quinta-feira, 28 de maio de 2009

Star Trek - **** de *****

Não sou fã incondicional da franquia “Star Trek” (exceto no que se refere ao filme “Jornada nas Estrelas II: A Ira de Khan”, que é o único que considero como sendo uma verdadeira obra-prima do Cinema) e isso diz respeito tanto aos episódios feitos para a televisão, ao longo da década de 1.960, quanto aos episódios feitos para o Cinema, produzidos, em sua maioria, ao longo da década de 1.980. Contudo, o meu pai é simplesmente fanático pela série (a Velha Geração somente, apesar de ele gostar um pouco da Nova Geração) e coleciona quase tudo o que vê pela frente e refere-se à mesma. Logo, por mais que o meu fanatismo por “Star Trek” esteja longe de, sequer, engraxar as botas da paixão que nutro por “Star Wars”, respeito, e muito, a franquia, e ouso dizer que, principalmente por influencia de meu progenitor, tenho um conhecimento até que razoável sobre a mesma. Não sei, no entanto, se esse conhecimento é razoável o bastante para fazer uma análise dos filmes antigos com este mais novo episódio que acaba de chegar aos cinemas do mundo todo, mas enfim, vamos arriscar e vê no que dá.

Ficha Técnica:
Título Original: Star Trek
Gênero: Ficção Científica
Tempo de Duração: 126 minutos
Ano de Lançamento: 2009
Site Oficial: www.startrekmovie.com
Países de Origem: Estados Unidos da América e Alemanha
Direção: J.J. Abrams
Roteiro: Alex Kurtzman e Roberto Orci, baseado em série de TV criada por Gene Roddenberry
Elenco: Chris Pine (James Tiberious Kirk), Zachary Quinto (Spock), Leonard Nimoy (Spock Prime), Eric Bana (Nero), Bruce Greenwood (Capitão Christopher Pike), Karl Urban (Dr. Leonard "Bones" McCoy), Zoe Saldana (Nyota Uhura), Simon Pegg (Scotty), John Cho (Hikaru Sulu), Anton Yelchin (Pavel Chekov), Ben Cross (Sarek), Winona Ryder (Amanda Grayson), Chris Hernsworth (George Kirk), Jennifer Morrison (Winona Kirk), Rachel Nichols (Gaila), Faran Tahir (Capitão Robau), Clifton Collins Jr. (Ayel), Antonio Elias (Oficial Pitts), Freda Foh Shen (Kelvin Helmsman), Jimmy Bennet (James T. Kirk - jovem), Jacob Kogan (Spock - jovem), Tyler Perry (Almirante Richard Barnett), Ben Biswagner (Almirante James Komack) e Akiva Goldsman (Integrante do Conselho Vulcano).

Sinopse: James Tiberious Kirk (Chris Pine) é um jovem rebelde inconformado com a morte de seu pai. Certo dia, recebe convite para fazer parte da formação de novos cadetes para a Frota Estelar. Uma vez lá conhece Spock (Zachary Quinto), um vulcano que optou por deixar seu planeta porque é metade humano e discordava do preconceito. Durante o treinamento, e também na primeira missão, os dois vivenciam novas experiências provocadas por seus estilos diametralmente opostos. Assim, Spock, o cerebral, e Kirk, o passional, viverão uma grande aventura ao lado de outros tradicionais integrantes da tripulação da U.S.S. Enterprise, a mais avançada nave espacial da época. (Roberto Cunha).

Fonte Sinopse: Adoro Cinema

Star Trek – Trailer:



Crítica:

Há muito tempo (muito tempo mesmo) citei que J. J. Abrams era uma das poucas falhas contidas no ótimo “Missão: Impossível 3”. Ao contrário de boa parte da crítica especializada, a “handcam” empregada pelo diretor não me agradara nem um pouco, haja visto o ritmo atordoantemente frenético que a mesma havia conferido ao filme que, sob mãos mais seguras e menos histéricas, nos seria capaz de proporcionar sequências de ação mais aproveitavelmente divertidas.

Em “Star Trek” digo justamente o contrário. O mérito da produção em questão é, acima de tudo, de J. J. Abrams. Desta vez o cineasta (que é também o responsável pela série televisava “Lost”, que eu nunca assisti e, sabe-se lá o porquê, nem pretendo faze-lo) adota uma direção mais segura e se mostra responsável por um trabalho de câmeras muito mais consistente do que o que havia realizado no longa estrelado pelo superestimado Tom Cruise.

E não apenas o modo como filma as cenas de ação ou as técnicas que adota para movimentar a sua câmera fazem deste seu mais novo trabalho algo digno dos mais sinceros elogios. Abrams destaca-se também ao utilizar algumas perspicácias que conferem à sua direção a aparência de ter sido realizada por um cineasta bem mais experiente. É o caso de uma cena onde um personagem menciona: “___ Aprendi isso com um amigo meu” e, logo em seguida, o diretor retira a câmera do foco que havia feito em cima do interlocutor e realiza um curto e rápido, embora suave, “travelling” no personagem o qual ele se referia. Sem necessitar dizer uma única palavra, já percebemos que o tal personagem era a pessoa a qual o interlocutor se referia. É como sempre dizem: uma imagem vale mais do que mil palavras e, no caso do Cinema, uma imagem competentemente filmada passa a valer muito mais.

Todavia, devo ressaltar que a grande maioria do público que vai aos cinemas contemplar “Star Trek” está, na verdade, ansiando buscar uma sessão nostalgia ao lado de personagens marcantes como o Capitão Kirk, o Sr. Sulu, o Dr. McCoy e, é claro, o Sr. Spok, e não testemunhar o trabalho de Abrams como diretor. A pergunta que fica no ar então é a seguinte: “o filme faz jus à clássica saga cinematográfica iniciada em 1.979 e, principalmente, à ainda mais clássica série televisiva que levava os seus respectivos apreciadores à loucura durante os anos 1.960?”. A resposta para esta questão é, como não poderia deixar de ser: depende.

Quando o filme em questão se inicia, logo sentimos falta da marcante música-tema que, ao contrário dos episódios anteriores, não abre este longa, o que nos resulta em uma certa frustração. Tentamos esquecer esta pequena grande falha e, conforme a projeção avança, percebemos que estamos diante de uma trama bastante complexa e intrincada, mas não há como deixarmos de reparar em dois pontos em especial. O primeiro é que “Star Trek” conta com cenas de ação em excesso e muitas vezes se esquece de parar para explorar os seus personagens ou a sua própria estória. O segundo apontamento é que a trama, apesar de abstrusa, não atinge o mesmo grau de complexidade que muitos episódios da série televisava, ou até mesmo da série cinematográfica (como “Jornada nas Estrelas II: A Ira de Khan” (só uma curiosidade: é estranho notar que “Jornada nas Estrelas” é uma das poucas franquias cinematográficas onde o episódio original não apenas não é o melhor, como também é um dos piores), apenas para citar um exemplo) conseguiam atingir.

Mas em momento algum, no entanto, temos a sensação de que estamos assistindo a um filme “hollywoodiano” qualquer. Tampouco posso afirmar que “Star Trek” não resgata a magia do seriado que lhe deu origem. A música-tema original faz falta? E como. O excesso de cenas de ação soa estranho para um filme que carrega consigo a “marca” “Jornada nas Estrelas”? Certamente soa. A trama conta com mais ação do que ficção científica propriamente dita? Não resta uma dúvida sequer quanto a isso. Mas ainda assim o filme encontra-se em um patamar muito superior a das produções atualmente padronizadas por Hollywood.

Se a indústria cinematográfica vem, cada vez mais, insultando a nossa inteligência com baboseiras do naipe de “Velozes & Furiosos 4”, “Star Trek” aparece como um colírio para os nossos olhos e, ao invés de zombar do atilamento de seu público alvo, realiza uma trama que, apesar de não ser tão complexa quanto o esperado, é muitíssimo bem vinculada, muitíssimo bem arquitetada e aborda de forma satisfatória questões físicas, astrofísicas e científicas.

“Star Trek” provavelmente não é a obra-prima que os fãs tanto esperavam, mas ainda assim revela-se uma agradabilíssima sessão nostálgica e faz jus aos mais clássicos momentos de toda a saga televisiva e cinematográfica que marcou uma geração inteira de adolescentes (que agora são nossos pais). A trama é suficientemente interessante, apesar de não ser tão complexa quanto o esperado; o elenco cumpre muito bem as suas funções; as cenas de ação, apesar de excessivas, são eletrizantes e extremamente bem dirigidas por J. J. Abrams, que realiza aqui o seu melhor trabalho direcionado à sétima Arte.

E se encerro no clichê, é porque não vejo outro modo de fazê-lo, mas enfim: “vida longa e próspera à nova investida cinematográfica da franquia “Star Trek”.”.

Avaliação Final: 8,0 na escala de 10,0.

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