domingo, 22 de junho de 2008

Crítica - As Crônicas de Nárnia - o Leão, a Feiticeira e o Guarda-Roupas

Desde que me dou por gente sou fã incondicional de tudo o que tenha uma forte dose de fantasia em seu contexto. Para se ter uma idéia, “Caverna do Dragão” era o meu desenho predileto quando criança. Quando fiquei sabendo que este “As Crônicas de Nárnia” havia sido o maior inspirador de “Caverna do Dragão” e que eu nem ao menos havia lido o livro de C.S. Lewis ainda, decidi que precisava fazê-lo urgentemente. Mas de onde eu tiraria tempo para fazê-lo? Foi aí que me dei conta de que a única solução seria apelar para o filme e tentar ignorar as diversas críticas negativas tecidas contra o mesmo. O resultado, como já era de se esperar, foi extremamente negativo e o longa de Andrew Adamson se revelou uma péssima experiência conforme o leitor poderá constatar mais abaixo na crítica do filme.



Ficha Técnica:
Título Original: The Chronicles of Narnia: The Lion, the Witch and the Wardrobe
Gênero: Aventura
Tempo de Duração: 140 minutos
Ano de Lançamento (EUA):
2005
Site Oficial:
www.disney.com.br/cinema/narnia
Estúdio: Walt Disney Pictures / Walden Media / Lamp Post Productions Ltd.
Distribuição: Walt Disney Pictures / Buena Vista International
Direção: Andrew Adamson
Roteiro: Ann Peacock, Andrew Adamson, Christopher Markus e Stephen McFeely, baseado em livro de C.S. Lewis
Produção: Mark Johnson
Música: Harry Gregson-Williams
Fotografia: Donald McAlpine
Desenho de Produção: Roger Ford
Direção de Arte: Jules Cook, Ian Gracie, Karen Murphy e Jeffrey Thorp
Figurino: Isis Mussenden
Edição: Sim Evan-Jones e Jim May
Efeitos Especiais: Industrial Light & Magic / Rhythm & Hues / Weta Workshop Ltd. / Sony Pictures Imageworks / K.N.B. EFX Group Inc.
Elenco: Georgie Henley (Lúcia Pevensie), William Moseley (Pedro Pevensie), Skandar Keynes (Edmundo Pevensie), Anna Popplewell (Susana Pevensie), Tilda Swinton (Jadis, a Feiticeira Branca), James McAvoy (Sr. Tumnus), Shane Rangi (Centauro), Patrick Kake (Oreius), Ray Winstone (Sr. Castor - voz), Dawn French (Sra. Castor - voz), Liam Neeson (Aslan - voz), Elizabeth Hawthorne (Sra. Macready), Kiran Shah (Ginarrbrik), Rupert Everett (Raposa - voz), James Cosmo (Papai Noel), Judy McIntosh (Sra. Pevensie), Jim Broadbent (Prof. Digory Kirke), Stephen Ure (Satyr), Michael Madsen (Maugrim) e Sophie Winkleman (Susan Pevensie - adulta).

Sinopse: Lúcia (Georgie Henley), Susana (Anna Popplewell), Edmundo (Skandar Keynes) e Pedro (William Moseley) são quatro irmãos que vivem na Inglaterra, em plena 2ª Guerra Mundial. Eles vivem na propriedade rural de um professor misterioso, onde costumam brincar de esconde-esconde. Em uma de suas brincadeiras eles descobrem um guarda-roupa mágico, que leva quem o atravessa ao mundo mágico de Nárnia. Este novo mundo é habitado por seres estranhos, como centauros e gigantes, que já foi pacífico mas hoje vive sob a maldição da Feiticeira Branca, Jadis (Tilda Swinton), que fez com que o local sempre estivesse em um pesado inverno. Sob a orientação do leão Aslam, que governa Nárnia, as crianças decidem ajudar na luta para libertar este mundo do domínio de Jadis.


The Chronicles of Narnia: The Lion, the Witch and the Wardrobe - Trailer


Crítica:


Responda rápido: qual o pior defeito que um filme feito com o único intuito de divertir o público pode conter? Não conseguir divertir o público, correto? Exato, mas o que levaria um filme a não conseguir divertir o seu público alvo? São vários os motivos, o filme pode ser cansativo, pode ser longo demais, pode ser irritante, pode ser desprovido de emoção e pode, simplesmente, ser chato. Este “As Crônicas de Nárnia – o Leão, a Feiticeira e o Guarda-Roupas” conseguiu a façanha de conter todos os defeitos citados acima e mais, possui quase todos os defeitos que um reles filme pode possuir.


Comecemos pelo primeiro ato do longa que, por si só, já conta com defeitos imperdoáveis. Os 40 primeiros minutos de película custam, e muito, a passar e o que é pior, quando terminam, chegamos à óbvia conclusão de que fomos enrolados pelo diretor durante todo este tempo. O bem da verdade é que o primeiro ato deste “As Crônicas de Nárnia – o Leão, a Feiticeira e o Guarda-Roupas” (que a partir de agora será chamado por mim apenas de “As Crônicas de Nárnia”) poderia facilmente ser reduzido a 10 minutos de projeção, fato que o tornaria muito mais dinâmico, além de possibilitar com que o roteiro desenvolvesse seus personagens e a relação entre estes de maneira bem mais proveitosa durante o desenrolar da película.


E falando em desenvolvimento de personagens, fazia tempo que eu não via um roteiro demonstrar tão pouco cuidado com esta que é uma das características principais (isso para não dizer que é “a” característica principal) de um filme. Para se ter uma idéia, os protagonistas da estória praticamente não possuem características próprias e para que se possa distinguir um personagem do outro só nos resta como ponto de partida o nome, o sexo, e as demais características físicas, tais como altura e cor de cabelo, dos mesmos.


As atuações também são pavorosas em sua maioria, principalmente quando vêm de Georgie Henley (que aqui interpreta Lucy Pevensie) e Skandar Keynes (Edmund Pevensie). Ambos os atores “brindam” (dêem atenção às aspas) o público com cenas sofríveis, dentre as quais destaco a que Keynes tenta demonstrar dor e medo ao ver um de seus amigos sendo petrificados (repare o quão ridícula é a hora em que ele, com toda a sua inexpressividade, solta um “Nooooo”) e a cena em que Lucy avista de longe um outro amigo seu que também fôra petrificado. Enquanto a garota percorre o caminho até chegar à estátua temos a sensação de que a mesma está rindo e, de repente, a mesma começa a chorar. Esta talvez tenha sido a mudança de humor mais ridícula da história do Cinema.


E quanto ao diretor Andrew Adamson? Já não bastasse a sua visível incompetência ao conduzir o elenco (sobretudo o elenco infantil, que como já fôra dito, extrapola os limites da mediocridade e da falta de carisma e de expressividade), Adamson não realiza um único movimento de câmera satisfatório no filme. Francamente, creio que até mesmo os irmãos Lumière, com toda a falta de tecnologia que havia na época, seriam capazes de realizar movimentos com a câmera de maneira mais satisfatória que Adamson realiza nesta porcaria que se atreveram a chamar de filme.


Salva-se apenas em alguns aspectos técnicos, principalmente a fotografia, mas peca gravemente pelo roteiro raso, pobre, fútil, enfadonho e desprovido de emoção.


Avaliação Final: 1,0 na escala de 10,0.


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