domingo, 30 de novembro de 2008

Star Wars - The Clone Wars - *** de *****

Estava completamente atrasado (e ainda estou, diga-se) com relação à publicação das críticas dos filmes recentes aqui no Papo Cinema em virtude ao tempo que tive de me dedicar aos textos especiais que estive escrevendo recentemente sobre a saga “Star Wars”. Uma vez finalizados tais textos, nada melhor do que ser demasiadamente oportunista e regressar à sessão “Filmes Recentes” entrando no embalo da saga criada por George Lucas e escrevendo sobre o mais novo episódio desta, cujo título vem a ser: “Star Wars – The Clone Wars”. Quem leu os meus textos sobre os demais episódios da franquia deve ter percebido que, apesar de não conferir nota máxima a nenhum dos filmes, sou fã incondicional dos mesmos, sendo assim, é praticamente impossível eu ser objetivo, deixar o lado fanzóide inerte e, por mais que reconheça que este novo episódio contenha uma infinidade de defeitos, não há como negar o quanto ele conseguiu cativar-me, a ponto de me fazer sonhar com o mesmo durante esta noite (assisti ao longa no cinema, no dia 30 de agosto de 2008 às 19hs da noite).

Ficha Técnica:
Título Original: Star Wars: The Clone Wars.
Gênero: Animação/Aventura/Ficção Científica.
Tempo de Duração: 98 minutos.
Ano de Lançamento (EUA): 2008.
Site Oficial: http://www.starwars.com/clonewars
Estúdio: LucasFilm Ltda.
Distribuição: 20th Century Fox Film Corporation.
Direção: Dave Filoni.
Roteiro: Henry Gilroy, Steven Melching, Scott Murphy e George Lucas.
Produção: George Lucas, Catherine Winder e Sarah Wall.
Desenhista: Sianoosh Nasiriziba.
Música: Kevin Kiner.
Desenho de Produção: Dawn Turner.
Direção de Arte: Russell G. Chong e Darren Marshall.
Edição: Jason Tucker.
Elenco (vozes): Matt Lanter (Anakin Skywalker), Ashley Eckstein (Ahsoka Tano), James Arnold Taylor (Obi-Wan Kenobi), Dee Bradley Baker (Capitão Rex, Clones, Cody), Tom Kane (Mestre Yoda), Christopher Lee (Conde Dookan), Nika Futterman (Asajj Ventress), Ian Abercrombie (Chanceler Palpatine, Lorde Darth Sidious), Corey Burton (General Loathsom, Ziro, o Hutt), Catherine Taber (Padmé Amidala), Matthew Wood (Dróides de Batalha), Kevin Michael Richardson (Jabba, o Hutt), David Acord (Rotta, o Hutt), Samuel L. Jackson (Mace Windu) e Anthony Daniels (C3P-O).


Sinopse: Após ter o seu filho seqüestrado, o gangster Jabba, o Hutt, do planeta Tatooine, contata a República e o Conselho Jedi para fazer um trato com estes: caso consigam resgatar a criança, eles terão livre acesso às terras do planeta desértico, poderão realizar operações estratégicas e militares no mesmo e, principalmente, contarão com o apoio de Jabba na guerra contra os separatistas. Para obter êxito em tal resgate o Conselho Jedi envia Anakin Skywalker e a sua jovem Padawan, Ahsoka Tano, para liderarem um grupo de soldados que irão se empenhar na libertação do seqüestrado. Contudo, os separatistas, liderados por Conde Dookan, também têm um forte interesse em adquirir o apoio de Jabba e tentarão o possível a fim de prejudicar a missão liderada por Skywalker.

Star Wars – The Clone Wars – Trailer:



Crítica:

De tanto ouvir a crítica especializada desmoralizar este “Star Wars - The Clone Wars” (agora o megalomaníaco George Lucas não autorizou nem mesmo a tradução do subtítulo do longa) acabei indo ao cinema sem muita expectativa para conferir o mesmo, mas ainda assim, na condição de fã absoluto da série, estava gratificado pela vida ter me dado mais uma oportunidade de poder assistir a mais um episódio desta incrível saga nas telonas. O resultado? Surpreendentemente, adorei o filme.

Que o mesmo conta com uma infinidade de defeitos, em especial os diversos furos de seu roteiro, isso não é nenhuma novidade, mas ainda assim considerei-o um longa divertidíssimo, além, é claro, de nos ofertar outra oportunidade de ficarmos frente a frente com personagens que nos cativaram outrora, como é o caso de Obi-Wan Kenobi, Anakin Skywalker e, certamente, Mestre Yoda.

A estória não deixa de ser interessante, em especial a premissa, mas há um grave problema inserido nela antes mesmo de o filme ter o seu início: a incompatibilidade desta com o subtítulo do longa. Quem vai aos cinemas imaginando que irá presenciar uma ampla abordagem sobre as famosas Guerras Clônicas (mencionadas por Luke Skywalker no quarto episódio da saga, no momento em que ele conhece Obi-Wan Kenobi e fica impressionado quando o segundo lhe revela que participou de tais conflitos) com certeza será negativamente surpreendido.

O roteiro, de fato, aborda ligeiramente as tais Guerras Clônicas, mas estas acabam sendo relegadas ao segundo plano, uma vez que a animação opta por retratar o rapto do filho de Jabba, o Hutt, e os esforços realizados pela República com o intento de resgatar a criança. Certamente é muito interessante assistirmos ao salvamento liderado por Anakin Skywalker e sua nova aprendiz, Ahsoka Tano, mas o problema maior está no propósito do mesmo.

Segundo os membros do Conselho Jedi, caso o resgate do filho de Jabba seja bem sucedido, o Hutt irá colaborar com eles na guerra contra os separatistas e o apoio deste é indispensável para a vitória da República. No entanto, há uma visível discrepância contida nesta missão: se o grande líder do planeta Tatooine é tão poderoso quanto os membros do Conselho Jedi prevêem, por que ele mesmo não se vê capaz de formar o seu próprio exército e resgatar o filho? Ao invés disso, a criatura pede auxílio aos Jedi que, utilizando unicamente dois de seus membros e mais alguns pouquíssimos soldados do gigantesco exército dos Clones, conseguem cumprir a tarefa que um exército inteiro, que aparentava ser tão poderoso a ponto de ser indispensável aos olhos da Federação, não se vê capaz de cumprir com êxito.

Mas os furos do roteiro, infelizmente, não param por aí. Principalmente se analisarmos este “The Clone Wars” da maneira que ele deve ser analisado, como um episódio de ligação entre o segundo e o terceiro capítulo da saga. Em “A Vingança dos Sith”, ficou mais do que claro que um dos maiores motivos que fizeram com que Anakin pendesse ao lado escuro da Força foi justamente a falta de confiança que o Conselho Jedi lhe depositava, relegando-o à posição de um mero coadjuvante, quando na verdade, este, em virtude de seu forte orgulho, almejava ser o protagonista de muitas missões.

Neste “The Clone Wars”, no entanto, o mesmo Conselho que, futuramente, viria negar a Anakin a liderança de missões menos complexas alegando que o jovem Padawan era muito pré-potente, impulsivo e despreparado para tal, atribui ao mesmo, incongruentemente, a responsabilidade de liderar uma tarefa de alta periculosidade, cujo fracasso poderia vir a resultar na derrota da República, durante um dos momentos mais conturbados de toda a sua história.

Incongruente também é a decisão do roteiro que opta por inserir duas personagens cujos destinos ficam em aberto com o término da película. Refiro-me à Ahsoka Tano (que, ao contrário da grande maioria das pessoas, não me irritou profundamente. Longe disso, gostei da inserção da mesma na trama, conforme comentarei mais em breve) e a vilã Asajj Ventress. Se a intenção deste “The Clone Wars” era funcionar como um episódio de liga ao segundo e ao terceiro capítulo, por que então tivemos a inserção de duas personagens que nem ao menos voltariam a aparecer em qualquer um dos dois episódios (“O Ataque dos Clones” e “A Vingança dos Sith”) da saga? Se ao menos o roteiro tivesse se incumbido de dar um destino às mesmas, mas nem isso ele fez, simplesmente as inseriu na estória e esqueceu-se de que, no terceiro episódio, nenhuma das duas nem ao menos aparecem e / ou recebem uma singela menção, que seja.

Mas nem tudo no filme são defeitos. Não, muito pelo contrário. É verdade que o roteiro de “The Clone Wars” conta com uma infinidade de furos e erros, conforme fora previamente mencionado, e a animação falha gravemente ao tentar funcionar como amálgama entre “O Ataque dos Clones” e “A Vingança dos Sith”, mas se o analisarmos apenas como uma obra de entretenimento, este se revela uma ótima opção.

Contando com seqüências de aventura cujo alto nível de adrenalina somente uma animação poderia nos proporcionar (uma vez que esta confere uma vasta gama de movimentos aos personagens que, se fossem feitos de carne e osso, não contariam com a mesma flexibilidade), o filme é pura tensão, do intróito ao cabo, e suas cenas de ação são extremamente cativantes e envolventes, sobretudo as lutas de sabre de luz.

