domingo, 23 de março de 2008

Crítica - Hair

Sempre demonstrei forte interesse pela cultura hippie que teve sua origem e fim respectivamente nas décadas de 60 e 70, mas sempre acreditei que o Cinema jamais conseguira retratar tal cultura de maneira realmente convincente. Em 1969, Peter Fonda e Dennis Hopper lançaram um magnífico filme independente chamado “Easy Rider – Sem Destino” e em uma seqüência de pouco mais do que 5 minutos, realizou um retrato bastante convincente, embora não necessariamente perfeito, de uma comunidade hippie. Em 1979, Milos Forman teve quase 120 minutos de filme para retratar o estilo de vida deste tipo de sociedade alternativa e mesmo com todo este tempo disponível, se mostrou menos eficaz que o cult de 1969 se revelou nesta espécie de “estudo social”. No entanto, este “Hair”, mesmo contando com vários defeitos, se mostra um bom filme, conforme analisarei mais abaixo.





Ficha Técnica:
Título Original: Hair
Gênero: Musical
Tempo de Duração: 120 minutos
Ano de Lançamento (EUA):
1979
Estúdio: CIP Filmproduktion GmbH
Distribuição: United Artists
Direção: Milos Forman
Roteiro: Michael Weller, baseado em peça de Gerome Ragni e James Rado
Produção: Michael Butler e Lester Persky
Música: Galt MacDermot, James Rado e Gerome Ragni
Direção de Fotografia: Miroslav Ondrícek
Desenho de Produção: Stuart Wurtzel
Figurino: Ann Roth
Edição: Alan Heim, Lynzee Klingman e Stanley Warnow
Elenco: John Savage (Claude), Treat Williams (Berger), Beverly D'Angelo (Sheila), Annie Golden (Jeannie), Dorsey Wright (Hud), Don Dacus (Woof), Cheryl Barnes (Noiva de Hud), Richard Bright (Fenton), Nicholas Ray (General) e Miles Chaplin (Steve).



Sinopse: Às vésperas de se alistar nas Forças Armadas dos Estados Unidos da América para combater no Vietnã, Claude (John Savage) faz amizade com um grupo de hippies, liderados por Berger (Treat Williams), que decidem ajudá-lo a conquistar o amor de Sheila (Beverly D’Angelo), uma jovem da alta classe nova-iorquina que parece não ver muito interesse em continuar levando adiante o estilo de vida que segue.



Hair – Trailer



Crítica:



Uma pena ver um filme que tinha tudo para ser um dos 100 melhores de todos os tempos, se revelar vítima da simplicidade de seu próprio roteiro. “Hair” possui quase todos os elementos que uma obra-prima do gênero cinematográfico musical precisa possuir. Temos aqui um track list fantástico (salvo uma ou outra música que não se encaixa muito bem no contexto do filme) e repleto de músicas bastante propícias para a época em que o filme fôra adaptado, temos também coreografias sensacionais e muitíssimo bem ensaiadas (repare que durante a execução do número musical sob o som da música “Acquarius” até mesmo uma dupla de cavalos “dançam” conforme os atores também dançam), um figurino que procura deixar tudo extremamente realista e, acima de tudo, personagens bastante curiosos para serem retratados e explorados pelo roteiro. Não, em momento algum me atreverei a dizer que o roteiro os retrata de forma vaga, pois isso seria uma grande falácia de minha parte, mas digo que os retrata de forma simples demais. O roteirista Michael Weller e o diretor Milos Forman perderam a incrível e única oportunidade de retratar uma sociedade hippie de forma complexa e aprofundada, optando por realizar tudo da maneira mais simples o possível. Em momento algum, por exemplo, vemos algum dos personagens do filme realizar um diálogo tão aprofundado sobre liberdade e preconceito quanto o personagem de Jack Nicholson realiza em “Easy Rider – Sem Destino”. Não que isto figure um grande defeito, mas também deixa de ser uma grande qualidade que o filme poderia apresentar, fazendo com que a sua avaliação final se tornasse mais positiva. Há também uma divergência de foco por parte do roteiro, pois fica realmente difícil sabermos se o mesmo almeja fazer uma homenagem aos hippies (como ocorre na cena final) ou uma crítica aos mesmos, passando ao espectador a imagem de que estes não passam de seres irresponsáveis. Mesmo com estes defeitos, o longa se revela um filme interessantíssimo, curioso e conta com um dos melhores finais da história do Cinema.



Avaliação Final: 7,5 na escala de 10,0.



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