sábado, 15 de março de 2008

Crítica - Persepolis

Sempre que me deparo com um personagem subversivo em um filme nutro fortes relações com o mesmo. Foi assim com Alexander De Large em “Laranja Mecânica”, Travis Brickle em “Taxi Driver”, Ferris Bueler em “Curtindo a Vida Adoidado” (apesar deste filme não ser nenhuma obra-prima) e, principalmente, Tyler Durden no excepcional “Clube da Luta”. Neste “Persepolis” minha relação com a protagonista Marjane Satrapi não foi muito diferente, principalmente se levarmos em conta que a mesma era comunista em sua infância e início de adolescência e anarco-niilista durante o final de sua adolescência e início da fase adulta. Mas por que estou dizendo tudo isso? Para ser sincero com o caro leitor e para que o mesmo possa perceber o quão subjetiva será a crítica a seguir e, é claro, que em momento algum isto deprecia minha análise, muito pelo contrário, estou fazendo propaganda positiva da mesma.





Ficha Técnica: Em Andamento




Sinopse: Marjane Satrapi (Chiara Mastroianni) é uma garota nascida na década de 70 que faz parte de uma família iraniana subversiva e revolucionária que, acima de tudo, vai de encontro com os ideais do Xá (imperador iraniano) da época. Após sobreviver a um terrível bombardeio, os pais de Marjane decidem enviá-la a França, pois o Irã não era mais um país seguro a mesma. É na Europa que a protagonista conhece um grupo de amigos que acaba exercendo uma forte carga intelectual na garota, fazendo com que a mesma tenha uma outra visão sobre o Irã, quando retorna ao mesmo mais tarde, percebendo que a Revolução Islâmica não mudou em nada aquele país, muito pelo contrário, tornou-o ainda mais hipócrita.



Persepolis Trailer



Crítica:



Está cada vez mais difícil encontrarmos um filme que se proponha a debater política de maneira realmente interessante. Mais difícil ainda é encontrar um filme que se proponha a debater a política do Oriente Médio (ou de um de seus países que seja) de maneira realmente interessante. Mais difícil ainda (na verdade, quase impossível) é encontrarmos um filme que faça isso de maneira precisa, mas descontraída e divertida. Marjane Satrapi uniu toda a sua inteligência e experiência de vida e conseguiu fazer deste “Persepolis” uma auto-biografia extremamente competente, realista, politizada e divertida. Repleto de um humor muito bom, alternando entre piadas agridoces, politizadas e de um humor negro inteligentíssimo, “Persepolis” se revela uma animação bem acima da média nos apresentando a uma protagonista para lá de interessante. Particularmente (e aqui começa a subjetividade da análise, conforme havia informado o leitor em meu comentário pré-crítica), me relacionei demais com a protagonista e não havia nem como se relacionar. A garota é politizada, vai de encontro à maior parte dos ideais da sociedade em que vive e considera Iron Maiden a sua banda predileta. O modo como a mesma emprega argumentos para defender seus ideais também fez com que eu me relacionasse muito com ela (pararei com a subjetividade da crítica por aqui). A estória também é fantástica e pode ser perfeitamente dividida em três atos diferentes, sendo o primeiro que narra a infância de Marjane apresentando críticas ferrenhas à política iraniana e os conservadorismos (comprar uma fita K7 de uma banda de rock era quase como comprar uma grama de cocaína) da época, o segundo o que nos apresenta à convivência da protagonista na Europa, bem como a formação filosófica e ideológica desta e o terceiro nos retrata a volta de Satrapi à sua terra natal, que é quando ela se dá conta de que a Revolução Islâmica apresentou poucas mudanças à mesma. Infelizmente o terceiro ato é infinitamente inferior aos dois anteriores, tirando muito do brilho dos mesmos e enfraquecendo aquilo que, facilmente, poderia se revelar uma obra-prima.



Avaliação Final: 8,5 na escala de 10,0.




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