Evidentemente que nenhuma luta de sabre de luz inserida neste “The Clone Wars” se equipara ao conflito travado entre Qui-Gon Jinn, Obi-Wan Kenobi e Darth Maul em “A Ameaça Fantasma”, ou ainda ao duelo entre Mestre Yoda e Conde Dookan em “O Ataque dos Clones” e, principalmente, à luta travada entre Obi-Wan Kenobi e Anakin Skywalker em “A Vingança dos Sith”, mas não há como negar que a adrenalina proporcionada através dos duelos travados entre Obi-Wan Kenobi e Asajj Ventress, Anakin Skywalker e Conde Dookan (este, inclusive, infinitamente superior à luta ocorrida entre os mesmos protagonistas no início de “A Vingança dos Sith”) e o dificílimo combate entre Ahsoka Tano e três dróides de última geração é fortíssima e faz com que o filme valha cada centavo de seu ingresso.

Muito tem-se comentado também sobre a personagem Ahsoka Tano e o quão irritante esta é. Particularmente, a mesma não conseguiu causar-me quaisquer espécies de neurastenia ou coisas do tipo. Muito pelo contrário, confesso ter me surpreendido com a jovem Padawan. As habilidades presentes nela são incríveis e o trabalho desempenhado pela garota revela-se de suma importância para o êxito da missão. É claro que as vestimentas e os trejeitos egípcios que a caracterizam se mostram um tanto o quanto artificiais e oportunistas (uma vez que Ahsoka caminha, durante boa parte do filme, pelos extensos desertos de Tatooine, que muito nos remete à lembrança do Egito), mas creio que este seja o único detalhe que tenha me deixado verdadeiramente indiferente com a presença da garota (além, é claro, de o roteiro não ter previamente justificado o porquê desta simplesmente não aparecer e, nem ao menos ser mencionada, no terceiro episódio da saga, conforme já fora citado alguns parágrafos acima).

Um outro aspecto que tem sido muito criticado negativamente neste mais novo episódio que carrega o nome da brilhante franquia cinematográfica “Star Wars” é a qualidade técnica de sua animação. Em tempos onde personagens desenhados se mostram quase tão reais quanto personagens de carne e osso, tamanha a evolução tecnológica desenvolvida pelos estúdios da Pixar e da Dreamworks (em especial o primeiro), como é o caso do carismático robozinho protagonista do excelente “Wall-E”, era de se esperar que este “The Clone Wars” conta-se com uma qualidade gráfica bem mais avançada do que a que fora definitivamente apresentada aqui.

No entanto, não sou destes críticos que analisam um filme tomando por base uma outra obra cinematográfica. Olhando por este prisma e analisando “The Clone Wars” individualmente, podemos chegar à conclusão que, se a animação não faz jus a um “Wall-E” ou a um “Kung Fu Panda” no que diz respeito à sua parte gráfica, ela, ao menos, se mostra demasiadamente satisfatória neste quesito e, além de seus personagens terem sido muito bem desenhados, a movimentação destes é bastante convincente (salvo a movimentação ocular, que é a única restrição que faço aos mesmos).

A trilha-sonora também tem sido alvo de críticas extremamente negativas, principalmente vindas por parte dos saudosistas que idolatravam John Williams. Certamente, a genialidade de Kevin Kiner nem ao menos arranha a do compositor responsável pela trilha da saga original, em especial quando o filme se inicia e tomamos ciência de que a clássica música de abertura teve alguns acordes acrescentados, fato que adiciona algumas “gordurinhas” desnecessárias à mesma, mas não há como negar que a mescla de New Metal com Heavy Metal foi uma idéia genial de Kiner (apesar de eu detestar o primeiro sub-gênero musical citado) e torna as seqüências de ação do longa ainda mais eletrizantes do que elas já seriam por si só.

A direção de Dave Filoni também é uma característica que se revela bastante satisfatória. Durante o início do filme, as câmeras se movimentam com bastante versatilidade a fim de acompanhar as batalhas travadas entre a República e os separatistas no planeta Kristophsis. Com o desenrolar da trama, no entanto, a direção de Filoni vai perdendo o seu ritmo, mas ainda assim se mostra satisfatória e convincente o bastante a ponto de chamar a atenção do público até o seu último segundo de projeção, conferindo sempre muita dinamicidade ao longa.

Em suma, “Star Wars – The Clone Wars” é uma animação que conta com inúmeras falhas e furos em seu roteiro e se revela demasiadamente frágil se a analisarmos como um capítulo que serve de amálgama entre o segundo e o terceiro episódios. Contudo, analisando-a individualmente, a animação é bem feita e funciona com bastante eficácia se tomarmos esta apenas como uma obra descompromissada de entretenimento. Seus aspectos técnicos são muito satisfatórios, Dave Filoni realiza uma direção competente, a trilha-sonora, apesar de não se equiparar à de John Williams nem nos sonhos mais bizarros que o espectador possa ter, confere ainda mais ritmo às fascinantes e estonteantes seqüências de ação (estas que, de longe, são a maior qualidade do filme) e os personagens, apesar de conterem algumas falhas, são interessantes em sua maioria.

Avaliação Final: 7,0 na escala de 10,0.

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