segunda-feira, 26 de maio de 2008

Crítica - Indiana Jones e o Templo da Perdição


Ficha Técnica:
Título Original: Indiana Jones and the Temple of Doom
Gênero: Aventura
Tempo de Duração: 118 minutos
Ano de Lançamento (EUA):
1984
Estúdio: Paramount Pictures / Lucasfilm Ltd.
Distribuição: Paramount Pictures
Direção: Steven Spielberg
Roteiro: Willard Huyck e Gloria Katz, baseado em estória de George Lucas
Produção: Robert Watts
Música: John Williams
Direção de Fotografia: Douglas Slocombe
Desenho de Produção: Elliot Scott
Direção de Arte: Roger Cain
Figurino: Anthony Powell
Edição: Michael Kahn
Efeitos Especiais: Industrial Light & Magic
Elenco: Harrison Ford (Indiana Jones), Kate Capshaw (Willie Scott), Amrish Puri (Mola Ram), Roshan Seth (Chattar Lal), Philip Stone (Capitão Blumburtt), Roy Chiao (Lao Che), David Yip (Wu Han), Ric Young (Kao Kan), Chua Kah Joo (Chen), Philip Tan (Chefe Henchman), Dan Aykroyd (Weber), Steven Spielberg (Turista no aeroporto) e Jonathan Ke Quan.


Sinopse: O arqueólogo Indiana Jones (Harrison Ford) tem agora que resgatar as pedras roubadas por um feiticeiro, para libertar crianças escravizadas. Para tanto, enfrenta os poderes mágicos e o fanatismo de um culto que sacrifica seres humanos.


Indiana Jones and the Temple of Doom – Trailer


Crítica:


Se o maior defeito do primeiro episódio da saga (“Os Caçadores da Arca Perdida”) residia no modo cru como Indiana Jones era desenvolvido, neste segundo episódio o roteiro parece ter tido um pouco mais de cuidado ao abordar o protagonista. Não que Jones seja desenvolvido brilhantemente aqui, mas ao menos notamos algumas características deste que não era capaz de serem notadas no episódio anterior, tal como: o charme do protagonista, demonstrado logo no início da película.


O bom humor de Jones também é muito bem trabalhado neste “O Templo da Perdição”. Desta vez, boa parte das piadas vindas do maior herói do Cinema da década de 80 parecem ter sido desenvolvidas de maneira bem mais sarcástica que no longa anterior. Contudo, se por um lado as piadas e gags protagonizadas pelo personagem de Ford são impecáveis, a personagem de Capshaw (Willie Scott) não convence nem um pouco quando é utilizada pelo roteiro como alívio cômico.


Aliás, a personagem de Capshaw não convence nem um pouco quando é utilizada pelo roteiro a fim de desempenhar qualquer função que seja. Além de completamente desnecessária à trama (salvo, é claro, formar um inútil e formulaíco par romântico com Indiana Jones), Willie Scott se revela uma personagem fútil, irritante e sem propósito (já que ela atrapalha muito mais do que ajuda) e os roteiristas Willard Huyck e Gloria Katz nos fariam um grande favor caso tivessem deixado a mesma de fora da trama.


Infelizmente os defeitos do longa não se resumem apenas ao par romântico do protagonista. A trama em si, também não é das melhores (tampouco das piores, diga-se) e é justamente aí que está o maior erro do roteiro. Diferentemente do episódio anterior que se baseara em um tema bíblico com o intuito de nos oferecer uma estória bem interessante (apesar de estar longe de ser perfeita, como muitos alegam ser), este “O Templo da Perdição” apresenta uma trama absurda de feitiçaria. Não bastasse ser absurda, a mesma é pouco complexa, dando a entender que o argumento do filme não demorou muito tempo para ser desenvolvido. E as reviravoltas? Sim, elas existem, mas estão bem longe de serem tão inteligentes quanto as do episódio anterior.


Há algo, porém, que se mostra capaz de tornar este “O Templo da Perdição” um filme tão interessante quanto “Os Caçadores da Arca Perdida”: as seqüências de aventura/ação do mesmo. Apesar de não possuírem a mesma dinâmica que no antecessor (eram mais bem distribuídas), as cenas de aventura deste longa parecem ter sido montadas com mais cuidado para que proporcionassem mais tensão ao espectador, superando até mesmo a clássica cena do caminhão do longa anterior. Como não roer as unhas de tensão com cenas como a do labirinto secreto que, posteriormente, remete os heróis do longa aos vilões do mesmo, a confusão armada no restaurante logo no intróito da película, a seqüência da ponte no final do filme (esta uma das mais hilárias de toda a saga) e, principalmente, a alucinante perseguição realizada em vários vagões sob os trilhos de uma mina?


Alternando entre altos e baixos, o saldo final deste “O Templo da Perdição” acaba sendo positivo e, apesar de não poder ser equiparado ao filme que lhe deu origem, não fica muito atrás daquele.


Avaliação Final: 7,5 na escala de 10,0.


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sábado, 24 de maio de 2008

Crítica - Os Caçadores da Arca Perdida

Ao contrário da grande maioria dos cinéfilos, nunca fui um grande fã da série “Indiana Jones”, nem mesmo durante a minha infância (e olhe que nasci nos anos 80), e mesmo tendo a assistido inúmeras vezes (mais por influência de meu pai do que por vontade própria), jamais consegui me apegar completamente a mesma. Séries como “Guerra Nas Estrelas”, “Superman”, “Batman” (pois é, nunca fui muito fã de HQs, mas em minha infância adorava os filmes destes dois super-heróis em especial) e, principalmente, “007 e “De Volta Para o Futuro” (o terceiro e último episódio desta saga foi o meu filme predileto até eu completar 12 anos em 1.995). Contudo, ao perceber que, como cinéfilo, tinha a obrigação de conferir o quanto antes o quarto episódio da série (“Indiana Jones e o Reino da Caveira de Cristal”) que acaba de ser lançado nos principais cinemas nacionais, decidi conferir todos os outros três episódios da saga antes de assistir a este mais recente. Ontem, ao conferir o primeiro episódio da saga (“Os Caçadores da Arca Perdida”) pela quarta vez em minha vida, confesso ter tido uma melhor impressão do mesmo do que a que tive quando conferi o mesmo pela terceira vez, há mais de 12 anos atrás, mas ainda assim, continuo achando o longa superestimado, apesar de ótimo.



