

E já que mencionei tal cena, creio que deveria destinar um parágrafo inteiro apenas a esta, tamanha a importância da mesma. Conferindo uma carga dramática extremamente importante e envolvente à seqüência em questão, os roteiristas Leigh Brackett e Lawrence Kasdan souberam perfeitamente como criar de maneira extremamente sutil o clima necessário para que a mesma soasse surpreendente (na verdade, ela é surpreendente apenas para quem ainda não assistiu aos Episódios I, II e III) e emocionante na medida certa. A inserção do diálogo “___ Luke, você é meu filho” também não poderia ter sido realizada de maneira mais conveniente e impactante. Irvin Kershner também se mostra competente o bastante na condução da cena, pois sabe da importância que ela tem para a trilogia de um modo geral e proporciona ao espectador um dos maiores espetáculos já promovidos pela Sétima Arte.

Por fim, a sensação lúgubre que este quinto episódio nos proporciona em relação às incertezas acerca dos futuros dos respectivos protagonista da estória é, não menos, que majestosa e fantástica, pois faz com que roamos as unhas de tensão ao imaginar o que virá pela frente, com o sexto e último (ao menos por enquanto) episódio da saga. E, convenhamos, não há maior toque de genialidade que um filme pertencente à uma trilogia pode causar em seu espectador do que este: deixá-lo assíduo para conferir o próximo episódio sem precisar apelar para artificialidades de roteiro.

Abordando o mais carismático personagem de toda a saga de um modo demasiado aprofundado, “Star Wars – Episódio V – O Império Contra-Ataca” se mostra amplamente matreiro no desenvolvimento deste e, de quebra, cria o maior e mais importante vilão de toda a história do Cinema. Apresentando uma carga dramática bem superior ao filme anterior, este quinto episódio ainda ganha um importantíssimo destaque devido a uma revelação bombástica ocorrida no terceiro ato de sua trama. O desenvolvimento entre os personagens é perfeito, uma vez que este é realizado a partir da química existente entre dois ou mais deles, salvo, é claro, a química desnecessariamente infantil elaborada entre Han Solo e Léia Organa. As seqüências de aventura deixam um pouco a desejar comparadas ao filme anterior, mas são excelentes e tensas o bastante, analisando-as individualmente. O melhor filme de toda a saga.

Avaliação Final: 9,0 na escala de 10,0.

Nenhum comentário: