segunda-feira, 12 de maio de 2008

Crítica - O Sonho de Cassandra

Estava desesperado para criticar algum filme este final de semana (principalmente porque este espaço virtual está desatualizadíssimo faz um bom tempo), mas com tantas opções (incluindo dois dos maiores blockbusters desta temporada) à vista, qual eu deveria escolher? Pensei bem e optei por assistir ao mais recente filme de um dos meus 10 diretores prediletos, Woody Allen. Para minha surpresa, este “O Sonho de Cassandra”, cuja premissa não fez com que eu me entusiasmasse muito, se revelou o melhor filme do diretor nova-iorquino desde que este lançou o irretocável “Crimes e Pecados”. É verdade que a premissa desta obra já foi utilizada por Allen diversas vezes, mas é incrível notarmos como o mesmo é capaz de inovar a cada filme (e olhe que ele mantém uma média de 1 filme por ano, sendo que a maioria dos cineastas mantém uma meta de 1 filme a cada três ou quatro anos). Além de reflexivos e introspectivos, os filmes do diretor judeu são completamente charmosos e prazerosos de se assistir, tanto os dramas quanto as comédias. Tendo em vista isso, é óbvio que a minha escolha para o fim de semana não poderia ser outra senão “O Sonho de Cassandra”, como o leitor poderá constatar mais abaixo.






Ficha Técnica:
Título Original: Cassandra's Dream
Gênero: Drama
Tempo de Duração: 108 minutos
Ano de Lançamento (EUA / Inglaterra / França): 2007
Site Oficial: http://www.cassandrasdreammovie.com/
Estúdio: Iberville Productions / Virtual Studios / Wild Bunch
Distribuição: The Weinstein Company / Imagem Filmes
Direção: Woody Allen
Roteiro: Woody Allen
Produção: Letty Aronson, Stephen Tenenbaum e Gareth Wiley
Música: Philip Glass
Fotografia: Vilmos Zsigmond
Desenho de Produção: Maria Djurkovic
Figurino: Jill Taylor
Edição: Alisa Lepselter
Elenco: Ewan McGregor (Ian), Colin Farrell (Terry), Hayley Atwell (Angela Stark), Sally Hawkins (Kate), John Benfield (Pai), Clare Higgins (Mãe), Ashley Madekwe (Lucy), Andrew Howard (Jerry), Tom Wilkinson (Howard), Philip Davis (Martin Burns), Stephen Noonan (Mel), Dan Carter (Fred), Jennifer Higham (Helen), Lee Whitlock (Mike), Milo Bodrozic (Milo Bodrozic), Emily Gilchrist (Emily Gilchrist), Richard Lintern (Diretor), Peter-Hugo Daly (Dono do barco).



Sinopse:



Ian (Ewan McGregor) e Terry (Colin Farrell) são irmãos que decidem comprar o barco "Cassandra's Dream", apesar dos problemas financeiros que ambos atravessam. Terry trabalha em uma oficina, mas é viciado no jogo e sempre está às voltas com novas dívidas. Já Ian trabalha no restaurante do pai (John Benfield), mas sonha em largar o negócio para alçar vôos mais altos. Ambos moram com os pais, com a família sendo auxiliada financeiramente pelo tio Howard (Tom Wilkinson). Um dia Howard aparece para uma visita, o que anima Ian e Terry. Eles pretendem pedir dinheiro ao tio, para que possam realizar os sonhos que têm para suas vidas. Howard aceita ajudá-los, mas o que exige em troca muda para sempre a vida dos irmãos.



Cassandra’s Dream – Trailer



Crítica:



Poucos roteiristas... não, espere um pouco, este início de crítica definitivamente não ficou satisfatório, tentemos outra vez... nenhum roteirista (ah, agora sim!), seja ele vivo ou morto, parece ter a capacidade de criar personagens tão bem desenvolvidos quanto Woody Allen tem. Da mesma forma, nenhum diretor, seja ele vivo ou morto, parece ter a capacidade de abordar um tema tão complexo e chocante de maneira tão sutil e, até mesmo, reflexiva do modo como Allen o faz. Adotando, mais uma vez, várias características que compuseram diversas obras suas, tais como: mitologia grega (utilizado em “Poderosa Afrodite”) e literatura doistoievskiana (utilizado em “Match Point”), o roteirista e diretor nova-iorquino deu uns retoques em uma premissa que já fôra por ele utilizada inúmeras vezes e mais uma vez conseguiu inovar, oferecendo ao público um dos trabalhos mais relevantes de toda a sua carreira artística. O longa tem um intróito praticamente irretocável. Logo de início somos apresentados a uma ótima fotografia e a uma suntuosa trilha-sonora e tomamos ciência de que estamos frente a frente com um típico filme de Allen. O diretor parece fazer mágica, é incrível a maneira como seus filmes conseguem nos cativar logo no início, é incrível como ele consegue fazer com que seus longas se tornem tão prazerosos de serem assistidos. No primeiro ato, temos uma abordagem tão fascinante de seus personagens, que fica difícil não nos envolver com os mesmos e não resistirmos ao charme do filme. Neste “O Sonho de Cassandra” (que desde já afirmo ser o melhor “Allen” dos últimos anos), devido à riqueza de detalhes com que os personagens da estória são abordados, fica praticamente impossível não nos sentirmos próximos de cada um deles (inclusive dos secundários). Infelizmente, o mesmo roteiro que não peca em nada durante o seu primeiro e segundo atos, falha gravemente ao, no final da trama, abordar mais o personagem de McGregor que o de Farrell, tendo em vista que o principal ingrediente do longa parece ser justamente o trauma psicológico que se agrega na mente deste segundo.




Avaliação Final: 8,5 na escala de 10,0.



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