Ficha Técnica:
Título Original: Raiders Of The Lost Ark
Gênero: Aventura
Tempo de Duração: 115 minutos
Ano de Lançamento (EUA):
1981
Site Oficial: www.indianajones.com
Estúdio: Paramount Pictures / Lucasfilm Ltd.
Distribuição: Paramount Pictures
Direção: Steven Spielberg
Roteiro: Lawrence Kasdan, baseado em estória de George Lucas e Philip Kaufman
Produção: Frank Marshall
Música: John Williams
Direção de Fotografia: Douglas Slocombe
Desenho de Produção: Norman Reynolds
Direção de Arte: Leslie Dilley
Figurino: Deborah Nadoolman
Edição: Michael Kahn
Efeitos Especiais: Industrial Light & Magic
Elenco: Harrison Ford (Indiana Jones), Karen Allen (Marion Ravenwood), Paul Freeman (Rene Belloq), Ronald Lacey (Toht), John Rhys-Davies (Sallah), Alfred Molina (Sapito), Denholm Elliott (Marcus Brody), Wolf Kahler (Dietrich), Don Fellows (Coronel Musgrove), William Hootkins (Major Eaton), Fred Sorenson (Jock) e Anthony Higgins.


Sinopse: Em 1936, o arqueólogo Indiana Jones (Harrison Ford) é contratado para encontrar a Arca da Aliança, que segundo as escrituras conteria "Os Dez Mandamentos" que Moisés trouxe do Monte Horeb. Mas como a lenda diz que o exército que a possuir será invencível, Indiana Jones terá um adversário de peso na busca pela arca perdida: o próprio Adolf Hitler.


Raiders of the Lost Ark – Trailer


Crítica:


Conforme mencionei na pré-crítica (apenas para frisar, “pré-crítica” é o texto que escrevo no topo de cada artigo que posto, neste caso, por exemplo, a “pré-crítica” está bem acima da figura em que ilustra Jones brigando com o calvo soldado nazista) deste filme, nunca fui um grande fã da série “Indiana Jones”, nem mesmo durante a minha infância. O motivo? Antes de assisti-lo novamente ontem a noite achava difícil dizer, havia algo nos filmes protagonizados por Indiana Jones que simplesmente não me cativavam tanto quanto cativavam os demais fãs.


Quando decidi assistir a toda trilogia pela quarta vez em minha vida, após mais de 12 anos sem conferir nem ao menos uma única cena da mesma, confesso não ter guardado muito entusiasmo para a sessão e com o término da mesma ontem à noite, cheguei à conclusão de que essa minha falta de entusiasmo não era à toa: Indiana Jones, definitivamente, não me cativa de modo algum, mas não há como negar que, ao menos este primeiro episódio, é um ótimo exemplar do Cinema-pipoca.


Durante os seus 115 minutos de projeção, percebi que havia sido introduzido a uma estória interessante, dinâmica, com ótimas seqüências de aventura/ação, reviravoltas convenientemente bem-vindas e uma agradável dose de bom humor, mas mesmo assim senti que faltava algo para considerar este longa uma obra-prima. Conforme havia previamente mencionado, em minha infância não sabia dizer o que realmente me fazia falta neste filme, mas agora posso fazê-lo com muito mais segurança e sem medo de errar: o maior problema com a saga “Indiana Jones” é o próprio Indiana Jones.


Não, em momento algum disse que o personagem é desinteressante ou que a atuação de Harrison Ford atrapalha o desenvolvimento do protagonista, muito pelo contrário, Ford emprega ao personagem uma expressividade e um carisma fora do comum, apesar de sua voz ser mono tônica demais durante certos momentos da película onde precisaria se empregar outros tons de voz (como, por exemplo, a seqüência em que ele comenta com um amigo que uma pessoa a qual estimava muito (cujo nome não revelarei por razões óbvias) havia morrido, cena esta onde o ator deveria ter empregado um tom de voz bem mais melancólico e depressivo do que o que fôra por ele empregado). O que almejei dizer com tal afirmação é que o roteiro nos apresenta ao personagem de uma maneira muito brusca (assim como a grande maioria dos filmes de Spielberg o fazem).


O longa mal tem início e já vemos Jones em ação, no entanto, nada sabemos de seu passado, nada sabemos dos motivos pelo qual escolheu aquele estilo de vida, nada sabemos do cidadão Indy Jones Jr. A única coisa que sabemos é que estamos diante de um pacato professor de arqueologia (infelizmente, este lado “pacato” do protagonista é explorado de maneira deveras supérflua pelo roteiro) que põe seus conhecimentos em prática quando necessário (e cá entre nós, como o roteiro explica o fato de um professor universitário poder ausentar-se das aulas durante tanto tempo enquanto mergulha de cabeça em uma aventura cujo prazo de duração é indefinido?).


Mas mesmo contando com um protagonista que deveria ter sido desenvolvido com muito mais carinho pelo roteiro, “Os Caçadores da Arca Perdida” acaba se revelando um excelente passatempo, sua trilha-sonora é fantástica e a edição é extremamente competente, conferindo muito ritmo a um filme que, como poucos, se mostra capaz de segurar o espectador do início ao fim, sem aborrecer o mesmo.


Avaliação Final: 8,0 na escala de 10,0.


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sexta-feira, 23 de maio de 2008

Crítica - Homem de Ferro

Quem acompanha minhas críticas há algum tempo já deve ter percebido que nunca fui lá muito fã de histórias em quadrinhos e, por este motivo, sempre que vou analisar um filme inspirado em uma, creio que seja mais do que conveniente mencionar isto antes de dar início à crítica, afinal de contas, seria um prévio aviso ao leitor de que não irei analisar um filme realizando analogias entre este e a fonte que o inspirou. Partindo do ponto de vista nulo, este “Homem de Ferro” será por mim analisado apenas como um filme, não como uma adaptação, portanto, qualquer falha desta natureza encontrada em meu texto peço desculpas adiantadas ao leitor.





Ficha Técnica:
Título Original: Iron Man
Gênero: Aventura
Tempo de Duração: 126 minutos
Ano de Lançamento (EUA): 2008
Site Oficial: www.homemdeferro.com.br
Estúdio: Dark Blades Film / Marvel Entertainment / Road Rebel
Distribuição: Paramount Pictures / UIP
Direção: Jon Favreau
Roteiro: Art Marcum, Matt Holloway, Mark Fergus e Hawk Otsby, baseado em personagens criados por Stan Lee, Don Heck, Jack Kirby e Larry Lieber
Produção: Avi Arad e Kevin Feige
Música: Ramin Djawadi
Fotografia: Matthew Libatique
Desenho de Produção: J. Michael Riva
Direção de Arte: Suzan Wexler
Figurino: Rebecca Bentjen e Laura Jean Shannon
Edição: Dan Lebental
Efeitos Especiais: Industrial Light & Magic / The Orphanage / Lola Visual Effects / The Embassy / Pixel Liberation Front / Stan Winston Studio / Gentle Giant Studios
Elenco: Robert Downey Jr. (Tony Stark / Homem de Ferro), Terrence Howard (Tenente-coronel James "Jim" Rhodes), Jeff Bridges (Obadiah Stane / Monge de Ferro), Leslie Bibb (Christine Everhart), Shaun Toub (Yinsen), Faran Tahir (Raza), Sayed Badreya (Abu Bakaar), Bill Smitrovich (General Gabriel), Clark Gregg (Agente Phil Coulson), Tim Guinee (Major Allen), Gwyneth Paltrow (Virginia "Pepper" Potts), Kevin Foster (Jimmy), Garett Noel (Pratt), Eileen Weisinger (Ramirez), Ahmed Ahmed (Ahmed), Gerard Sanders (Howard Stark), Jon Favreau (Hogan), Thomas Craig Plumer (Coronel Craig), Samuel L. Jackson (Nick Fury) e Stan Lee.


Sinopse:


Tony Stark (Robert Downey Jr.) é um industrial bilionário e um brilhante inventor. Ao ser seqüestrado ele é obrigado, por terroristas, a construir uma arma devastadora, mas, ao invés disto, constrói uma armadura de alta tecnologia que permite que fuja de seu cativeiro. A partir de então ele passa a usá-la para combater o crime, sob o alter-ego do Homem de Ferro.


Iron Man – Trailer


Crítica:


Histórias em quadrinhos são sempre a mesma coisa: ou temos uma pessoa extremamente comum que ganha super poderes após sofrer uma mutação genética (e na grande maioria dos casos, tal mutação ocorre em virtude a uma experiência radioativa que acaba sendo mal sucedida) ou então temos a mesma pessoa extremamente comum, mas rica ao extremo, que se sensibiliza com os fracos e oprimidos e decide utilizar toda a sua fortuna para protegê-los dos vilões gananciosos que tanto os ameaça. Este “Homem de Ferro” utiliza a segunda hipótese a fim de construir o seu personagem principal e, como já era de se esperar, afunda em todos os clichês possíveis do gênero.


O protagonista é um reles playboy que ocupa o seu tempo única e exclusivamente com mulheres, carrões, jogos de azar e dinheiro, mas após passar por uma experiência traumática (é seqüestrado por um grupo terrorista no Afeganistão que cometem atentados utilizando armas fabricadas pela indústria bélica dirigida e administrada por ele) decide, da maneira mais artificial o possível (o roteiro deveria ter desenvolvido o lado sentimental do personagem de maneira mais convincente), utilizar sua indústria para fazer o bem. A partir deste momento Starks (protagonista do longa, que será chamado assim de agora em diante) constrói uma armadura com um tremendo poder de defesa e destruição e utiliza a mesma para tornar o mundo um lugar melhor para se viver.


Mas os clichês não param por aí. Starks se envolve amorosamente com a sua secretária (o típico romance dispensável para a trama) que, claro, é uma moça extremamente bondosa, amável, simpática, atenciosa, fiel e confiável (mulher fiel e confiável hoje em dia? Ah sim, isto é um filme, apenas ficção) e o vilão coadjuvante (se é que este termo existe) é o estereótipo do vilão carrancudo e cruel e, a fim de aumentar ainda mais a artificialidade do mesmo, a maquiagem se atreve a pintar uma enorme mancha vermelha (sinceramente não sei se aquilo vem a ser sangue ou não) em sua nuca (ah, é claro que o vilão coadjuvante é calvo, como não poderia deixar de ser). No entanto, confesso ter me surpreendido, e muito, com o vilão principal do filme que, apesar de megalomaníaco ao extremo, não possui, aparentemente, quaisquer características inamistosas ou caricatas ao extremo.


Voltando aos defeitos do longa, infelizmente estes não se resumem apenas a seus clichês. O desenvolvimento inicial do super-herói do longa também deixa a desejar bastante. É incrível como o diretor Jon Favreau realiza tal desenvolvimento de maneira burocrática e, consequentemente, demasiadamente lenta, fazendo com que o público demore excessivamente para se identificar com o herói, além é claro, de tornar o filme monótono e cansativo durante o seu primeiro ato.


Mas nem tudo são erros em “Homem de Ferro”. Se por um lado o roteiro, assim como a direção, deixa a desejar, por outro lado temos uma ótima direção de arte (repare só no modo cauteloso como as armaduras do personagem-título e do vilão do filme foram criadas), efeitos visuais muito bons, tal como os efeitos sonoros, uma trilha-sonora fantástica (apesar de que o longa abre justamente com a música mais lugar-comum do AC/DC) e as seqüências de ação, apesar de poucas, são ótimas e a atuação de Robert Downey Jr. é bem consistente (apesar de Gwyneth Paltrow estar mais canastrona do que nunca).


Avaliação Final: 3,5 na escala de 10,0.


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domingo, 18 de maio de 2008

Crítica - Speed Racer

Estes dias estive pensando na possibilidade de aumentar meus textos de 25 para aproximadamente 35 linhas, podendo atingir um limite de até 40 linhas. Sinceramente, estava considerando minhas críticas muito curtas e nem sempre era capaz de redigir todas as minhas opiniões em um texto tão pequeno quanto os que escrevia outrora. Por este motivo, decidi estendê-los de uma maneira que não ficassem nem extensos e nem breves demais. Se a experiência dará certo, não sei dizer, só sei que farei o possível para tornar minhas análises ainda mais aprofundadas. Quanto ao filme “Speed Racer”, só tenho a dizer que não me satisfez nem um pouco, muito pelo contrário. No entanto, ao menos desta vez farei o possível para não utilizar os diversos clichês que o mesmo possui como base para os comentários negativos que tecerei contra o mesmo.




Ficha Técnica:
Título Original: Speed Racer
Gênero: Aventura
Tempo de Duração: 135 minutos
Ano de Lançamento (EUA): 2008
Site Oficial: www.speedracerofilme.com.br
Estúdio: Warner Bros. Pictures / Anarchos Productions / Village Roadshow Pictures / Silver Pictures
Distribuição: Warner Bros.
Direção: Andy Wachowski e Larry Wachowski
Roteiro: Andy Wachowski e Larry Wachowski, baseado em série de TV criada por Tatsuo Yoshida
Produção: Grant Hill, Joel Silver, Andy Wachowski e Larry Wachowski
Música: Michael Giacchino
Fotografia: David Tattersall
Desenho de Produção: Owen Paterson
Direção de Arte: Hugh Bateup, Marco Bittner Rosser, Stephan O. Gessler, Sebastian T. Krawinkel e Anja Müller
Figurino: Kym Barrett
Edição: Roger Barton e Zach Staenberg
Efeitos Especiais: CIS Hollywood / Evil Eye Pictures / CafeFX / BUF / Industrial Light & Magic / Lola Visual Effects / Digital Domain / Proof / Rainmaker Animation & Visual Effects / Gentle Giant Studios / Halon Entertainment / Rising Sun Pictures / Sony Pictures Imageworks

Elenco: Emile Hirsch (Speed Racer), Nicholas Elia (Speed Racer - jovem), Susan Sarandon (Mãe), Melissa Holroyd (Professora de Speed), Christina Ricci (Trixie), Ariel Winter (Trixie - jovem), Scott Porter (Rex), Kick Gurry (Sparky), Christian Oliver (Snake Oiler), John Goodman (Pops), Mark Zak (Blackjack Benelli), Paulie Litt (Gorducho), Matthew Fox (Corredor X), Nayo Wallace (Minx), Roger Allam (Royalton), Cosma Shiva Hagen (Gennie), Ralph Herforth (Cannonball Taylor), Rain (Taejo Togokhan), Hiroyuki Sanada (Sr. Musha) e Richard Roundtree (Ben Burns).


Sinopse:


Speed Racer (Emile Hirsch) é um jovem extremamente rápido nas pistas de corrida. Nascido para competir, Speed é agressivo, instintivo e destemido ao volante. O único oponente à sua altura é a lembrança de seu falecido irmão, o lendário Rex Racer, o qual idolatrava. Quando Speed dispensa uma lucrativa e tentadora oferta da empresa Royalton Industries isto deixa o dono da companhia, Royalton (Roger Allam), furioso. Logo Speed faz uma importante descoberta: que os resultados de algumas das corridas mais importantes da temporada são pré-determinadas por um grupo de magnatas impiedoso, que manipula os principais corredores para aumentar seus lucros. Com isso a única maneira de Speed salvar os negócios da família é derrotando Royalton em seu próprio jogo. Para tanto ele recebe a ajuda de Trixie (Christina Ricci), sua fiel namorada, e se junta ao seu antigo rival, o Corredor X (Matthew Fox), para enfrentar o mortal rally, que tirou a vida de seu irmão tempos atrás.


Speed Racer – Trailer


Crítica:


Lamentavelmente, este “Speed Racer” corre o sério risco de ser a válvula propulsora de uma geração de sujeitos imbecis apaixonados por velocidade, assim como “Velozes e Furiosos” também o foi. Não bastasse isso, o roteiro parvo do filme pode ocasionar também o alvorecer de uma geração deveras patética e adoradora de carros tunados e turbinados. Ou talvez não, talvez o novo longa dos irmãos Wachowsky, felizmente, caia no esquecimento e não sirva de influência assim como o patético “Velozes e Furiosos” serviu.


Conforme mencionei na pré-crítica deste filme, evitarei utilizar os inúmeros clichês e estereótipos que o longa possui como base para avaliá-lo negativamente, até mesmo porque, devido aos inúmeros defeitos que esta bomba possui pode-se avacalhar a mesma tranquilamente sem precisar apelar para a falta de originalidade de seu roteiro.


E falando em roteiro, que aeroporto de frivolidades é isto, não? A estória, além de pouco original, beira o ridículo e, devido às inúmeras e desnecessárias explicações que o filme faz questão de realizar, se torna extremamente confusa, por mais incrível que isso possa parecer. Os diálogos extrapolam as margens do piegas e do melodramático, principalmente na cena onde o protagonista justifica os motivos pelo qual rejeita a proposta comercial do vilão do filme.


Por falar, em protagonista e vilão, é lamentável vermos a maneira artificial como ambos são desenvolvidos pelo roteiro. O “mocinho” é o sujeito que tenta ser bom caráter o tempo todo, mas, incongruentemente, demonstra uma total falta de ética enquanto pilota o seu veículo nas pistas. O “vilão” então é mais artificial ainda, sendo o típico empresário inescrupuloso.


Mas nada supera a facilidade que esta porcaria tem para irritar o espectador, principalmente quando opta por pender para o lado da comédia. Repleto de piadinhas sem graça (sobretudo as protagonizadas pelo irmão caçula de Speed Racer: Gorducho, e pelo macaco Zequinha (quem teria sido o imbecil responsável pela tradução dos nomes dos personagens?), uma das duplas mais idiotas de todos os tempos) e diálogos ainda mais ridículos (“Aquilo era um ninja?” ___ Pergunta uma personagem. O outro responde: “___ Estava mais para um não-já!” (a propósito, é bom os “roteiristas” de “A Praça é Nossa” e “Zorra Total” assistirem a este filme e anotarem todas as “piadas” do mesmo, assim quem sabe eles transformam aqueles programas ridículos em algo ainda mais pavoroso).


Contudo, deve-se reconhecer as qualidades do longa (fazer o quê, não é?). Se o roteiro beira o ridículo (salvo no final quando demonstra resquícios de inteligência) e as atuações não convencem nem um pouco, ao menos temos a parte técnica que, sim, é perfeita. A direção de arte constrói carros para lá de magníficos, a fotografia nos apresenta a cenários mirabolantes (preste atenção na beleza plástica que são as pistas de corrida, algo que parece ter saído de um sonho) e os efeitos visuais dão mais ritmo e emoção às corridas devastadoras (que só não são mais devastadoras ainda devido à direção histérica e artificial dos Wachowsky).


Avaliação Final: 4,0 na escala de 10,0.


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segunda-feira, 12 de maio de 2008

Crítica - O Sonho de Cassandra

Estava desesperado para criticar algum filme este final de semana (principalmente porque este espaço virtual está desatualizadíssimo faz um bom tempo), mas com tantas opções (incluindo dois dos maiores blockbusters desta temporada) à vista, qual eu deveria escolher? Pensei bem e optei por assistir ao mais recente filme de um dos meus 10 diretores prediletos, Woody Allen. Para minha surpresa, este “O Sonho de Cassandra”, cuja premissa não fez com que eu me entusiasmasse muito, se revelou o melhor filme do diretor nova-iorquino desde que este lançou o irretocável “Crimes e Pecados”. É verdade que a premissa desta obra já foi utilizada por Allen diversas vezes, mas é incrível notarmos como o mesmo é capaz de inovar a cada filme (e olhe que ele mantém uma média de 1 filme por ano, sendo que a maioria dos cineastas mantém uma meta de 1 filme a cada três ou quatro anos). Além de reflexivos e introspectivos, os filmes do diretor judeu são completamente charmosos e prazerosos de se assistir, tanto os dramas quanto as comédias. Tendo em vista isso, é óbvio que a minha escolha para o fim de semana não poderia ser outra senão “O Sonho de Cassandra”, como o leitor poderá constatar mais abaixo.






Ficha Técnica:
Título Original: Cassandra's Dream
Gênero: Drama
Tempo de Duração: 108 minutos
Ano de Lançamento (EUA / Inglaterra / França): 2007
Site Oficial: http://www.cassandrasdreammovie.com/
Estúdio: Iberville Productions / Virtual Studios / Wild Bunch
Distribuição: The Weinstein Company / Imagem Filmes
Direção: Woody Allen
Roteiro: Woody Allen
Produção: Letty Aronson, Stephen Tenenbaum e Gareth Wiley
Música: Philip Glass
Fotografia: Vilmos Zsigmond
Desenho de Produção: Maria Djurkovic
Figurino: Jill Taylor
Edição: Alisa Lepselter
Elenco: Ewan McGregor (Ian), Colin Farrell (Terry), Hayley Atwell (Angela Stark), Sally Hawkins (Kate), John Benfield (Pai), Clare Higgins (Mãe), Ashley Madekwe (Lucy), Andrew Howard (Jerry), Tom Wilkinson (Howard), Philip Davis (Martin Burns), Stephen Noonan (Mel), Dan Carter (Fred), Jennifer Higham (Helen), Lee Whitlock (Mike), Milo Bodrozic (Milo Bodrozic), Emily Gilchrist (Emily Gilchrist), Richard Lintern (Diretor), Peter-Hugo Daly (Dono do barco).



Sinopse:



Ian (Ewan McGregor) e Terry (Colin Farrell) são irmãos que decidem comprar o barco "Cassandra's Dream", apesar dos problemas financeiros que ambos atravessam. Terry trabalha em uma oficina, mas é viciado no jogo e sempre está às voltas com novas dívidas. Já Ian trabalha no restaurante do pai (John Benfield), mas sonha em largar o negócio para alçar vôos mais altos. Ambos moram com os pais, com a família sendo auxiliada financeiramente pelo tio Howard (Tom Wilkinson). Um dia Howard aparece para uma visita, o que anima Ian e Terry. Eles pretendem pedir dinheiro ao tio, para que possam realizar os sonhos que têm para suas vidas. Howard aceita ajudá-los, mas o que exige em troca muda para sempre a vida dos irmãos.



Cassandra’s Dream – Trailer



Crítica:



Poucos roteiristas... não, espere um pouco, este início de crítica definitivamente não ficou satisfatório, tentemos outra vez... nenhum roteirista (ah, agora sim!), seja ele vivo ou morto, parece ter a capacidade de criar personagens tão bem desenvolvidos quanto Woody Allen tem. Da mesma forma, nenhum diretor, seja ele vivo ou morto, parece ter a capacidade de abordar um tema tão complexo e chocante de maneira tão sutil e, até mesmo, reflexiva do modo como Allen o faz. Adotando, mais uma vez, várias características que compuseram diversas obras suas, tais como: mitologia grega (utilizado em “Poderosa Afrodite”) e literatura doistoievskiana (utilizado em “Match Point”), o roteirista e diretor nova-iorquino deu uns retoques em uma premissa que já fôra por ele utilizada inúmeras vezes e mais uma vez conseguiu inovar, oferecendo ao público um dos trabalhos mais relevantes de toda a sua carreira artística. O longa tem um intróito praticamente irretocável. Logo de início somos apresentados a uma ótima fotografia e a uma suntuosa trilha-sonora e tomamos ciência de que estamos frente a frente com um típico filme de Allen. O diretor parece fazer mágica, é incrível a maneira como seus filmes conseguem nos cativar logo no início, é incrível como ele consegue fazer com que seus longas se tornem tão prazerosos de serem assistidos. No primeiro ato, temos uma abordagem tão fascinante de seus personagens, que fica difícil não nos envolver com os mesmos e não resistirmos ao charme do filme. Neste “O Sonho de Cassandra” (que desde já afirmo ser o melhor “Allen” dos últimos anos), devido à riqueza de detalhes com que os personagens da estória são abordados, fica praticamente impossível não nos sentirmos próximos de cada um deles (inclusive dos secundários). Infelizmente, o mesmo roteiro que não peca em nada durante o seu primeiro e segundo atos, falha gravemente ao, no final da trama, abordar mais o personagem de McGregor que o de Farrell, tendo em vista que o principal ingrediente do longa parece ser justamente o trauma psicológico que se agrega na mente deste segundo.




Avaliação Final: 8,5 na escala de 10,0.



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quinta-feira, 1 de maio de 2008

Matéria Especial - A Era Pré-Griffith

Havia algum tempo que eu almejava escrever esta matéria, mas realmente me faltou oportunidade para dar início a este artigo. Perdido entre pilhas de processos de licitação pública no trabalho e livros de direito na faculdade, não encontrava disponibilidade alguma para pesquisar sobre o assunto e, principalmente, desenvolver algo relevante sobre o mesmo. Com o início deste feriadão prolongado, pensei: “É agora ou nunca!”, e mesmo tendo trazido serviço para casa e estando lotado de trabalho acadêmico para concluir até segunda-feira no máximo, decidi fazer algo que todos deveriam fazer e eu mesmo não fazia há muito tempo, não dar a mínima para com as responsabilidades e colocar o meu hobbie predileto à frente de tudo.
Enfim, deixando de tergiversar e falando sobre a matéria em si, o meu intento para com a mesma é realizar um aprofundamento não apenas científico sobre a mais desconhecida era da história da Sétima Arte (ou seja, o intróito desta), como também artístico. Claro que durante o desenrolar do texto comentarei sobre os avanços tecnológicos que colaboraram para que o Cinema avançasse até atingir o nível que atingiu atualmente, mas o meu intento é, primordialmente, comentar os autores e suas principais obras e a maneira como estes colaboraram para o avanço da Sétima Arte.
PS: Ao clicar com o botão esquerdo do mouse nos títulos originais dos curtas-metragens infracitados na matéria o leitor terá a oportunidade de conferir os vídeos completos dos respectivos filmes no site youtube.





Dizer que o Cinema teve o seu início aos 28 de dezembro de 1895 através de uma sessão pública paga, organizada por Antoine Lumière (o pai dos irmãos Lumière), no Salão do Grand Café de Paris com a exibição do curta-metragem “L'Arrivée d'un Train à La Ciotat” (em português: “A Chegada de um Trem a Cidade”) não deixa de ser uma relativa verdade. Até mesmo porque, aquela foi a primeira sessão de Cinema de que se tem notícias (e reza a lenda que, como o público estava completamente desacostumado com esta recente invenção, ao ver um trem em movimento em sua direção, algumas pessoas sairam correndo e gritando do salão acreditando que o veículo fosse atravessar a tela e lhes atropelar). Contudo, antes mesmo de os Lumière concluírem a sua primeira filmagem, outras pessoas tiveram uma importante contribuição para o nascimento do Cinema, conforme poderemos analisar nos parágrafos abaixo.


Em 1876, Eadweard James Muybridge implantou 24 câmeras fotográficas espalhadas por todo um hipódromo, conseguindo assim, tirar várias fotos de um cavalo enquanto o animal se movimentava pela pista. Fazendo uso de um aparelho criado por ele próprio, alcunhado de zoopraxinoscópio, Muybridge inseriu as fotografias dentro do mesmo e conseguiu criar uma espécie de animação, fazendo com que as fotografias fossem exibidas rapidamente dando a ligeira impressão de que o cavalo realmente encontrava-se em movimento. No entanto, tudo isso não passava de um jogo ótico, uma espécie de truque capaz de enganar os olhos de quem presenciasse tal experiência. Em 1882, Étienne-Jules Marey atualizou a invenção de Muybridge, transformando-a em um equipamento mais completo e eficaz. Tal aparelho foi de grande utilidade para que Louis Aimée Augustin Le Prince conseguisse, em 1888, realizar duas filmagens de 2 segundos cada, são elas: “Roundhay Garden Scene” (em português: “Cena do Jardim Roundhay”) e “Traffic Crossing Leeds Bridge” (em português: “Tráfego Cruzando a Ponte de Leeds”). No entanto, o papel utilizado para a realização de tais filmagens era muito frágil e a sensação que temos ao vê-las é de presenciarmos o negativo de uma fotografia em movimento. Isso sem contar que tal material impossibilitava uma captação de movimentos que ultrapassasse um período maior do que alguns míseros segundos.


Passou-se algum tempo e William Kennedy Laurie Dickson, chefe engenheiro da Edison Laboratories, desenvolveu uma tira de celulóide contendo uma sequência de imagens que seria a base para fotografia e projeção de imagens em movimento. Em 1891, Thomas Edison inventou o cinetoscópio, que vinha a ser uma caixa movida a eletrecidade e utilizava a película inventada por Dickson, e mesmo fazendo o uso de um material mais resistente e que possibilitava a projeção de vídeos um pouco (bem pouco para falar a verdade) mais longos, a qualidade da projeção estava muito aquém do esperado, conforme mostram os vídeos-testes: “Dickson Greeting” (em português: “Sauadação de Dickson”) e “Newark Athlete”.


Tomando por base a invenção de Thomas Edison e aperfeiçoando a mesma, Auguste e Louis Lumière criaram um aparelho portátil que exercia as funções de máquina de filmar, de revelar e de projetar, e deram ao mesmo o nome de cinematógrafo. E é aqui que volto a falar do ponto em que comecei este artigo: da primeira projeção pública da história. Tal exibição foi um verdadeiro sucesso e a data de ocorrência da mesma é considerada o nascimento do Cinema, fato que os estadunidenses discordam completamente, pois estes atribuem tal importância a Thomas Edison e não aos irmãos Lumière.


Se há algo que não me atrai nem um pouco é ter de dar o braço a torcer e apoiar os estadunidenses e a sua megalomania, mesmo reconhecendo que desta vez eles têm muito mais razão que as demais pessoas. Apesar de acreditar que o nascimento do Cinema ocorreu justamente no momento em que Louis Aimée Augustin Le Prince realizou a filmagem de “Roundhay Garden Scene”, deve-se admitir que, mesmo os Lumière tendo sido os primeiros a realizar uma filmagem “limpa” (no sentido de visibilidade) e atraente o bastante para atraírem um público relativamente grande a fim de testemunhar o trabalho dos mesmos (além de terem sido os responsáveis pela primeira projeção voltada ao público), foi Edison quem desenvolveu o material utilizado pelos franceses e possibilitou com que os mesmo realizassem o famosíssimo “L'Arrivée d'un Train à La Ciotat”, e se olharmos por este prisma, o gênio estadunidense colaborou mais para o nascimento da Sétima Arte que os irmãos Lumière em si.


Discussões a parte, passou-se algum tempo e as sessões de projeções públicas foram se tornando cada vez mais comuns. Pouco depois da exibição de “L'Arrivée d'un Train à La Ciotat” (em 1896, para ser mais exato) os Lumière continuaram realizando diversos curtas-metragens amadores, dentre os quais o principal fôra “La Sortie de l'Usine Lumière à Lyon” (em português: “Empregados Deixando a Fábrica Lumière em Lyon”), considerado o primeiro documentário da história do Cinema (fato que também discordo completamente, até mesmo porque o curta, assim como “A Chegada de um Trem a Cidade”, nada mais é que uma rápida projeção que capta os movimentos de várias pessoas atuando em seus respectivos cotidianos, neste caso em específico, o final do dia de trabalho de um grupo de operários). No mesmo ano, os Lumière lançaram um outro curta que pode ser considerado extremamente revolucionário do ponto de vista artístico, “L'arroseur Arrose'” (em português: “O Regador Regado”). É neste curta de comédia que testemunhamos, pela primeira vez, a filmagem de uma ficção, com uma dupla de pessoas realmente atuando. Sim, pois antes dos dois irmãos produzirem este curta, eles apenas filmavam as pessoas e os cotidianos das mesmas. Tudo era real, não havia ficção, quiçá atuação por parte de pessoa alguma. Meses mais tarde, Thomas Edison lança o seu primeiro filme, chamado “Vitascope” (em português: “Vitascópio”), um curta fraquíssimo do ponto de vista tecnológico, pois além de conter metade do tempo de duração das filmagens realizadas pelos Lumière, fôra filmado completamente em estúdio e a qualidade da imagem não era das melhores, mas acrescentou algo de interessante ao Cinema do ponto de vista artístico. É neste “Vitascope” que vemos o primeiro beijo da história da Sétima Arte. Isto sem contar que foi a primeira vez onde o gênero romance “deu as caras” no Cinema, mesmo de uma maneira tão simplória e tosca.


Poucos anos mais tarde a hegemonia dos Lumière como cineastas fôra ameaçada pela primeira vez com o surgimento do ilusionista francês George Méliès. Pioneiro na arte dos efeitos-visuais, como mostram os curtas: “Un homme de têtes” (1898, em português: “Um Homem de Cabeças”), “The Conjuror” (1899, em português: “O Encantador”) e “L'Homme Orchestre” (1900, em português: “O Maestro”), Méliès se consagrou no ano de 1902 com “Le Voyage Dans La Lune” (em português: “Viagem à Lua”), filme este que viria inovar o Cinema em vários aspectos. Foi o primeiro filme a ter mais de 10 minutos de duração, o primeiro curta roteirizado da história da Sétima Arte, o criador do gênero “ficção científica” e a primeira vez em que a relação entre humanos e seres interplanetários fôra abordada no Cinema. Outro ponto forte do curta é a ousadia do mesmo ao abordar a viagem interplanetária, algo que não era muito bem visto pela sociedade na época, pois muitos encaravam tal feito como sendo uma verdadeira loucura.


Outro grande cineasta da época que desafiou a hegemonia dos Lumière foi Edwin S. Porter. Responsável pela criação da técnica de edição de imagens, Porter realizou duas obras-primas do cinema que antecedeu a Era Griffith, são elas: “Life of an American Fireman” (em português: “A Vida de um Bombeiro Americano”) de 1903, onde duas imagens diferentes, mas que ocorreram simultâneamente são exibidas a partir de dois pontos de vista, o do bombeiro que resgatará a mulher em perigo e o da mulher em perigo que será resgatada pelo bombeiro e “The Great Train Robbery” (em português: “O Grande Assalto a Trem”) onde o diretor passou a utilizar a técnica do “cross-cutting”, ou seja, imagens simultâneas são exibidas em diversos locais. O curta ficou marcado também por, provavelmente, ter sido o responsável pelo surgimento do gênero western e por ter sido o primeiro filme polêmico e extremamente violento da história do Cinema, afinal de contas, os protagonistas do mesmo são assaltantes e assassinos cruéis que cometem homicídios sem o menor peso na consciência. Outro grande feito deste “The Great Train Robbery” está na qualidade de sua direção, se antes jamais havíamos visto um diretor arriscar fazer uma única movimentação de câmera, nesta obra Porter arrisca movimentá-la a fim de acompanhar a fuga dos bandidos e, ainda que tal movimentação soe um tanto o quanto artificial e “travada”, não há como negar a importância desta ousadia para que D. W. Griffith pudesse, posteriormente, realizá-la com mais técnica e talento em filmes como “O Nascimento de Uma Nação” e “Intolerância” (particularmente, encaro este “O Grande Assalto a Trem” como sendo o melhor curta metragem pré-Griffith ao contrário da grande maioria esmagadora que prefere “Viagem à Lua”).


Fortemente influenciados por “Viagem à Lua” e “O Grande Assalto a Trem” os filmes da época passaram a ter alguns minutos a mais de duração e, ao invés de 5 minutos no máximo, passaram a durar entre 10 e 15 minutos, diferentemente dos curtas produzidos pouco antes da virada do século. Surgiram os nickelodeons, pequenos locais onde as obras cinematográficas eram exibidas e o preço do ingresso era de apenas 1 nickel. A Sétima Arte havia se tornado algo extremamente popular.


A fim de afastar a imagem de que o Cinema estava diretamente ligado às castas inferiores da sociedade, os irmãos Lafitte decidiram, no ano de 1907, criar os denominados filmes de Arte e atrair as classes mais nobres ao Cinema.


Um ano antes dos Lafitte produzirem a sua Arte (em 26 de dezembro de 1906, para ser mais exato), o diretor australiano Charles Tait roteirizou e dirigiu o filme “The Story of the Kelly Gang” (em português: “A Estória da Gang de Kelly”), conhecido como o primeiro longa-metragem da estória da Sétima Arte. O longa em si abordava a estória de Ned Kelly, o anti-herói mais famoso da história da Austrália.


Influenciados pelo filme australiano, o Cinema europeu passou a produzir filmes ainda mais longos, como é o caso do francês “Les Amours de la Reine Élisabeth” (em português: “Os Amores de Rainha Elizabeth”, de 1912, dirigido por Henri Desfontaines e Louis Mercanton e roteirizado por Émile Moreau) e os italianos “Quo Vadis?” (em português: “Para Onde Vais?”, de 1913, dirigido e roteirizado por Enrico Guazzoni, baseado em conto de Henryk Sienkiewicz) e “Cabiria” (em português: “Cabíria”, de 1914, dirigido por Giovanni Pastrone e roteirizado por Gabriele D'Annunzio e pelo próprio Giovanni Pastrone, baseado no livro de Titus Livus e no conto de Emilio Salgari).


No entanto, em uma era dominada por cineastas franceses e italianos, foi justamente um estadunidense quem mais se destacou. É claro que me refiro a David Llewelyn Wark Griffith, mais conhecido como D. W. Griffith.


Muitas pessoas perguntam: “o que Grifitth fez de tão importante ao Cinema, se muito antes dele Louis Aimée Augustin Le Prince já havia conseguido capturar os movimentos de uma pessoa, os irmãos Lumière já haviam criado a primeira sessão cinematográfica, os mesmos irmãos Lumière já haviam introduzido a ficção dentro da Sétima Arte, George Méliès já havia criado um filme roteirizado e Charles Tait já havia criado o primeiro longa-metragem da história?”. Esta é uma pergunta difícil de se responder prontamente.


Talvez o maior feito de Griffith como cineasta fôra a dramatização da Sétima Arte a ponto de torná-la ainda mais contundente aos olhos de quem a aprecia. Não fosse por Griffith talvez não tivéssemos as conhecidas “montagens paralelas” que consistem em utilizar a montagem para alternar diferentes eventos que ocorrem simultaneamente. O leitor me pergunta: “Mas isso já não foi feito por Porter em “A Vida de um Bombeiro Americano”?”. Sim, foi, mas de uma maneira pouco convincente, tanto que, se não prestássemos a devida atenção, a inovação demonstrada no filme de Porter facilmente passaria despercebida. Outros grandes destaques que marcaram os filmes de Griffith são as atuações frontais e exageradas por parte dos atores, utilização de paisagens naturais como “cenários” dos filmes, a ausência de câmera subjetiva, a invenção do plano detalhe e a movimentação regular das câmeras. A propósito, já que mencionei acima que o maior feito de Griffith como cineasta foi a dramatização da Sétima Arte, talvez a característica do cineasta que mais tenha colaborado para isso seja a maneira como o mesmo trabalha com as câmeras. Em uma época onde o diretor de um filme era apenas a pessoa que mantinha a câmera ligada durante as filmagens e que, vez ou outra, arriscava alguns movimentos, mas de maneira desastrosa (como foi o caso de Porter em “O Grande Assalto a Trem”), David Llewelyn Wark Griffith inovou totalmente e através de diversos recursos criados por ele, dentre os quais cito os famosos close ups, provou que o diretor pode ser um colaborador tão importante para a carga emocional do filme quanto os roteiristas e diretores dos mesmos.


Vale lembrar também que foi de Griffith o primeiro filme de gangster de história: “The Musketeers of Pig Alley” (em português: “Os Mosqueteiros de Pig Alley”, de 1912) e, é claro, o primeiro épico e o primeiro grande clássico da história do Cinema, o polêmico e racista: “The Birth of Nation” (“O Nascimento de uma Nação”, de 1915), filme este que, apesar de moralmente repugnante, foi um marco para a Sétima Arte e o pioneiro na inovação de vários recursos, sobretudo no que diz respeito à direção, além, é claro, de ter sido a resposta definitiva à maioria esmagadora na época que afirmava que os longas-metragens eram inviáveis do ponto de vista financeiro.